A razão é virtude em extinção, neste espaço se tenta preservar essa conquista desprezada, lembrar que a vida não está resumida à frágil visão humana.
PENSE
Seja ambicioso nos seus desejos, busque sempre o que é infinito, eterno, completo e intransferível.
O maior bem que se pode conquistar é a perfeição, seja sábio e não se contente com menos.
A matéria é apenas a mina onde garimpamos nosso conhecimento, cada pedra do nosso caminho é o tesouro que buscamos ainda bruto e aguardando lapidação.
Tenha sempre em mente essa idéia e nada haverá de lhe faltar.
Venha ser alguém que acrescenta algo à existência sem exigir mais do que ela lhe dá.
SALVE O MUNDO, COMECE POR ALGUÉM!
domingo, 13 de dezembro de 2009
LIVRO I - UM ENFOQUE RACIONAL - PARTE VII
CAPÍTULO- 19
A TEORIA DA CULPA
Culpa não é o que se faz, porém, o que se assume por fazê-lo! Existe um espaço vago na conceituação morfológica do termo. O ato é a ação, a “culpa” a cognição, ou seja, o contato subjetivo com a conseqüência de uma prática nos leva à “culpa” (sentimento). Assim, se a assume, também, se a “carrega”, por isso, não há “culpa” onde se encontra a ignorância, no entanto, o fato ocorre, naturalmente. Logo, pode haver delito1 sem “culpa”.
A intenção ou a omissão deliberada são da culpa, corolários. A conscientização de um ato nos torna culpados. A cobra “pica” e não é culpada, é essa a sua natureza! No entanto, o “veneno” humano, de qualquer espécie, é a própria “encarnação” da “culpa”, pois não é essa a sua “natureza”.
Para que se considere uma bagagem culposa, deve-se buscar a motivação, pois ela é a “alavanca” da responsabilidade, onde se encontra a intenção, depara-se com o conhecimento de causa e aí reside a falta cometida. Não é possível imputar-se “culpa” a terceiros, apenas seria viável apontá-la em quem a “carrega”, o muito que se admite, é assumir-se parte dela, por ser integrante do meio que normalmente a gera.
A concepção filosófica do termo consiste exatamente nesta idéia, culpa é “algo” pessoal, é própria de quem a traz em si, exagerando, podemos afirmar, “que se a conquista”, deve-se ir buscá-la, ninguém “veste” culpa em outro, pode até intencionalmente ludibriar, apontando noutra direção, “carregará, então, uma segunda culpa”, pois que o ato também é “outro”.
Devemos, ainda, assimilar que “culpa” não se divide, soma-se, multiplica-se e podemos até pensar em “resgata-se” o que, por fim, significa “subtrai-se”, por compensação. Um único ato pode gerar infinitos culpados, todos recebendo seu respectivo quinhão, a “culpa” desse ato tem o exato “tamanho” do envolvimento de cada personagem a ele ligado, não diminui para cada um, porque seriam muitos, entretanto, se qualquer um dos envolvidos for hipócrita e negar sua parcela de “culpa”, estará somando outra “culpa” à sua “conta corrente”; ainda, se além de “mascarar” sua participação, continuar alheio aos atos futuros, para “justificar” sua hipotética inocência, virá a multiplicar continuamente a sua “culpa”. O resgate de uma falta qualquer não é exatamente subtraí-la, entretanto, seria produzir um ato positivo que contrabalançaria tecnicamente o ato culposo anterior. Vem aí a confusão conceptiva a respeito do “castigo”, ou “resgate de débitos”, em sentido compulsório religioso.
O mecanismo próprio do Ser é quem promove o desenvolvimento do processo de equilíbrio particular, em outras palavras, estamos diante do exemplo citado em que o intelecto é o nosso “carrasco”, além do outro, onde dissemos ser um delito equivalente a uma “amputação” no próprio corpo. Assim, pela ordem, temos: A Expressão Inteligente é conhecedora da ordem universal na proporção do seu crescimento e cobra, de si própria, essa manutenção, logo, torna-se exigente quanto a isso, tanto mais aprimorada, for sua capacidade, daí a analogia ao “carrasco”. Por outro lado, a “ordem universal” é a mantença plena dos seus “pertences” íntegros, como a teoria aqui exposta, afirma que “seus pertences” são “um”, o deslocamento irregular de qualquer deles implica em danificar o próprio agente gerador, isso requer “conserto” para o “agente” e não para os “pertences” o que, em tese, dá no mesmo e assim se justifica, didaticamente, também a analogia da “amputação”.
Portanto, temos claramente que culpa é uma “qualidade” do Ser, uma espécie de “botão de disparo” ou “gatilho” da Alma onde, no seu acionamento, o Espírito passa a sentir o que faz negativamente, poderíamos, sem medo de errar, considerar a “culpa” a dor do “Espírito”, pois tem ela, exatamente, a mesma função da “dor” física, limitar as auto-agressões para preservar a integridade própria.
Esse é o motivo de ser impossível “sentir” culpa alheia, no entanto, é também motivo de sermos todos culpados, pelos vários eventos infelizes cometidos pela Humanidade na pessoa de qualquer um.
Quando trabalhamos o capítulo 18, Curas, foi com vistas a este conceito que o desenvolvemos. A cura, tanto quanto a culpa, são “irmãs avessas”, a primeira só se faz presente na ausência da segunda, é realmente impossível a cura do corpo com a “culpa” na alma. Veja-se que também é coerente com a proposta da forma do Espírito (cap.10), onde se tem, na sua “dor”, a sua “forma”.
“A culpa é a dor da alma”.
CAPÍTULO 20
EVOLUIR
Evolver, transformar, movimentar, mudar um estado de coisas é, enfim, a negação do estático, o dinamismo progressivo é a única característica, - ora..! Existem coisas que “regridem”; - sim..? coloque estas coisas em função do tempo e afirme novamente isso. Regredir em tempos diferenciados é progredir, pois se o tempo não volta o movimento de “voltar” é outro, logo...
A dinâmica é um processo natural no Universo material, parece, porém, ser o mesmo também no inteligente como já se afirmou; “o que impede a ação da natureza, além do nosso plano universal?” Há, de fato, algo inexplicável que impulsiona todas as coisas em uma direção definida, senão vejamos, materialmente falando, tudo que nos cerca “busca” o equilíbrio energético (condição de menor consumo), quando o encontra deveria (ao menos em tese), estabilizar, ou seja, parar, entretanto, é bem ao contrário o que ocorre, definitivamente se observa apenas um repouso, como que se preparando para nova investida, os “elementos” (figurativo, para não se entrar em “partículas, subpartículas, ondas, etc.”) se encontram e, de alguma maneira, acontecem ocasiões ou situações favoráveis e estes recombinam-se e novamente, já em outras formas e posições, acomodam-se outra vez temporariamente esperando, aparentemente, uma próxima oportunidade e assim sucessivamente indo até a vida, pouco importa o tempo necessário para estas ocorrências, o fato em si, porém, é inegável, basta ver o “filme” de trás para frente na teoria do “Big-Bang ”, tese esta, até contestada, mas no que ocorreu antes e no que estará por vir depois nunca, porém, negada no momento exato que passou a existir o Universo conhecido, dispomos até mesmo das medidas da energia residual desta super explosão (conhecida por energia de fundo).
O que nos impede..? partindo deste modo de ver, inserir a “montagem” da inteligência neste contexto? A sua criação pode perfeitamente ser resultado do processo evolutivo natural, aliás, como poderia ser de outra forma? O que nos obriga pensar que um Ser deva simplesmente surgir? E onde diminuiríamos Deus, por Este ter-se utilizado (se é que assim podemos nos expressar) de um método? Apenas por que uma “porção” de “gênios”, “emissários” diretos Dele, disseram-nos que Ele “assoprou”? Então, para fazer o Universo, Ele “suspirou”, afinal, este é maior e mais difícil! Ademais.., aquele “algo inexplicável” e as “ocasiões ou situações”, do parágrafo precedente, talvez sejam um indício Deste (vamos dizer...), Princípio Inteligente agindo. Há aqui, aspectos de conotação, “Princípio Inteligente” com “Expressão Inteligente”.
O “Princípio Inteligente” tem que, no mínimo, ser aceito, há lógica nisto..! É inegável uma orientação inicial, o acaso não tem direção, a vida ou inteligência tem, tudo se dirige até esta. Aos cépticos, peço que neguem a organização dos elementos fundamentais da matéria na direção de formação da vida biológica. Vejamos, da nuvem primordial de hidrogênio formada pela ação gravitacional, ao primeiro Sol (uma gigante azul), de sua “morte ” o surgimento da estrela secundária, o nosso Sol, rodeado pelos planetas formados da poeira e gases desta explosão, seguindo-se às combinações e recombinações dos átomos em moléculas e estas em outras moléculas mais complexas, formando os aminoácidos, em seguida, os primeiros espirais de DNA, depois os elementos unicelulares, os primeiros fungos vegetais e.., por aí, já estamos falando em “VIDA” há algum tempo. E, sequer especulamos sobre a origem do elemento formador da nuvem primordial, o hidrogênio.
A prodigalidade é tal, que aponta uma “escolha” por conveniência de onde fica o melhor lugar e hora para que os elementos já existentes do Universo sejam “vivificados”, esse é o “milagre”, podemos denominá-la de “expressão biológica vital”, “expressão”, pois se manifesta, não por conseqüência, porém, por intento, a vida surge de algum modo que não explicamos e permanece ela, verdadeiramente, explode aos olhos e se auto define, independentemente de ser explicada. Ela não pode nem deve ser simplesmente colocada para a nossa inteligência como um axioma ou um postulado, esta carece, obrigatoriamente, de um princípio, ela vem à tona porque quer, há vontade implícita nisso! Isto, sem considerar o paralelismo com a “Expressão Inteligente” que, segundo a proposta deste trabalho, é quem lhe confere o dinamismo manifesto. É tão lógica a afirmativa que, por força da vitalidade, os próprios cépticos negam a espiritualidade, negando espaço intelectivo fora da “matéria”.
É certo que vamos discutir a esse respeito..! pois eles mesmos afirmam a impossibilidade de manifestação inteligente da matéria, - ora..! Se esta mostra direção, voluntária ou não, evoluindo até “viver”! Algo, ou.., bem melhor dizendo, Alguém a conduz (ou a induziu no início) inteligentemente para este fim. Há uma seqüência de fatos já consumados garantindo isto, não sobram “brechas” para casuísmos, há, sem sombra de dúvidas, uma Inteligência que transcende, em muito, a nossa pobre “miopia”, regendo inclusive a vida.
A matéria é comprovadamente o adensamento da energia, ou seja, uma manifestação desta; esta afirmativa foi inicialmente intuitiva só depois foi comprovada cientificamente. Pois bem, a intuição lógica nos permite derivar até que a energia pode, tranqüilamente, ser o adensamento da inteligência; por que não? Notem.., quando “Maxwell ” demonstrou os cálculos que determinavam a propagação e as dimensões do campo de ação das forças elétricas e magnéticas (ondas eletromagnéticas), apoiou-se largamente nas intuições de Faraday (cujas demonstrações matemáticas foram de curto alcance, comparadas às de Maxwell). A “energia psíquica” (manifestação inteligente e, convictamente, a quinta força do Universo) age sobre a matéria, por que não? nos dias de hoje isso é aceitável (esta força existe, ainda que sem identificação), há de existir também uma dedução matemática nesta direção! E, talvez.., apenas talvez..! seja aí o lugar onde devemos procurar a única “equação geral universal” e, quem sabe..? somente “brincando” com as idéias.., chegássemos a seguinte expressão: (I=e.m.t) ou ( ) onde I= inteligência, e=energia, t=tempo, m=massa obviamente, a exemplo da física, o tempo não seria negativo e assim, ao plano das realidades, esta expressão é irreversível ou então, deve-se entender que esta (a inteligência) pode manifestar (e não voltar a ser) energia e conseqüentemente matéria, nota-se ainda, uma justificativa para o tempo extremamente longo, pois a relação entre dois exponenciais quadráticos expressam valores pequenos.
Seria esta uma tese argumentada apenas filosoficamente, uma vez que os cálculos apresentados são mera elucidação argüitiva e, sequer de longe, espero que estes demonstrem qualquer teoria. E é certo que quanto mais se pesquisa, mais se vislumbra que o Universo é decorrente, é conseqüência, é seguramente a “expressão da inteligência”. De “Quem”..? O que importa?
A grande maioria dos físicos que se atém à pesquisa do princípio do Universo, não divergem em opinar teoricamente que toda a massa universal estaria contida em um “ponto” (concebido como virtual), que seria menor do que a cabeça de um alfinete. É esta, uma teoria séria e totalmente fundamentada em conceitos científicos e atuais. Quem não conhece, ao menos superficialmente, a estrutura da matéria pensa, obviamente, que esta afirmativa é um verdadeiro absurdo ela, no entanto, não o é.
Logicamente, existem implicações de natureza divergente do ponto de vista científico, mas não fundamentalmente, em se é possível a matéria contrair-se a tal ponto. Grosseiramente falando, o núcleo caberia cem mil vezes dentro do átomo do qual é parte, isto é, de onde se encontram os prótons até a camada externa do átomo (onde estão os elétrons) existe um imenso vazio; explicando ainda melhor, temos que, se possível fosse, “apertar” todos os elétrons em direção ao núcleo do átomo encostando-os, a terra não seria maior do que uma bola de futebol e, no entanto, continuaria com a mesma massa (e peso relativo).
Ocorre que os prótons e nêutrons também se mantêm distantes entre si e, se continuássemos “apertando”, até encostá-los uns aos outros, formando uma massa de elétrons, prótons e nêutrons a nossa terra seria menor do que um pequeno grão de soja, ainda, com a mesma massa e peso relativo.
Quando se pensa que a matéria é manifestação energética, o espaço que ela ocupa é irrelevante, ou seja, esta cria o espaço que ocupa ! Nós, como confundimos o que somos com o corpo que ocupamos, não percebemos a discrepância, mas observe.., se encolhêssemos toda a massa universal ao ponto referenciado acima, o espaço ocupado por ela também “encolheria”, logicamente esta matéria teria se transformado em energia e nós sabemos que a quantidade desta seria imensa, por mais que nos esforcemos não a entendemos como contida num ponto tão diminuto, fica, porém.., fácil entendê-la “escoando” para outro lugar. Por que não para um universo inteligente? Há, indubitavelmente, um risco altíssimo de sermos produto da Genialidade de uma Inteligência..! Não provo isso! Mas... Provem-me o contrário!
Não foi possível neste capítulo uma demonstração conclusiva da nossa tese, mas.., nos anteriores também não! Será que buscamos mesmo uma prova? A lógica, com toda a certeza, supre perfeitamente as lacunas do que se expõe, é óbvia a necessidade de comprovação, porém, na falta desta, por enquanto não há, de fato, impedimentos à razão em aceitar como plenamente viável um Universo Inteligente.
Ainda assim, espera-se que tenha ficado claro, no desenvolver da dialética apresentada, que a evolução é característica da inteligência (por princípio), assim, “evoluindo” em argumentos, onde a lógica e o senso racional digam; – é possível..! Por que não..? E isso, é bem mais, do que simplesmente negar. A mente aberta é o primeiro passo na direção das comprovações.
Isso nos envia a propositura fundamental do tema desta obra: Quem somos nós? E procuramos justificativas investigando inúmeras questões maiores, já levantadas por muitos pensadores, como se vê adiante:
Por que se afirma que Jesus disse “...—vós sois deuses”? Por que os antigos “panteístas” versavam a idéia de “sermos infinitas partes inconscientes de um todo consciente”? Por que os grandes pensadores afirmam, constantemente, que “Ele está em nosso interior e não em outro lugar”? Por que, com relativa facilidade, nós “aceitamos tal idéia”? Por que os descrentes não O negam, verdadeiramente “e sim, divorciam-se Dele”? Por que ilustres inteligências perdem tempo tentando provar a não existência Dele “a nós ou.., a elas próprias”? Por que queremos “que Ele exista”? Por que não sabemos, apenas acreditamos? Por que tudo existe “se Ele não existe”? Por que “desinventaram-No e inventaram o acaso”? Por que o acaso é “melhor que Ele”? Por que pensam explicar melhor o “Universo sem Ele, do que com Ele”? Por que dizem “que há uma diferença nisso”? Porque não O provam existir, “pensam então, prová-lo não existir”? Por que “Ele e não Nós, um dia...”? Por que “Ele não seria coletivo”? Por que “pensar assim seria um erro”? Por que “evoluímos se o fim é a inexistência”? Por que a evolução “não teria objetivo”? Por que essa idéia “seria prepotência”? Por que a negação desta idéia não “seria fuga infantil da responsabilidade”? Por que o “conceito distorcido de Deus não foi criado pelo homem, na sua ignorância”? Por que propor “Deus sob outro enfoque nos tornaria ateus ou hereges”? Por que quem afirma ser “Ele da forma divulgada, estaria certo”? “Quem O viu”? Sem dúvidas, Ele poderia ser o todo do qual somos partes!!
Partes..? Sim, partes individuais, com personalidade própria, infinitas características que acrescem cada vez mais um perfil inteligente exponencial incomensurável, verdadeiramente infinito e eterno, analogamente a um maravilhoso “conjunto de luzes”, variando as infinitas cores de todos os matizes e, em todas as direções assim.., nós, pequenos “infantes” espirituais, somos extremamente limitados para aceitá-Los como “Um” indivisível “Ser” nos objetivos coordenados, de sentimentos imbuídos de infinitas vontades por opinião expressiva em uma única direção, criação e Evolução, como um fantástico conselho que se manifesta como apenas “Um”, imaginativamente a um imenso sistema neural, onde cada um dos infinitos “neurônios” tivesse sua própria e indissolúvel personalidade, as respostas, entretanto, seriam fornecidas por um “TODO” Universal, o (quem sabe...), “UNIVERSO INTELIGENTE”, Ele.., Eles.., “Nós, um dia.., retornando a Ele” ou mesmo hoje fazendo, mesmo que inconscientes, a nossa parte, por isso lá no início deste trabalho, referenciado de “A FONTE”, onde comparativamente esta vos parece uma, no entanto, jorra constantemente água diferente, porém, cada punhado “desta” vos sacia a sede e molha a vossa tez quando cansais, sendo esse, o seu objetivo como “fonte” e como “águas”, molécula a molécula! Onde, separadamente, estas têm movimento próprio e característico, respondendo ao meio em que se encontram, juntas, porém.., molham, dissolvem os sais, conduzem eletricidade, calor, produzem e respondem aos ventos, separam-se do “todo” e, chovendo de volta a ele, trazem mais vida e a mantém, abrangendo toda a terra e onde “estas faltam” todos sofrem.
Logo, quem a conhece a define como “uma” e a explica como “macro-molécula” e não infinitas moléculas, porém, uma só e separada, é também.., água! E isso significa que, quem O compreende faz parte Dele, quem não O compreende, quando muito, apenas acredita Nele..!
“Ninguém é pequeno para saber, se foi grande para perguntar, temos o tamanho do que buscamos.”
CAPÍTULO 21
CAMPOS ATUANTES
Interferem ou não em nossa existência material?
O que são os campos1 afinal..? Por que diversas vezes, algo que deveria “correr” bem, vai mal? Por que coisas que tinham tudo para “dar” errado, vão bem? Forças ocultas? Apenas superstição..! ou não..? Bem..! vamos por partes.
Postulando, mais uma vez, a existência da energia psíquica, das freqüências ondulatórias ligadas a ela e até à nossa como inteligências, é bastante plausível teorizarmos nessa trilha. Inicialmente, poderíamos sugerir uma experiência bastante simples, porém, com uma grande proposta:
Oferecer fatos e dados de cunho psicológicos sobre influências “externas”, vamos a ela:
Em duas salas preparadas como se descreve a seguir, teremos nosso sistema de observação, um dos ambientes deverá ser sombrio, de cores carregadas (preto, roxo, vinho, etc..), móveis e objetos velhos (sentido de gastos), iluminação precária, sistema de som tocando ritmos de tambores em cadências marciais ou estilos tribais, nas paredes imagens deprimentes; o outro ambiente deverá ser claro, tons de cores suaves (branco, gelo, bege, etc..), móveis e objetos de linhas leves anatomia de continuidade, combinações homogêneas, iluminação natural e artificial bem colocadas, som ambiente calmo, ritmos brandos e suaves (sem “frescuras”), nas paredes, quadros ou imagens de paisagens longas, tranqüilas, (não precisa por “santinho” sobre a mesa), as duas salas deverão dispor de várias cadeiras. Horas (quatro ou cinco) antes de iniciar o experimento liga-se a iluminação e o som se for o caso, nos dois compartimentos.
Convidam-se diversas pessoas (dar preferência às mais sensíveis, “como encontrá-las..? só com sensibilidade..!”), “mente-se descaradamente” para todas elas, alegando-se pesquisa de “perfumaria”, por exemplo, divide-se o grupo em dois e, em seguida, conduza-os aos ambientes preparados, tendo-se o cuidado de desligar o som nos dois recintos (notar-se-á que este é fator de agravamento dos sintomas), deve-se pedir a eles que não se comuniquem entre si, guardando muito silêncio, pois isto é parte da pesquisa, deixa-se que estes fiquem entre quinze e vinte minutos aguardando, depois alguém entra e diz que podem conversar.
A experiência já pode começar daí, se for possível observar cada sala sem ser notado, logo se começa notar inquietação e assuntos desagradáveis na sala “pesada” e tranqüilidade com conversa agradável na “leve”, passado o tempo (vinte minutos), libere-os e questione-os sobre o que pensam, anotando os resultados de cada grupo (informações otimistas e pessimistas), peça-lhes que retornem horas depois ou no dia seguinte e inverta os grupos trocando de salas e repita a observação nas salas e as perguntas e, só aí, conte a eles a verdade da experiência, aposto e ganho que tudo que vai escrito daqui para frente sobre os campos de atuação psíquica será inútil para quem fizer a experiência ainda assim, escrever-se-á!
A energia psíquica não deve fugir a regra das outras energias (forças), o som tem suas freqüências moduladas do grave ao agudo, do “infra-som” ao “ultra-som”, a luz do mesmo modo do infravermelho ao ultravioleta, a eletricidade (uma variação da eletromagnética) modula-se a qualquer nível de freqüência através dos transformadores e outros, a energia nuclear forte ou fraca (interna e externa ao núcleo) vibra recebendo ou emitindo ondas, partículas, etc.., ou simplesmente pulsa naturalmente uma freqüência para cada elemento (é assim que se estudam os corpos astronômicos), a gravitacional vibra intensamente próximo ao corpo (matéria), lentamente, e com grande amplitude longe deste (inversamente proporcional ao quadrado da distância).
Pergunta..! Por que não existiria a energia psíquica? Vejam, até Isaac Newton , não existia a energia gravitacional? Ele a “inventou”? ou simplesmente a entendeu, descobrindo-a? Se existe a psíquica, por que agiria diferentemente das outras? Com certeza, há de ter freqüência, intensidade e interfere no Universo tanto quanto as outras! Enquanto não encontramos outro “Newton”, vamos ver o que ela supostamente pode fazer, ainda que “doa” quando esta “suposição” age, do mesmo jeito que a gente “caía” em um abismo antes da gravitacional “existir”. É claro que não será com algumas bolas de chumbo que se deva tentar descobri-la! Ou “será”..? Tente, ela esta lá, com certeza! Toda energia transmite uma força que deve ser usada com responsabilidade, do contrário..; dói!!
A energia eletromagnética produz estragos consideráveis ao organismo se mal usada, entretanto, é provavelmente, a maior alavanca da tecnologia, a energia nuclear, do mesmo modo, destrói até a natureza degenerando tudo que atravessa (radiatividade), no entanto, será responsável pelo salto da Humanidade ao espaço no próximo século, a gravitacional nos “joga” ao chão de qualquer lugar que estejamos, em compensação, é ela quem mantém o equilíbrio universal. Devemos ser convictos de que a energia psíquica pode também produzir algum desequilíbrio quando indevidamente usada, porém, é muito provável que ela foi, e ainda é, o agente de ligação e transferência do Universo Inteligente para o Universo material, podendo ser considerada como o “emulcionante” entre os dois, sendo dipolar entre a matéria e a inteligência. Seu mecanismo deve converter a “vontade” em energia, produzindo ou interferindo com a matéria.
Teoria “louca”..? Pode ser..! Entretanto, a luz elétrica não era sequer sonho a pouco mais de um século. Avião? Nem pensar, telefonia.., laser.., e o que dizer de se ter uma casa “informatizada”? Até a própria palavra precisou ser inventada, quem imaginava o que seria fissão ou fusão nuclear; e as ligas cerâmicas que podem, literalmente, anular a força gravitacional? Com certeza, não se extrapolou nem um pouco! Nem se chegou a falar em “propulsão” psíquica! É bom parar, não..?
Com os “pés no chão”, podemos avaliar alguns efeitos desta “coisa” que estamos chamando de energia psíquica. O que possibilita a telecinésia que algumas pessoas possuem? Como elas movimentam os objetos à distância? Como se explica o efeito visual através de paredes? E a audição de pessoas que estão a muitos quilômetros de distância entre si? Há ainda, os efeitos telepáticos! Algumas pessoas que produzem efeitos luminosos! É até de mau gosto, porém, devemos comentar sobre aqueles que possuem “mau olhado”, azedam leite, matam plantas, adoecem crianças e até adultos, até os cépticos fogem deles. Não estamos diante de crendices, são fatos o que se comenta! Com certeza, estas pessoas vibram determinadas sintonias psíquicas para atuarem em cada uma dessas alternativas, a vontade, a intenção, a concentração, a “inveja”, a disposição em amparar o próximo são, muito provavelmente, uma espécie de “botão de disparo” para ativar esta “energia”.
Outra observação que se pode fazer, é que a razão bate de frente com esta manifestação. É provável que este seja o motivo pelo qual as pessoas, simplesmente desprezam esta idéia, a proposta é simples, a razão (sentido de consciente) funciona como um policiamento do comportamento humano, como este tipo de teoria sempre fez parte do excesso de misticismo e ritualismo devido sua natureza expontânea e, aparentemente aleatória, criou uma “parede” favorecendo o ceticismo, pois as pessoas fogem de se exporem ao ridículo, pois há justificativa, a culpa, porém, não é do efeito em si, mas sim, de quem os pratica transformando-o em atração circense. Entretanto, nota-se que quando distraidamente uma pessoa imagina ou age neste sentido, às vezes, produz algum desses efeitos, ainda que sutis, se, porém, aperceber-se e, intencionalmente, tentar novamente produzi-lo, tornar-se-á quase impossível consegui-lo, isto é, emocionalmente a razão relaxa a vigília e afrouxa o policiamento, o subconsciente que trabalha apenas nesta área, aflora então e pode, incidentemente, promover algum destes eventos. Quase todos têm, no mínimo, uma lembrança de um acontecimento desta natureza, é muito comum. O que ocorre, no entanto, é que acionamos a “energia psíquica” e ela produz os efeitos. Alguns a denominam impropriamente de “efeito físico”, impropriamente, porque efeito não é causa!.. e aqui se persegue a origem dessas conseqüências.
Logo, deduzimos que ela, muito provavelmente, seja acionada pelo intelecto, nós é que não sabemos como fazê-lo! Só a manifestamos acidentalmente, contínua ou momentaneamente sem entendê-la (existem os que a acionam deliberadamente, raros, mas inegáveis, ainda assim, não sabem como o fazem).
Quando falamos em energia (força), imediatamente nos reportamos aos campos, ou seja, a área de atuação, e isso implica em como age qualquer tipo de energia. Sabemos que todas elas se interligam de alguma forma, há mesmo algumas correntes doutrinárias (científicas) que admitem serem estas uma única força primordial manifestando-se de formas diferentes. De fato, podemos interferir em campos particulares de manifestação energética, com bobinas especialmente desenvolvidas, manipulamos as nucleares (internas e externas), a gravitacional anulando-a em relação a alguns metais e mesmo medindo-a por meio de cilindros de alumínio polarizados, se tem ainda a eletromagnética, aquela que o homem melhor se adaptou, por meio desta última nós medimos e produzimos ondas de rádio nas freqüências que se desejar, estudamos as estrelas, comunicamo-nos, detectamos tumores e outros males do organismo, amplificamos, modulamos e escutamos uma infinidade de sinais emitidos no espaço na busca de marcas inteligentes, procuramos minerais, fendas e outros nas subcamadas do planeta, produzimos ultra-som..; enfim, por meio do eletromagnetismo, é possível se “comunicar” com as outras formas de energia, isso abre perspectivas no que refere-se a energia psíquica, é tão viável quanto as outras a possibilidade de interferência dos campos magnéticos no meio psíquico energético, muito provavelmente, esta seja apenas uma questão tecnológica, hoje já se tem informação de instrumentos que medem a própria “aura” humana, colocando-a literalmente em vídeo.
Seria verdadeiramente hilariante observar-se em muitos ambientes alguns tipos de “embobinamentos” substituindo amuletos, “santinhos”, plantas e outros utilizados com “puro” intuito de manter os “campos” em “alta”, esquecendo-se de que nós somos os responsáveis intelectuais pela manutenção deles em harmonia.
“Saiba o que busca, senão, como encontrá-lo?”
CAPÍTULO 22
TRANSFORMAÇÕES
Degeneração ou desentendimento?
Coube ao capítulo 12, o espaço para argumentar sobre a evolução do organismo em função do intelecto, isto é, a natureza “entregou” o processo evolutivo biológico à Inteligência a partir da conquista da razão (ou podemos dizer que esta assumiu tal processo).
Hoje, um número considerável de pessoas não está preparado para assimilar os acontecimentos desencontrados da natureza contra o intelecto, tanto da parte de simples observadores passivos, por não estarem envolvidos nas ocorrências, quanto dos que sofrem sem saberem porque, as transformações biológicas e mesmo psicológicas a que estão sujeitos. Comenta-se aqui, entre outras, as aparentes anomalias concernentes a sexualidade dúbia.
Muitos espíritos (Inteligências) não possuem discernimento suficiente ainda para acompanhar os passos evolutivos a que estão submetidos e.., quando ocupam, por várias “encarnações” seguidas, organismos de um sexo, sentem violentamente a alteração, quando mudam para outro e o preparo intelectual é quem verdadeiramente decide qual será a reação que se produzirá. A forma espiritual (Cap.-10), às vezes é tão assimilada que, aparentemente contra a própria natureza, ocorrem transmutações genéticas produzindo seres com dupla função sexual, outras vezes, e nesse caso a maioria, os fatores psicológicos influem com tanto rigor que confundem a função orgânica plenamente normal e o indivíduo troca, na prática, sua posição funcional, invertendo a sexualidade natural. No entanto, toda a deformidade é quase exclusivamente social, pois o agravamento destas situações se dá por preconceito e até por “medo” da falta de segurança própria para superar o problema e imaginar-se envolvido por ele (o problema), isso é um fator provocado por uma mentalidade retrógrada do ponto de vista cultural, pois é comum notar pessoas vangloriando-se de sua sexualidade, como se fosse esta uma conquista própria esquecendo-se que quem provê tal circunstância é a natureza e não o indivíduo, esta função, na verdade, sequer faz parte de seu ser, é sim, apenas e tão somente, uma garantia natural da preservação da espécie (até ser atingido outro meio quando sabiamente a natureza deixará de suprir) que por traduzir intencionalmente prazer ao intelecto, passou a assumir papel preponderante no relacionamento particularmente humano, chegando até a ser confundido e mesmo, equivocadamente designado por “amor” o que, obviamente, nada tem com este: “Amor” é uma virtude, sexo uma função.
A Inteligência é “forjada” em um sistema evolutivo cumulativo, é um agregado “elemental” fragmentário que se insurge do Universo material em forma de um “embrião” inteligente, absorve as experiências e “cresce” irreversivelmente (no sentido subjetivo), independe da reprodução, pois cada um é “original” de si próprio, vem à tona de uma vontade primordial já estabelecida nas próprias Leis Universais. É o Universo “explodindo” em vida!
Logicamente, aceitando o fato de que a Inteligência assume as funções primariamente cabíveis à natureza e entendendo-se que esta última age lentamente em relação ao intelecto, há de ser ponto pacífico que os eventuais “tropeços” são decorrentes desse descompasso, nada há de errado no que se vê ou se vive, os dramas e contratempos são provocados apenas por falta de compreensão e pragmatismo dos hábitos (do ponto de vista filosófico). Não existe aqui, a aprovação das ocorrências, entretanto, não se imputa culpa a ninguém, pois “culpa” é o que “vestimos”, ela “calça” apenas em quem cabe e este fato ocorre involuntariamente, ainda que muitas das vezes conscientemente. Há aqui apenas a proposta de que os envolvidos sofrem a discrepância óbvia entre a predisposição já em movimento a “nível coletivo” da razão dispensando o processo reprodutivo biológico e a manifestação primária da natureza na vã tentativa de perpetuar a sexualidade como meio de preservação da espécie através do prazer incontido; ora..! a Inteligência (Ser) é assexuada não necessita reproduzir-se, evolutivamente transmite ao organismo esta característica que, inexoravelmente, chegará a este estágio. Ainda que possa esta idéia assustar muita gente, está comprovado cientificamente que já há algum tempo vem ocorrendo modificação das características masculinas (em genética se diz que o Y do gen está se reduzindo), isso não significa ser “menos homem”, todavia, mais apurado, sensível e, em verdade, melhor se considerado o ponto de vista de um conceito de “brutalidade” agregado à figura masculina tradicional.
O Espírito (Inteligência) não reproduz, quem o faz é o organismo que apenas habitamos e, em o fazendo, “monta” um outro “organismo” que se permite ser “habitado” por outro Ser (Espírito).
Assim, temos que a sexualidade é, exclusivamente orgânica, os distúrbios psicológicos relativos a ela não passam de sintomas refletidos, isto é, um organismo feminino, por exemplo, induz sensações do tipo “receptivas” ao Espírito que, por sua vez, as assimila durante uma ou mais vidas desse modo e se, ao volver à matéria e, por razões evolutivas, num organismo masculino sem o devido entendimento de sua condição apenas por despreparo acaba, por vezes, não se adaptando à sua nova forma existencial insistindo em manter sua anterior característica, manifestando sexualmente seu modus vivendi pois, que melhor meio haveria para que esta inteligência expressasse seu Ser? Uma vez que, por longo período, existiu no corpo de mulher!
Sabendo-se que sexualidade é função exclusivamente reprodutiva orgânica esta, obrigatoriamente, tende ao fim. Sem dúvidas, pois a capacidade tecnológica atual já reproduz, “in vitro”, qualquer tipo de ser vivo, já deixou de ser manchete jornalística a clonagem celular tendo, inclusive, sido bloqueadas as técnicas, por força de lei (como se esta pudesse conter a evolução), que tivessem como objetivo a reprodução humana por este processo. Mas.., entenda-se! Permita-se que a razão, fundamentada nas informações já disponíveis, dê mais um passo e se perceberá que nem mesmo seria necessária a clonagem, pois o avanço da cibernética chegará com certeza a permitir que seja possível um organismo misto, com órgãos desenvolvidos em laboratórios e peças, simplesmente fabricadas pelo homem. De modo algum isso é mentalidade visionária, todos os indicadores levam a esta realidade, mesmo um cego (que não o seria, caso já estivesse pronto, pelo menos um, dos infinitos projetos de olhos biônicos) vê. É próprio da natureza o atrofiamento de funções e órgãos que foram supridos por meios mais eficientes. Por que o preconceito..? o espírito é quem irá prevalecer e este será íntegro de seu próprio Ser.
Resta reclamar..; e o prazer? Este, o Espírito é quem virá supri-lo, talvez.., pelo prazer de amar “de verdade”!
O maior risco que a humanidade corre é o de não assimilar seu próprio desempenho permitindo que uma mentalidade ofuscada pela apatia venha a atrasar o inevitável. Por um lado, tem-se quem se escandaliza por pura exteriorização e, por outro, quem se entrega às mais desvairadas práticas sexuais irracionais, apenas porque se sentem livres dos preconceitos. Notem, os problemas são apenas evolutivos, todas as atitudes, tanto as de escandalizar-se quanto as de praticar-se, são pertinentes a capacidade de cada indivíduo em absorver seu estágio evolutivo. Considerar a sexualidade pecaminosa é tão ridículo quanto usá-la abusivamente, o celibato e a libertinagem oferecem a mesma contrariedade à natureza, são “linhas” de sentidos contrários entre si, porém, paralelas ao que é natural não indo nunca de encontro à normalidade.
Cabem aqui, inúmeras indagações há, no entanto, uma que com certeza irá predominar, até por indignação de muitos que se “imaginam” religiosos. Por que nas “escrituras” sempre se lê que os “Iluminados” são celibatários ? Bem,.. inicialmente falamos apenas de escrituras e, consideradas “sagradas” ou não, são produzidas pelo homem, secundariamente é também bastante óbvio que, uma vez que estas mesmas “escrituras” afirmam serem estes Seres a que se referem “Iluminados”, então teríamos em tese, o exemplo típico de uma “Inteligência” evoluída e que, mesmo “habitando” um corpo, este não mais tem necessidades pertinentes ao nosso estágio evolutivo. Mas isso porém, não quer dizer que, se nós, simples humanos ainda, não praticarmos a sexualidade normal, seremos imediatamente, iguais a “Eles”. Não pode haver confusão.., “Eles” não ofereceram um exemplo..! apenas e tão somente, não necessitam mais desta prática e a dispensam. É o mesmo que fazemos com os hábitos dos nossos ancestrais remotos, não os levamos em consideração, apenas não os praticamos, pois não condizem mais conosco, porém.., se um primata deixasse de se “pintar”, por exemplo, ainda assim, seria um primata por uma questão evolutiva e pior, estaria em contradição com seu tempo e semelhantes o que seria antinatural, obviamente!
Existe ainda uma realidade prática que não pode e sequer de longe deve ser esquecida, as conquistas médicas são coisas destes últimos tempos (em verdade há poucos anos depois do evento da penicilina). Levando-se em conta que o trabalho escravo e mesmo pago a preço vil antes desse período e que a ausência de “braços” era onerosa aos poderosos, a melhor forma de controlar as doenças sexualmente transmissíveis seria através do controle da promiscuidade. E quem melhor do que as religiões para arregimentar adeptos desse costume que era sadio para o povo e lucrativo para os dominantes? Assim, o celibato tem uma origem mesquinha e, de forma alguma, nobre. Ademais, se sexo fosse deturpação a natureza teria outro meio de reprodução que, por fim, seria também proibido. Além do que, se sexo fosse praticado a seis metros de distância apenas pelo pensamento, o clero teria “arranjado”, também aí, um impedimento qualquer, sem dúvidas..!
A natureza não age assexuadamente desde as plantas até os seres humanos, há um propósito de aperfeiçoamento na conjunção de dois seres para a “produção” de um terceiro, a defesa religiosa é que sexo deve ter a finalidade exclusiva da reprodução, como nas espécies irracionais e abaixo. Contudo, essa é a discrepância da tese religiosa! O Ser Humano é racional, portanto, tem lógica para agir, o ato sexual sem prazer implicaria em pura reprodução e isso significa dor, sofrimento e responsabilidade, por que então, este se reproduziria?.. É claro que quando pensa, o “homem” evita o que o incomoda logo, a raça humana já estaria extinta a milhares de anos, soma-se isso à tendência de autodestruição humana e veremos que a natureza foi sábia ao instituir o prazer sexual a ponto de evitar que o casal “pense” no que faz, dessa forma, se preservou a espécie!!
Por outro lado, o casal responsável deve ser motivado para preservar um ato consentido sabendo que o novo ser é fruto de um amor que imita criação, daí, ao fato de que existe o “efeito colateral” é irrelevante, já que este é numericamente insignificante se comparado ao propósito da natureza. Afinal, seja qual for o usufruto sexual, cabe a cada um o quinhão da responsabilidade. Haverá tempo no qual sexo será outro “apêndice”.
Todavia, por ora devemos ter em mente que prazer sem prejuízo é sadio e recomendável, dos abusos podemos afirmar que quem ingere excesso de açúcar, via de regra, torna-se um diabético, quem rouba melado é ladrão, quem mata por mel é assassino e quem come doce estragado fica doente. O bom senso é a ferramenta do sábio!
A nossa “jornada” evolutiva está atravessando limites que sempre estiveram a nossa disposição para transpô-los, nós não nos dispusemos a isto, assim chegamos a um (chamaremos de) nó, onde a tecnologia, a filosofia, a sensibilidade, a natureza e enfim o “Espírito” se confundem, buscando cada qual a sua definição em nosso intelecto, ocupando o lugar devido e tamanho proporcional ao nosso próprio “Ser”, viabilizando deste modo, a “abertura” de uma nova etapa evolucional onde,.. como já afirmamos, os valores terão outras medidas.
Não precisamos “empurrar” os eventos, também não nos será possível pará-los, verdadeiramente, encontramo-nos em um “funil” e, fatalmente, vamos a uma única direção, irreversivelmente progressiva, e a “saída” é para outro avanço evolutivo, tanto espiritual, quanto orgânico ou material.
A sexualidade já foi singela função, atualmente, além de função é conceito contaminado por preconceito, futuramente será apenas lembrança!
“Saber esperar pode ser uma virtude, mas.., na maioria das vezes, é indolência!”
CAPÍTULO 23
CONSEQÜÊNCIAS
Nós as somos ou as provocamos?
O próprio Universo é conseqüência, obviamente, a lógica nos permite aceitar uma “Causa Primária”, originária de um princípio que, inegavelmente tem indício de inteligência e, dedutivamente, é “maior” do que aquilo que principiou. A verdade, é que não temos nenhuma possibilidade de raciocinar senão seqüencialmente, é esta característica que nos dificulta entender sobre o que seria antes do grande “boom”, pois sempre organizamos os pensamentos alinhadamente, um após o outro, esta cadeia nos dois sentidos do entendimento mantém-nos “aprisionados” a este modo de ver. Analise; nós precisamos “do que veio antes”, pois não admitimos que “o antes” pode “ser agora” ou que “o agora” seja “o amanhã”, nós alinhamos as idéias cronologicamente. A física, no entanto, indica, nitidamente, a possibilidade do Universo “acontecer” ininterruptamente do princípio ao fim em infinitos planos existenciais, a existência não seria mais do que uma função, uma imagem, que matematicamente é representada por uma “grade”, como se desenhada fosse, uma malha e, se forçada, romperia dando passagem a dimensões diferentes, assim ter-se-ia uma visão de continuidade “fluída”, uma espécie de ligação “oceânica” convenientemente ordenada em cinco oceanos sendo, porém, um único e, com variações de conteúdo, qualquer “água” que pegássemos seria a mesma sem começo nem fim e, se atravessássemos sem instrumentação, do pacífico ao atlântico de modo algum saberíamos que o fizemos. A nossa forma de pensar exige parâmetros, pois sem eles a mente desorienta-se, não se trata de falha, aparenta muito mais uma peculiaridade das inteligências, pelo menos no estágio evolutivo atual.
Vejam bem, como já dissemos, não pensamos exponencialmente (Cap.16), ou seja, em planos ou “espacialmente”, não se tem sequer dois pensamentos simultâneos, há sempre uma seqüência que pode ser extremamente veloz, não ocorre, porém, concomitância. Recebemos infinitas informações a um só tempo, tautócronas, alinhamos todas, consciente ou inconscientemente e apenas dispomos delas dessa forma, a mente age analogamente a um canal permitindo a passagem de informações em linha contínua e ininterrupta assim, assimilam-se os pensamentos compilam-se e disponibilizam-se em estruturas montadas, essas serão então, o alinhamento das próximas arquiteturas mentais para uso imediato ou memória. O cérebro, entretanto, produz infinitas funções simultâneas sem o conhecimento do consciente, trata-se da coordenação da inteligência orgânica estimulada pela ligação do “Ser” provendo assim, a animação necessária para a manifestação da “Expressão Inteligente” (onde seguramente, pode-se falar em “simbiose”, Inteligência especializada, primordial e sistêmica associada a Inteligência individualizada), o que não deveria surpreender de forma alguma, pois hoje já se dispõe até mesmo de inteligência “sintética”.
Estas observações são o que autorizam a propositura de um “Ser” infinito, onde cada indivíduo “alinhado” agregado por “comunhão” (sentido de idéias) a outras individualidades, também “alinhadas” em ilimitadas direções “O” fazem exponencial e assim “O” assimilamos como causa e conseqüência concomitantemente, esta “aproximação” pode ser grosseira, porém, deste modo até a matemática o define (Cap.32).
Analisem..! Uma reta, um plano, o espaço são entidades axiomáticas não as explicamos racionalmente, entretanto, aceitamo-las e elas existem assim, para defini-las impomos seções, isto é, as limitamos em princípio e fim de um seguimento qualquer. Aceitamos, no entanto, que isto seja convencional para que possamos trabalhar com estes “conceitos”, eles guardam todas as propriedades do todo, isto é, cada trecho definido destas entidades possui a identidade do maior. Nós não sabemos, porém, analogamente nos relacionamos com “trechos” definidos “Dele” em cada um de nós.
Assim, podemos aceitá-Lo ou então, nem nós mesmos existimos, pois não temos a menor noção do que somos em essência quando, entretanto, nos permitimos especular nesse sentido chegamos as mesmas conclusões, para nós e para “Ele”. Em princípio, em existencialismo, em manifestações, tanto que “O” fizemos à nossa “imagem e semelhança”, sendo que a única diferença verdadeira é a evolução e a capacidade compatível apenas com infinitas Inteligências agregadas em todos os “sentidos”.
A cada ato corresponde uma ou mais conseqüências, é esse o elo que nos envia ao princípio das coisas, ocorre que ao chegarmos ao hipotético início, notamos que algo o tornou conseqüente logo, este “princípio” não existe, então, assustados percebemos quão “limitados” somos, sem pontos demarcatórios não damos um único passo, falta-nos referência e aí notamos a importância da Lei da Relatividade, ao referirmos um tempo e local já o fazemos em outros, o mesmo ocorre com a mente..! Elimine os limites conscientemente (pois inconscientemente, com certeza, já não os temos) e seguramente estaremos de frente com a relatividade intelectual, notaremos (mais facilmente que na matéria) que as referências neste plano também são móveis, para uma “ameba” eu sou “deus”, para “Deus” eu sou uma “ameba”, entretanto, tudo é um ou um é tudo, isto é confuso apenas superficialmente, quando se assimila que o Universo é o “Viveiro” de si próprio, as “conseqüências” atuais são as causas das próximas conseqüências e, com isso, é possível satisfazer a idéia de eterno e infinito. Loucura..? Não..! Apenas uma, entre infinitas explicações, muito menos traumática do que se afirmar que não há explicações e que “deus” guarda segredos.
Cada ato nosso é responsável por infinitas conseqüências, responsabilizamo-nos, diretamente, apenas pelos quais estamos conscientes e, indiretamente por todos, a soma dos atos de todos os indivíduos formam, sem dúvidas, um outro “universo” de acontecimentos interferindo no Universo comum, quando se observa o conjunto circunstancial, nota-se claramente que o fim de uma ação é sempre o princípio de outra, é esta uma torrente contínua de ocorrências, gerando um contexto global sem começo ou fim e porque não entendemos a macro/sucessão a definimos por “Caos”. Entenda-se que todas as ponderações acima levam em consideração a povoação integral dos “Universos” (material e espiritual), só assim há um objetivo e ainda que “infinitamente” pequena, nós somos a “prova viva” disto, pelo menos a única ao nosso alcance.
Cada elemento, Ser ou partícula é uma resposta às circunstâncias que a produziram, a verdade é que o Universo é uma “resposta” a uma vontade ou a uma “circunstância aleatória”, a segunda hipótese dispensa considerações, entretanto, o primeiro caso condiz com o objetivo racional, isto é, a evolução para a vida inteligente ou Espírito, o aparente processo randômico é apenas superficial, o que existe, de fato, é a ordem e uma seqüência lógica de acontecimentos, culminando na Inteligência, e não há uma única partícula que se perca, a ciência esta em vias de demonstrar, matematicamente, que existe uma “mão” gravitacional incomensurável que tudo segura e, somando a massa escura do Universo até a pouco desconhecida visualmente (cálculos a determinavam), veremos que mesmo um singular neutrino não escapa a sua ação e o “Imenso Pulmão” voltará a inspirar até seu último elemento e, novamente, expirará em um fôlego renovado o Universo e, com certeza, as Inteligências produzidas e já “maduras” assistirão este grandioso espetáculo, participando ativamente desta nova “causa primária” e, muito provavelmente, compadecer-se-ão das novas Inteligências que, por sua vez, não terão explicações para sua existência e seu novo “deus”, movimentar-se-ão, portanto, as primeiras, interessadas em apontar-lhes os “novos mesmos caminhos” para o conhecimento, tanto quanto o fazem hoje as que nos precederam, neste e num outro “Universo”. Entendamos..! se um de nós, em nome da ecologia, resolver “adotar” uma colônia de “pulgas”, será “Ele” agindo nesta direção, preservando a vida e a natureza, sua (nossa) essência!
Estes Seres (nós) são, em substância, o grande “Ser” agindo em todas as direções e em todos os tempos, nos vários degraus evolutivos. Já “ouvi”..! Não se “exaspere”! E o primeiro..? o mais Velho? Bem..! devo declinar..; creio que você, caro Leitor, não tenha-O encontrado, porém, pelo menos concorde que “Ele” seja um de Nós “Inteligências”, não se espante! Blasfêmia é apenas preconceito, entretanto, como falamos em Axioma e “primeiro” é linha demarcatória de trecho, talvez o estejamos fazendo de “segmento” como uma semi-reta, esclareça-me! Onde começa e onde termina uma reta completa? Mas.., reta é um conceito..! E “Ele” na terceira pessoa, o que é..? Reta não existe, porque é um conceito..? Vamos além, determine o início de uma circunferência!
Não temos noções de eternidade ou infinito, no entanto, elas são identidades matemáticas, devemos considerar que esta aproximação seja ao menos plausível e, se anteriormente “O” haviam feito a “nossa imagem e semelhança”, desta feita nos destituímos, em prol “Dele”, das nossas “imagens” pois, como já afirmado, nossa forma é o que sentimos e o que manifestamos, apenas.
O fato mais contundente é que “Deus não existe” apenas por uma questão científica, sim! A singularidade também não existia até ser descoberta matematicamente, a eletricidade não existia; a gravidade; os micróbios; a genética e infinitos outros entes que hoje são presentes na nossa vida. Vamos esperar algum técnico encontrar Deus numa proveta ou um astrofísico “vê-lo” no telescópio, talvez um matemático calcular sua função e sua integral (creio ser a imprópria) e afirmar que lhe somos a imagem num plano cartesiano infinito e então, ficará patente que Ele é a causa permanente e originária de todas as conseqüências.
“O Corpo é o meu endereço no Universo.”
CAPÍTULO 24
SEGUNDA AUTOCRÍTICA
O senso racional transparece quando aprendemos a distinguir o que de fato somos do que nos imaginamos capaz. Portar uma virtude, nem sempre; ou na verdade, quase nunca, significa que esta faça parte do Ser, esta é plenamente adaptável por empréstimo e usá-la não implica em sê-lo. É até um bom começo, porém, é só! O erro ainda é uma constante em nossas vidas.
A miséria do Espírito não vem necessariamente nos erros que se comete, a criança os comete e mal algum há nisso, a deformação da índole está em não admiti-los ou, bem mais grave, assimilá-los e “maquiá-los”, a hipocrisia é quem dispõe dos “cosméticos” necessários para tanto.
Devemos de início considerar até onde discernimos a definição de “autocrítica”, examinar o conceito fundamental de existência correspondente a cada pretensa virtude ou, além de provável, a cada falha de caráter impregnada ao nosso Ser, mais que tudo isso, buscar coragem de fazê-lo e entender que somos vítimas de nós próprios. Realmente é essa a parte difícil.
Convenhamos, está em nós ou na constante necessidade do relacionamento, a conduta coerente com a civilidade? Sim.., porque o simples relacionamento social é apenas e tão somente o indutor evolutivo assim, produz efeitos antes mesmo de que venhamos dispor da almejada virtude pressuposta.
O que é isso..? –Mais ou menos, o seguinte:
Honestamente, de onde vem a “honestidade”? façamos uma análise fria e “honesta” de fato!
Do Ser, pois faz parte integrante dele? É a sua “forma” ao se apresentar? Reflete virtude própria plenamente amoldada à sua manifestação? Ou seja, honestidade por plenitude do Espírito?
Não seria talvez, uma condição de sobrevivência? Uma aparente demonstração de confiabilidade? O que, em tese, possibilitaria uma troca razoável de interesses comuns? Uma adaptação, aliás, adaptar-se é a mais humana dentre as virtudes! Se assim pudermos considerá-la!
Noutros casos não seria até temor à legislação que limita a parâmetros estreitos as regras da posse e do direito?
Ou ainda mais grave, não seria um sentimento de represália mística por parte de um poder transcendental criado religiosamente? “Sou honesto porque creio em Deus”! Quando deveria sê-lo simplesmente por natureza própria e sequer consciência disso teria!
Eis aí a sutil diferença de ser ou praticar! Nós praticamos a honestidade por necessidade, obrigação e até por interesses vários. Agora.., sinceramente! Somos honestos? Perdoem-me, porém, os que afirmam que sim, são desonestos e hipócritas!
Esse é o motivo da referência à coragem.
Se esta virtude é parte do Ser ela se manifesta por existência do próprio Ser, este “olha honestamente, fala honestamente, respira honestamente e, honestamente não ”sabe” que assim o é. É da sua natureza!
Ora..! Comenta-se apenas sobre uma premissa evolutiva e já tropeçamos na dura realidade do que somos.
Que responder então, sobre amor, ódio, vaidade, piedade e,.. talvez, seja melhor parar!
Facílimo é demonstrar; a honestidade é conveniente, isso dispensa discussão então, em maior ou menor grau, a praticamos e, por vezes, dizemos: “... – É difícil ser honesto!”, no entanto, se por qualquer motivo, nos contrariamos por algo ou alguém, sentimos, sem medo de errar, imediatamente um prazer mórbido em odiar, mesmo que apenas em pensamento. “Prazer” sim! nós apenas manifestamos aquilo que “agrada” os nossos sentidos ou o que nos obrigamos. É inegável que a “virtude” do ódio é parte do nosso Ser!
Aqui não se propõe nenhum apelo, somente reflexões, a nossa idade exige ponderações a respeito, os nossos brinquedos tecnológicos já não satisfazem plenamente ao espírito.
Perguntas cada vez mais complexas se nos apresentam cotidianamente, respostas cada vez mais vagas se nos oferecem constantemente, mesmo o óbvio já se nos oculta. Escapa-nos os limites das próprias evidências, é fácil notar, num crime vulgar, aonde vem a culpa? Na infeliz pessoa que serviu de instrumento? Nos pais? Ou talvez, nos pais dos pais? Na sociedade que subtrai de muitos para satisfazer poucos? No ilicitante que se desenvolveu como fera numa selva pseudocivilizada? No juiz que o condena, sem ao menos ler o processo, pois preocupava-se com um encontro social interessante? Ora..! por isso, somos todos culpados!
Em circunstâncias extremas, já ficou demonstrado que mentes privilegiadas e cidadãos de moral apurada, devotos mesmo (sem sarcasmo), disputavam pedaços de carne, literalmente a dentadas (a história nos informa disso), prevalecendo a mais remota lei natural, “a do mais forte” ficando assustadoramente óbvio, ser a preservação da vida orgânica primordial quando em relação a nobreza da alma. A força do “espelho” material sobrepuja largamente a realidade do espírito, isto é, a imagem toma o lugar do Ser invariavelmente. Insira no texto aqui exposto a honestidade e depois conteste a tese! Ficamos no aguardo.
A conduta virtuosa não deve refletir temor a represálias ou fuga de inconvenientes de qualquer espécie, ao contrário, há de exprimir exatamente à forma de ser (do Ser) de quem a porta, em verdade, de quem o é. Como o erro nos representa hoje sem que nos demos conta disso, é essa a nossa “forma” de ser, é certo que isso será transformado na experiência adquirida ou ainda, na nossa “forma” de ser futura, o “Ser” que seremos.
Devemos por esse motivo, entender que até mesmo a vaidade que manifestamos por pressupostas virtudes, é infundada, pois que reverenciamos pretensos atributos, porém, quando dispusermos verdadeiramente de alguns deles desnecessário será envaidecer-se, mesmo porque, já se teria ultrapassado tal futilidade.
Os predicados do Espírito acabam por sê-lo, portanto, quando nos referimos aos elementais, substantivamos em sujeitos os vários componentes que se somam personificando uma Vontade primordial em indivíduo, metamorfoseando-se continuamente (cap.1), colimando enfim, com a harmonia universal que, como na física, converge a um único fim, ser produtivo.
Com certeza um número impressionante de “moralistas e religiosos convictos” contestam veementemente este capítulo, mas.., vejamos certas ações comuns desses “virtuosos”: —Quando pretendem uma vantagem econômica qualquer ou um passo além no seu modo de vida, coisas que são efêmeras na visão espiritual da existência, não é ato comum recorrerem às promessas “pra tudo que é santo”? ora..! não estarão eles praticando uma espécie de “barganha” com Deus ou com qualquer de seus “prepostos”? não buscam vantagem oferecendo algo que, para quem é “santo”, seria inútil? ou muito pior, não oferecem fazer alguma “bondade” que seria, em tese, útil para si próprios? Sejamos honestos de verdade, negociar com Deus é honesto?? “Burrice”, sem dúvidas é! se alguém cria a própria existência, do que precisaria? ...Dar risadas???
Vão dizer; “—mas eu pedi para o meu filho...”, talvez dirão; “—por quem eu pedi sequer era ligado a minha pessoa...”, ainda assim “barganharam” e, quase sempre, por mesquinharias do cotidiano.
Reconhecer a escassez das virtudes é somente uma questão de inteligência, pois ao encontrarmos algumas sem analisá-las, devemos notar a falta também da “inteligência”.
Não há espaço para paixões ao se constatar tal fato, a evolução do Ser é conseqüência natural, simples decorrência do seu aprendizado.
“Ser correto vai muito além de estar ‘correto’; ‘estar’, pode ser acidente.”
CAPÍTULO 25
VALORES
As circunstâncias e as finalidades os definem.
Do ponto de vista material, as necessidades imediatas, via de regra, suplantam os conceitos espirituais, logo, a mente habituada a suprir as possíveis deficiências pela ordem de prioridades, segue, basicamente, o instinto e este, sendo o resultado da rotina praticada pelo intelecto, assume postura automática no julgamento e avaliação dos elementos apropriáveis que nos envolvem. Isso seria informação suficiente para já compreender que a idade evolutiva é fator primordial desta escolha ou definição, materialmente falando, percebe-se, prontamente, a escala diferencial dos valores prementes e os desejáveis na seqüência progressiva das civilizações, quando referimo-nos a uma sociedade primitiva, os bens do indivíduo são definidos e limitados pelo simples alcance físico, pedras singulares, adornos, objetos rudimentares, amuletos com poderes fantasiosos, elementos defensivos utilizados como armas. Seus bens conceituais ainda não são reconhecidos, se bem que alguns lhes fazem parte inconscientemente, agrupamento familiar (mescla de afeição e estabilidade), tribo (coletividade social, garantia de sobrevivência), conhecimento de algum “truque astuto” que o faz sentir-se superior ao próximo (orgulho, vaidade), é a necessidade primária da existência quem vem determinando suas posses e, com isso, ensinando-o a avaliar tudo que o cerca.
O processo evolutivo produz o refinamento destas avaliações, o que só se ponderava pelo toque puro e simples das coisas físicas, passa a tomar forma em conceitos complexos de direitos, expectativas, cultura, informação.
Virtudes e sentimentos, que eram mesmo desconhecidos, hoje são ainda que pouco ou nada praticados, já ordenados e qualificados como bens ou propriedades do “Espírito” e não do “homem” singularmente agregado a uma espécie de “material”, o alcance passou a se projetar, o “toque” é plenamente subjetivo, sabe-se simplesmente, que se têm ou não determinados elementos entendidos como “virtuais” e virtuosos, portanto, as civilizações modernas reconhecem no “Direito”, a propriedade patrimonial relativa ao Espírito Humano, acatando plenamente a moral individual, como plêiade de virtudes que definem o cidadão perante uma sociedade.
A questão é: –Se a Humanidade evoluiu a ponto de reconhecer o patrimônio do Espírito, o indivíduo em si, teria acompanhado? Ocorre nesta observação, o que podemos denominar de fase ambivalente, o indivíduo, tanto quanto a civilização, “cresceu”, entretanto, o primeiro, ainda que consciente, pode ficar à margem, não estando à altura da segunda. Acontece que a sociedade é mais uma “resposta” aos seus expoentes do que, simplesmente, um aglomerado, resultante do número de “indivíduos”, conhecemos as civilizações através de suas características gerais e seus principais alicerces de equilíbrio dinâmico, sendo que tais elementos são produzidos por “cidadãos” que são os referidos “expoentes”, no sentido cultural, moral e mesmo material e, de fato, eles são bem poucos em relação ao número de “indivíduos” que formam a sociedade. Sabendo-se, portanto, que todo “cidadão” é um “indivíduo” mas, não necessariamente, todo indivíduo vem ser um “cidadão” quando o enfoque é a sociedade.
O “sujeito” se isolado, não vem a ser, necessariamente um expoente, cumpre ou não as determinações da coletividade, premia-se ou arca com as responsabilidades do seu ato, porém, é quase totalmente informado das diretrizes que regem sua conduta, a tal ponto que as próprias sociedades cercam com regras especiais os que são debilitados destas noções, crianças, deficientes mentais e outros equivalentes (incapazes), nem poderia deixar de ser assim, ou não estaríamos falando de “Sociedades Evoluídas”.
Sendo, contudo, o Espírito o foco principal deste ensaio, principalmente sob o foco do evolucionismo universal, não nos cabe determo-nos com as abrangências materiais, apesar destas serem significativas para o princípio do propósito, como foi exposto.
O conceito de valor se auto define, sempre corresponde a designação do que se relaciona por dimensionamento físico ou subjetivo logo, gera mensura em sentido genérico, isto é, comporta uma “medida” e é, amplamente, entendido por apreçamento de algo (definir preço), idéia muito restrita quando comparada a pretensão morfológica.
Quando se busca a avaliação material de qualquer entidade, entendemos por “dimensionamento físico”, sempre haveremos de encontrar parâmetros que estabeleçam relacionamento, definitivamente teremos a certeza da existência de alguém que reuna condições de apropriar-se do que se avalia, pois onde é possível delimitar, também é viável alcançar, ainda que ficticiamente. Não é o que ocorre quando se pensa em avaliação imaterial o que se assimila por “dimensionamento subjetivo”, estaremos então, diante de entidades adimensionais, não há como determinar demarcação, peso, volume, idade, direção, enfim, não admite relação com nada do universo dimensional, adjetivado por excesso de rigor como entidade abstrata, sim..! Por “excesso de rigor”, pois abstrato concerne exclusivamente ao pensamento em si, totalmente separado da realidade e isso apenas cabe a algo irreal (ao menos no universo material), no entanto, nos referimos a valores muito reais e que influenciam diretamente no nosso Universo, poderíamos, errando menos, até considerá-los concretos, não seria uma colocação adequada, entretanto, plenamente aceitável.
Essas ponderações foram os limites racionais no capítulo (09-Fronteiras), proibindo expressar idéias e comentários do mundo espiritual, pois, sem parâmetros, qualquer observação é mera especulação, não é esse o objetivo pretendido neste arrazoado.
Entretanto, se considerarmos os elementos que nos cerceiam, avaliando bens que extrapolam nosso pequeno “mundo”, havemos de concordar que um plano além do nosso é totalmente previsível e viável, é óbvio que carregamos intimamente esta convicção, o comportamento humano é extremamente rebelde para progredir se consciente de um fim estipulado, haveria sem dúvidas a extinção definitiva de todo ser vivo, não apenas na terra, como em todos os locais prováveis de sustentarem vida no Universo, o reino animal irracional é prova cabal de tal proposta, de fato, a natureza supre as descomunais ações predatórias promovendo a reprodução em números altíssimos (desprezando aqui, a extinção provocada pelo homem), isso ocorre por simples irracionalidade, apenas importa o “agora”, é só o que conta, o ser humano despreparado age semelhantemente, porém; o simples fato de existirem os preparados, já garante a premissa evolutiva, inegavelmente e assim, consequentemente a transcendência do nosso Ser vem evidente a quem “vê”.
Escandalosamente se nota a menção apenas circunstancial das propriedades do espírito (as virtudes), os “valores” que apropriadamente serviram de título à este capítulo, não são relacionados, comentados, nem mesmo exemplificados. Para quê..? somos miseravelmente providos deles..! além do que, este trabalho não pretende ser um “evangelho”.
Todos os pseudomoralistas os declinam à exaustão completa e, ainda assim, continuam “pseudos”, pois os moralistas verdadeiros não os “declinam”, vivem e morrem por eles. O intuito nestas pautas é o mesmo da proposta do título, “avaliar” o alcance deste conceito do ponto de vista do continuísmo, sensibilizar a razão e o bom senso pela ótica espiritualista e, de modo algum, induzir moralidade, simplesmente por não ser esta, uma obra a altura de tão nobre tarefa.
A idéia de valores nos reporta ao “capítulo 10”, onde está afirmado que a “forma” do espírito é o que ele sente e manifesta, nos faz pensar em escalas, mesmo que não se disponha de parâmetros materiais para tal finalidade, ordinariamente nos referimos aos “bens” do Espírito (virtudes), qualificando-os como inestimáveis (valor além do alcance), esta é uma referência estritamente material, não há meios de se apropriar deles, apenas é possível conquistá-los e isso, só o interessado consegue.
Ao Espírito não cabe o uso da “maquiagem”, seu Ser é o que verdadeiramente mostra! Ora..! Existem os que nos enganam! Sim..! Mas o engano é exclusivamente dos que não vêem, o discurso é sempre a parte fácil, o exemplo é quase impossível, a não ser que este não faça discurso, estaremos então, diante de quem realmente é o que mostra, bom ou mau.
As entidades morais e amorais não coabitam, isto é inconcebível, porém, se faz uso constante de uma “ferramenta” que sobrepõe sobre um “fundo” pantanoso, a imagem de um “lago” virtuoso, sua denominação é “hipocrisia”, todas as religiões a conhece profundamente, seus “profetas” de plantão são mestres em seu manuseio, havendo sempre infinitos desavisados que mergulham maravilhados nas suas águas, isso porque buscam já e por graça (não gratuitamente) o que deveriam lutar para conquistar, seu próprio “Ser”, seu propósito de existência, o conhecimento e a sabedoria, virtudes que não lhes “roubam” e que justificam seu lugar e “valor” no Universo.
As informações tidas como “proféticas”, fundamentalmente, apoiam-se no perfil psicológico dos povos, notadamente se observa a preparação por longos períodos que antecedem sua proposta, a História comprova isso cotidianamente, o observador perspicaz colhe indícios delas até em micro núcleos populacionais isolados do contexto geral.
A Humanidade é extremamente carente, do ponto de vista coletivo, enquanto que o indivíduo mostra-se nitidamente auto-suficiente, a proposta da “mente coletiva” (cap.15) teoriza sobre este aspecto, portanto, a preparação conhecida como “profética” é resultado da peculiar expectativa das sociedades que geram também as próprias “profecias”, isto é, a natureza humana quando é parte de uma coletividade, assemelha-se a uma colmeia de abelhas ou a um formigueiro, talvez por hereditariedade genética ou tendência ainda primitiva de agregação plena (consciente exponencial, cap. 16), portanto, espera.., busca mesmo, um sinal orientador, uma direção geral, uma provável solução a questões, que muitas vezes sequer existem, dessa forma, esta (a sociedade) produz o problema, sofre suas conseqüências e, por fim, acaba gerando a solução deste que, em tese, não precisaria ter criado.
Estes anseios coletivos, necessitam invariavelmente, de desfechos assaz arrebatadores, “bombásticos”, somente desta maneira atinge altos índices de difusão e efeito, características revolucionárias ou de convulsões sociais.
A Humanidade como um todo, hoje em princípios do século XXI no mundo Cristão, vem violenta e sistematicamente alterando seus valores referenciais. De um pequeno núcleo populacional global pouco dividido pelos sistemas géopolíticos e religiosos a não muito mais de dois mil anos, enfrenta hoje uma superpopulação localizada em “ilhas” humanas, praticamente esgotadas dos recursos de sustentação de vida, pagando com esta (a vida), a sua manutenção, ou seja, vive-se menos , em troca de se viver, proposição esta que ultrapassa as raias do absurdo. É, entretanto, este o quadro que se nos apresenta, está aí o exemplo típico da reflexão apresentada acima, nós produzimos tal circunstância (problema), estamos sofrendo suas conseqüências e, esperamos, ardentemente, a solução e esta, só nós a temos e o “problema”.., sequer justificaria ser gerado.
Nós, como indivíduos, temos, sentimos e até somos a pretensa “solução”, é o que se nota constantemente em qualquer pesquisa, a coletividade, porém, sofre sem alternativas, as guerras, conflitos, estados de beligerância, temíveis métodos considerados do ponto de vista particular, são plenamente aceitos quando aplicados coletivamente, como se o “coletivo” fosse “os outros” e não nós mesmos.
O conceito de avaliação tem medidas flexíveis, dependendo de quem “paga”, e a idéia de reduzir drasticamente o índice populacional do planeta é tentadora desde que “eles” sejam eliminados. É óbvio que tais soluções, só cabem na mente deturpada dos que buscam mais “espaço” para viver tudo agora, não havendo razão que os demova da inerte opulência particular de hoje, para a prosperidade de todos amanhã.
A profecia que vale esperar é, e será, a da racionalidade, de fato, a mais difícil de se concretizar.
Todo Ser Humano sempre foi e é, racional do ponto de vista do indivíduo, entretanto, em pequenos grupos já se nota a primazia imposta pelos fortes e a plena aceitação pelos fracos, a lei da natureza impera. A simples adaptação de valores e funções por acomodação espontânea não ocorre, mesmo que sutilmente, acontece a imposição e a submissão, estas mudam de nomes, sugestão, concordância, passivo, porém, não vem estabelecido aí o impulso individual de assumir por avaliação metódica a posição que se ajusta a cada um e sempre, por simples erro de “visão”, uns se julgam mais e outros menos esquecendo-se de que a cada um corresponde na medida de sua capacidade a sua responsabilidade, isto é simplesmente a “justeza”, é um ato civil e não heróico ou angélico, apenas racional.
Sempre que alguém age em função da razão, se relacionado a um grupo prontamente os restantes se sobressaltam e ficam na defensiva mostrando claramente que tal atitude não era esperada quando, entretanto, cada indivíduo é inquirido sobre tal atitude teria isoladamente agido da mesma forma e estes não estão mentindo, agiriam de fato assim, o elemento quando isolado tende naturalmente ao lugar justo, a qualificação é espontânea, fica claro que as falhas de avaliação decorrem exclusivamente das nossas emoções normalmente frágeis e, por tentar escondê-las, agravamos as circunstâncias e ferimos o próximo.
“Os valores da perfeição estão na absoluta normalidade dos atos.”
CAPÍTULO 26
O CRIME EM FUNÇÃO SUBLIMINAR
As condições que os produzem
Deu-se início ao capítulo anterior argumentando-se que o que determina a escala de valores entre bens materiais e espirituais é, invariavelmente, a idade do Espírito em questão. Isso é óbvio, a criança satisfaz-se com a chupeta, o banqueiro com o dinheiro e o sábio com o conhecimento. Falamos do infante, do jovem e do velho.
Por interesses didáticos elimina-se do tema o “infante” e o “velho”, sobra-nos o “jovem”. Ciclo vital onde podemos enquadrar a quase totalidade humana segundo o ponto de vista evolutivo espiritual. De fato vivemos a fase da juventude plena em relação ao conhecimento tecnológico, filosófico e social. Dispomos de importantes recursos materiais, alcançamos relativa estabilidade socioeconômica, vencemos muitos entraves naturais como várias doenças, abrigo, transporte e tantos outros. Isso acaba por acarretar um tipo de entusiasmo juvenil, até mesmo exagerado insinuando a falsa idéia de quem quer “engolir o mundo”. A sábia maturidade ainda nos vem longe, haverá porém, de vir, certamente..!
Em segundo plano nos vem, por conclusão, a assimilação e o entendimento da compatibilidade entre as circunstâncias que nos cercam com as conseqüências dos atos que praticamos, ou seja, um “jovem”, via de regra, pouco ou nada pondera sobre a responsabilidade do que pratica, apenas age.., é o impulso sem norte!
Logo, nos resta saber até onde a noção de crime assume seu verdadeiro sentido, analogamente a cobra que pica por natureza não por “maldade” (Cap. 19), ou a fera que destroça para saciar a fome ou por sentir-se acuada. Quais são as feições que nós, a sociedade, estamos “pintando” para o “crime”? Quem vive em meio a ele, como o “vê”?
Tanto quanto o terreno fértil assimila completamente qualquer semente, a mente despreparada é porosa, não seleciona o que lhe plantam. O “filtro” (já mencionado) não atua a contento, possibilita então, que qualquer insinuação, por mais branda que seja, exerça o papel de um comando enérgico e irrecusável.
Considere-se agora, um mundo onde a mídia determina as diretrizes, os conceitos, a moda e, até mesmo as vontades que eventualmente induzem serem nossas. Analise-se a idéia sob uma perspectiva mais aguçada, ver-se-á então, as conveniências de continuum de minorias dominantes, onde o “jogo” de interesses coincide, exatamente, com os prejuízos sociais, um mundo onde “Robin Hood” é, inquestionavelmente, o herói global. “Arsene Lupim” (o ladrão de casaca), modelo incógnito de comerciante bem sucedido, “Ali Baba” e os quarenta ladrões são nossos exemplos políticos, “James Bond” extermina com sublime elegância seus inimigos e, numa única noite participa de dezenas de práticas sexuais e, sequer mostra cansaço para, no dia que segue, “matar” mais adversários em nome da “Rainha”, uma Terra que dispõe de infinitos “exterminadores” do futuro, do passado e, particularmente do presente e que estão, de fato, por toda parte. Onde a venda de armas e vícios giram uma roda financeira de incalculáveis proporções, apenas superada, em volume de negócios, pelas compensações monetárias das seitas religiosas.
Some-se a tudo isso, os tempos em que a miséria e a fartura andam de braços. Os abastados satisfazem os próprios egos humilhando os desafortunados, mostrando ininterruptamente nos meios de comunicação o quanto a eficiência deles (os primeiros) suplanta a “inércia” destes (os últimos). O planeta gera riquezas suficientes apenas à uma parcela ínfima da massa populacional terrestre, os alimentos produzidos atendem, satisfatoriamente, menos de vinte por cento dos habitantes racionais do globo. As imagens transmitidas, no entanto, mostram verdadeiras “orgias” e desperdícios com materiais, alimentos e bebidas. Induzem a idéia de que todos dispõem, até com excesso, dos bens anunciados e que quem não os possui são irremediavelmente fracassados, incapazes ou pior, seriam uma espécie de elo frágil da civilização e que estão em vias de extinção, pois sequer merecem estar entre os “normais” bem sucedidos.
Note-se que, o que, aparenta, ser uma informação absurda e muito além do exagero, está plenamente de acordo com as evidências, grupos significativos de pessoas socialmente bem colocadas organizam-se formando frentes “neonazistas”, agregados seletivos raciais, a exemplo da “Cucluxclam”. Por outro lado, encontramos as chamadas “gangs” de excluídos alinhando-se em nome da autopreservação sócio-racial, também os agrupamentos “favelares” que se auto-intitulam “grupos de extermínio” para elementos “nocivos” da localidade.
Não foi por esquecimento que se deixou de falar de outros focos endêmicos da miséria atuante, o conhecido Terceiro Mundo a exemplo, agrega nações literalmente esfomeadas, onde as respectivas populações são “fotograficamente” o retrato da fome e da penúria, figuras que fazem “inveja” aos mais macabros filmes de terror, crianças que são uma forma de estrutura óssea deformada coberta de pele ressecada, mas que estranhamente, ainda vivem. Regiões imensas de beligerância étnica/religiosa contínua, conflitos por fronteiras apenas por questões de posse, pois os interessados não possuem a menor possibilidade de administrar as áreas pretendidas e nem mesmo as que já detêm.
Já se está no terceiro milênio no ocidente cristão e, contra tudo o que pregou o personagem central do cristianismo, continuam os conflitos religiosos entre os povos das mesmas crenças ideológicas e, ironicamente “batizou-se” de “guerra santa” estas disputas que continuam exterminando em ambas as facções os excomungados do “Senhor”. Imagina-se que quando acabarem os ditos “excomungados” não mais teremos “facções” e, nem mais “Senhor”.
Se considerado aquele “deus” bíblico que quando aparece no cinema escuta-se os trovões, a terra treme e o céu nubla carregado de tempestades, acredita-se que “ele” já teria arrancado as próprias barbas brancas de arrependimento por aquele “sopro” infeliz que deu origem ao homem no paraíso, lembrar-se da “cobra” é muito mais do que uma piada, pois sua pele é vendida em cada “barraquinha” de ambulante pelo mundo afora. E dizer que ela era a própria encarnação do “mau”..!
Após as análises preambulares deste capítulo, ainda que superficiais, tentar-se-á concatenar o “clima” de propensão à selvageria com os mecanismos psicológicos indutivos.
O que a humanidade sofre não é mais que uma “hipnose” coletiva e esse é um dado incontestável; assim:
Sabe-se que, fundamentalmente, o que determina o sucesso de uma indução hipnótica é o ambiente propício, a relação indutor/sujet, a credulidade do “induzido”, o nível cultural entre as partes envolvidas, aliás, é este último o detalhe determinante no vínculo entre dominante/dominado, ponto em que, por “lei” do equilíbrio psicológico o segundo, convenientemente, será induzido de que sua condição cultural é relevante e notável e se este (o induzido) for consciente de seu “analfabetismo” cultural, ressaltar-se-á sua capacidade intuitiva ou “percepção” sensorial nata o que, em verdade, significa absolutamente nada elevado à “enésima” potência.
Investidos destes dados, temos que é plenamente possível estabelecer a relação fática com as evidências técnicas, ou seja, somar as ocorrências às razões, e chegar-se, obviamente à conclusão de que nós, a sociedade minoritária é quem, de fato, comete todos os crimes. Dos mais brandos aos literalmente hediondos, dos brutais aos “sofisticados” e complexos.
A mente opera, inegavelmente, por comandos (vontades, por falta de expressão adequada), o intelecto (entendido intrinsecamente como o “Ser”) não costuma obedecer, pratica, porém, o que imagina querer, fala-se aqui, da vontade própria, ocorre, entretanto, que o ser humano já compreende satisfatoriamente o mecanismo intelectual do qual desfruta, consegue assim, manipular sem muitas dificuldades seus comandos operacionais e, bem ao contrário do que parece, quanto maior for o contingente abrangido menor será o esforço em manobra-lo, é contagioso, facilmente disseminável. A idéia é extremamente simples, lança-se um projeto, um produto, um serviço e, por mais “idiota” que este costuma ser, informa-se que, “era por isso que você esperava” divulga-se por custos compatíveis na mídia e imediatamente, se observa os fantásticos resultados positivos pretendidos. O segredo é induzir o alvo a que ele é quem anseia ser atingido, oferecem-lhe o que este sempre “buscou” ou “quis” mas não sabia.
Sub-repticiamente, ocorre um efeito colateral indesejável no meio analisado sob o aspecto dos seus elos de ligação (o indivíduo), no conhecido “tecido social”. Os “elos” frágeis da sociedade, impossibilitados de adquirirem os bens propostos na mídia, também sofrem dos efeitos indutivos da propaganda quase sempre enganosa e, por falta de alcance financeiro, acumulam frustrações dia após dia. Criam o ambiente ideal para qualquer idéia que possa alterar este quadro de “fracassos” que, eventualmente, lhes informaram ser responsabilidade exclusivamente suas. Logo, a primeira condição para uma indução efetiva já vem plenamente satisfeita, o “ambiente” é, absolutamente propício.
Os meios de comunicação encarregam-se de difundir indefinidamente as qualidades e os prazeres proporcionados pelos bens que oferecem estabelecendo, desta forma, uma ponte de ligação constante e oportuna com o “alvo” objeto das propostas e os interessados na propagação destes materiais e “ou” serviços, criam imagens de deleite indescritíveis quando se usufrui os bens oferecidos, em contra partida insinuam que na falta destes a vida não é completa. Assim, os miseráveis tornam-se mais “miseráveis”, incapazes até mesmo de terem uma vida plena, como informam os comunicados da mídia. Bem.., a segunda condição também se fez presente, está permanentemente estabelecida a relação “opressor/oprimido” é, seguramente “verdade” que o elo frágil é o “peso e o preço” social por culpa “própria”, “jamais” responsabilidade dos “afortunados”.
Como um fato é, via de regra, conseqüência de outro, temos nas duas últimas condições os fatores intrínsecos suficientes para concluir a total submissão ao ato gerador indutivo, em palavras mais diretas, encontramos na falta de cultura a credulidade necessária à obediência de um comando subliminar. A insuficiência cultural das classes fragilizadas é interesse direto das minorias dominantes, a mão de obra barata produz a custo vil e compra por preço caro o que fabrica.
É de extrema relevância ressaltar que o que vem nestas páginas alinhavado, não é discurso inútil de quem busca promover-se com retórica repetitiva sobre burguesia e proletariado, assunto prosélito e “romanceficado” para vender livros. Relatou-se, friamente, dados inegáveis e deprimentes sobre a humanidade atual, buscando reunir justificativas que demonstrem a tese proposta neste capítulo.
Portanto, dando seqüência à lógica do raciocínio perseguido, podemos montar a estrutura possível e psicológica do crime:
Inicialmente devemos ter em mente que a palavra “crime” tem conotação nociva na exata medida do conceito que temos sobre a nobreza dos sentimentos. Portanto, também haveremos de entender que, segundo os padrões atuais de moralidade traduzidos pelo cinema, televisão, jornais, revistas, a mídia enfim, o assassinato tanto quanto outras modalidades de práticas delituosas receberam uma conveniente “maquiagem”, a morte, o estupro, o roubo têm hoje, feições românticas. Os matadores, exterminadores, ladrões e outros são personagens “apenas excêntricos” vividos por astros e estrelas do cinema, novelas, quadrinhos, etc... que, em suma, são de uma beleza adônica e, normalmente sensuais produzindo nas “vitimas” personificadas (na ficção e na mente induzida) sentimento de “plenitude” em padecer às suas mãos.
Em tais circunstâncias, o sonho transforma-se em realidade, pois sonhar é característica humana, os oprimidos ficam em condição de receberem sem questionamento algum a fantasia na forma material, perde-se completamente o aspecto nocivo do termo “crime” e passa a ser válido “conquistar” seu “sonho” por meio dele (o crime). Vai a tal ponto a discrepância do entendimento que a população não distingue mais de onde provém seus temores, se são das corporações policiais constituídas pela sociedade organizada ou dos meliantes que a “defende”, em troca de “favores”, isto porque, senão quando, a própria “polícia” vem totalmente corrompida, despreparada e, eventualmente abriga com toda a proteção da Lei uma horda fantástica de bandidos “embalados” como bons “produtos” nas honradas fardas dos poucos que são verdadeiramente dignos delas.
Portanto, se o crime passou a ser “elegante”, não falamos mais de “crime” porém, de atos de conquista e, quem sabe, “heroísmo”? A mente assimila as informações e as compila de acordo com seus conhecimentos, se nos referimos a alguém despreparado, estaremos diante de uma “esponja” intelectual, esta não refrata nenhum item por mais absurdo que este possa parecer, em verdade, é bem mais fácil serem eliminados conceitos evoluídos das informações por parecerem estranhos, do que o contrário.
O mecanismo subliminar atua de forma inconsciente logo, o indivíduo em questão absorve qualquer dado fornecido “de fora para dentro” e o expõe com plena consciência de que o faz “de dentro para fora”, a mente despreparada não tem sequer noção da suscetibilidade subjetiva que sofre, o comando é impositivo, peremptório e o impulso acaba por ser selvagem (sentido de irracional). Quando há algum preparo intelectual no agente passivo, em meio a atmosfera de sugestões que se vive atualmente, este constrói barreiras de “tamanhos” proporcionais ao seu conhecimento e discernimento da racionalidade disponível.
Sob aspecto supostamente contrário, nos deparamos também com os conhecidos “crimes intelectuais” entretanto, como já se sabe, há grande diferença entre acúmulo de conhecimento técnico e sabedoria ou civilidade. O personagem receptivo (agente induzido) tem a sua situação íntima agravada por um segundo fator, oculto para ele. Por deter algum conhecimento do tipo enciclopédico, isto é, contém infinitas informações no entanto, nenhuma profundidade, age invariavelmente com “esperteza”, não com sabedoria. Acaba por trazer na “bagagem” intelectual, a vaidade por ser consciente de que é capaz de negligenciar o próximo até com facilidade, reunindo a sagacidade às vontades que imagina serem suas, perpetua seus atos em favor da criminalidade, age por profissionalismo como estivesse exercendo função digna, chega mesmo a orgulhar-se de suas práticas ilícitas. Não concebe no entanto, que age como “marionetes” fazendo parte de um “jogo” de grandes proporções, que enfim, envolve a própria existência do “Espírito” (o Ser), um “jogo” que é parte da evolução universal e o seu “preço” são os tropeços da Alma, a ferida do Espírito, as deformações do caráter e até mesmo do corpo, como já se demonstrou.
É esse, fundamentalmente, o motivo de sermos todos culpados pelo crime que qualquer de nós cometa. A rede que mantemos indefinidamente ligada conservando permanentemente toda a humanidade envolvida por ela, fornece tudo que pensamos, desejamos ou cobiçamos. Basta que se exista e já se está fazendo parte dela (a rede), seus laços são flexíveis na proporção do verdadeiro conhecimento de cada um, indo vez por outra ao completo “desatamento” por não comportar Espíritos que a sobrepõe ficando acima de sua capacidade de envolvimento. Estes, constantemente, a “desembaraçam” porém, somos nós que a “cosemos” indefinidamente, como o aracnídeo que tece sua teia e nela permanece mesmo depois de sua morte, não há maldade nisso, apenas evolução, ainda não vivemos sem a “nossa teia”.
È bastante lógico e muito evidente que o primeiro passo para reduzir os índices de criminalidade, será alterar a “rede”, modificar seus objetivos, mudar seus hábitos, induzir favoravelmente os indivíduos que são excessivamente sugestionáveis (os “elos” frágeis), conduzir mais cultura e menos cobiça na mídia, principalmente mudando o aspecto e a imagem “angelical” e “ingênua” ao se propagar moralidade que deve precipuamente ser compatível com as tendências contemporâneas, eliminando o sentido que acaba por parecer sarcástico. Não confundir as formas repressivas da sexualidade saudável e humana contra a libidinagem desenfreada e animal, pois que ambas tendências situam-se em limites extremos infra e supra atentatórios ao bom senso e a razão, diminuir o poder dos “heróis”, torná-los humanos, mostrar que o grande guerreiro é o que sabe perder ou se vencer, não vence um inimigo porém, uma circunstância, ultrapassar um dia, abraçar um filho, estender a mão a alguém que necessita, oferecer um conselho ou mesmo o silencio respeitoso são atos de heroísmo. Não é possível fazer da extravagância, o cotidiano. Procedimento que apenas vende, não produz, porém, cultura. E é certo, no entanto, que esses “heróis” sugeridos venderão muito menos. Mas.., quem quer isso? Ademais, quem de nós criou o lado miserável da sociedade? Portanto, fica fácil, como não se acham “culpados”, fecha-se os olhos e diz-se “assim é a vida”..! De per se, este último comentário prova “nossa” culpa.
Há de se considerar ainda em relação às formas do “crime”, fatores circunstanciais acessórios, que findam por produzir efeitos nas conseqüências provocadas pela designada neste, de “função subliminar”, isto é, uma vez concebida a tese de que o crime é resultado direto de um conjunto de fatores sociais indutivos, é óbvio que a repressão material a este se torna ineficaz, em verdade, acentua as diferenças produzidas nas diferentes camadas da sociedade, e esse entendimento não é subjetivo, porém, concreto e muito constatável.
A inteligência do parágrafo anterior é significativamente simples de se demonstrar, veja-se:
As classes dominantes maquiaram a face do crime dando-lhe contornos até românticos. Por outro lado, desenvolveu um conceito de justiça que também não deixa de ser uma “máscara” pois, de fato, quando se a busca, procura-se a satisfação de vingança com requintes de sofisticação o que, ainda que aceitável, continua sendo um mal. Ela, a justiça, é a outra face da moeda, a falta, apenas de uma das faces, implica na inexistência da própria “moeda”.
A aplicação da justiça materializou-se no seio da humanidade em substituição à retaliação sumária e muitas vezes desmedida aos atos indesejáveis dos indivíduos entre si, ou seja, a vingança no sentido primitivo, “repressão material” bruta, isto é, desprovida da civilidade.
A verdade é que a sociedade atual não manifesta vontade de solucionar as diferenças que promovem o crime, bem ao contrário, agravou-as. Sofisticou então, o senso de vingança, adequando para o “tamanho” de cada ato a medida do “castigo” e batizou a nova sistemática de “justiça” sentido absoluto de “justeza”, nem sempre as medidas se “ajustam”, porém, se trabalha para isso.
A solução é tão óbvia quanto cara e trabalhosa; alterar os objetivos sociais. Basta isso e, radicalmente, cairão os índices de criminalidade. Há uma nação que adotou por cabeçalho constitucional a regra da civilidade perfeita e hoje, quase utópica. Lá então, assim se escreveu: – “Liberté, Igualité e fraternité” – Cumpra-se isto e o que aqui se leu será obsoleto.
É forte a ideologia de que justiça tem por finalidade exclusiva, fundamentalmente o “castigo”, isso, entretanto, é crença passional, espécie de “fé”, é tão verdade o que se expõe que as “válvulas” sociais por onde escoam os excessos de “pressão” na forma de crime, também julgam estarem produzindo justiça. Os “justiceiros” matadores crêem piamente que purificam a sociedade com seus atos bárbaros. Também em nome de Deus perpetuaram-se crimes sem precedentes racionais.
Do ponto de vista intelecto/espiritual as aludidas “circunstâncias acessórias”, como a exemplo da justiça, reforçam o entendimento de que, pior que não ter “fé” será compreendê-la, pois não acreditar apenas restringe limites, no entanto, conhecer implica abrangência e opção, resultando como conseqüência implícita, responsabilidade. Trocando em miúdos, teremos que nada adianta a crença abstrata quando se desconhece, porém, quando se sabe a “fé” é dispensável como bagagem inútil. Crime e justiça são produtos da falta de segurança no conhecimento e do abalo inevitável da crença inconsistente. Assim, a lógica prevalece e percebe-se que o “crime” e a “justiça” são simbiontes, não sobrevivem isoladamente o primeiro da segunda, seria o mesmo que uma imagem sem o espelho, sendo que o primeiro é quem produz a segunda. A “imagem” é a resposta à existência do “espelho”, tanto quanto a justiça, a é do crime.
O conceito de castigo não se sustenta à luz do conhecimento pelo simples motivo de não ser restrito ao indivíduo, nem mesmo a autoflagelação se pode, sem restrições, entender isenta dos fatores externos, pois é ela fruto de culpa adquirida (cap. 19 Teoria da Culpa), condição cultural intrínseca ao meio no qual permanece o sujeito da ação. Assim, se este depende de produção externa, direta ou indiretamente, alguém acaba por “comprá-lo” e não existiria fim para a cadeia formada, coisa que o bom senso recusa.
A assimilação própria dos atos positivos ou negativos ocasiona a virtude ou a deformação de caráter consoante o estágio evolutivo do Ser (cap. 10 Forma do Espírito). Não há castigo, nem mesmo justiça, implícitos às leis naturais universais. O sofrimento é conseqüência lógica do processo “evolutivo”; quando há compreensão da prática de atos primitivos que não caberiam à condição cultural do Ser em foco este sofre, todavia, não sendo do seu alcance intelectivo a inteligência do procedimento, ele não sofre, pois esta é a sua condição racional, basta recordar-se da exemplificação acima, onde se ponderou que a cobra pica por natureza não por maldade. Sócrates foi quem primeiro compreendeu essa premissa fundamental e ensinava; – “...ninguém, ainda que pretenda, pratica o mal, pois a virtude é atributo da sabedoria...”.
Os atos primitivos são em si mesmos falta de conhecimento e evolução, a faculdade de superar o caos é decorrência do aprendizado logo, a ordem é prerrogativa dos que dispõem da capacidade de instituí-la.
Tanto quanto se extrai da literatura disponível, se nota que os simpatizantes das teses espiritualistas demonstram segurança nesse entendimento, é comum encontrar-se narrações, todas anunciadas serem “psicografadas”, onde grupos espirituais atuam por opção de extrema solução, preferindo intervir suprimindo a vida material de um “encarnado”, por meio de artifícios a nós, “incompreensíveis”, impedindo que este cometa ato de irremediável reparação evolutiva a curto prazo. Ora..! segundo o conceito material do direito à vida “eles” cometeram um assassinato. Portanto, se admissível a informação extraída da literatura, o direito de escolha prevalece ao da vida na matéria e o tema sobre o “crime” de homicídio passa a ter mais uma interpretação além das infinitas já existentes. Certo é, porém, que mesmo não sendo atitude “espiritual” ocorrem casos semelhantes no nosso cotidiano, é comum saber-se da preferência extrema de sacrificar uma vida em troca de muitas, e será a condição pessoal de quem produziu tal efeito, o que decidirá sobre sofrimento, se piedade por quem “pagou” caro em benefício alheio ou se culpa por ato que dispunha de alternativa, talvez, até porque quem sofreu, interessava por motivos vários, que ficasse fora do caminho, ocorrendo ali o álibi perfeito. Bem.., temos aqui um tema adequado para mais um romance.
Analisados os agentes externos, devemos, obviamente, abordar os “internos”. A causa primária dos fatores degenerativos do caráter é, sem dúvidas, o stress provocado pelo limite evolutivo que se pretenda, inexoravelmente, ultrapassar. Exatamente como ocorre ao atleta no “salto em barreira” quando se a eleva, às vezes, décimos de centímetro e este o derruba na tentativa de se superar. Ao tentar avançar o seu “limite”, muitas vezes o Espírito tropeça, imagina quando se propõe, que o fará, galgando com isso outro degrau evolutivo. Todavia, é comum que ele se superestime quando não devia, porém, ai está a exuberância da existência e o sal da vida, pois, ainda que despenque, este sai revigorado pela tentativa e mais experiente para nova investida.
Uma vez considerado o ponto de vista em relação ao sujeito da ação, resta-nos abordar o meio onde ele é atuante. A soma dos fatores limitados ao indivíduo (stricto sensu) generaliza-se contaminando a sociedade (lato sensu) , em verdade, por escassez de “vacina”, evidência gritante da “culpa coletiva” (cap. 19 Teoria da Culpa).
Uma sociedade sadia não gera um agente insano, por conseqüência ela permanece saudável indefinidamente, obviamente, na ocorrência de uma anomalia isolada, o conjunto social exerceria na sua plenitude o amparo compatível, inquestionavelmente corretivo, porém, nunca punitivo ao indivíduo estressado, o impulsionaria no “salto de barreira” abrigando-o pelo “outro lado”. A sensação de vingança não seria mais o objetivo do cidadão e a justiça acabaria esquecida por ser obsoleta, as “válvulas” sociais seriam cada vez mais raras e recuperadas com facilidade e “a culpa” não mais seria distribuída, simplesmente por ter sido abolida da trama social.
Pensamento utópico? De forma nenhuma..! Apenas a vontade, já pode promover tal tarefa, independentemente de tecnologia, filosofia “barata”, política, religião, somente a “vontade”, nada mais!
“O crime poderá ser “pintado” de todas as cores, que serão sempre, o vermelho..!”
CAPÍTULO 27
A ESCRAVIDÃO SOCIAL
As aspirações de poucos, detém a “escritura” de todos.
O processo escravocrático é dependente de dois fatores fundamentais. A ambição desmesurada de uma parte e a submissão incontida de outra.
Existe uma determinante condicional entre os elementos de ligação destes “fatores”, um elo interdependente, formando uma dupla subordinação funcional que garante sua estabilidade; resumindo o raciocínio; temos a necessidade absoluta de amealhar bens que é a fonte de poder ainda que transitório, porém, não notado por um lado e, por outro, o medo desesperado de perder o que se pensa dispor, ainda que exíguo. Indo a extremos, a vida não nos é um bem.
É o objetivo de viver de alguns, e o motivo de não “morrer” de todos.
Aparentemente, é bastante complexo o que se expõe. Não o é, no entanto!
De fato, nós somos os “eternos” escravos de “nós” mesmos. Como indivíduo impomos as condições de vida pretendida, como se a coletividade fosse privilegiada pela nossa existência. Como “sociedade”, arcamos com as exigências, quase todas caprichosas, de cada um.
Ocorre que o montante social tem tamanho circunscrito e definido, isto é, as conquistas de bens e privilégios são o resultado de nossa própria força produtiva, assim, temos sempre menos disponível do que necessário, justamente por isso, é valorizado. Faz falta porque se sabe da sua existência, pois do contrário, buscaríamos suprimentos em nosso próprio Ser que preenchesse seu espaço.
É óbvio que a alavanca do progresso humano é, essencialmente, a busca deste “conforto” mas, tenham certeza, quando dispusermos de tudo, simplesmente de “tudo” disporemos, por serem, estes “entes”, absolutamente desnecessários.
Estará em nós a auto-suficiência, é o mesmo que sentir fome por ansiedade e, satisfeita esta, nada nos falta!
É infeliz e ridícula a forma de nos enganarmos invariavelmente.
Exigimos um governo que venha suprir as necessidades e aspirações do povo, então, colocamos ou nos subjugamos ao poder dos elementos que se propõem à “digna” tarefa.
Prontamente, sofremos as custas monstruosas da sustentação desse “poder”, pois, em verdade, ele torna-se, imediata e automaticamente, numa “corporação” autopreservada a qualquer preço, até existe a intenção da prática do benefício coletivo buscado, entretanto, este é inatingível, uma vez que os objetivos pessoais dos componentes da máquina “supostamente” administrativa, são, inevitavelmente, primordiais.
Observa-se isso em todos os seguimentos instituídos pelo poder, é simples notar, não requer esforço algum, os serviços sociais, por exemplo, suprem devastadores salários, em detrimento às necessidades básicas de mantença familiar, o fisco absorve em forma de extorsão, enormes parcelas de recolhimentos, que por sua vez, apenas são necessários, porque o desvio é imensurável, o poder de polícia é quase que exclusivamente, investido na própria manutenção corporativa, armam-se, ostensivamente, para receber os próprios rendimentos, enquanto que proíbem a população de defesa armada, coisa que, em tese, deveria ser suprida por ele, o sistema. Não vem aqui a defesa do armamento da população, apenas a exposição de um fato.
Coincidentemente às constantes discrepâncias que produzem os próprios políticos, anunciam novas leis e atitudes que, de forma alguma, serão cumpridas, nem por eles, nem pelos que os amparam politicamente, isto é; criam artifícios que impedem o povo de praticar os ilícitos que elas, as “autoridades”, praticam “Ad libitum” .
Ainda assim, não devemos, de nenhum modo, colocar o povo como vítima incondicional das circunstâncias, pois que é do “povo” que provém, o Poder instituído, somos nós lá, quem manifesta todas estas agruras e, quando do lado aparentemente fraco, nos locupletamos apoiando os que se “dispõem” a assumir o “sacrifício”, tão cobiçado, de “trabalhar” pelo “próximo” no Poder.
Por isso hoje, um salário vil e um sistema excludente escondem um escravismo mordente, inúmeras vezes pior que quando de sua existência declarada, pois que um mínimo de sustentação era garantido pelo “dono” do infeliz, visando a produção abundante da sua propriedade, por meio dele. As “chicotadas” sociais, presentemente, fazem sangrar feridas muito maiores, com conseqüências prolongadas em várias gerações de miseráveis que se amontoam, em cada vez maior número, nas sociedades que se autoprolatam “civilizadas”.
Vem, em verdade, particularizado o teor deste capítulo, vez que este Autor traz, no “sangue” e no coração a “terra” Brasil, amordaçada e escravizada por nós, seu povo, que dela tudo recebe graciosamente, entretanto, insatisfeitos a “devoramos” sem notar que é aos nossos filhos e irmãos que atacamos como lobos esfaimados e, representando no “picadeiro do mundo”, batemos nas nossas próprias cabeças e sorrimos, escondendo as lágrimas ardentes que queimam nossas almas, apenas porque brincamos de ser sérios.
Pedindo licença ao caro Leitor, à próxima página, este que voz escreve colocará, em palavras o que lhe vai à Alma, esperando ser transitória a circunstância em que se encontra nossa “Casa” e que lhe faz extravasar o Espírito.
“O ÓDIO, A PROSPERIDADE E A NAÇÃO”
O sentimento é a forma do Ser, no momento manifesto, é a escolha, livre por direito e a responsabilidade por decorrência.
A Majestade do Espírito, ou a miséria da Alma se retrata fielmente à opção feita, não permite equívoco, “salta aos olhos”.
Odiar é a repulsa natural, por impotência ou incapacidade de alcançar, como a pedra, que não podendo flutuar no remanso transparente do amor, deixa-se arrastar pelos turvos turbilhões do “ódio”.
Este se mostra por todas as chagas de um Ser ou de um Povo, bloqueando sempre, as possíveis passagens ao “progresso”, remédio definitivo contra todas as indignidades.
Condição fundamental de uma ação, é a conseqüência, esta é bagagem inevitável, implica portanto, em grande responsabilidade, qualquer ato ou vontade, pois que sempre estarão atrelados.
A Prosperidade é a “conseqüência” lógica de uma atitude sadia do “Ser” ou da Sociedade.
O que concerne ao “Ser” implica em eventualidades circunscritas e bem delineadas; a uma “Sociedade”, entretanto, as abrangências são quase ilimitadas, verdadeiramente, são a diferença entre a fartura e a penúria, até mesmo de uma Nação.
O “colher dos louros”, ou “pagar a pena”, quando enfocado o indivíduo, localiza e sustenta a idéia de controle ou assimilação de um fato trivial, plenamente absorvível pela coletividade.
Quando, porém, o alvo é um “Povo”, extrapolam-se os sentidos da racionalidade óbvia, a complexidade das conseqüências sobrepõem-se às ocorrências originais, não se notam evoluções aritméticas e, sim, geométricas ou exponenciais, os acontecimentos, se positivos, a todos beneficia com ponderação, pois todos buscam os benefícios e estes se encaixam a cada “concha”, no entanto, se negativos, corroem descontroladamente a tudo e a todos, pois todos fogem, mas, ainda assim, estes os atingem e transbordam nas mesmas “conchas”.
Um sentimento, uma conseqüência e um conceito, são o que correspondem ao conteúdo deste “Lamento”, pretendido ser poético, estes, por sua vez, são restringidos e definidos em seus atributos essenciais, e dimensionados ao seu meio de ação, nós..! A Humanidade.
A tentativa de correlatar estas três entidades subjetivas busca o exclusivo propósito de demonstrar que, infelizmente, nós, generalizadamente, primamos por odiar a prosperidade, elegendo, através desta triste perspectiva, a miséria como símbolo Mater da nossa imerecida Nação.
Transformamos a terra Brasil, “a nossa mãe gentil”, em matrona promíscua aos olhos do mundo, e quem assim o faz, filhos seus são..! Gerados ou recebidos com amor, pelo Chão que tudo lhes dá.
Por ódio, ganância, desprezo, demonstrando até orgulho e vaidade pela obstinada “esperteza”. E muitos afirmam “- só se for você”, pois que eu não penso assim! O que agrava, e muito, a situação.
A nossa maior atração turística, onde “Deus” descansou olhando as praias, não seria nem “atração”, não fossem os morros, cobertos pela miséria, pelo ódio e pelo terror, talvez aos olhos de “Nero” fosse menos “romântica”.
Nos grandes centros urbanos não seria possível ver a luz da luxúria de poucos, não fosse a inópia geral.
Não se sobressairiam os apenas suficientes, não fossem os completamente incompetentes.
O Poder se autodefine, exemplificando a inimputabilidade própria.
Os legisladores ditando, porém, raramente submetendo-se às Leis.
Tudo que se compra vai abaixo, ou se desmancha, tudo que se promete não se cumpre, paga-se pelo que não se recebe, os amigos da manhã nos são os carrascos na noite, as nossas reclamações apenas são “boas” quando os outros às praticam, aceitemos o fato de que é a nossa dignidade que vem desmoronando, pois que, as virtudes imprescindíveis para a sustentação de uma sociedade sadia são cobertas pelo pútrido bolor da hipocrisia, os “virtuosos” portadores dos magnânimos ditames do Justo e Ponderável, do Direito e da responsabilidade, usufruem, mais do que honram, o cargo laureado por digno mérito, não curamos as “feridas” mútuas, apenas porque um vizinho nos olharia com desdém, e outro precisa acenar com a “mão”, para dormir o sono dos anjos, “lambemos” as chagas e assim sorrimos.
Condenamos o “plantio” e a “produção”, açoitamos o “lucro do trabalho” violentamente e aceitamos a “extorsão financeira” passivamente.
O cidadão estável, via de regra, deixa dúvidas questionáveis, o miserável, no entanto, sem “dúvidas”, é sempre a vítima, e isso é inquestionável.
Quando a fortuna se avizinha, prontamente, ficam abertas as “bancas de apostas”, para que se faça uma “fézinha” em quão pouco esta perdurará.
A “quebradeira geral” é notícia eufórica, o sucesso de alguns é frustração total, é mesmo inesperado! A certeza do “insucesso” é tal, que o sistema fiscal nunca erra, pois quase não existe espaço, para a prosperidade “Legal”.
Não nos compete culpar governos, cabe-nos cumprir e exigir a verdadeira cidadania, os que administram os nossos interesses como Nação, não são “alienígenas”, somos nós..! Lá. “- Faria igual ou pior..!” É resposta comum, infelizmente..! Criticá-los é fazê-lo a nós mesmos. Lute pelo seu próximo, espere e busque com que ele faça o mesmo, insista em ambas as frentes, e o governo acabará por ser o nosso próximo, também! A Nação correta, produz o Governo ideal e nunca o contrário, pois que o segundo é fruto da primeira.
Acumular troféus, venerar, idolatrar, qualquer “tribo” (isento do menosprezo) faz! Ser responsável pelas conquistas, fazer de todo um povo o “Ídolo”, é o que nos faz Nação.
Devemos buscar o progresso da nossa Bandeira lutando, e nunca chorando! Felicidade é conquista, não dádiva!
Reconhecer as nossas falhas é o primeiro passo em eliminá-las sentir, no entanto; agulhadas em nossos supostos “brios”, pela tinta que impregna esta mensagem, somente demonstrará o quão longe estamos da solução dos nossos próprios problemas!
“Devemos capacitar o Cidadão, vivenciar a Cidadania e já seremos Nação!”
CAPÍTULO 28
“JESUSIANISMO1”
“Nós O somos”! Sermos parte nos identifica com o “Todo” não, porém, nos transforma no “Todo”, essa lógica garante a premissa negativa ao antropomorfismo na presente proposição e, tal afirmativa, é tecnicamente racional. O “trecho” qualifica e quantifica o ente da “função”, a “entidade” é a relação unívoca da conjunção final. Logo, a justificativa filosófica é satisfeita, uma vez que os “trechos” são idênticos em essência, ainda que com a individualidade preservada. Assim, a lógica matemática é atendida na medida em que os entes e a entidade são unos sendo que a individualidade é, exatamente o ente da entidade (a corrente e seus elos). É notório que a “sociedade” é o pensamento acumulado dos seus indivíduos, há identidade entre os “entes e a entidade”. Assim, não se antropomorfizou a “Entidade” apenas e tão somente se qualificou e quantificou tematicamente, seus “entes”. De fato, é obrigação deste que vos escreve exercer o seu ponto de vista, pois, de outra forma, estaria em contradição consigo mesmo já que quem leu nosso trabalho até aqui deve concordar ou apresentar tese contrária à afirmação levada a efeito de que a única via do pensamento racional exponencial é através do coletivo, qualquer outra é, convictamente, linear.
Jesus, como todo o Universo é, em suma, um “ente” ou “trecho” Dele, nós identicamente, “O” somos, é isso que nos torna o “mesmo” com idades diferentes, apenas isto. “Cristificar” qualquer um de nós, em verdade nos deprecia, pois não seríamos o motor da nossa evolução e, “ser” por escolha alheia, unicamente nos conduz ao acaso ou privilégio por exclusão o que é outro absurdo logo, “escolha” é irracional. Muitos “malfeitores” viveram e morreram em condições piores que Jesus e nem por isso tornaram-se “Cristos”. Foi o homem que exerceu uma tarefa imensurável quem conquistou o Espírito da Humanidade e, logicamente, sequer lhe passou pela cabeça exercer um “cargo político” que também, “logicamente”, lho ofereceram depois de “mata-lo1”, pois se o fizessem antes, sempre haveria o risco de Este aceita-lo e o fizeram mais de trezentos anos2 após seu desenlace, para certificarem-se de que Ele já havia desistido da ressurreição uma vez que seus discípulos contam que, por mais de quarenta anos, o viram entre eles, coisa que não seria mais do que um singelo efeito de materialização, prática comum nos meios espiritualizados.
Ainda que o título deste capítulo não pareça nada ortodoxo, trazer às próximas páginas, a figura de Jesus nos condiciona a tratar do “cristianismo” pois, assim esse movimento foi designado e, assim será identificado, ser ou não adequado o termo por questões de terminologia, hermenêutica ou exegese, não induzirá o conteúdo pretendido a equívocos, uma vez que já vem esclarecido o óbice racional. Ademais, é certo que Jesus chora ainda hoje por não o assimilarmos na sua essência, porém, por tê-lo transformado em um “bode de ouro”, a exemplo do que narra a Bíblia do povo de Israel quando da ida de Moisés ao Sinai.
Antes de tudo, Ele foi um sábio e, posteriormente, tudo que dele sabemos, menos santo, deus e outras crendices pueris, o Homem (ou Espírito), no entanto, de qualificações inenarráveis deixou marcas profundas na Humanidade a partir de suas pregações. Jesus, santo, profeta, vingador dos justos e, finalmente, Deus segundo a visão cristã que resumindo, é a “visão” clerical, pois que haja infinitas outras seitas são, todavia, singulares dissidentes da original “Universal” que se escreve “Catholicu” em latim e, sendo esse Homem, o “personagem” de uma visão religiosa ocidental que inevitavelmente é em maior ou menor grau, fundamentalista, nos obrigamos a separar o visionário “Super Star” do existencial e grandioso, porém real, Ser Humano.
“Cristologia”, ciência que busca, por intermédio de dados reais, estabelecer a verdadeira origem do cristianismo que em maior profundidade era um movimento seguido pelos próprios cristãos originais pretendendo deixar um legado material dos fatos que eram apenas transmitidos de geração em geração, foi abraçado por Tomas de Aquino discípulo de Alberto Magno e como conseqüência de sua postura, somada a convicção aristotélica do “racionalismo cristão”, findou por torná-lo adversário de grande risco aos adeptos da corrente “agostiniana1” no interior do próprio sistema clerical. O que resultou em perseguições infindáveis contra o racionalista aristotélico aqui citado.
O propósito da cristologia, para ser alcançado, deve restringir-se a dois critérios básicos, um cogita a comprovação material, assim, obrigatoriamente, há de ser inflexível, o objeto existiu ou se dispõe apenas de dados especulativos? Outro planeja assentar suas justificativas probatórias em relatos e observações logo, não se obriga à rigidez fática, produz seus argumentos conclusivos em dados estatísticos e comparativos, estes variam de região para região, de cultura para cultura e assim, sucessivamente, portanto, suas comprovações resultam menos fiéis ao fato ou fenômeno, mas não invalidam a ocorrência histórica focada, prescindem somente da exatidão empírica2 e permitem ainda a mobilidade da realidade em uma determinada faixa de confiabilidade, desse modo, ocorre um desvio do absoluto e incontestável. Por outro lado, é certo que mesmo fatos atestados cientificamente divergem, a paleontologia, por exemplo, a cada descoberta de ossadas humanóides altera suas afirmações quanto a data do surgimento do homem na terra, inclusive, com defasagem de milhões de anos e isso sequer espanta a comunidade científica.
Bem.., em que isso deságua afinal? Na arqueologia por um lado e no conhecimento dos fatos acumulados pela História por outro. O primeiro coleta objetos que tiveram contato direto com o “sujeito” da questão, isto é, utensílios, escrita de punho ou registros que gozam de autenticidade comprovada e, na melhor das hipóteses, os próprios restos mortais quando se trata de um ser que foi vivo1 logo, se não oferecer exatamente as datas, locais e as mais diversas características, as localiza com proximidade de altíssima confiabilidade dando por materializada a informação procurada. O segundo colhe informações ligadas direta ou indiretamente ao sujeito, relatos, documentos indicativos, mitos de diversas versões que sirvam de material comparativo e outros correlatos, conclusivamente, vê-se que os elementos que validam o segundo método investigativo deixam margens interpretativas e permitem uma “realidade” relativa não inverídica porém, pendular entre a “maior e a menor” verdade, ela está lá, mas deve ser “garimpada” até se alcançar o filão incrustado nas conjecturas pessoais, nas emoções, na imaginação, nas descrições sempre interpretativas e tantas outras. Esse trabalho é hercúleo e impreciso mas.., muitas vezes, é tudo do que se dispõe.
Jesus aconteceu exatamente nestes moldes. A História, em seus aspectos periféricos, o identifica e o localiza no tempo, com as imprecisões esperadas. De outro norte, a arqueologia1 não dispõe de um único vestígio material da passagem desse homem pela Terra. Isso não elimina a sua informada existência entre nós, mas impede que a ciência ateste o fato. Nada de anormal até este ponto, mas; os dogmas...! ah..! “os dogmas! Esses resolveram a questão, facilmente: “...O espírito santo veio e levou o corpo ‘pro’ céu”. Realmente, a partir dessa “verídica” informação dos “representantes de Deus” na Terra foi criado o impasse. É óbvio que a razão não aceita proposições dessa natureza, o choque era inevitável e, ocorreu.
À parte o posicionamento eclesiástico e eliminada a participação da arqueologia, inclusive aos radicais defensores da “teoria do manto sagrado”, pois tudo que este provou foi que, se dependesse dela, Jesus não existiu mesmo e sabemos que não é bem assim..! Existe, de fato, indicações que levam a crer, com boa margem de confiabilidade, na sua existência material. É certo que seja somente “testemunhal” mas, um maciço bloco depoente em muitos séculos cria circunstância probatória, senão impecável, muito louvável e digna de fé1. Bem.., nos restou a pior das conclusões lógicas, “o livro das testemunhas”, aquele que cada uma delas registrou sua versão dos fatos; é.., a bíblia..! à sua maneira ela nos traz, num fantástico emaranhado de acontecimentos e entendimentos diversos, os vestígios da verdade. Existem relatos isolados da bíblia que conferem com ela em muitos pontos e, apenas por serem informações independentes das cristãs, acabam por reforçarem as já fortes evidências de um fato real. Encontramos, por exemplo, o judeu Flávio Josefo, historiador do palácio romano de Domiciano, referindo-se a inúmeros fatos que citavam Jesus por estar este envolvido em circunstâncias ilegais, segundo o ponto de vista dos romanos que, apenas por menção, lembra-se o caso de João Batista, o martírio de Tiago, alguns apontamentos sobres os milagres e uma passagem que fala da ressurreição. A Jurisprudência e doutrina das leis judaicas (Talmude) fazem também, citações, todas contradizendo, é claro, a visão cristã, porém significativas a respeito de Jesus. Veremos em Tácito, famoso historiador romano relatando que Nero usou da presença dos cristãos em Roma para transferir-lhes a culpa pelo incêndio da cidade.
Mas, todos os documentos históricos paralelos à bíblia, trazem apenas passagens ou pequenos comentários2, poucos conferem uma seqüência ou um enredo coerente ligado ao fato logo, ainda que muito enigmática e com excesso de misticismo, a bíblia termina por ser a melhor fonte de informações disponível sobre a vida de Jesus, os outros lhe servem de amparo comparativo e, de certa forma comprobatório, quando em confronto aos relatos coincidentes.
A bíblia é, sem restrições ao termo, a imprensa escrita da História, sim! Um jornal e, com todas as prerrogativas do vocábulo, um “jornal” que exagera, que omite, que mente, que relata, que tem tendências e, inclusive, transmite verdades. É esse o perfil que assusta, pois, extrair a verdade de um matutino, causa embaraços por demais extenuantes, o que seria então, o mesmo serviço num “milenário1”?
Contudo, não existe nada que se refira a Jesus com a riqueza de detalhes e particularidades sutis que não seja ou, ao menos, relacione-se à bíblia, assim, vamos à ela:
Conjunto de livros sagrados, segundo o nosso Mestre Aurélio, na primeira interpretação das várias versadas e, por meio de diversas fontes consultadas foi possível produzir uma sinopse textual onde, por abrangência, captou-se “as notícias principais”, se é que podemos, com a devida licença, metaforizar.
Com as precauções de praxe devemos, antes de tudo, respeitar a escrita que traz a tradição de um grande povo em princípio e, em segundo plano, recebe influência de outros povos que nos merecem o mesmo respeito, mas isso não a transforma em detentora de verdades absolutas, primordialmente, se à luz das ciências atuais e das conclusões lógicas da filosofia. E, são fatos:
• A bíblia é, atualmente, absolutamente destituída dos textos originais.
• A tradução mais antiga sabe-se que tem origem nos “massoretas1” por volta de oito a dez séculos a.C. em hebraico e aramaico que são línguas mortas já há muitos séculos.
• O Antigo Testamento, escrito em grego e o Novo Testamento, resultados de uma coletânea imensa de manuscritos, não são mais do que uma tentativa cuidadosa nos limites do conhecimento e tecnologia da época, de reconstituir, o mais próximo possível, os textos das versões que se referiam aos autores originais.
• Tudo que se lê nas atuais traduções é extraído desses textos, pois eram esses, os únicos existentes.
Assim, por volta do século II d.C. encontraremos o teólogo Orígenes, homem de grande influência e profundo conhecedor dos textos bíblicos, produzindo uma versão do Antigo Testamento em grego e hebraico. A verdade é que seria impossível ao leitor comum, assimilar o entendimento exposto na bíblia no texto original, onde se lia em hebraico e aramaico o Antigo Testamento e em grego o Novo Testamento ainda considerando, que devido as inúmeras traduções, esta é a síntese de infinitas influências de vários povos e culturas estranhas entre si. Além do que, essas variáveis precederam em muito o surgimento de Jesus, nem de longe teria sido ele quem dera causa a tal desentendimento histórico.
É interessante notar que a tradução mais antiga que se conhece da bíblia, chamada de “Septuaginta” (versão dos setenta), é originada de um “mito”, uma lenda, e esta contava que de cada tribo de Israel foram destacados seis judeus sábios formando ao todo setenta e dois e que em setenta e dois dias procederam a tradução do Antigo Testamento na “polis” Alexandria por volta do século II a.C..
Libertados do Egito, o hebraico foi uma língua esquecida pelo povo judeu, transmitiam então, verbalmente, seus ensinamentos, agora falados em aramaico (Targum).
O latim foi, expressivamente significativo, para a divulgação do Novo Testamento cujo tema central é o cristianismo que se iniciava no período, ainda assim, só foi produzida no século III d. C., “a Ítala”, já na Itália, pois nessa época, o grego esvaía-se como forma de linguagem e a cultura grega, identicamente, perdia-se no tempo, cedendo lugar aos costumes do Império Romano que, por sua vez, já vinha também enfraquecido.
Segundo consta e ainda se lê nas atuais traduções, o Antigo Testamento foi, basicamente, dividido em cinco livros em grego designados “Pentateuco” eles existiam em cinco volumes à época.
Gênesis, o primeiro deles onde o próprio título já define o conteúdo; a criação do mundo, do homem e do Cosmo.
Êxodo, o segundo, título já escolhido pelos cristãos para contar a história do abandono do Egito pelo povo de Judá.
Levítico, o terceiro, título judeu (Vayikra), “E chamou”, correspondem aos rituais de sacrifícios, ao que é puro ou impuro, a santidade, o calendário das liturgias, bênçãos e maldições.
“Números”; é o título que relaciona as tribos de Israel, em hebraico (Bammidbar) “No deserto” que atravessavam o deserto a partir do Sinai até Cades, onde tentam, sem sucesso, invadir Canaã, indo depois a Moab, diante de Jericó e lá ficam duas tribos, a de Rúben e a de Gad.
Deuteronômio, o quinto título explica a segunda lei, no hebraico (Elleh hadd barim), “Estas são as palavras”, como quase todo o Pentateuco trabalho organizado pelos profetas que se diziam continuadores de Moisés e atribuíam a ele seus prolatos.
O Novo Testamento era condição imposta pela necessidade da igreja cristã que nascia, o fito era “dar autenticidade” e tradição ao acontecimento que se expandia pelo mundo ocidental. Assim, foram eleitos os quatro evangelhos cristãos produzidos por Matheus, Marcos, Lucas e João, os três primeiros eram muito correlatos, suas semelhanças eram dignas de atenção, o de João, o mais singelo, manifesta diferenças de interpretação em relação aos outros.
As epístolas, parte integrante do Novo Testamento, são as cartas enviadas pelos apóstolos com o intuito de divulgar o ensinamento redentor e esclarecer aspectos polemizados entre os seguidores da chamada “boa nova”.
Matheus por gozar de crédito de cultura diferenciada, pois ocupava cargo de relevância e autonomia junto à coletoria de tributos romanos, traz em si uma maior confiabilidade de informações. Provavelmente, este escrevia em grego, além de sua língua natal.
O Novo Testamento resume-se, fundamentalmente, à relatar os movimentos e sermões de Jesus pela Galiléia, o sermão da montanha, milagres, as parábolas que eram a forma peculiar de Jesus pregar seus ensinamentos, as revoltas dos dissidentes das idéias propaladas e as ameaças sofridas pelo mestre e seus apóstolos, a entrada em Jerusalém, que este o faz montado num pequeno jumento “parte do cumprimento das profecias” que precederam Jesus, traz ainda, o sermão contra os escribas (doutores da lei), a repulsa aos fariseus, defensores dos fundamentos de ortodoxia das leis judaicas e, por fim, a crucificação e posteriores aparições de Jesus continuando suas pregações em favor da disseminação de suas lições pelo mundo.
Outro fato observável é que o Evangelho de Marcos reflete melhor o pensamento de Pedro, seu mais próximo companheiro e “que o chamava por ‘meu filho’..”, é certo porém, que passaram-se ao redor de quarenta anos quando, qualquer deles, cogitou escrever sobre a vida do seu mestre. É relatado que Marcos havia iniciado um movimento cristão em Alexandria e lá morreu.
O Evangelho de Lucas apresentava o melhor estilo, conseqüência provável da cultura acentuada deste, pois que é sabido este ter sido médico, conforme se sabe de Paulo que, ao que tudo indica, eram fiéis amigos e o primeiro seguiu Paulo à Roma quando de seu aprisionamento.
João, o “evangelista”, como era conhecido e distinguido de João Batista, o primeiro acompanhado de seu irmão Tiago, teria sido o terceiro discípulo de Jesus, seguido a Pedro e André. Tratava-se de gente simples e sem instrução, identicamente a Pedro, “o pescador” e, segundo se lê, era quem Jesus amava por predileção. É contado que, agonizante, Jesus lhe pedira por sua mãe Maria, e foi esta, recebida como “mãe” do próprio João em sua casa.
O que se constata é a forma menos técnica de João nas escritas trazidas até hoje, entretanto, é notável a manifestação mais expressiva a falar ao coração dos homens, não é sem motivo o adjetivo amoroso de “Evangelista”, nas narrativas de João está impresso muito do amor simples, porém, propósito único de Jesus. Ainda se encontra os “Atos dos Apóstolos” que, propriamente, trata dos aspectos temáticos do pensamento de Jesus e, no estilo notado, acredita-se ter sido autoria de Lucas essa narrativa. Seu valor, segundo o ponto de vista dos teólogos, é a escrita de testemunha ocular das ocorrências ali mencionadas e a expressiva quantidade documentos que amparam os fatos não presenciados testemunhalmente. Logo, por esse aspecto, é um bom meio comparativo para eventuais documentos paralelos que venham a relacionar-se aos fatos. Por fim, as “Epístolas”, entre as dos apóstolos e outras genéricas, encontram-se as de Paulo (Saulo de Tarso1), e essas, juntamente com as relações filosóficas antecedentes ao pensamento de Jesus, que realmente foram o “motor” do cristianismo. Paulo, como ficou conhecido era, antes de tudo, uma espécie de erudito, homem de grande cultura e profundo conhecedor das leis judaicas “um douto”, mas, o fator preponderante que deu credibilidade às suas pregações foi justamente ter sido ele feroz combatente do cristianismo, sua conversão2 era motivo digno de admiração, pois era conhecido o seu caráter fortíssimo e inamovível, logo, alguém que conseguisse tal “proeza” era, obviamente, verdadeiro. Paulo tinha livre acesso aos meios filosóficos gregos, pois com eles debatia já de há muito e com a cultura grega nasceu em Tarso e aos círculos culturais romanos, pois era portador da cidadania romana e junto aos judeus, seus irmãos de berço. Era, de fato, um homem especial, quando convertido exerceu todo seu potencial em favor de sua nova fé .
Conclui-se, sem muitos esforços que, de fato, a bíblia tem maior valor material do que documental é, com certeza, um imenso relicário de fé, mas é certo também, que fé frente à razão perde as suas “razões”. Contudo, produto de muitas culturas, é óbvia então, a sua primeira valoração. Com as descobertas arqueológicas nos locais indicados nos textos, impõe-se-lhe o merecido respeito, como meio comparativo a corroborar os apontamentos da ciência, assim, ainda que tenha como conteúdo, apenas os aspectos culturais localizados no tempo e no espaço, passa a ser documento a cada fato comprovado cientificamente pela arqueologia. Não é ainda documento, em se tratando de Jesus, mas, um leve traço material que se identifique com a figura dele nos sítios trabalhados, fará da bíblia um documento histórico relativo ao fato narrado, todavia, não passa ainda, de um forte indício da verdadeira ocorrência, negar-lhe totalmente veracidade seria leviandade, pois muitos povos e pesados sacrifícios em mantê-la viva, pode indicar entusiasmo, exageros e, até imaginação nos escritos e contos, mas.., considerar, simplesmente má-fé, do imenso número de participantes em milhares de gerações, não é ingenuidade, seria, no mínimo, ignorância exacerbada senão, leviandade.
Sim, neste mesmo trabalho afirmamos ser a bíblia nada além do que um relato mitológico e continuaremos afirmando, pois seus contos são, inegavelmente alegóricos, fantasiados e apaixonados é, de fato, uma maravilhosa peça teatral da humanidade com o importantíssimo detalhe de estar baseada em fatos reais quando se consegue extrair, por outros meios, a verdade do romantismo incontido, nitidamente lá exposto, é evidente que na versão esta já constava, porém, por detrás da cortina de palco.
É indiscutível a existência material de Jesus, não há como negar as afirmações milenares de tantos relatos e de infinitas pessoas diferentes sem relações umas com as outras logo, é de se crer na sua existência, mesmo que provada apenas circunstancialmente.
Porém, a questão básica é: “Que importância tem isso do ponto de vista filosófico?”. A Síntese Universal, proposta por ele ou alguém não é o que importa de verdade? Esse é o foco e não o personagem! Se a lição foi passada, o professor tem valor apenas “meritório”. E, tudo que se lê do Mestre, é que o que ele menos buscava, era o merecimento “tatuado”, a humildade precedia a majestade, quem quer que tenha feito tal obra pretendeu salvar o mundo e não a si próprio ou a sua lembrança e imagem. A isso é interessante acrescentar que, segundo os relatos, Ele nada deixou por escrito, todavia, por questões de validar sua erudição, em várias oportunidades “escreveu na areia”, caso famoso ficou o de Madalena1, quando ao dirigir-se aos teimosos “lia suas almas” e escrevia seus delitos no chão causando-lhes vergonha incontida.
A verdade é que o principal ensinamento de Jesus foi, exatamente, “fazer e não ver a quem” e que a “verdadeira caridade é anônima”. E, já que somente nas linhas que seguem, nos dirigiremos ao alvo deste capítulo, vale dizer que de Jesus, um caráter prepondera sobre tudo que dele se fala, é ainda de se ressalvar, que vários peritos, com muito mais propriedade técnica, já atentaram para isso, mas a observância não é demais, falamos dos aspectos psicológicos que envolveram os acontecimentos daqueles três anos que mudaram o mundo.
Voltando daquele período trinta anos, veremos que a própria Judéia era foco de convulsões, sob o domínio romano há mais de sessenta anos, fato histórico que diverge em poucos anos do nosso calendário atual, pois ocorre uma discrepância temporal relativa a data de nascimento de Jesus que, paradoxalmente, nascera em Belém na Judéia nos anos 7 ou 6 a.C., ou seja, ele teria nascido ao redor de sete anos antes de si próprio, mas isso é explicado por um erro atribuído a Dionísio no século V, encarregado pelo papa de então a formular um calendário. Usou este, o dia 25 de dezembro no ano de 440, para neutralizar os efeitos de uma festa pagã que se comemorava anualmente nesse dia. A Galiléia era então, dominada pelo reinado de Herodes Antipas, juntamente com a Peréia, locais de revoltas constantes e agitações populares com inúmeras origens “aqui e ali”, situações que o Império Romano e o rei nomeado local sufocavam com violência crescente.
Filho de Maria e José, o “carpinteiro” da Galiléia, conta-se que este fora levado refugiado ao Egito onde permaneceu até ser noticiada a morte de Herodes, pois este, informado do nascimento de um homem que seria o rei dos judeus, mandara exterminar todos os varões de até dois anos para trás em toda a região de Belém.
Existe um vácuo imenso na existência de Jesus a partir de seus doze anos1, idade esta, versada em Lucas, que relata estar o menino desaparecido de casa por três dias, fora encontrado pelos pais no templo em acalorado debate entre questões e respostas com os doutores que lá ministravam e admirados estavam com a argúcia e inteligência do jovem, advertido pelos pais que se preocupavam responde-lhes questionando-os: — “... Não sabeis por acaso, que na casa de meu Pai eu estava2...” acompanhou-os de volta e nada mais dele se soube até o início de sua jornada.
Aos trinta anos, quando investe, em favor de suas convicções publicamente, havia chegado não se sabe de onde, mas o fato é que do primeiro ao último episódio de sua tragédia, cada momento teve um propósito e uma direção previamente ordenada, nada deixava de corresponder a uma proposição ou provocação das próprias bases culturais da humanidade, sim.., porque cada ato seu, implicava em ser, por excelência, extravagantemente detalhado, agudo e, fundamentalmente, de longo alcance no espaço e no tempo, trabalhava a um só tempo, em todos os sentidos possíveis de serem atacados os pontos almejados do pensamento humano, não há relato algum que faça citação de qualquer movimento seu sem conotação e muita implicação com os costumes e práticas da época, porém, seus limites não foram, como hoje se sabe, apenas o período que conosco passou. O homem em discussão apresentava, de fato, distinções absurdas em relação ao ser humano comum, é plenamente assimilável que a Humanidade, na sua ignorância, o tenha absorvido na forma de um “deus”, nos dias de hoje, talvez viesse ser considerado um “et” (extraterrestre) exatamente porque o enfoque é diferente, mais evoluído, mas.., em níveis culturais, principalmente no mundo ocidental, se recebe melhor a origem alienígena do que simplesmente a “evolução espiritual” pura e simples.
Psicologicamente, a Humanidade estava de frente a alguém que não era singularmente superior à média, é fato notório nos tempos atuais que em dois mil anos, nada nem ninguém, em termos do entendimento da realidade universal, aquela que açambarca a mais abrangente visão existencial, no mais amplo sentido que o pensamento possa alcançar, passou pela terra e tenha alcançado e, quiçá, superado seus predicados, os relatos só poderiam versar sobre “milagres” pois.., que possibilidades encerrava e, muitos encerram ainda hoje, o homem comum para julgar intelectualmente o que presenciava?
Existe uma face curiosa quando a literatura existente refere-se aos dotes dos sábios, é certo que as atenções dirigem-se a homens especiais, contudo, é comum atribuir-se-lhes a qualificação genérica de profundo conhecimento em variadíssimos ramos do conhecimento, citamos; matemático, artístico, médico, lingüístico, engenharia, filosofia, entre muitos outros, convergindo, invariavelmente, a um só pensador. Em verdade, se não fossem especiais estes reconhecidos expoentes humanos, seriam ilustres anônimos, mas.., é de se destacar que estes sobressaíram-se em áreas especificas do conhecimento, com não poucas exceções, devemos lembrar que matemático ao tempo de Pitágoras, por exemplo, era bem menos que o nível secundário do ensino básico e profissional nos dias de hoje, quando se fala em medicina, engenharia e muitos outros ramos, os que excediam a média, o faziam empiricamente se comparado ao conhecimento acumulado atualmente, ainda que se faça dois apartes, um dirigido ao artista, pois é inegável que a muitos deles o talento precede a natalidade e “espera” que o corpo cresça e corresponda às suas vocações, o “homem é instrumento da arte” Ela se manifesta nele, é claro que sabemos que o espírito já é a expressão que, de fato, “exprime” seu Ser, como já dissemos é a sua forma, de escrita nossa já fizemos de Mozart a vivificação do nosso exemplo. O segundo aparte, aponta o envolvimento dos efeitos do pensamento reencarnacionista, como exemplo, podemos citar Anaxímenes, o primeiro pensador a propor a unicidade universal que apresenta espantosa similaridade ao conceito atual de expansão da energia resultando na existência material do Universo. Como poderia alguém, produto de uma cultura primitiva em termos, principalmente tecnológicos, deduzir tal entendimento se não portasse bagagem antecedente de conhecimento que se explica com lógica apenas se enfocada a múltipla existência do Ser.
Assim, afirmamos que, por um lado era fácil ser especialista em infinitos ramos da ciência, por outro era, literalmente absurda a capacidade do pensador em extrair de dentro de si as razões que sustentavam a sua própria razão. Sim, porque como já dissemos, não existiam informações externas ao indivíduo que servissem de escada cumulativa à tese que tal se propunha. Estas, tanto quanto a arte, eram a sua própria expressão, a resposta já era o Ser em apontamento. A explicação do seu entendimento esbarrava em dois entraves naturais; o primeiro, devemos considerar as dificuldades memorialísticas do histórico individual, é fato que deslembramos ocorrências da nossa infância ou juventude e mesmo próximas da nossa vida; como podemos, em sã consciência, negar isso em encarnações diferentes e, se desconsiderada a reencarnação, o presente trabalho simplesmente não haveria porque ser lido; o segundo, é que por mais que se esforce o intelectual em questão, este é sempre mal interpretado, transmitindo com freqüência, apenas parcialmente sua mensagem, essa interpretação ainda sofre distorções por transferência secundária, isto é, os que a captaram na origem passam-na sucessivamente, cada qual depositando seu entendimento pessoal ao pensamento original logo, o que lemos traz o ensinamento em essência, mas, sem dúvidas, distorcido superficialmente, é de se concluir, portanto, que quanto mais profunda a força da convicção e maior o poder de sintetizar do pensador, maior será a fidelidade do seu ensinamento post factum. Conseqüentemente, é de se saber que convicção reside na certeza do conhecimento e na propriedade da memória e sintetizar, é a exigência mais complexa que o intelecto pode realizar, veja porque; o Ser capta o conhecimento em forma de sentimento e isso significa que quando a inteligência está pronta para mais um passo ela “sabe”! mais nada.., sim..! só isso..! Esse é o ponto, o “Ser” toma contato com um novo conhecimento e passa a “sê-lo” por acréscimo, o “conhecimento” não está no Ser, ele “é” o “Ser”, maior daquele ponto em diante e assim, sucessivamente. E o que quer dizer afinal, todo esse emaranhado..? simplesmente, que o raciocínio complexo não é mais que o esforço em assimilar o conhecimento. O espírito, quanto mais evoluído, mais o traz em estruturas pré-moldadas que se lançam em ocasiões que o reclamam amoldando-se com adequação tão eficaz quão qualificado for quem os lança. O conhecimento só precisa de explicações porque a razão, que é intrínseca a mente, é o agente que intermedeia a máquina cerebral ao Ser, ou seja, o cérebro somente absorve os acontecimentos por meio de “códigos”, compila-os em sinais sensoriais que é a única forma do “Ser conhecer”, quem produz tal tarefa é a razão, ela extrai o que o cérebro assimila por simbologia decodifica e transforma em sentimento “a linguagem do Ser (espírito)”. Assim, é conclusivo que a síntese é “o espírito do conhecimento”, pois fala sem palavras à alma e esta aprende (sente) de dentro para fora, arranca de si a capacidade de qualificar-se naquele saber.
Está aí aquele que transformaram em “messias” (cristo) inatingível, esse Homem, ou melhor, Espírito é do tamanho do que fez e ainda faz pela Humanidade, foi capaz de quando em vida viver os dois planos possíveis, não sofreu como nós outros, a privação da lembrança na matéria e sua qualificação era plenamente empregada sem embaraços comuns aos ainda pequenos, por isso disse; “... — perdoai-os, pois que não sabem o que fazem...”. Ora..! fazemos isso todos os dias com as crianças, indígenas, excepcionais mentais e irracionais e o que mais seríamos, se comparados a alguém com a bagagem de Jesus? Desculpem o humor, porém, “no oceano que nos afogamos, Ele nada de costas”, mesmo amarrado pela “carne”! Esse foi o enfoque pretendido ao referirmos a “Síntese Universal” (... amar ao próximo como a ti mesmo e a Deus sobre todas as coisas.), todo o conhecimento do mundo nos foi legado quase sem falar, Ele tocou a alma de todo Ser Humano que nasceu a partir do exato momento que concluiu a frase objeto do presente comentário. É tão forte esse entendimento, que mesmo que negado se o faz precisamente “contrariando” a consciência dessa prática assim, ligado a libertação, nos foi fornecido o “legado” da culpa, pois não há sapiência sem responsabilidade implícita. Não há, por outro lado, psicólogo no mundo capaz de esclarecer a profundidade do que foi pretendido e atingido pelo Homem que, sem dispor da mídia, da tecnologia, da velocidade de comunicação e tantos outros meios disponibilizados à Humanidade de hoje, usufruiu todos os meios já inventados e a inventar, sem sequer cogitar deles. Foi capaz de fazer da sua morte a vida do nosso mundo; dos seus inimigos, seus maiores aliados; dos seus seguidores, o exemplo do sacrifício em prol da evolução; do ódio, toda a estrutura do amor e finalmente, da ignorância, o espaço onde cabe o saber.
É1 esse o Homem que moveu a Humanidade, não um “cristo” inatingível que não seria mais que um santo de barro que como tantos outros, esquecido por enterrado em terremoto qualquer e só faz parte da cultura de um povo enquanto presente e miseravelmente adorado. O primeiro disseminou-se em fragmentos do seu Eu, no Ser de cada “ser”. É-nos por inteiro, enquanto que apenas parte de si. O consciente do nosso inconsciente, a força da nossa fraqueza e, mais que tudo isso, o amor infinito do nosso ódio incontido.
Falar dos seus “milagres” seria contradizer tudo que, a muito custo, se busca transmitir no presente arrazoado, pois, mais do que simplesmente já mencionado por quem aqui escreve, é sabido que milagres não existem, existe apenas algo que nos escapa ao entendimento, nada mais.
Os malfadados milagres não são mais do que o resultado da visão ingênua do homem comum, manipulada convenientemente pelo clero e isso é evidenciado já no concílio de Nicéia em 325 d.C. seguido de muitos outros, onde ficou adotada a “ortodoxia” da igreja, termo usado para expressar a apropriação da “correta opinião” que por absurdo, é incorreta até por semântica paradigmática, já que “opinião” expressa um modelo morfológico para ponto de vista, e é sabido que “correto” é o que expressa certeza racional inconteste. O uso indevido de pronunciar “mais” correto ou “menos” correto, é falha de interpretação e forma de expressão enfática dos elementos gramaticais, tanto que vem comumente ligada a um verbo no futuro do pretérito buscando demonstrar expectativa “seria ou estaria, mais ou menos correto”. Em suma, os milagres de Jesus foram, aí sim, mais ou menos “existentes” por “decreto clerical”.
Ele, sem dúvidas, fez coisas impressionantes, mas nada que não seja ou será possível fazer, em futuro breve, pela Humanidade, basta que se alcance conhecimento suficiente para tanto e a vontade de praticar, em prol do próximo, o que almejamos a nós o que, aliás, foi tudo o que Ele pretendeu ensinar.
Além do que, devemos perceber que a Jesus não era dada a escolha e fácil é notar, se entendermos que um espírito dessa magnitude coloca-se na condição de quem entra num mar de lama, obrigado a vestir um “equipamento” extravagante para se manter imerso e executar uma tarefa, sua oportunidade é única em muito tempo e preparo, logo deve lançar mão de tudo que lhe for disponível em termos de recursos para exercê-la logo, se usasse seu conhecimento produzindo efeitos que para Ele, não seriam mais do que queima de fogos de artifício, mas,.. para os que dele se acercavam, equivalesse ao chamamento pretendido, é óbvio que pô-los em prática seria a solução emergencial que melhor se adaptaria às circunstâncias.
Há ainda, um detalhe de significativa importância que de modo algum deve ser desprezado e começaremos pelos exemplos didáticos que melhor expõem o que se almeja; — não nos é saudável estar em um bosque de eucaliptos, cuja transpiração balsâmica do citronelol nos abre as vias respiratórias? permanecer imerso em águas sulfurosas e equivalentes, não nos produzem benéficos resultados à saúde? Agora.., imaginem os “estoques” de “essências” positivas1 que ficam permanentemente envolvendo uma Inteligência que a acumulou por tempos incalculáveis!.. A simples presença de alguém desse porte produz efeitos notáveis, até mesmo independentemente do seu consentimento expresso é, inclusive, narrativa bíblica, um episódio dessa natureza contando que em meio a uma multidão Jesus, simplesmente, estancou e pronunciou; “...Saiu virtude de mim...” e souberam depois, que duas hansenianas haviam-se curado do mal, apenas por ter esbarrado a túnica deste, há relatos ainda, de pessoas que pela simples aproximação da presença dele foram curadas. Hoje sabemos que independentemente da participação do agente ativo, o “interessado” obtém resultados positivos por auto-indução ou condicionamento prévio logo, é de se esperar que a soma de, no mínimo, dois fatores ocorreu naquele período. É relevante salientar que não há, no presente trabalho, pretensão de esclarecer os fatos, mas sim, refutar a tese absurda da existência de milagres pela simples exclusão. Podemos ainda afirmar, sem risco algum de errar, que a própria explicação ingênua do milagre comprova a proposição dessas pautas: É sabido que o termo “milagre” expressa a idéia de interferência de alguma divindade alterando o curso natural dos acontecimentos bem, sem se valer de exemplo “espalhafatoso” podemos argumentar; uma pessoa comum, dispondo de conhecimento saudável e intenção de interferir positivamente nos acontecimentos pode, com um simples conselho, desviar o curso da própria História se, a título ilustrativo, induzir alguém a não praticar um crime de morte e isso já seria um milagre, só não se presta para efeitos publicitários, mas não mudou-se o curso natural dos acontecimentos? e quem o fez não exerceu o trabalho de uma divindade com o uso apenas de seus conhecimentos? Não se venha falar de curas, pois, exageros à parte, existem infinidades de casos em milhares de anos por número não menor de pessoas comuns e até de caráter duvidoso que praticaram efeitos semelhantes. Ressuscitar “mortos”, nem falar! Inicialmente, hoje se sabe que determinadas espécies de ataques causam a morte aparente uma, entre outras, seria a catalepsia, atualmente existe uma gama fantástica de instrumentos e especialistas que têm por objetivo determinar o exato momento da morte, pois, há alguns anos uma parada cardíaca determinava a morte, hoje isso não é válido, um paciente atendido a tempo de “ressuscitamento” clínico é plenamente restabelecido à vida, e é comum hoje, a manutenção de vida suspensa por meio de aparelhos que, inclusive, suprem a ausência de muitos órgãos até que seja possível o transplante ou a recuperação dos próprios causadores do mal, por isso é importante estabelecer quando ocorre a morte irreversível.
É incalculável o número de relatos de mortos que levantam e saem simplesmente, andando no meio de seu próprio velório, outros ainda, de exumação de corpos que são encontrados em posições diferentes e, principalmente, demonstrando que tentava desesperadamente sair do caixão ou tumba mortuária. Em vários lugares do mundo se sabe de pessoas que exercem a morte profissionalmente, particularmente no oriente encontramos esse tipo de praticante que a exerce sob efeito da auto-hipnose conseguida a custo de muito treinamento e sacrifício, é ainda vulgar, entre os ladrões e criminosos indianos usar desse método para livrar-se das penas que lhes seriam impostas, se não “morressem”, assim, “morrem” e, segundo os costumes indianos ficam expostos ao tempo em lugares apropriados para serem consumidos pelos abutres, ocorre que o instinto animal não se deixa enganar e evitam comparecer ao local do “morto” em questão, passado algum tempo, que muitas vezes vai muito além dos quatro dias de “morte” “vivido” por Lázaro, o meliante “se auto-ressuscita” e segue o caminho da fuga. Logo, esse “milagre” é “milagrosamente” acreditado ainda hoje.
Mudar o curso natural dos acontecimentos é somente possível por antecipação, o preço será saber quando é “antes ou depois”, a morte não é simplesmente uma paralisação das funções vitais, circunstância plenamente assimilada como passível de reversão atualmente. Esta, se de fato, ocorreu, iniciou o irreversível processo degenerativo ou a “desmontagem” molecular e até mesmo atômica dos entes constitutivos do organismo biológico1, inclusive, abrigando outras vidas que se valem da massa alimentar inerte que não apresenta mais defesas contra ataques externos de nenhuma espécie. Não há como recuperar com a competente estrutura o que foi perdido para outro sistema de organização biológica ou mineral, isto é, os componentes passam a fazer parte de outras composições animais, vegetais ou mesmo minerais, na forma de seus componentes moleculares ou simplesmente atômicos, ou seja, compostos ou elementos. Ademais, é acéfala a tese desse milagre, pois se mesmo os evangelhos adotados pelo clero admitem a existência da alma e ainda que por interesses outros, a igreja negue a reencarnação, é inerente à morte o êxodo desta a outros planos existenciais, o que a traria de volta? E, se esta não precisasse voltar, falaríamos de um “zumbi”? Logo, se a criação é perfeita não será passível de alteração a lei da evolução, pois que é imutável, ou Deus “errou”? Portanto, não seria nem mesmo de se esperar esse tipo de conduta em alguém com os predicados de Jesus. Nem pelo aspecto prático científico, nem pelo filosófico, pois que não apresenta justificativa racional de nenhum ponto de vista possível material ou ideal. E afinal, o que é morte para nós, não o é para Ele, “morte” é apenas um conceito, entretanto, como disso sofremos em decorrência da nossa pior “doença”, o atraso evolutivo, a consideramos como fim, no entanto, não sentimos isso ao trocarmos de roupa o que, no caso do espírito, dá no mesmo, ainda que trata-se de “roupa” mais sofisticada e valiosa. Assim, até mesmo no campo da lógica, seria insensato da parte de Jesus, contrariar a natureza o que, em resumo, seria um “castigo” imerecido a Lázaro, pois que, depois de liberto houve por retornar à sua prisão e pior, teria sido enganado, pois sendo a vida “boa”, milagre teria sido se vivo ele estivesse entre nós ainda e sempre e a vida lhe seria eterna. Agora, voltar à vida para depois de alguns anos “morrer”, seria pura exibição ilusionista e isso, foi a principal coisa que Jesus não veio fazer .
O que deve obrigatoriamente nos fazer reflexivos, reside no pensamento de Jesus, pois nele estão contidos os ensinamentos que mudaram a Humanidade. O personagem, os milagres, os acontecimentos se desligados do pretendido entendimento, as circunstâncias históricas sem as justificativas e desdobramentos culturais de pouco serviriam a projetar as idéias pelas quais Ele tenha morrido ou dizendo melhor, vivido até hoje. O tema central que valida a sua própria existência é somente o crescimento da Humanidade no seu mais amplo sentido, é tão forte essa perspectiva, que se ocorresse a sua pretensão e, de alguma forma, Ele estivesse apagado da memória humana, seu objetivo estaria cumprido, como infelizmente, o colocaram de “tema central” e não a sua obra, Ele é quem vem consumado, por isso, dizemos que Este ainda chora.
Ainda que estranho pareça, afirmar ser a morte um simples conceito, é isso exatamente, o que ela é. O termo “conceito” por conteúdo hermenêutico, porta o entendimento direto que expressa “modo de ver”, “opinião” ou, quando muito, uma “concepção” formada pelas aparências imediatas. Por outro lado, “morte” é um vocábulo cuja mais acentuada exegese define como “conjunto que sofre alterações irreversíveis, não responde a estímulos ou não oferece qualquer reação dinâmica de expressão compatíveis com o que se relaciona à vida no sistema sob análise”. Assim, a primeira conclusão nos conduz a que pode haver vida subsumida ao “sistema”, isto é, vida que se vale do objeto, mas não há vida própria dessa estrutura (objeto). Entretanto, o limite do “termo” ou “vocábulo” é somente o que sensorialmente se constata, ou seja, o entendimento da “aparência imediata”, isso pode ser comprovado por todo o instrumental concebido para constatação “sensorial” nunca, além disso. E, como todo o arsenal tecnológico humano prova definitivamente que a vida orgânica estruturada na primeira forma cessou, todavia, não oferece a menor chance de provar a inexistência “extra-sensorial” e é inegável, porém, que estejam disponíveis indícios fortíssimos dessa “existência”, fica demonstrado que “morte” não é mais do que um “conceito”, pois deixar o corpo, não extingue o Ser. O autor insiste e repete máxima de capítulo anterior; “...O corpo é o meu endereço no Universo...”.
A existência filosófica de Jesus resume-se ao seu pensamento, ou seja, seu “Ser”, sua “Essência”, esta ficou conosco e, como no campo, a “semente” só germina no tempo certo e, quando regada. Cada “partícula” sua impregnada na Humanidade, quando frutifica, acrescenta-lhe o Ser, mas, nunca o completará, pois nisso reside a perfeição “estar ‘completo’, porém ser acrescido indefinidamente”. Pleno de virtudes não implica impedimento de ampliar continuamente as qualificações, o Universo do conhecimento é inesgotável, tudo sempre pode “aperfeiçoar”, nenhum “gênio” precisa intuir isso na mente de alguém, é assim, e pronto! Axiomático, contudo, lógico. Cada segundo de tempo é um “segundo” de “crescimento”. O “eu” de agora é menos do que o “eu” do próximo “segundo”.
Retomando o raciocínio, cada passo “público” de Jesus estava definitivamente preestabelecido, nenhum ato foi espontâneo, o significado de cada acontecimento estava presente antes de acontecer, a própria vida pública de Jesus foi uma “aula” ensaiada e, absolutamente previsível, era o seu fim e mais, do ponto de vista espiritualista, não havia surpresas antes mesmo do próprio nascimento de Jesus.
Este cumpria, de certa forma, uma profecia antiga dos hebreus, já na época de Jesus, povo judeu. Agia dessa forma, com a óbvia intenção de ser reconhecido como causa do movimento que pretendia lançar; “não vim trazer a paz, sou o princípio da revolta”. Assim, seu primeiro ato público, foi carregado de ênfase e, como seria de se esperar, ocorreram fenômenos que inevitavelmente causariam profundo estado de perplexidade, todavia, nada ocorreu, além do que inúmeras pessoas hoje em dia não tenham presenciado em locais onde se praticam “sessões espiritualistas de efeitos físicos”, fenômenos conhecidos atualmente por “viva voz” e “materialização” foi relatado na bíblia que quando Jesus se apresenta à João Batista para ser batizado, este esboça renúncia ao ato e lhe retruca o primeiro; “cabe a vós batizar o cordeiro de Deus”, é tanto verdade o fato, que em Cafarnaum João Batista apresenta-o a Filipe e a Natanael, exatamente com essa alegoria, Ele faz isso ensinando a humildade e, de forma alguma, demonstração de que era o “escolhido” e, segundo se lê, ouviu-se: “... — Este é meu filho amado...” o que não implica a orfandade dos demais e viram, segundo a mesma escrita, “...do céu se abrindo, uma pomba veio sobre Jesus...”. Desse momento em diante tudo se desenrola segundo um plano nitidamente delineado, o jejum no deserto, o testemunho de João Batista aos sacerdotes que procediam de Jerusalém, e fatos relatados sobre as bodas de Caná quando a água é transformada em vinho1, fenômeno raro, contudo, já testemunhado muitas vezes nas mesmas sessões citadas acima, inclusive com quedas de objetos totalmente estranhos em locais inadequados (cair, p. ex., pedriscos em ambientes inacessíveis a estes). Leremos adiante, a expulsão dos vendilhões do templo, as premonições à Nicodemos, o encontro com a samaritana no poço de Jacó; “...– Quem beber da água que te darei, nunca mais terá sede...”, fato que acirrou o ódio dos judeus ortodoxos, com o acúmulo de desencontros entre as atitudes e exemplos do Mestre e os costumes dos judeus tradicionais a rejeição deságua por acentuar-se logo, este é desdenhado na sinagoga em Nazaré e auto-rotula-se profeta rejeitado na terra natal.
Devemos entender que “profeta” era, no entender do período, sinônimo de “emissário” de Deus e não vilmente o “adivinho” consoante versão contemporânea, ademais, Ele metaforiza a frase como atualmente se diz “casa de ferreiro, espeto de pau” e quem diz isso não é necessariamente “ferreiro”, hoje, portanto, não lhe cabe o adjetivo, contudo, algo mais deve ser observado, Ele qualificar-se em “emissário de Deus” (se é que o fez?) não destitui a prerrogativa de terceiros, ou seja, ainda aí, não há, nem de longe, afirmação de “escolhido”, a todos é dado o direito de “Ser-Lhe” emissário basta “pagar o preço” e mais, era-lhe impositivo situar-se em patamar de respeitabilidade para os efeitos pretendidos, isso desconsiderando as dificuldades lingüísticas do aramaico para as posteriores traduções e interpretações bíblicas, é exemplo típico a tradução precisa do aramaico e do hebraico do vocábulo “virgem”, o termo expressa especificamente a condição de juventude “jovem”, todavia, não há exceção, absolutamente todas as traduções, a partir do latim eclesiástico, até as línguas atuais assimilam o termo por “imaculada”, transmigração fonética e lingüística induzida intencionalmente pelo clero e onde se lia, por exemplo, em hebraico; “...filho da jovem Maria...”, se lê, com conotação de exclusão de pseudopecado, “...da Virgem Maria...”, nota-se a ênfase na grafia da letra maiúscula, estamos, sem dúvidas, ante um fenomenal sofisma produzido exclusivamente para enaltecer a idéia dos “mistérios” da “santíssima trindade”. Em nada Jesus diminui se nascido do “Homem”, bem ao contrário, lisonjeia saber que podemos atingi-lo, Ele assim, nos é maior e, acima de tudo, um objetivo inexorável.
Indo para Cafarnaum, no mar da Galiléia realizou “a pescaria milagrosa” (cuja explicação louvável ainda será a psico-transmutação1) e a levitação andando sobre as águas do mar (coisa que muitos praticantes orientais fazem ainda hoje), convidou seus primeiros discípulos ou apóstolos e, como já era comum à sua presença, realizara inúmeras curas, com certeza “paranormais”. Já então, exercia o segundo ano de pregações quando, ao seu redor, completaram-se os doze apóstolos, ocasião em que produziu seu maior e aí sim, verdadeiro “milagre”, o sermão da montanha. Claro.! porque o “milagre” foi que esse sermão que indiscutivelmente transformou o pensamento humano radicalmente, lá esteve presente o Magnificente Espírito da Humanidade, o maior fenômeno foi justamente que até hoje, cada Ser Humano que o desejar, sente que o “seu coração ouve” ainda agora, as palavras que elevam-no à real condição de “Humano”, aquele que primeiro pensa no próximo e, se por acaso, dispuser de tempo, lembrar-se-á de si o que quase nunca, ocorre. Lá estava o Homem, o verdadeiro, aquele que não é simplesmente esperado por Deus, porém, aquele que é Deus (como todos O somos) e, em sendo-O, singularmente O exerce. Naquela montanha toda a Humanidade permanece ainda hoje, cada um era Jesus e Ele era-os todos como o é hoje ainda. É essa, a diferença, daquele pequeno Jesus “cristificado” para o magnífico Homem vivo hoje em todos nós, não há sutilezas na constatação da realidade, não há interesses escusos que corrompem até mesmo a lembrança de um “Majestoso cordeiro”, pois são “um” só, a humildade do menor escravo, encarnada na grandiosidade do maior Rei.
Outro aspecto singular dos ensinamentos de Jesus se estabelece na forma pela qual ministrava suas lições, por figuração comparativa. Ao povo que o seguia e aos seus discípulos, Ele usava do artifício metafórico das parábolas, de fato, a cultura geral do povo era significativamente restrita ao relacionamento rudimentar, poucos dispunham de bagagem suficiente para discernir os complexos ensinamentos se fossem esses ministrados na forma de fórmulas racionais ou demonstrações empíricas que exigissem raciocínio conclusivo, mesmo porque, toda a atenção do Mestre era invariavelmente dirigida aos “... pobres de espírito..” (sentido de instrução humilde).
Para não induzir a idéia de mais um filme “A Paixão de Cristo”, que seria o “enésimo” da série, restringiremos esse comentário apenas ao sentido ideológico do fato. A condenação de Jesus era algo inevitável, em verdade, sem o desenrolar das sucessivas etapas do sacrifício assumido por Ele não teria, a sua mensagem, sido tão profundamente impregnada à Humanidade, sem dúvidas, haveremos de constatar que os desdobramentos dos seus últimos momentos a partir da “ceia” na companhia dos apóstolos, são relatos que abrigam todas as características de uma peça teatral, isso é reflexo natural do envolvimento emocional dos “evangelistas”, pelo menos os quatro evangelhos versados pelos próprios “protagonistas” do evento não viriam a público sem essa “maquiagem”, não é sarcástico o comentário, mas.., é da natureza humana empolgar-se ao relatar acontecimentos, mormente se existir envolvimento direto do narrador, ora..! nem mesmo seria relevante tal ressalva de cautela literária, a “Paixão de Cristo” é peça de tragédia teatral a milênios, reproduzida anualmente em todo mundo ocidental e grande parte do oriental, encontramos representação de Jesus em brancos, negros, loiros, morenos, nipônicos, caucasianos, esquimós, afinal Ele se deu à propriedade Humana logo, é de todos os povos, o direito de usufruto da figura iluminada, não haveria nisso nenhum óbice se a representação estivesse limitada a ser “representação”, não é porém, exatamente o que ocorre, o “homerismo” assume cada vez mais o lugar do ensinamento que nele está contido, é inevitável, sempre discutem se Ele foi pela “esquerda” ou pela “direita” até o calvário, se os “pregos” nas suas mãos sustentariam ou não seu corpo no alto da cruz, se a madeira desta era aroeira ou peroba, e aqui se “aposta”, alguém irá informar a nossa editora qual madeira foi, porque as duas mencionadas não poderiam ser por isso ou por aquilo. A verdade, contudo, o pensamento, a mensagem, o fragmento Dele que está em cada um de nós, continuarão, por muito tempo ainda, obscuros. A igreja, por sua vez, modelou precisamente nos seus perfis, cada “cena” relatada e, apenas por acidente, condenou como apócrifos todos os outros evangelhos que, talvez, não se encaixavam com tanto ajuste aos preceitos ditados por ela logo, anatematizou-os.
Nós conhecemos um Homem que, a cada passo, deixava no chão, nas marcas de sua sandália, uma lição de vida, Alguém que ao passar ao lado do cadáver de um miserável cão que todos demonstravam repugnância, observou as “lindas presas do animal que ali jazia”, Criatura, que quando todos condenavam uma adúltera, dela se aproximou e, nas suas mãos, entregou a sabedoria do mundo, dizendo que não cabia a outrém o julgamento de alguém e, se a Ele não cabia, a quem caberia? Espírito, que quando todos desdenhavam a oferta no templo, ensinou para a Humanidade o significado do “óbolo da viúva”, ele não ensinou dar “dinheiro” à igreja, mostrou que antes do evento está a intenção, não explicou simplesmente, mas foi o exemplo vivo ao oferecer “a outra face” sem ser hipócrita, curou e amou o centurião que cumpria ordens e lhe aprisionava e, por fim, ao entregar seu corpo à terra, perdoou e rogou ao Pai o perdão para as “crianças” que o imolavam, quando nos deixou seu corpo desprovido da dinâmica de vida, materializou-se ensinando que a verdadeira “vida” não é a do nosso físico, efêmera e sacrificada, conseqüência do nosso próprio apego excessivo aos bens materiais e à própria vida na matéria.
É claro que depois de ter passado entre nós deixou seguidores que, movidos pelo amor por Ele inspirado, o levaram aos quatro cantos do mundo, a “fé” que os movia, era singelo impulso do coração, a fé inocente que independe do conhecimento, resposta direta da expectativa humana, não estamos neste caso, diante da “fé” passional cujo motor é a paixão desarrazoada, extremada, apoiada no radicalismo cego, que tem por “mãe” a ignorância sem, ao menos, a curiosidade sadia do saber, pois que ao sábio, não é ofensa a dúvida. Não se propõe a desconfiança dos “milagres”, afirma-se que eles não existiram e sequer existem ou existirão, cada ato praticado por Jesus tem suas justas causas naturais, mais do que isso, o “ato” de nada serviria se ele não encerrasse em si o ensinamento pretendido, “truques” todos os dias assistimos, mas estes não portam a sabedoria e sim, o exibicionismo com interesses vários, à exceção do amor ao próximo.
Temos, portanto, nos eventos que resultaram da atuação daquele Homem, a maior demonstração de psicologia aplicada que a Humanidade já registrou. Ele projetou a dois mil anos do nosso tempo e, ninguém duvida que perdurarão por outros tantos milênios, a sua presença em nós. É óbvio que Ele raciocinou mais ou menos o seguinte: “... — Se o preço é apenas a vida que hoje eu vivo, é, de fato, muito barato...” e, sem vacilar, agiu! empenhou todo seu manancial evolutivo a nosso favor, assim foi sábio, médico, matemático e, sem nos repetirmos nos demais predicados, uma coisa é certa, jamais existiu no mundo um Psicólogo com tais qualificações.
É, de fato, aceitável a dificuldade de manter operacional a razão em face de tal magnitude de idéias, mas, ainda assim, essa é uma tarefa nossa.
Observação relevante:
O presente capítulo restringiu-se aos aspectos pessoais do majestoso “Protagonista” desta história real, pois, como se afirmou, o que importa quem disse ou exemplificou um exercício de vida pleno de sabedoria e evolução? Conta sim, seguirmos seus ensinamentos e virtudes! Contudo, apesar de inúmeras anotações de rodapé, ficam no “ar” muitas questões mal interpretadas ou intencionalmente inexplicadas pelos interessados de várias facções. Assim, esse autor no seu segundo trabalho, dedicou um capítulo com o máximo de pesquisa e fundamentações sobre os fatos paralelos e diretos dessa época hoje conhecidos e divulgados por pesquisadores, arqueólogos, teólogos, entre outros.
Nota do autor.
“Abdicamos de citar máximas no fim do capítulo cujo dono é a existência delas...”.
CAPÍTULO 30
A CERTEZA, A CRENÇA E A OPINIÃO.
A base de todo o conhecimento humano resume-se simplesmente, ao nosso modo de pensar, precisamente isso foi o que construiu o mundo em que vivemos. Assim, é ilógico além de erro crasso, separar e até desprezar o subjetivismo ou o idealismo da aparente realidade que nos cerceia. Tanto quanto muitos pensadores já foram aos conhecidos “becos sem saída” por amparem-se no puro materialismo tese que o mais absoluto e radical racionalismo, cujas tendências pendem ao empirismo, realismo ou mesmo o positivismo lógico, acaba por rejeitar, pois a razão, invariavelmente, deságua no princípio das coisas usando dos fatos como uma cascata de conseqüências e, observando do término ao início, chega ao limite do explicável e esbarra, inevitavelmente, no irracionalismo. Ora.., isso em si é por natureza própria a justificativa que assegura a negação do materialismo absoluto logo, admite-se, por questões de adequação, “criar” o termo “teorematizar”, pois é evidente a demonstração direta da ausência de causa original na tese materialista e, de fato, nada virá explicar o que “antecedeu o princípio”. E não há nenhuma forma de convencer a razão que o “princípio” que vemos, não seja uma conseqüência! E aí?
Muito fácil é quebrar a tese materialista por esse ângulo. Agora, como apresentamos uma afirmação conflitante com os sentidos, quando dissemos “aparente realidade” na montagem dialética que provasse o erro denunciado por silogismo, nos obrigamos a demonstrá-la:
Um passo simples seria afirmar que a “idéia” materialista é uma idéia e assim, já se teria quebrado o “vaso”, pois para “ser materialista” precisamos ter “idéias” materialistas o que nos conduz ao plano ideal por princípio, ou seja, o materialismo e coisa do plano ideal, mas vamos nos valer de quem é importante:
—Immanuel Kant foi o pensador que melhor expressou a via da representatividade da “realidade aparente”, isto é, ele disse: “... — as coisas não são, necessariamente, o que sentimos que sejam...”, melhor expondo, a origem do que conhecemos provém da experiência dos nossos sentidos, ou seja, da sensibilidade do conhecimento disponível e usou como exemplo, que o espaço e o tempo não são propriedades das coisas e sim, a forma pela qual as assimilamos intelectualmente, falamos de entidades paramétricas que propiciam dimensões aos nossos sentidos, é óbvio (ou talvez, nem tanto...) que o que vemos, é a imagem da “aparente realidade”. O relativismo de Einstein demonstrou na prática essa verdade, mais do que isso, a Teoria Quântica de Max Planck1, bem desenvolvida hoje, ainda que se nos mostre apenas como “ponta de um imenso iceberg” derivou em teorias muito atuais que demonstram, experimentalmente, que a matéria é apenas um adensamento energético. Provou mais, por meio de um designado “corpo negro2” demonstrou que a energia também não é mais que uma ilusão de fluxo, pois esta existe na forma de partículas cujas características especiais propiciam-na manifestar-se em forma de ondas e, por isso, se imaginava ser, a energia uma espécie de “fluido” o que sabidamente, é um conceito errado atualmente3, esse aparente absurdo, hoje comprovado, contrariava a teoria de Leibniz4, lá se afirmava que a natureza não dá saltos, ou seja, a continuidade e plenitude da existência (impossibilidade do vazio). Em si, essa questão é gravíssima e motivo de profundas reflexões científicas, Planck provou que existe um “vago” entre um quanta e os seus próximos, racionalmente é inadmissível o vazio absoluto e, ainda que pareça “louco”, findamos por retornar ao princípio de Zenão; “...O que é o vazio senão o lugar de um lugar..?”.
A verdade, é que por meio das comprovações científicas, estamos indo em direção à realidade coerente, aquela que a razão assente e a ciência admite por absoluta comprovação. Observe; sem envolvimentos parafrásticos, que nos obrigariam manter o tema original aqui defendido1, a grande maioria dos pensadores é abertamente adepta do idealismo, isto é, admitem que tudo se origina partindo do plano ideal, entendemos que nem seria imaginável outra forma, ainda que discutam-nas, é óbvio; uma cadeira, por exemplo, saiu da mente de quem a criou em pensamento e, por meio de seu trabalho ou projeto, o que dá no mesmo, materializou-a. É indiscutível o plano ideal preceder o material em termos existenciais, nada há que não seja produzido por meio de um ato de vontade e que seja puramente material, o agente manifesta “vontade” materializa-a ou não; se sim, o ato consumou-se em resposta a ação original; se não, não houve consumação do ato, entretanto, em se tratando de idéia não posta em prática, no plano ideal ela existe, então, podemos relacioná-la à energia potencial, ela existe como a água represada que quando se abre as comportas, vem abaixo e, tanto a “idéia” como a “energia potencial” não se vê, mas.., elas estão lá. Agora sim, retomando o tema espiritualista, o que se admite é apenas que o Universo é a “resposta à ação original” e, sendo isso, ele é “produto” e, sendo produto, partiu do plano ideal. Dessa forma, pretendemos deixar implícito o “espírito” que, sendo Inteligência é integrante ou, mais profundamente, integra o “Plano Ideal”, é isso que nos leva ao Todo composto dos infinitos “Uns”. É como na aritmética, qual diferença vemos em “1+1+1” ou em “3”? Em princípio nenhuma, porém de imediato nos deparamos com a integral convergente, finita no trecho em questão; definida, porque existem infinitos pontos em cada momento de qualquer de seus intervalos; imprópria, pois a integração do seu intervalo pode ser infinita, sem nos alongarmos nessa linha de raciocínio, uma vez que, a cada finalidade específica, buscaremos uma definição adequada aos simples números que se nos apresentam, esse é o ponto de ligação ao principio da unicidade e, simultaneamente, a multiplicidade dos entes universais. Ora! O que tem isso a ver com aspectos espirituais? Talvez nada, mas, por outro lado, tudo e fica demonstrado que coisa nenhuma é, exatamente, o que se deduz à razão imediata porém, ao mesmo tempo em que esta nos engana no imediatismo, nos ensina que baseados nela, concedendo-lhe os dados necessários e o tempo que a nossa capacidade intelectiva reclama, a verdade finda por vir à tona.
O espírito é muito mais que uma mera eventualidade dialética ocasional com absoluta certeza, não é singularmente tema para discussão acadêmica sem propósito é, no mínimo, uma coerência matemática da existência, não há como assenti-lo na segunda proposição do título deste capítulo, uma “crença”, menos ainda na última, a “opinião”; está definitivamente enquadrado, à primeira afirmação lá constatada, pois as duas finais indicam adequação por acomodação ou expectativa à real possibilidade, a certeza expressa justeza, cabimento e lógica em vir presente. Equaciona a nossa existência por decorrência e, por mais que pareça descabido, coloca-nos na matéria como conseqüência de uma “conseqüência” original a qual, no ciclo existencial, seremos na forma de um todo a própria causa. É exatamente isso, na forma Dele damos a origem, vivemos o efeito e seremos a Causa.
Provamos ainda, que absurda é a negação desse entendimento, vejamos; sendo completa e radicalmente agnósticos: — Vemos o Universo principiar da energia, explode e é o que vemos hoje, espaço, matéria, energia e traz inerente à sua existência que essa, aliás, ninguém, ao que se presume, nega, o fator tempo. Se, independentemente do Universo como um todo, isolarmos um sistema, uma supernova1, por exemplo, que desaba em conseqüência de sua imensa força gravitacional, produz em frações de segundo, a fusão de quantidades literalmente absurdas de matéria em energia pura. Ora..! eliminado o espírito, o que temos? a não ser a energia que resultou em matéria que “resultou” em energia que, eventualmente, pode convergir novamente em matéria..! e nada se perdeu.
Logo, “... na forma Dele(a) ‘energia’ damos a origem, vivemos o efeito (matéria) e seremos a Causa (energia)..”. Que diferença faz inserir aí, o espírito? “... em princípio nenhuma, porém, por outro lado, toda, exatamente como o “1+1+1” e o “3”. Intrinsecamente aos intervalos existem infinitos entes, extrinsecamente, idem. E pior, a cada termo em si cabem infinitas relações, funções e significados. Afinal, eles são a individualidade, cada uma com suas próprias definições, composições e propósitos. Assim, o “Todo” e o indivíduo são, em suma, “Unos” em essência.
Não se deixe enganar, aí não está o sofisma e sim, a mais pura concepção filosófica da existência. Nada de excepcional na sua natureza, apenas racional, basta por exclusão, rechaçá-la. Veja o que sobra!
A certeza é a plena auto-suficiência do conhecimento adquirido, nunca ultrapassa o limite do estritamente comprovado ao sujeito que tem sob foco o objeto, nem poderia ser de outro modo, pois invadiria o território das outras formas de acepção. A crença, que não é mais do que a convicção própria com sentido absoluto, logicamente, é mais frágil que a primeira pelo simples fato de não ser relativa a nenhum parâmetro, ela é sempre uma expectativa, um anseio logo, termina por ser, ao contrário da certeza, dependente de si própria. A opinião por sua vez, é a interpretação de conjecturas originadas em conceitos e constatações fáticas ou racionais1 que, por dedução reflexiva pessoal ou recebida de terceiros, conclui. Portanto, como amparo silogístico, estamos diante de um meio termo que porta o arrazoamento admissível ao objetivo de se chegar a certeza. Externamente a estas três vias, nada temos.
Só resta então, uma questão; realmente ficou aceitável a demonstração do raciocínio adequado aos limites do entendimento das coisas entre o saber, o crer e o concluir, mas isso, por meio de outras palavras, muita gente já propôs. No entanto, aí acima, falou-se em um “vago” entre o “quanta” e seus “próximos”, fala-se de espaço, ou de vazio? Porque se for espaço, devemos crer que a Teoria Quântica esteja concluída, o que sabemos ocorrer o contrário, todavia, é lógico que nos é impossível falar de “espaço” onde as leis da física obedecem outras “leis”, lá, o espaço não é “espaço” e o tempo, não é o “tempo” estaremos assim, diante da singularidade cósmica (micro-cosmo) ou ponto-universal (aqui/agora), ou seja, a cada fração temporal valem todas as leis físicas ao “momento-instante” e todas elas não são possíveis de serem aplicadas de instante a instante, isso quer dizer que cada instante estático obedece as suas correspondentes leis, isto é, um observador se viajar na mesma velocidade notará a obediência à todas as leis físicas a cada intervalo sob foco, entretanto, à velocidade da luz, como se as determinaria a cada instante? Assim, o “espaço-tempo1” foi reduzido a uma única linha representativa já que o tempo, isoladamente, no modelo tradicional representa a quarta dimensão, isto é, no sistema cartesiano (X, Y, Z) encontramos uma variável que os permeia traduzindo a relação com o tempo, a “velocidade da luz” porém, segundo a Teoria Geral1 da Relatividade, é a única coisa admitida com sentido de absoluto no Universo, então, a seu modo, à ela tudo pode se relacionar, todavia, como fica fácil de ver, se compreendido o conceito, cada vez que as tais leis haveriam de prevalecer perdem, imediatamente, a validade para o próximo instante e assim, sucessivamente. Não será a melhor explicação, porém, seria mais ou menos o seguinte, a sucessão dos pontos estáticos à velocidade da luz, eliminam as ocorrências naturais intuitivas, prevalecendo somente a conclusão lógica de uma seqüência que se mostra empiricamente em “pacotes” de energia, por isso o termo “vago” utilizado tem, obrigatoriamente, duplo sentido, ou seja, por distanciamento relativo a cada quanta e por “distanciamento” da explicação lógica do que seja este “entremeio”. Por outro lado, a inexistência do vazio, ao que tudo indica, não foi completamente contrariada, exemplo disso é a nuvem eletrônica do hidrogênio que por ser o elemento mais acessível à análise permitiu verificar que um único elétron ocupa todo espaço eletrônico a um só tempo não viabilizando o “vazio” e, bastando ser bom observador, teremos a garantia de que não é necessário ser físico para assimilar o princípio aqui comentado. A “conta” que comprova isso é fácil; — o elétron viaja a velocidade da luz (300.000 Km ou 300.000.000 m por segundo) em uma órbita que mede 1. 10-13 metros de diâmetro (órbita aproximada do átomo de hidrogênio), assim, como será possível atravessar um espaço vago? ou seja, aonde ainda não tenha passado o elétron ou, quem sabe? já tenha este percorrido?
Existem ainda, dois quesitos a serem respondidos, um técnico e o outro filosófico e, indo por partes: – O técnico será a questão; “... havendo entre o núcleo de um átomo e o primeiro sub-nível da primeira camada eletrônica que o orbita, uma distância que, se preenchida, equivaleria a cem mil vezes o tamanho do núcleo...”, o que é essa distância? É essa, a essência mais íntima da Teoria Quântica! Pois esse lugar é preenchido pela energia eletromagnética e a superfície do primeiro sub-nível s da primeira camada eletrônica pode ser considerada, no caso do hidrogênio, “inteiramente ocupada, por um único elétron, a um só tempo”, absurdo? Pois, é! Esse “absurdo” é existente e real; o elétron está, absurdamente ao mesmo tempo, em todos os lugares possíveis daquela “superfície”, logo, o vazio, ainda que remotamente se consiga comprovar matematicamente, materialmente não existe. Nós dissemos “comprovar materialmente”, porque “materialmente” é, exatamente, o que ocorre. Logo, “vazio” é mero conceito! Agora, quanto ao quesito filosófico, voltaremos para uma “loucura” pré-socrática e, para variar, novamente tropeçamos em Zenão. É incrível, ele, no entanto, mais de cinco séculos a.C. disse; “... — O movimento é uma ilusão...” e exemplificou; “... – Uma flecha lançada, a cada instante ocupa estaticamente aquele espaço...” significando que, o tempo corre em relação ao movimento, consoante esse ponto de vista, a cada “momento-instante” o corpo ocupa “parado, naquele tempo, o espaço que preenche”, ora! Esse homem descreveu, ao seu modo, a visão do conceito quântico dos dias de hoje. Nem venha dizer que ele não se referiu à luz, é simplesmente espantoso, alguém em uma época que sequer possível era imaginar algo como a própria inexistência do vazio demonstrar, através do raciocínio lógico, o que a razão comum assimila por absurdo, usando de um exemplo empírico cujas características fazem plena relação com a luz, pois que é a visão que codifica o sinal luminoso emitido no movimento do objeto, é óbvio, vê-se a flecha, apenas havendo claridade suficiente. É tanto verdade a riqueza do exemplo, que a visão nos engana, fazendo parecer que a “flecha” lançada seja longa, como que preenchendo o trajeto percorrido. A Teoria Quântica nos explica que a luz é projetada de pacotinho em pacotinho um após o outro e, se amparados na Teoria Geral da Relatividade, estaríamos à velocidade da luz vendo vários pontos luminosos extremamente próximos em linha logo, nessa condição o movimento não existiria entre os entes da relação. Seria impossível essa observação técnica naquele tempo, portanto, chegar a conclusão de Zenão somente baseado no raciocínio estaremos, com certeza, diante de outro “gigante” da Humanidade.
A verdade é que a razão, dispondo de orientação prévia, própria do Ser que a manipula, vem à tona com conceitos que dela são parte no momento determinado pelo pensamento, que bem mais do que simples dono desse “entendimento”, o é. É apenas uma questão de estar do lado certo do espelho1, o objeto tem todas as conformações autênticas e presentes, ou seja, “disponibilidade permanente de si próprio”, a imagem sofre distorções e “indisponibilidade parcial de si”, o esquecimento transitório de parte da essência, é um exemplo, e se acrescem ao mundo delével1, as dificuldades da evolução média da população do período o que, de per se, deixa sem “ferramentas” o “objeto”, esse, num esforço fenomenal do seu “Eu” interior, põe para fora, da melhor forma que pode, o conhecimento que lhe é natural, adquirido em condições de adequabilidade em tempos e locais compatíveis com o teor do que ele é em si; o próprio pensamento conhecedor. Vindo este, por variadas razões, a encarnar em meio incompatível, luta por elevá-lo ao seu patamar existencial, assim, a Humanidade cresce e, de tempos em tempos dela sai alguém para levar a semente do saber a outros povos, tanto quanto, de quando em quando, recebe, por sua vez, quem faz o mesmo, de outras culturas de maior evolução. A única diferença, é que não se faz disso uma ficção com “espaçonaves alienígenas” desovando seres estranhos para produzir efeitos espetaculares, a natureza provê, administrativamente, “sim.., como num grande empreendimento”, as necessárias peças interventivas que atuam sem retumbância ou extravagância, apenas “atuam”.
Novamente, “trombamos” com o nosso título capitular; esse gigante porta a certeza, crê, ou opinou? Começaremos pelo fim; – Numa selva alienígena, tribo na qual veio à luz uma criança, cujo saber corresponde a um ser de civilização de expressivo nível científico-cultural, porém, o corpo que este envolve lhe absorve, na direta razão de um sorvedouro, por características inerentes à carne, as prerrogativas que lhe são próprias e, ao contrário de tentar explicar melhor, exemplificaremos: — Um excepcional nadador submarino, em um grosseiro escafandro, ligado à pesadas mangueiras; como nadaria? É esse exatamente, o caso do Ser em questão, a única forma dele manifestar-se no meio em que “mergulhou”, é através do corpo. Essa “roupa” lhe é agressiva, sem ela, porém, escapa-lhe a vida oportuna de evoluir, evoluindo1 o “corpo”. Finda por agarrar-se então, desesperadamente à via do crescimento, nesse ponto, a própria natureza interfere, a preservação da vida é imperiosa, o organismo, “Ser” simbiôntico que lhe manifesta, pertence ao meio e a ele (espírito) prende-se avidamente, mesmo contra a vontade do diretor pensante, a dor é o freio natural que o cérebro codifica ao segundo impedindo-lhe a retirada, pois sem este, aquele não existe. Nestas condições, o Ente evoluído procura adequar-se ao meio, sendo-lhe difícil e mesmo impossível regredir, assim, força pela elevação do meio, todavia, a torpeza2 do “traje” lhe bloqueia parcialmente os movimentos e, “movimento” em termos de subjetivismo é “percorrer livremente, as imensas galerias do Universo do saber de Si”. Com o acesso a si muito restrito, este lança mão da memória latente, um “braço” relativamente acessível, mas, ainda que com deficiência ferramental, lhe permite manobrar por aproximação referencial. Assim, chegamos a opinião, está no âmago do Ser a certeza, por isso ele crê logo busca, artificiosamente, meios de amparar suas convicções, seu raciocínio é evoluído por natureza, pois representa seu estado e condição reais, o silogismo passa então, a pesar constatações de suas “galerias”, sua lógica é condizente com o seu estágio existencial, portanto, arrazoa em bases sólidas suas deduções, chega a determinadas conclusões e passa a ter convicção plena do que deduz, “crê” então. Chegamos, por decorrência, ao termo central do nosso título capitular. Essa crença não é puramente aspirativa, “fé” sem lógica, ainda que sem direção precisa, existe uma orientação fundamental em conhecimento concreto disponível no íntimo do Ser, sem explicação formal, porém, seguramente forte, na concepção e cercada de precaução racional que se prestam a testar continuamente a validade da proposição, essa convicção é contagiante, endêmica mesmo e os contaminados a exercem com “fé” irracional, essa é a diferença primordial entre crença e “crendice”, a primeira tem bases lógicas e conduzem ao termo inicial do presente título capitular a “certeza”, pois os contínuos “testes” em meios abrasivos da razão e da experiência levam as propostas à assentimento válido e expresso ou aniquilam a tese inicial no exato momento da ruptura racional entre a proposição e o fato contraditório, isso pelo simples “fato” de ter acontecido o que a proposta negava. O óbvio é que o que acontece passa, sintomaticamente e sem restrições, ao meio existencial logo, tudo que lhe contradita, “de fato”, nunca existiu. Essa “conclusão equivocada” por princípio, mesmo que comprovada milhões de anos depois de alcançada, é a única coisa abstrata que se conhece, pois tudo que for realizável, em qualquer tempo, é virtual, o que significa possível, quer dizer, —... se um primata, há cinco milhões de anos, tivesse pensado num avião supersônico e, somente hoje o conhecemos, o que aquele pensara, já naquela época, era realidade, por outro lado, se pensarmos em nossos dias, nos monstros marinhos que ele acreditava, esses serão irreais como já o eram!
Assim, a existência pressupõe somente, três vias de “ser”; – estar presente existindo; – estar latente vindo a existir; – estar apenas no plano ideal por abstração, não existindo jamais. Se um pensamento superar essas três condicionais terá direito à “existência” a qualquer tempo e em mais de um plano.
Há relevância em notar, que as condições impostas acima, ligam com extrema energia as três interpretações possíveis do pensamento humano. Novamente do presente título capitular, expressar a certeza, crer ou opinar são fases intrínsecas ao único sentido lógico do pensamento “conhecer”. Porém, isoladas, cada qual oferece seu “tamanho” verdadeiro. Logo, o que é conhecido esta definitivamente assentado na expressão existencial, tem caráter absoluto e posição definida, não sofre abalos, pois qualquer resvalo, por infinitesimal que possa ser, o desqualifica imediatamente; o que se crê, deve sofrer análises profundas para aproximá-lo, o máximo possível, do que é, no mínimo, demonstrável e, para tanto, é extremamente dependente da opinião que, por sua vez, se a lógica, de início, a recusar, esta perde a própria finalidade de existir passando por esta, contudo, dependerá ainda, da existência certeira das premissas que a validaram, porque se qualquer delas for inconsistente, será a lógica que deixará de prevalecer, uma vez admitida na razão pela convicção dos seus princípios e já consumados pela própria “lógica” e pela solidez das premissas validadas pela existência, restará acontecer o fato que a consolide, em esse ocorrendo, o direito que lhe cabe é ser premissa de outras propostas. Muitas vezes, certas opiniões gozam desse “direito” antes que lhe ocorra o fato correspondente, é que nesses casos, a evidência lhe é inerente por racionalidade. A “escada” evolutiva, somente se reveste dessas garantias, ou seja, as condicionantes do parágrafo anterior e a validade desses três conceitos, nada mais.
Iniciamos este capítulo expressando; – “... A base de todo o conhecimento humano...”, devemos, contudo, concluí-lo afirmando: — Humano é todo conhecimento, cuja base é a razão e a evidência, a segunda independe da primeira e a primeira, eventualmente, subsiste sem a segunda só, no entanto, se consolida nesta, por maior que sejam as suas razões. Submeta sua curiosidade às condições desse capítulo, verifique o quanto resiste um “buraco-negro”, um “milagre” e o “espírito”. Compare cada um desses conceitos com as regras de sobrevivência delas aqui apresentadas.
“Com certeza, não se deve crer apenas na opinião”.
CAPÍTULO- 31
SEITA.., NUNCA..!
O espiritualismo ocidental deve, por direito e principalmente dever, manter uma permanente perspectiva científica, este já é, em si, um conceito filosófico com vínculo doutrinário, profundamente analítico, mas.., em nenhuma hipótese, “religioso”.
Não devemos entender como ofensivo esse ponto de vista. Moralidade, bondade, devoção e outros predicados nada têm em comum com religiosidade, até porque, existem religiões que cultuam “demônios” (como estes existissem..!), ainda assim, são “religiões”. Está nisso, aliás, o exclusivo motivo de ser este, o penúltimo capítulo do ensaio que se vos apresenta, pois, quem até aqui veio, nota perfeitamente o enfoque pretendido.
A tese espiritualista não “prega” espécie alguma de dogmatismo. Não é, nem nunca propôs cultos, rituais, cerimônias, adorações ou mesmo oferendas de qualquer gênero. Não é, por outro lado, uma “pseudociência” forçando “passagem” por meios ilógicos ou desarrazoados. É íntegra à sua proposta de apresentar a mais que provável existência da espiritualidade, por ser esta um elo plenamente cabível e previsível à nossa própria “existência” mesmo que apenas especulada pela ciência ortodoxa até o momento. Tese essa, que se propõe apenas justificar esta “existência” filosoficamente, demonstrando haver sentido à vida, e que esta não teria lógica se aqui findasse, oferece a oportunidade para o estudo de suas características peculiares, busca promover ininterruptamente experimentos “laboratoriais” até que o mais intransigente dos cépticos sinta-se convencido e para que os seguidores de sua “doutrina” não sejam apenas crédulos, porém, convictos de uma verdade, não pela fé passional, porém, pela comprovação e justificativa científicas que atualmente são quase realidade, pois o próprio Espírito Humano não aceita mais as afirmações de quem pensa que sabe, busca-se muito mais. Doutrina que possibilita o intercâmbio entre os planos existenciais, porém, com ponderação e “policiamento” irrestritos, para que uma evidência universal não se transforme em atração “circense”, justifica o valor do progresso moral e intelectual além da “matéria”, favorece a fraternidade, enfim.., é uma corrente salutar de desenvolvimento evolutivo e isso não exige dogmas litúrgicos, entretanto, apenas interesse no aprimoramento dos Seres como “um” todo (nos dois sentidos, quem leu conhece-os).
Não somos agregados de uma seita prosélita, no seu sentido “pobre” e até aviltante. Devemos nos conscientizar das verdadeiras necessidades do Espírito e, fundamentalmente, a evolução depende do conhecimento adquirido, mas não das “rezas” incessantes, é um sério compromisso do cidadão espiritualizado explicitar que não crê em “Papai Noel”, este abraçou uma “Doutrina filosófica de cunho científico”, cuja liberalidade é tão abrangente que acabou por abrir “espaço” aos incautos da religião vulgar, os que “compraram” a idéia de aquisição imediata, daquilo que só se conquista com o árduo “garimpo” das “gemas” do saber.
A obrigação irrenunciável das Sociedades ou Coletividades Espíritas é recuperar o “Espírito” do “Espiritismo”, livrá-lo do ritualismo religioso, reconquistar a confiabilidade filosófica e científica de fato, não das pseudociências cabalísticas ou equivalentes, vendidas aos montes pelo telefone; difundir a credibilidade cultural, mas nunca, a “credulidade” infantil, arrebanhando os infelizes crédulos e os desesperados, como fossem “bois” no pasto, eles não merecem isto, devemo-lhes, obrigatoriamente, o esclarecimento e a informação segura e, de forma alguma, a consolação enganosa, tanto como oferecer “chupeta” ao invés do leite à criança esfaimada.
A “tevê” engana, o jornal “engana”, o político “engana”, os “sacerdotes” enganam. As sociedades Espíritas, com conhecimento de causa, têm a obrigação moral de, em hipótese alguma, “enganar”! Mesmo porque, enganam a si próprias e aos seus adeptos, pois é, absurdamente sabido, não ser sua vocação primordial, a religiosidade.
O próprio Professor Rivail combateu, à sua época, esta tendenciosidade pueril nos simpatizantes do espiritualismo praticado, ainda que, inadvertidamente, terminou por ser enredado pelo mesmo dilema, sem mesmo, ter notado, envolvido que estava, nas “malhas” da cultura contemporânea a si, como já veio demonstrado neste trabalho, com todo o respeito que devemos, ao emérito Mestre.
É, deveras importante ressaltar que, se os dirigentes das entidades espíritas pensam em uma guinada intelectual, fazendo das suas comunidades, verdadeiras escolas voltadas ao espiritismo científico-filosófico, o momento já é quase passado, devem se apressar e muito, o povo está sedento de saber e faminto da verdade por mais cruel e fria que esta se mostre. Notem que “seitas” criadas recentemente, voltadas escandalosamente ao lucro, pregam o “descarrego”, as soluções fáceis para questões insolúveis sem o sacrifício da busca do entendimento evolutivo, coisas que os “verdadeiros” espíritas já descobriram de há muito, já que não devemos esperar além do que a própria vida nos oferece; sabem que esta passagem pela existência material não é senão, o resultado das nossas experiências e negligências; conhecem o exato valor das pretensões a uma curta permanência na matéria se relativa à eternidade do Ser; entendem que o significado da posição social ou o usufruto do poder sob qualquer forma tem sentido efêmero, são sabedores das suas qualificações e, principalmente, de suas limitações, não são conformistas irresponsáveis, contudo, aceitam o sofrimento pelas razões que os induziram ao conhecimento destas, aprendem com avidez considerar os genuínos motivos que os iniciaram na compreensão do seu próprio Ser através da doutrina, não querem resultados fáceis, pois são cientes da inexistência destes; empenham-se na direção dolorosa da realidade em que nos encontramos e esquivam-se da ilusão do “espelho quebrado” do cotidiano que produzimos.
Esta posição inamovível de quem vos escreve, desaguou em “livre e espontânea” expulsão de entidade cujos dirigentes temiam o esvaziamento dos bancos de “fiéis” caso estes deparassem com os fatos reais, cabíveis apenas aos qualificados para tal saber que, coincidentemente, eram os “donos” do “negócio”, é claro que não foram grosseiros apenas não “aconselhavam” a prática de tais “heresias” como fazem os “bons” cardeais, mas!.. se o caro Leitor lê esta obra, é porque existem outros dirigentes.
“Cabe ao Espiritismo, ser pernas, não muletas.”
CAPÍTULO 32
ELEMENTOS
(O ente fundamental)
Vazio, fim, princípio.
Nada, inexistência.
Vontade, existência.
A indução lógica tem sentido em qual propositura? Podemos ir diretamente ao raciocínio por exclusão, apenas pelo fato de estarmos diante dos conceitos de singularidade funcional.
Vejamos.., o “vazio” e o “nada” são termos que exprimem locais aptos a serem preenchidos logo, não são morfologicamente adequados à proposta indicada, pois o que se pretende expor, é a inexistência absoluta e, “local”, é algo existente! Não se concebe racionalmente, a “inexistência absoluta” e, matematicamente, se vai a “singularidade”, onde o espaço e o tempo se confundem, as leis físicas não se impõem e a curvatura universal tende ao infinito em um único ponto1, e isso é realidade, ou seja, falamos da impossibilidade matemática da “inexistência”. Bem ao contrário, existir vai ao infinito!, mesmo que num “único ponto de convergência”. Nós sabemos “existir”, porém, sequer de longe, assimilamos isso intelectualmente, portanto, podemos, inequivocamente, restringirmo-nos à perenidade Universal baseada em um ciclo onde, o fim e o princípio são o mesmo (cap. 01).
Vontade implica em inteligência, a primeira não existe sem a segunda, logo, é conseqüência e não causa. Permitimo-nos inferir e postular então, ser a existência, o fruto de uma vontade que, por sua vez, partiu de uma “Inteligência”. Ora..! podemos negar isso tudo, pois admitir “vontade” é aceitar um “Princípio Inteligente”! E, como num teorema que prescinde demonstração, postular exige aplicação prática imediata ou ao menos justificativa que comprove suas conseqüências e isso, de fato, não temos, não porque não existem, mas, porque não as vemos. Porém, o “vazio” é inaceitável, mesmo matematicamente. Por outro lado, o “Princípio Inteligente” se encaixa perfeitamente ao contexto, não é inadequado às leis matemáticas, é até admissível, explica a curvatura Universal por uma espécie de elo lógico do ponto de vista teórico, fecha o ciclo afinal..! justifica a existência, localiza um princípio físico para tudo, oferece até mesmo um sentido filosófico para a existência. Ainda que não se explique o seu próprio princípio, o restante passa a ser explicado ou ao menos, “teorizável”. Do “princípio” ao “f..?” Novo “princípio”! Esse é o, ou um, dos ciclos!
Deixam de ser relevantes os conceitos restantes, pois se a própria existência é conseqüência, mesmo que não se saiba do que, bastava-nos absorver a tese de uma causa definitiva. O que ela é pouco importa, negá-la parece impossível e, com certeza, somos decorrência dela.
As proposituras aqui delineadas podem ser sugeridas regressivamente e, ainda que grosseiras, oferecem perspectivas de análise, acompanhemos a idéia: - De um corpo qualquer, tecnicamente, se vai a uma molécula, desta, a um átomo, deste às suas partículas, enfim, chegamos, então, a um estado de energia e até bem pouco tempo, teoricamente, se afirmava ser a matéria, um condensado energético, hoje, já se demonstrou a tese experimentalmente, tanto que, literalmente, destruímos (sob aspecto espiritualista, qualquer um de nós) duas cidades japonesas praticando esta técnica. Transformar matéria em energia é passado, o que se busca, é aprimorar métodos. O homem não parou, avança, porém, paulatinamente (ou quem sabe, muito rápido) nesse campo, contudo, já se concebe que a energia também é uma espécie de “composto”, ondas, vibrações, variações de intensidade e até partículas, no sentido do comportamento (Teoria Corpuscular), isso sugere que a energia também é um tipo de adensado, os feixes energéticos até são refinados em campos preparados à esse fim, purificados até apresentarem uma onda definida com freqüência que pode corresponder a um único tipo de energia, exemplificando; teríamos a decomposição dos raios cósmicos até a obtenção do raio-X, “energia singular”, este obedece uma freqüência precisa, ao mudá-la se altera diretamente o tipo de energia, se vai ao infravermelho por exemplo, ou ao ultravioleta. Por quê? Em um tipo próprio de harmônica, este não viria a ser um impulso inteligente? Uma vontade? Um princípio afinal? Isto seria impossível..? Da pura inexistência, para a simples existência é matematicamente inaceitável! Se proveniente da matéria estaríamos falando em retorno e esta passaria a ser causa, isto é, a matéria seria o princípio e, assim, o universo não teria seu momento primordial, seu ponto virtual, de onde, ao menos uma vez, explodiu e é existente! Vamos até negar a possibilidade da energia ser a “transformada” (esta é um referencial e o Universo lhe é a “imagem”) de um impulso inteligente (referencial primário); porém, até a matemática a admite, enquanto que as outras alternativas são a própria negação da existência! Indo aos limites da “praticidade”, se expõe: “concentrando a energia se chega, sem dúvidas, à matéria. Pergunta..? Dissolvendo-a aonde se “vai”..? O Ser Humano ainda é incapaz das duas proezas.
A singularidade e a prodigalidade são uma só, quando a referência é o Universo. Um único “Impulso” é tudo que conhecemos e infinitamente o que não imaginamos sequer! A nossa “miopia” intelectual nega a existência de um Princípio Inteligente, todavia, não concebe a origem partindo da inexistência, talvez esteja aí, a diferença entre conhecermo-nos ou não. De fato, quem somos? O que anima nossos corpos?
É tão penetrante a questão, que não dispomos de parâmetros fundamentais e, sim, relativísticos, o que é íntegro ou inteiro no Universo? Único ou absoluto? A própria parcialidade não se fundamenta, isto é, uma “parte” sempre é retirada de outra “parte”! a menor sempre é divisível! Verdadeiramente o Universo é um único “ente” e nós não o conhecemos! Nada demais, não sabemos sequer quem somos..! Isso talvez autorize que sejamos esse “ente” em essência!
Os elementos fundamentais do Universo são agentes de manifestação, todos sem exceção, a matéria, a energia, o espaço, o movimento, o tempo, e finalmente a vida/espírito. Ao Espírito caberia a causa, porém, este também é conseqüência e isso nos leva “do Espírito ao Espírito”.
Não é tão difícil admitir, existe um único fator fundamental com propósito. É conseqüente como todos, entretanto, tem objetivo, o que significa ter ou prover de uma Inteligência, a “evolução”, esta busca intencionalmente a sintetização universal em “vida”, isto é inegável. Ela conjuga todos os elementos primordiais em convergentes e resulta sempre em “vida”, devemos entendê-la por oriunda da Inteligência, no mínimo.
O Universo é a soma dos componentes da vida retornando à esta, da fonte à fonte, do Espírito ao Espírito. Todos os elementos que compõem o organismo através do qual nos manifestamos, são triviais em todo o Universo, o nosso próprio Ser estrutura-se e evolui a partir dos “elementos fragmentais”, componentes comuns deste. A quem possa se apresentar como dúvida, o que seriam os “elementos fragmentais”? proponho, sejam eles, todos os entes conhecidos e a conhecer da matéria e energia, acrescidos dos elementos fundamentais do Universo ou interface Inteligente, primordialmente a “vontade” (assimilar como vontade primitiva), como agente “ligante” ou indutivo na formação do “agregado” embrionário inteligente.
“Vontade”, palavra aplicada na ausência fonética e morfológica para um “termo” mais preciso. Poder-se-ia mesmo mencionar ainda, sentidos subjetivos direcionais e até administrativos orientando continuamente a transformação vital. Não é o que nós fazemos, quando administramos os nossos próprios bens e, inclusive, entes queridos da geração até um fim colimado?
“O fim é, e será sempre; um novo princípio..!”
Um tributo à evolução
O SANTO DEMÔNIO E A GUERREIRA ANGELICAL
Iniciamos esta obra enaltecendo a evolução, nada mais justo, que finalizá-la aprendendo como Ela age. Assim, buscando apontar uma injustiça histórica levamos ao caro Leitor este pequeno ensaio comparativo comentado entre fatos da “guerra dos cem anos” que finda com a intervenção inusitada de uma “camponesa notável”, Joana d’Arc (guerreira santificada) e o “equívoco leigo” que aviltou a figura magistral de um dos mais consagrados cientistas-político, filósofo, historiador, escritor, entre muitos outros invejáveis predicados, “Nicolau Maquiavel”, o unificador póstumo da Itália.
CONSIDERAÇÕES PREAMBULARES
Seria extremamente cômodo apresentar apenas dados comparativos que se observa a uma singela vista d’olhos quando nos reportamos aos acontecimentos exteriores produzidos por uma anomalia social; sobretudo, quando enfocada uma guerra que perdurou por cem anos entre povos que alimentavam seus bebes com o “sangue e o ódio” que nutriam uns pelos outros.
Não!.. É-nos proibitivo ser levianos a ponto de simplesmente esquecermos a origem mas, não da “guerra” porém, dos protagonistas que “efervesceram” fatos que passariam apenas como mais um episódio doentio da Humanidade débil que tem por maior dote o poder de se autodestruir em nome do “tudo agora”.
É saber monótono, indicar que todo e qualquer conflito tem raízes remotas que antecedem a própria razão das “razões” observadas no fato. A cognição precede o próprio entendimento dos motivos que levam a explosão da “válvula” que estressa em lugar e tempo determinado, isso por implicações cultivadas em séculos no seio da sociedade humana.
ANTECEDENTES FUNDAMENTAIS
Parece engraçado, hilariante mesmo, contudo, quem deu o primeiro “tiro” na guerra dos cem anos foi;.. vejam vocês, Aristóteles, sim, ele ensinou coisas que o cristianismo clerical não queria adotar, mas, por outro lado, correntes fortíssimas internas à própria Cúria, lutavam para admiti-los como conduta filosófico-religiosa e por conseguinte, sóciopolítica, isso proporcionava “material explosivo” indefinidamente no mundo ocidental. A conjugação dos preceitos aristotélicos com os ensinamentos cristãos, de permeio aos costumes semibárbaros da idade média, eram a diferença entre ser nação ou colônia subjugada, ser vivo e escravo da tirania ou morrer pela causa da liberdade ou da igualdade dos homens. O “cristianismo” havia fincado flâmulas por toda a Europa, pois o Clero, “procurador de Deus” na Terra, detinha o poder absoluto de vida e morte sobre todos os humanos do mundo ocidental. O “aristotelismo”, contudo, dependia de comprovar suas teses, se convenientes ou não aos “donos do mundo”. A isso se acrescenta a estratégia geográfica e os interesses latifundiários ingleses em relação às terras “continentais” de França, é óbvio que as “Ilhas Britânicas” acalentavam o “sonho” do “grande império Bretão” que, coincidentemente, era a língua nativa da cidade de Bretanha na região da Normandia, local onde aportavam os ingleses depois de já terem tomado essas terras.
A morte do rei Carlos IV da França em 1328 foi o estopim da guerra que teve origem nas pretensões dos soberanos ingleses ao trono da França, ao qual julgavam ter direito desde que o duque da Normandia, Guilherme o Conquistador, se apoderou da Inglaterra em 1066. A verdade, é que internamente aos dois reinados, as disputas territoriais, religiosas e familiares entre os grandes ducados, principados e outros infinitos jogos de interesse, mantinham os dois povos enfraquecidos o suficiente para que não houvesse a supremacia de um deles por coesão de objetivo. Por um longo período, se passa a História, proclamando as virtudes de imensurável número de reis conquistadores ou dominadores que surgiam e desapareciam com a mesma velocidade dos eventos que provocavam. Como já vimos, Carlos IV morre e deixa uma verdadeira vala de oportunidades para o trono inglês que reivindica direitos que lhes julgavam cabíveis através de Guilherme o Conquistador (duque da Normandia), assim, sucessivamente, a região, literalmente, tropeça em Eduardo III da Inglaterra, Filipe, conde de Valois, neto de Filipe III da França, João II o Bom, filho do conde de Valois prisioneiro dos ingleses e morto em 1364, Carlos V (França), Ricardo II (Inglaterra), Henrique de Lancaster, revolucionário inglês que ascendeu ao trono como Henrique IV, João sem Medo, duque de Borgonha assassinado, Henrique V aliado de Filipe o Bom, filho do duque de Borgonha, essa aliança assegurou a manutenção do território francês ao norte de Loire, atrelados ainda ao domínio de Paris e Aquitânia até 1422 quando surge a figura de Carlos VII, o rei que foi envolvido pelo entusiasmo e carisma de Joana d’Arc e dá início ao revés que, apesar de perdurar por infindáveis 25 anos, finda por derrotar a invasão inglesa em 1453. Muito embora a Inglaterra tenha mantido Calais até 1558, a guerra dos cem anos havia chegado ao fim já naquele período.
ARGUMENTOS
Os efeitos dessa guerra têm raízes tão profundas que a precedem e a sucedem que, se efetivada uma análise mais fria das conseqüências, se nota que nem a guerra nem a rivalidade anglo-francesa, nos dias de hoje, de fato, encerraram-se! O mundo foi quem mudou!.. por isso as disputas têm outra face, os eficazes procedimentos diplomáticos e o nível de cultura, acentuadamente amadurecidos, mantêm sob controle rigoroso as diferenças ainda pendentes entre estes povos.
Devemos, contudo, volver ao período clássico, ocorre que Aristóteles inspirou homens que foram tão fiéis aos seus preceitos quanto o foram à Igreja, à evidência de Agostinho (séc. XIII), Tomás de Aquino e Alberto Magno (sec. XVII, Escolástica), que receberam do Clero, post mortem, o cargo político de “santo” o que, aliás, nada acresce aos grandes homens que foram. No século XVI veremos no auge da “Renascença” vultos que estiveram entre nós, a exemplo de Nicolau Copérnico, Galileu Galilei, Isaac Newton, Jean-Jacques Rousseau (francês nascido na Suíça), escritor e filósofo pregou a própria apologia dos instintos integrados à natureza defendida por Aristóteles, ainda que sem citá-lo. Veremos também, Charles Louis de Secondat (barão de Montesquieu), homem descomprometido de qualquer envolvimento religioso por convicção, raridade na época, era defensor ferrenho da igualdade dos cidadãos, distribuição de direitos e bens por eqüidade social, em sua obra “O espírito das leis” (1748), expõe uma concepção de poder político participativo sem as máscaras dos nepotismo e despotismo, onde o processo era harmonioso com as prerrogativas do direito e da cidadania, desprezando o favoritismo e o privilégio hierárquicos, “homem perigosíssimo”, pois punha em risco a “humilde e despojada” vida que a aristocracia levava.
Apesar de serem citados nomes que extrapolam a época enfocada, cujo escopo é a disputa anglo-francesa dos séculos XIV e XV, vê-se que a força do pensamento aristotélico e o cristianismo sob todas as formas produzem as teses que são o pivô central dos acontecimentos até os dias atuais, até porque, o objetivo do presente texto deve assestar o alvo na comparação de pontos conexos entre “Maquiavel” (1469-1527) e o envolvimento de Joana d’Arc na guerra dos cem anos (séc. XIV e XV), cujo período específico, fechou o ciclo em 1453, dezessete anos antes do nascimento do pensador em pauta e vinte e dois anos após o suplício da “santa guerreira”.
Encontraremos muitos outros “iluminados” de grande envergadura, que “fundearam” seus princípios filosóficos em Aristóteles.
O entendimento político-econômico-social de Aristóteles é algo inspirador, de certo modo, se afasta de Platão, mas, por aperfeiçoamento. A cognição original do não envolvimento da ética com a política é palco de virtudes e tragédias, pois fica claro que a primeira envolve o indivíduo como tal, resume-se à sua razão e conceitos particulares de relacionamento, enquanto que a segunda não tem como conceber a primeira sem considerar as conseqüências coletivas, pois a cadeia de prioridades obedece a lei do relativismo e este prima pela ordem; com efeito, se enumera, a oportunidade (período), a geografia (local), a coletividade (povo) e, por fim, o indivíduo (cidadão); quatro fatores que consistem em manutenção ou conquista da estabilidade interna mais a relação positiva ou negativa com as entidades externas (oportunidade); a preservação do Estado ou a sua ampliação por meio do avanço territorial (geografia); o equilíbrio social interno ou a contenção revolucionária produzida ou a levantar (coletividade); finalmente, o interesse do Estado pelo homem em relação a produção, qualificação, e compensação “consumo positivo” (indivíduo). Ora!.. são estas premissas que se entrelaçam em toda tragédia franco-inglesa, inquestionavelmente.
Bem.., é fácil notar as implicações do exposto, um administrador do ponto de vista de Platão (predecessor de Aristóteles e seu inspirador), “...os regentes filósofos, sob o predomínio da alma racional...”, seria a ascensão à “utopia” (palco de virtudes), porém, nas mãos de tiranos ou sonhadores radicais, estaríamos de frente com o “caos” (palco de tragédias).
PRIMEIRO OBJETO DO TEMA
Pensadores de muitos “quilates” inspiraram-se em Aristóteles, um deles, cuja fama a história leiga, injustamente deprecia graças, principalmente, ao clero, o mais prejudicado por suas conclusões que são meros efeitos de comparação estatística, pois estabeleceu que a estabilidade da sociedade é melhor assegurada se o Estado preceder a igreja na administração, aonde o ordenamento dos fatos históricos, são conseqüência de uma inteligência sui generis que demonstra no bojo uma acuidade espantosa, foi Nicolau Maquiavel, homem que a História “leiga” condenou, apenas por ele ter a precaução literária de narrar com fidelidade os acontecimentos políticos dos povos e dos seus conquistadores, relacionando os dados estatísticos das conseqüências dos atos de cada um demonstrando estoicismo em relação à narrativa que produziu, é certo que verdadeiros tiranos se apropriaram dos ensinamentos embutidos ao tema, uma vez que Maquiavel demonstrou que a História se repete, assim, pela informação antecedente e repetitiva se “extirpa” a provável fonte do futuro incidente prejudicial. É óbvio que um número impressionante de “entes de risco” foram, “cirurgicamente” ressecados do mundo dos vivos somente por ocuparem cargos ou estarem em posições erradas nos momentos errados.
Responsabilizar Maquiavel por isso, é o mesmo que condenar um fabricante de agulhas por que alguém resolveu furar os olhos das pessoas que lhes são antipáticas. A finalidade das “agulhas” e da obra de Maquiavel é outra bem diversa da que deu o destino mórbido aos “alvos”. Homem de qualificações reconhecidamente elogiáveis, amante da república e da liberdade do povo, fervoroso devoto do seu Principado “Florença”, tanto que morreu, literalmente de desgosto por não ter sido convocado a servir o Estado pelo príncipe que reconquistou seu trono, defensor da unificação da Itália reconhecido somente no início do século dezenove pelo movimento revolucionário “Risorgimento”, somente ele, no seu tempo e até bem depois, foi quem se levantou pela Itália como uma única e forte nação. Do que o acusam ainda hoje, o mundo era responsável por milênios antes do seu nascimento, ele era coerente com o seu tempo, e esse era violento por si, mas, não pelo filósofo/estadista.
Nicolau Maquiavel, considerado, ainda hoje, um gênio da ciência política, por detectar e sistematizar pioneiramente a amoralidade peculiar à conquista e ao exercício do poder. Demonstrou que a tese da astúcia inescrupulosa como método de governo é, por pior que pareça a evidência, a de melhor eficácia objetiva. Não era, entretanto, esse o seu caráter, filósofo por natureza, patriota florentino, defensor da república e da distribuição de renda equilibrada no seio do povo, detentor de peculiar diplomacia e inquebrantável senso de observação sóciopolítica, pregou e morreu, literalmente de desgosto, por uma Itália unificada que não conheceu.
Quando exilado na propriedade de San Casciano contou em carta, que no decorrer dos dias fazia excursões no campo e, das noites, pesquisava em livros da antiguidade romana, "como se conquista o poder, como se mantém o poder e como se perde o poder". Foi lá que escreveu o “tratado” em forma de coletânea de dados históricos que o consagrou e, simultaneamente, o segregou do cenário “pseudomoralista” da sociedade impregnada dos dogmas clérigos ou eclesiásticos, “O Príncipe”.
Estadista, cientista político, filósofo, historiador e escritor de grande expressão Niccolò Machiavelli, seu nome original do Italiano, nascido em Florença em 3 de maio de 1469. Em 1498 serviu como chanceler e, após, como secretário das Relações Exteriores da República de Florença. Esses cargos, apesar dos títulos “pomposos”, eram singelos e circunscreviam-se a funções de redação de documentação oficial. Contudo, estas foram atividades que lhe concederam a possibilidade de vivenciar os bastidores da atividade política. Vez por outra, Maquiavel atuou em missões no exterior (França, Suíça, Alemanha) e em 1502-1503 por cinco meses foi embaixador ativo junto a César Borgia, filho do papa Alexandre VI, homem de política severa e, absolutamente inescrupulosa, fato que provocou admiração a Nicolau.
Em 1512, os Médici “prostraram” a república e reassumiram o poder em Florença, Maquiavel foi destituído e preso. Exilado em San Casciano (hoje, prisão domiciliar), perto de Florença (Florêntia, do latin), onde escreveu “Il príncipe” (1513-1516; O príncipe), composição teórica-política que o consagrou. Foi agraciado com a anistia em 1519, volvendo à Florença exercendo funções político-militares. No exílio, escreveu também “L'arte della guerra” e lá, recomenda “... a extinção das forças armadas permanentes, pois que são ameaça à república...”, sugerindo ainda, “... a criação de milícias populares, corporações de menor porte e influência política, cujo domínio do poder atuante se mostra mais abrangente e causticante...” escreveu outro trabalho a saber, os “... Discorsi sopra la prima deca di Tito Livio” (Discurso sobre os primeiros dez livros de Tito Lívio), nele, analisa as vicissitudes da história romana e compara-as com as de seu próprio tempo. Os dois ensaios se completam e são imprescindíveis ao fiel entendimento das idéias que impregnam as páginas de “Il principe”.
De 1519 a 1520, por exemplo, Maquiavel criou a maior comédia concebida pela literatura italiana, “La mandragola” (A mandrágora, 1524), foi a sua forma de praticar um “divertimento em tempos tristes”. Texto teatral cujo furor erótico e humor sarcástico, depunham contra a aristocracia decadente e foi considerada “... a comédia da sociedade da qual ‘Il principe’ era a tragédia...”. Em 1520, Maquiavel foi nomeado historiador oficial da república e escreveu até 1525 as “Istorie Fiorentini” (Histórias de Florença, 1520-1525), um tratado elaborado em estilo clássico, consagrado como a obra pioneira da historiografia moderna. Está-se diante de um autêntico “virtuosi” da cultura ocidental, não se pode negar tal fato.
Contudo, o singular livro “Il principe” fez de Maquiavel a figura central da teoria moderna do estado e, dele, se criaram as bases da ciência política atual. Renascentista por excelência rompe com a moral cristã medieval, estuda com objetividade e muita perspicácia os meios e os fins dos atos políticos, amparado na observação estrita de sua materialidade fria de modo a concluir por uma tese política isenta e sistemática, na qual primordialmente separava-se a moral dos indivíduos (um a um) da moral (ou razão) de estado. Maquiavel, sem medo de errar, foi o primeiro tecnocrata moderno, o Homem que ousou informar que o “bom homem” é um “mau político”. A verdade, é que o poder tem dimensões que extrapolam o indivíduo para “poder” por meio da ação global servi-lo se, no entanto, o último for atendido nos seus direitos e prerrogativas individuais, o Estado cria privilégios.
Predecessor cultural europeu do nosso consagrado escritor “Machado de Assis” também era um incorrigível e magnífico prosador, dono de um peculiar e admirável estilo latino e seco quase incomparável, com muita ironia, recomendava todos os meios, inclusive a mentira, a fraude e a violência. Nas sugestões que propunha ao “príncipe” imaginário, tiveram origem as práticas políticas conhecidas como maquiavelismo. É importante, todavia, separar a noção popular vulgar que findou por julgar o "maquiavelismo" como obra do “demônio” (idéia, aliás, propalada pelo Clero após a dissidência de Niccolò da hipocrisia clerical reinante), da teoria responsável e madura de Maquiavel. A última extrai o realismo iniludível da História desapaixonada de quem se pautou pelos fatos, documentos e experiências, não nas idéias ou ideais filosóficos, sendo que estes estão presentes em toda a sua obra, porém, de forma contundente e sem os contornos de exaltação à ética ou moral de “cabeceira”, ou seja, aquelas que “todo mundo” prega sem praticar.
Ele não mandou, todavia, demonstrou que, em política, os fins justificam os meios e a ética do estado é a do bem público e não a do indivíduo isoladamente, sua obra, “O Príncipe” atesta que tudo pode e tudo se deve fazer, se o alvo é a felicidade de seu povo. Caso o governante aja de outro modo, será, inexoravelmente, derrotado por outro príncipe. Mesmo hoje, quem se habilita a desmenti-lo?
Desgostoso, pobre, desiludido e amargurado, morreu na sua cidade natal em 22 de junho de 1527.
SEGUNDO OBJETO DO TEMA
Devemos, neste ensaio, observar os pontos de convergência dos acontecimentos do final da “guerra dos cem anos” e compará-los ao entendimento maquiavélico, por isso, cabe-nos falar agora de quem move a História para justificar seus atos, a “santa guerreira”, Joana d’Arc.
Joana d'Arc movida por uma fé inquebrantável, contribuiu de forma decisiva para mudar o rumo da guerra dos cem anos, entre a França e a Inglaterra.
Nascida em Domrémy, na região francesa do Barrois, em 6 de janeiro de 1412. Filha de camponeses, desde pequena distinguiu-se por sua índole piedosa e devota. Devemos acrescentar, sem a malícia comumente esperada, que era evidente, nesta personagem “santificada” pelo Clero que, literalmente a matou, os aspectos carismáticos de liderança positivamente masculinos, evidenciando ainda, que o domínio exercido pela sua forte personalidade, tinha todas as características da prática de “voz de comando”, muito utilizada pelos comandantes militares. Já aos 13 anos, declarava que podia ouvir a voz de Deus a exortando cumprir os deveres cristãos e que essa voz a ordenou libertar Orléans, cidade sob o jugo inglês. Afirmava ainda, ver o arcanjo Miguel (arcanjo que derrotou o “anjo negro”, o demônio; mitologia católica), santa Catarina e santa Margarida, ouvindo-lhes as vozes.
Quando os franceses e os ingleses já se defrontavam próximos de Barrois, Joana d'Arc não vacilou em ir ao encontro do capitão da guarnição de Vaucouleurs, Robert de Baudricourt, que a enviou com escolta a Chinon, onde estava o rei de França, Carlos VII. Nesse encontro, em março de 1428, ela assombrara a todos pela segurança e convicção com as quais dirigiu-se ao rei. Dotada de extraordinário patriotismo, Joana comunicou ao rei, de tal forma, sua missão, que este lhe entregou, confiante nos dotes que notara, um pequeno comando, esperançoso, todavia, temendo pelo fracasso dela em conquistar Orléans. Ocorre que, no caminho, os atos de altivez heróica da humilde camponesa conquistaram adesões ás tropas que comandava.
A França estava quase toda em mãos inglesas. Seus falsos aliados, os borgonheses, com a cumplicidade de Isabel da Baviera, entregaram a nação aos britânicos, no Tratado de Troyes.
À entrada de Orléans, Joana postada à frente de seus homens, intimou o inimigo a render-se. O entusiasmo dos combatentes franceses, fortalecido pela estranha figura da aldeã-soldado, conduziu os ingleses a levantarem o sítio que mantinham na cidade. O extraordinário feito de Joana, a fez ser reconhecida pelo povo, como “a Virgem de Orléans”. Sua fama correu a Europa e, mesmo entre os soldados inimigos, era temida, pois, alimentavam a crença do seu poder sobrenatural. A verdade, é que simplesmente a coragem da heroína, produziu o milagre de levantar o espírito abalado dos franceses. Uma inspiração de civilismo invadiu a França. Joana d'Arc, contudo, já buscava nova missão, talvez movida pelo entusiasmo, propôs conduzir o rei Carlos VII para a sagração na catedral de Reims, cumprindo, desse modo, a tradição da realeza francesa, o que, de fato, ocorreu em 17 de julho de 1429. Quando investia em retomar Paris, Joana foi ferida, o que levou a aumentar o patriotismo do seu povo.
Ao investir contra Compiègne, em maio de 1430, os borgonheses a aprisionaram. E, ao contrário de executá-la sumariamente, como normalmente agiam, optaram por uma forma de eliminar sua auréola de santa através da condenação em um tribunal canônico. É claro que no jogo de interesses políticos, Joana d'Arc encontrou-se desamparada pelo rei Carlos VII.
Pierre Cauchon, um bispo sem expressão, ambicionando o bispado de Rouen, disponível então, foi ao acampamento de João de Luxemburgo, onde detinham a prisioneira, e os convenceu de que ela fosse vendida aos ingleses, os donos do poder. Desprovida de seus direitos, inclusive do defensor, fora confinada numa prisão laica e guardada por carcereiros ingleses e subjugada, por Cauchon, a um processo por heresia, onde enfrentou os juízes com grande serenidade, como se extrai do texto processual.
Na expectativa de reverter a pena de morte em prisão perpétua, assinou uma abjuração onde prometia, entre outras, não mais vestir roupas masculinas, para demonstrar sua subordinação à igreja. Pouco depois, por iniciativa própria ou infligida pelos carcereiros ingleses, envergara novamente roupas masculinas. E fora condenada à fogueira por heresia, sendo supliciada publicamente na praça do Mercado Vermelho, em Rouen, em 30 de maio de 1431. A sua morte, contudo, foi a morte do domínio inglês, pois o povo francês, incitado pela martirização de sua “Guerreira Santa”, expurgou do território pátrio, o inimigo.
Estranhamente, como sempre, o Clero, que matou Joana d’Arc, a canonizou em 1920 através do papa Bento XV.
CONCLUSÕES
O envolvimento das duas Nações no conflito comentado acima é, sem dúvidas, “epopéia” profícua para assegurar as teses demonstradas por Nicolau Maquiavel. Quem leu “Il Príncipe” tem, a partir do momento que toma contato com os fatos históricos da beligerância comentada, convicção plena e toda a segurança que esta produz, de que a organização de um governo tem amparo, exclusivamente, na mais pura e absoluta isenção dos acontecimentos que se desenrolam no “subsolo” do “poder”. Posteriormente, nota que a mantença dessa liderança, é resultado do mais absurdo e inescrupuloso abandono do “indivíduo”, devemos salientar, inclusive, o da própria pessoa do “dono do poder”, do contrário, estaremos diante da hipocrisia. Segue ainda, e constata que o estado é a prioridade, a carência e o objeto dos cuidados exigidos, seu equilíbrio se estabelece, inequivocamente, pela força do seu “estadista”, observa que qualquer escolha pessoal desse dirigente será, invariavelmente errada, todavia, como elas são inevitáveis, deve fazê-las escassamente, elegendo um grupo de proeminentes populares que “errarão” daí para frente “escolhendo” pelo povo. Isso é maquiavelismo!.. apontem um único governo não aja dessa forma, ainda hoje, e permanece no poder.
Errados, somos nós, como sociedade insaciável, os direitos de cada cidadão são conquistas sociais obtidas por pressão constante. Esta é a questão insolúvel, as prerrogativas individuais arrebatadas à coletividade, quando somadas são, inexoravelmente, maiores do que o Estado (Nação) dispõe, é simples observar; se todos os brasileiros, a um só tempo, sacarem seu numerário disponível em conta-corrente bancária, estabelece-se a indisponibilidade nacional e o sistema quebra instantaneamente, o ofício do poder é ser, o que é quase impossível, absolutamente eqüitativo, isso sacrifica o “uno” em favor do “todo” para que este seja o abrigo daquele, entretanto, cabe ao Ser Humano “evoluir” e contrariar as observações realistas de Nicolau Maquiavel, não existe no mundo um único “indivíduo” que se qualifique com autoridade suficiente a condenar Maquiavel, por outro lado, é inquestionável que em circunstâncias de repressão obsessiva a um povo ou sociedade surgirão, inevitavelmente, mais do que uma “Joana d’Arc”.
A natureza humana é por excelência evolutiva e aprende por si que não cabe a condenação dos erros, porém, sua suplantação, a observância dos fatos deve ser realista como nos ensina Maquiavel, a conduta social, contudo deve agir como exemplificou Joana d’Arc e, é claro como o Sol do meio dia, que se todos se dispõem ao suplício pelo próximo em favor da liberdade e da igualdade teremos como resultado a vida sem “sacrifícios” individuais.
A História demonstrou no episódio aqui trabalhado que tanto o “santo demônio” quanto a “guerreira angelical” estavam, absolutamente, certos cada qual ocupando a posição que lhes reservara a existência. O aspecto que nos obrigamos destacar é que determinadas pessoas, independentemente de suas vontades conscientes, atuam segundo as responsabilidades que lhes imputa o evento, é nesse movimento que definimos o “tamanho” de quem age.
A LIÇÃO E O ENCERRAMENTO
O Mundo de hoje é o nosso alvo fundamental, o Brasil é o “espaço” social, objeto do pretensioso ensinamento aqui delineado, assim, insinuamos o que se segue:
Do ponto de vista histórico, não existe a menor eventualidade de contrariar a conclusão a que se chega nesta proposta, todavia, devemos conceber que as vias revolucionárias são, absurdamente caras, tanto pelo lado prático e vil, como pelo moral e civilizado. Ora..! É inegável que até a “ameba” evolui, não é dado ao ser humano o direito de estagnar, é condição inegociável a evolução, independe das nossas manifestações, isso significa que cabe ao homem conceber alternativas e, mesmo que “revolucionárias”, pacíficas, pois é visto que Sócrates, Platão, Aristóteles, Jesus e infinitos outros foram fantásticos mobilizadores sociais “Verdadeiros Revolucionários” que, em verdade, produzem ainda hoje a revolução, mas as suas propostas, eram revolver o espírito, a cultura, o conhecimento, são essas as nossas revoluções, a iniqüidade é depositária fiel da violência, a perspectiva da serena solução é, de fato, mais lenta quando enfocada a expectativa social, todavia, é a própria sociedade a geradora das dores que nos afligem e, por analogia, vemos que cada vez menos é necessário amputar um membro para curar o corpo, a coletividade é, como já vimos, o resultado do indivíduo, bem.., parece óbvio que se o “indivíduo” cresce, o mesmo deve ocorrer com a sociedade a qual pertence logo, hoje a História violenta continua sendo uma alternativa de progresso, sem dúvidas, porém, a pior delas. É tanto verdade a conclusão aqui exposta, que vimos desmoronar de “podre”, todo o “império” construído pelo processo revolucionário de Marx, não porque as teorias por ele defendidas não expressassem princípio, mas os “princípios” adotados lhes são, no entanto, corolários incestuosos. O comportamento humano não “comporta” conduta matemática.
Não cabe, de verdade, a alguém sem predicados, o nosso caso, refutar pensamento de tão ilustre figura, mas é angustiante deixar sem questionar certos aspectos que seriam inadmissíveis passarem despercebidos a talentos de tal magnitude, é muito provável, ser miopia intelectual do pretensioso observador que vos escreve, não obstante, é de se levantar, ao menos, poucos óbices; – assim temos; uma tese desenvolvida com direção ao igualitarismo, distribuição eqüitativa, produção suficiente com consumo adequado, inevitavelmente, conduz à estabilidade, atrelada, porém, a um menos evitável, atavismo da apatia. O ser humano é dependente mais do que o é o viciado em drogas, do desafio, a concorrência é em si, um “maravilhoso” malefício, sem dúvidas, um “mal” que faz muito “bem” e com menos “estragos” que uma revolução sangrenta, basta um “Administrador” sábio que mantenha a contenda dentro do “ringue”. Administrador, porque falamos de um forte governo que “dispensa” a força, a ciência de sua eficácia é bastante aos “contendores”. Então, está aí o primeiro “óbice”:
Indo, além disso, na base do pensamento marxista há mais de uma questão sem resposta: Em um povo inteiro, quantos se moverão com empenho se o que pretendem é pouco e já está garantido?
Na seqüência se pensa.., um artista plástico, um neurocirurgião, um especialista em chips de alta tecnologia, eventualmente, gastam o mesmo tempo em seus afazeres que o varredor de ruas, não desmerecendo o último, mas..! Não seria melhor todos serem varredores para ganhar a mesma coisa?
Entre outras, por que se faria, por exemplo, uma obra de arte proveniente de Carrara, para negociar com cem quilos de feno?
A resposta à estas questões é a solução que buscamos, quando esta vier disponível, virão outras “questões”, esse é o ciclo evolutivo que nos levará ao Direito estabelecido, onde todos serão juizes, autores e advogados sem existir um único réu, tempo em que Nicolau Maquiavel será um curioso espécime cultural e Joana d’Arc uma figura mitológica sem significado prático.
“A evolução não se pára nem se empurra, apenas se persegue”
POSFÁCIO
A palavra literária, quando dirigida ao Espírito com o objetivo de demovê-lo da inércia aparente, provocando-o a refletir sobre sua situação no contexto existencial, sofre limitações extremamente restritivas. A temática propriamente é profícua e até mesmo abundante, nós, entretanto, somos o limite. Dependemos de parâmetros, direções, relações comparativas, em verdade, isso é uma espécie de cegueira, intelectiva sim, mas, ainda assim, pura privação da visão!
O enfoque incidirá sempre no âmbito da filosofia, de outra forma não seria adequado. E lá, os indicadores puramente técnicos, perdem os sentidos, as diretrizes racionais orientam-se no rumo de um ponto definido, buscam apoio em algo concreto, reflexo lógico em resposta ao hábito de aparente realidade, no entanto, ante conceitos abstratos, puramente subjetivos, estreitam-se as alternativas de opção, o realismo e o abstracionismo ocupam o mesmo lugar na nossa mente, separá-los, é uma missão complexa. Assim, chega-se até o total estrangulamento das possíveis variáveis, o relativismo por falta de opções, converge ao absolutismo, uma aparentemente clara indicação de que o perfeito seria, em tese, simplesmente “perfeito”, nada lhe faltaria, nada lhe sobraria. Mas, o que se observa é que “nada” é completo, será sempre possível acrescentar-se algo, conclusão que nos conduz de volta ao continuismo, ele é a “graça” da existência, a quebra total da monotonia, assim, o “perfeito” é poder continuar.
Portanto, a não ser que se promova o discurso científico ou didático sobre qualquer tese, há de fato, pouquíssimo o que se falar na seara filosófica. Esta se resume em conceitos definidos e deles, não se necessitam muitos para assimilarmos a compreensão da existência. Qualquer variante que escape aos puros sentidos, converge ao detalhamento técnico e o objetivo desvirtua-se em projeções, quase sempre, especulativas.
Os conceitos filosóficos consubstanciam-se quase que, senão até mesmo sem exceções, ao existencialismo (inserido aí, o realismo), ao propósito e às razões de ser (ou do “Ser”), circunscrevem-se entre a certeza, a crença e a opinião, passiva ou ativamente, isto é, absorve e silencia, ou assimila e transmite.
Podemos falar em “montanhas” de papel impresso sobre “filosofia”, porém, todos nos induzem à razão da existência e do propósito do “Ser”, ou de ser, o que, fundamentalmente é, de fato, tudo que fomos, somos e viremos a ser!
Nem de longe, imagine o caro Leitor, apreciar palavras de um “sofista”, nestas derradeiras linhas que vos escrevo, muito ao contrário, há em verdade, grande conteúdo no que busco transmitir-vos.
Quando se escreve ficção, o tema é inesgotável, o único limite é a imaginação.
Quando nos referimos a fatos, encerram-se estes, em si, pois que esgotados os mesmos nada resta a relatar, senão, já estar-se-ia comentando-os.
Quando o texto é técnico, seu limite é a abrangência da compreensão do que se propõe, mais o alcance das possibilidades de especular sobre o assunto.
No entanto, quando a proposta é buscar justificativas para os acontecimentos, e a própria existência é um “acontecimento”, o propósito é o que a justifica, e isso, é o que nos cobra a razão. Nos deparamos aí, fatalmente com a filosofia, a introspecção há de imperar. Fecham-se, então, os horizontes da imaginação, não há fatos a narrar, e nem dispomos de dados técnicos compreensíveis ou especulativos. Os sentidos serão o nosso norte, nosso único contato com a materialidade da existência, resta-nos separar o abstrato (no sentido da utopia) do virtual (realizável), área de atuação exclusiva da razão. Motivo mais do que suficiente a explicar nosso esquecimento da espiritualidade, pois, por falta absoluta de balizas, nos apegamos a algo (em tese) concreto, a nossa matéria (sólida para nós, aqui), por exemplo!
Ao escrever neste campo, o teor das propostas deve, obrigatoriamente ser sintético, porém, de máxima amplitude, ou não há conteúdo e cai-se no “vazio”. As demonstrações que se propõe apontam lacunas racionais do entendimento habitual, por isso o trabalho reflexivo deve ser totalmente entregue ao Leitor, ele é quem deve fazer as conexões racionais, debater com “seu” ente interior, o alcance dialético proposto. Assim, ainda que este conclua ser outro o caminho a propor, contestando a tese aqui exposta, não deixará de atender o propósito almejado. Conseguiu-se, então, atingir o objetivo da obra, “demovê-lo da inércia aparente”.
“Seu caminho, você traça, suas curvas, você desenha, suas pedras, você coloca. Mas, seu ‘caminho’, você percorre!”.
Homenagem e respeito ao ESPIRITISMO científico-filosófico brasileiro.
A TEORIA DA CULPA
Culpa não é o que se faz, porém, o que se assume por fazê-lo! Existe um espaço vago na conceituação morfológica do termo. O ato é a ação, a “culpa” a cognição, ou seja, o contato subjetivo com a conseqüência de uma prática nos leva à “culpa” (sentimento). Assim, se a assume, também, se a “carrega”, por isso, não há “culpa” onde se encontra a ignorância, no entanto, o fato ocorre, naturalmente. Logo, pode haver delito1 sem “culpa”.
A intenção ou a omissão deliberada são da culpa, corolários. A conscientização de um ato nos torna culpados. A cobra “pica” e não é culpada, é essa a sua natureza! No entanto, o “veneno” humano, de qualquer espécie, é a própria “encarnação” da “culpa”, pois não é essa a sua “natureza”.
Para que se considere uma bagagem culposa, deve-se buscar a motivação, pois ela é a “alavanca” da responsabilidade, onde se encontra a intenção, depara-se com o conhecimento de causa e aí reside a falta cometida. Não é possível imputar-se “culpa” a terceiros, apenas seria viável apontá-la em quem a “carrega”, o muito que se admite, é assumir-se parte dela, por ser integrante do meio que normalmente a gera.
A concepção filosófica do termo consiste exatamente nesta idéia, culpa é “algo” pessoal, é própria de quem a traz em si, exagerando, podemos afirmar, “que se a conquista”, deve-se ir buscá-la, ninguém “veste” culpa em outro, pode até intencionalmente ludibriar, apontando noutra direção, “carregará, então, uma segunda culpa”, pois que o ato também é “outro”.
Devemos, ainda, assimilar que “culpa” não se divide, soma-se, multiplica-se e podemos até pensar em “resgata-se” o que, por fim, significa “subtrai-se”, por compensação. Um único ato pode gerar infinitos culpados, todos recebendo seu respectivo quinhão, a “culpa” desse ato tem o exato “tamanho” do envolvimento de cada personagem a ele ligado, não diminui para cada um, porque seriam muitos, entretanto, se qualquer um dos envolvidos for hipócrita e negar sua parcela de “culpa”, estará somando outra “culpa” à sua “conta corrente”; ainda, se além de “mascarar” sua participação, continuar alheio aos atos futuros, para “justificar” sua hipotética inocência, virá a multiplicar continuamente a sua “culpa”. O resgate de uma falta qualquer não é exatamente subtraí-la, entretanto, seria produzir um ato positivo que contrabalançaria tecnicamente o ato culposo anterior. Vem aí a confusão conceptiva a respeito do “castigo”, ou “resgate de débitos”, em sentido compulsório religioso.
O mecanismo próprio do Ser é quem promove o desenvolvimento do processo de equilíbrio particular, em outras palavras, estamos diante do exemplo citado em que o intelecto é o nosso “carrasco”, além do outro, onde dissemos ser um delito equivalente a uma “amputação” no próprio corpo. Assim, pela ordem, temos: A Expressão Inteligente é conhecedora da ordem universal na proporção do seu crescimento e cobra, de si própria, essa manutenção, logo, torna-se exigente quanto a isso, tanto mais aprimorada, for sua capacidade, daí a analogia ao “carrasco”. Por outro lado, a “ordem universal” é a mantença plena dos seus “pertences” íntegros, como a teoria aqui exposta, afirma que “seus pertences” são “um”, o deslocamento irregular de qualquer deles implica em danificar o próprio agente gerador, isso requer “conserto” para o “agente” e não para os “pertences” o que, em tese, dá no mesmo e assim se justifica, didaticamente, também a analogia da “amputação”.
Portanto, temos claramente que culpa é uma “qualidade” do Ser, uma espécie de “botão de disparo” ou “gatilho” da Alma onde, no seu acionamento, o Espírito passa a sentir o que faz negativamente, poderíamos, sem medo de errar, considerar a “culpa” a dor do “Espírito”, pois tem ela, exatamente, a mesma função da “dor” física, limitar as auto-agressões para preservar a integridade própria.
Esse é o motivo de ser impossível “sentir” culpa alheia, no entanto, é também motivo de sermos todos culpados, pelos vários eventos infelizes cometidos pela Humanidade na pessoa de qualquer um.
Quando trabalhamos o capítulo 18, Curas, foi com vistas a este conceito que o desenvolvemos. A cura, tanto quanto a culpa, são “irmãs avessas”, a primeira só se faz presente na ausência da segunda, é realmente impossível a cura do corpo com a “culpa” na alma. Veja-se que também é coerente com a proposta da forma do Espírito (cap.10), onde se tem, na sua “dor”, a sua “forma”.
“A culpa é a dor da alma”.
CAPÍTULO 20
EVOLUIR
Evolver, transformar, movimentar, mudar um estado de coisas é, enfim, a negação do estático, o dinamismo progressivo é a única característica, - ora..! Existem coisas que “regridem”; - sim..? coloque estas coisas em função do tempo e afirme novamente isso. Regredir em tempos diferenciados é progredir, pois se o tempo não volta o movimento de “voltar” é outro, logo...
A dinâmica é um processo natural no Universo material, parece, porém, ser o mesmo também no inteligente como já se afirmou; “o que impede a ação da natureza, além do nosso plano universal?” Há, de fato, algo inexplicável que impulsiona todas as coisas em uma direção definida, senão vejamos, materialmente falando, tudo que nos cerca “busca” o equilíbrio energético (condição de menor consumo), quando o encontra deveria (ao menos em tese), estabilizar, ou seja, parar, entretanto, é bem ao contrário o que ocorre, definitivamente se observa apenas um repouso, como que se preparando para nova investida, os “elementos” (figurativo, para não se entrar em “partículas, subpartículas, ondas, etc.”) se encontram e, de alguma maneira, acontecem ocasiões ou situações favoráveis e estes recombinam-se e novamente, já em outras formas e posições, acomodam-se outra vez temporariamente esperando, aparentemente, uma próxima oportunidade e assim sucessivamente indo até a vida, pouco importa o tempo necessário para estas ocorrências, o fato em si, porém, é inegável, basta ver o “filme” de trás para frente na teoria do “Big-Bang ”, tese esta, até contestada, mas no que ocorreu antes e no que estará por vir depois nunca, porém, negada no momento exato que passou a existir o Universo conhecido, dispomos até mesmo das medidas da energia residual desta super explosão (conhecida por energia de fundo).
O que nos impede..? partindo deste modo de ver, inserir a “montagem” da inteligência neste contexto? A sua criação pode perfeitamente ser resultado do processo evolutivo natural, aliás, como poderia ser de outra forma? O que nos obriga pensar que um Ser deva simplesmente surgir? E onde diminuiríamos Deus, por Este ter-se utilizado (se é que assim podemos nos expressar) de um método? Apenas por que uma “porção” de “gênios”, “emissários” diretos Dele, disseram-nos que Ele “assoprou”? Então, para fazer o Universo, Ele “suspirou”, afinal, este é maior e mais difícil! Ademais.., aquele “algo inexplicável” e as “ocasiões ou situações”, do parágrafo precedente, talvez sejam um indício Deste (vamos dizer...), Princípio Inteligente agindo. Há aqui, aspectos de conotação, “Princípio Inteligente” com “Expressão Inteligente”.
O “Princípio Inteligente” tem que, no mínimo, ser aceito, há lógica nisto..! É inegável uma orientação inicial, o acaso não tem direção, a vida ou inteligência tem, tudo se dirige até esta. Aos cépticos, peço que neguem a organização dos elementos fundamentais da matéria na direção de formação da vida biológica. Vejamos, da nuvem primordial de hidrogênio formada pela ação gravitacional, ao primeiro Sol (uma gigante azul), de sua “morte ” o surgimento da estrela secundária, o nosso Sol, rodeado pelos planetas formados da poeira e gases desta explosão, seguindo-se às combinações e recombinações dos átomos em moléculas e estas em outras moléculas mais complexas, formando os aminoácidos, em seguida, os primeiros espirais de DNA, depois os elementos unicelulares, os primeiros fungos vegetais e.., por aí, já estamos falando em “VIDA” há algum tempo. E, sequer especulamos sobre a origem do elemento formador da nuvem primordial, o hidrogênio.
A prodigalidade é tal, que aponta uma “escolha” por conveniência de onde fica o melhor lugar e hora para que os elementos já existentes do Universo sejam “vivificados”, esse é o “milagre”, podemos denominá-la de “expressão biológica vital”, “expressão”, pois se manifesta, não por conseqüência, porém, por intento, a vida surge de algum modo que não explicamos e permanece ela, verdadeiramente, explode aos olhos e se auto define, independentemente de ser explicada. Ela não pode nem deve ser simplesmente colocada para a nossa inteligência como um axioma ou um postulado, esta carece, obrigatoriamente, de um princípio, ela vem à tona porque quer, há vontade implícita nisso! Isto, sem considerar o paralelismo com a “Expressão Inteligente” que, segundo a proposta deste trabalho, é quem lhe confere o dinamismo manifesto. É tão lógica a afirmativa que, por força da vitalidade, os próprios cépticos negam a espiritualidade, negando espaço intelectivo fora da “matéria”.
É certo que vamos discutir a esse respeito..! pois eles mesmos afirmam a impossibilidade de manifestação inteligente da matéria, - ora..! Se esta mostra direção, voluntária ou não, evoluindo até “viver”! Algo, ou.., bem melhor dizendo, Alguém a conduz (ou a induziu no início) inteligentemente para este fim. Há uma seqüência de fatos já consumados garantindo isto, não sobram “brechas” para casuísmos, há, sem sombra de dúvidas, uma Inteligência que transcende, em muito, a nossa pobre “miopia”, regendo inclusive a vida.
A matéria é comprovadamente o adensamento da energia, ou seja, uma manifestação desta; esta afirmativa foi inicialmente intuitiva só depois foi comprovada cientificamente. Pois bem, a intuição lógica nos permite derivar até que a energia pode, tranqüilamente, ser o adensamento da inteligência; por que não? Notem.., quando “Maxwell ” demonstrou os cálculos que determinavam a propagação e as dimensões do campo de ação das forças elétricas e magnéticas (ondas eletromagnéticas), apoiou-se largamente nas intuições de Faraday (cujas demonstrações matemáticas foram de curto alcance, comparadas às de Maxwell). A “energia psíquica” (manifestação inteligente e, convictamente, a quinta força do Universo) age sobre a matéria, por que não? nos dias de hoje isso é aceitável (esta força existe, ainda que sem identificação), há de existir também uma dedução matemática nesta direção! E, talvez.., apenas talvez..! seja aí o lugar onde devemos procurar a única “equação geral universal” e, quem sabe..? somente “brincando” com as idéias.., chegássemos a seguinte expressão: (I=e.m.t) ou ( ) onde I= inteligência, e=energia, t=tempo, m=massa obviamente, a exemplo da física, o tempo não seria negativo e assim, ao plano das realidades, esta expressão é irreversível ou então, deve-se entender que esta (a inteligência) pode manifestar (e não voltar a ser) energia e conseqüentemente matéria, nota-se ainda, uma justificativa para o tempo extremamente longo, pois a relação entre dois exponenciais quadráticos expressam valores pequenos.
Seria esta uma tese argumentada apenas filosoficamente, uma vez que os cálculos apresentados são mera elucidação argüitiva e, sequer de longe, espero que estes demonstrem qualquer teoria. E é certo que quanto mais se pesquisa, mais se vislumbra que o Universo é decorrente, é conseqüência, é seguramente a “expressão da inteligência”. De “Quem”..? O que importa?
A grande maioria dos físicos que se atém à pesquisa do princípio do Universo, não divergem em opinar teoricamente que toda a massa universal estaria contida em um “ponto” (concebido como virtual), que seria menor do que a cabeça de um alfinete. É esta, uma teoria séria e totalmente fundamentada em conceitos científicos e atuais. Quem não conhece, ao menos superficialmente, a estrutura da matéria pensa, obviamente, que esta afirmativa é um verdadeiro absurdo ela, no entanto, não o é.
Logicamente, existem implicações de natureza divergente do ponto de vista científico, mas não fundamentalmente, em se é possível a matéria contrair-se a tal ponto. Grosseiramente falando, o núcleo caberia cem mil vezes dentro do átomo do qual é parte, isto é, de onde se encontram os prótons até a camada externa do átomo (onde estão os elétrons) existe um imenso vazio; explicando ainda melhor, temos que, se possível fosse, “apertar” todos os elétrons em direção ao núcleo do átomo encostando-os, a terra não seria maior do que uma bola de futebol e, no entanto, continuaria com a mesma massa (e peso relativo).
Ocorre que os prótons e nêutrons também se mantêm distantes entre si e, se continuássemos “apertando”, até encostá-los uns aos outros, formando uma massa de elétrons, prótons e nêutrons a nossa terra seria menor do que um pequeno grão de soja, ainda, com a mesma massa e peso relativo.
Quando se pensa que a matéria é manifestação energética, o espaço que ela ocupa é irrelevante, ou seja, esta cria o espaço que ocupa ! Nós, como confundimos o que somos com o corpo que ocupamos, não percebemos a discrepância, mas observe.., se encolhêssemos toda a massa universal ao ponto referenciado acima, o espaço ocupado por ela também “encolheria”, logicamente esta matéria teria se transformado em energia e nós sabemos que a quantidade desta seria imensa, por mais que nos esforcemos não a entendemos como contida num ponto tão diminuto, fica, porém.., fácil entendê-la “escoando” para outro lugar. Por que não para um universo inteligente? Há, indubitavelmente, um risco altíssimo de sermos produto da Genialidade de uma Inteligência..! Não provo isso! Mas... Provem-me o contrário!
Não foi possível neste capítulo uma demonstração conclusiva da nossa tese, mas.., nos anteriores também não! Será que buscamos mesmo uma prova? A lógica, com toda a certeza, supre perfeitamente as lacunas do que se expõe, é óbvia a necessidade de comprovação, porém, na falta desta, por enquanto não há, de fato, impedimentos à razão em aceitar como plenamente viável um Universo Inteligente.
Ainda assim, espera-se que tenha ficado claro, no desenvolver da dialética apresentada, que a evolução é característica da inteligência (por princípio), assim, “evoluindo” em argumentos, onde a lógica e o senso racional digam; – é possível..! Por que não..? E isso, é bem mais, do que simplesmente negar. A mente aberta é o primeiro passo na direção das comprovações.
Isso nos envia a propositura fundamental do tema desta obra: Quem somos nós? E procuramos justificativas investigando inúmeras questões maiores, já levantadas por muitos pensadores, como se vê adiante:
Por que se afirma que Jesus disse “...—vós sois deuses”? Por que os antigos “panteístas” versavam a idéia de “sermos infinitas partes inconscientes de um todo consciente”? Por que os grandes pensadores afirmam, constantemente, que “Ele está em nosso interior e não em outro lugar”? Por que, com relativa facilidade, nós “aceitamos tal idéia”? Por que os descrentes não O negam, verdadeiramente “e sim, divorciam-se Dele”? Por que ilustres inteligências perdem tempo tentando provar a não existência Dele “a nós ou.., a elas próprias”? Por que queremos “que Ele exista”? Por que não sabemos, apenas acreditamos? Por que tudo existe “se Ele não existe”? Por que “desinventaram-No e inventaram o acaso”? Por que o acaso é “melhor que Ele”? Por que pensam explicar melhor o “Universo sem Ele, do que com Ele”? Por que dizem “que há uma diferença nisso”? Porque não O provam existir, “pensam então, prová-lo não existir”? Por que “Ele e não Nós, um dia...”? Por que “Ele não seria coletivo”? Por que “pensar assim seria um erro”? Por que “evoluímos se o fim é a inexistência”? Por que a evolução “não teria objetivo”? Por que essa idéia “seria prepotência”? Por que a negação desta idéia não “seria fuga infantil da responsabilidade”? Por que o “conceito distorcido de Deus não foi criado pelo homem, na sua ignorância”? Por que propor “Deus sob outro enfoque nos tornaria ateus ou hereges”? Por que quem afirma ser “Ele da forma divulgada, estaria certo”? “Quem O viu”? Sem dúvidas, Ele poderia ser o todo do qual somos partes!!
Partes..? Sim, partes individuais, com personalidade própria, infinitas características que acrescem cada vez mais um perfil inteligente exponencial incomensurável, verdadeiramente infinito e eterno, analogamente a um maravilhoso “conjunto de luzes”, variando as infinitas cores de todos os matizes e, em todas as direções assim.., nós, pequenos “infantes” espirituais, somos extremamente limitados para aceitá-Los como “Um” indivisível “Ser” nos objetivos coordenados, de sentimentos imbuídos de infinitas vontades por opinião expressiva em uma única direção, criação e Evolução, como um fantástico conselho que se manifesta como apenas “Um”, imaginativamente a um imenso sistema neural, onde cada um dos infinitos “neurônios” tivesse sua própria e indissolúvel personalidade, as respostas, entretanto, seriam fornecidas por um “TODO” Universal, o (quem sabe...), “UNIVERSO INTELIGENTE”, Ele.., Eles.., “Nós, um dia.., retornando a Ele” ou mesmo hoje fazendo, mesmo que inconscientes, a nossa parte, por isso lá no início deste trabalho, referenciado de “A FONTE”, onde comparativamente esta vos parece uma, no entanto, jorra constantemente água diferente, porém, cada punhado “desta” vos sacia a sede e molha a vossa tez quando cansais, sendo esse, o seu objetivo como “fonte” e como “águas”, molécula a molécula! Onde, separadamente, estas têm movimento próprio e característico, respondendo ao meio em que se encontram, juntas, porém.., molham, dissolvem os sais, conduzem eletricidade, calor, produzem e respondem aos ventos, separam-se do “todo” e, chovendo de volta a ele, trazem mais vida e a mantém, abrangendo toda a terra e onde “estas faltam” todos sofrem.
Logo, quem a conhece a define como “uma” e a explica como “macro-molécula” e não infinitas moléculas, porém, uma só e separada, é também.., água! E isso significa que, quem O compreende faz parte Dele, quem não O compreende, quando muito, apenas acredita Nele..!
“Ninguém é pequeno para saber, se foi grande para perguntar, temos o tamanho do que buscamos.”
CAPÍTULO 21
CAMPOS ATUANTES
Interferem ou não em nossa existência material?
O que são os campos1 afinal..? Por que diversas vezes, algo que deveria “correr” bem, vai mal? Por que coisas que tinham tudo para “dar” errado, vão bem? Forças ocultas? Apenas superstição..! ou não..? Bem..! vamos por partes.
Postulando, mais uma vez, a existência da energia psíquica, das freqüências ondulatórias ligadas a ela e até à nossa como inteligências, é bastante plausível teorizarmos nessa trilha. Inicialmente, poderíamos sugerir uma experiência bastante simples, porém, com uma grande proposta:
Oferecer fatos e dados de cunho psicológicos sobre influências “externas”, vamos a ela:
Em duas salas preparadas como se descreve a seguir, teremos nosso sistema de observação, um dos ambientes deverá ser sombrio, de cores carregadas (preto, roxo, vinho, etc..), móveis e objetos velhos (sentido de gastos), iluminação precária, sistema de som tocando ritmos de tambores em cadências marciais ou estilos tribais, nas paredes imagens deprimentes; o outro ambiente deverá ser claro, tons de cores suaves (branco, gelo, bege, etc..), móveis e objetos de linhas leves anatomia de continuidade, combinações homogêneas, iluminação natural e artificial bem colocadas, som ambiente calmo, ritmos brandos e suaves (sem “frescuras”), nas paredes, quadros ou imagens de paisagens longas, tranqüilas, (não precisa por “santinho” sobre a mesa), as duas salas deverão dispor de várias cadeiras. Horas (quatro ou cinco) antes de iniciar o experimento liga-se a iluminação e o som se for o caso, nos dois compartimentos.
Convidam-se diversas pessoas (dar preferência às mais sensíveis, “como encontrá-las..? só com sensibilidade..!”), “mente-se descaradamente” para todas elas, alegando-se pesquisa de “perfumaria”, por exemplo, divide-se o grupo em dois e, em seguida, conduza-os aos ambientes preparados, tendo-se o cuidado de desligar o som nos dois recintos (notar-se-á que este é fator de agravamento dos sintomas), deve-se pedir a eles que não se comuniquem entre si, guardando muito silêncio, pois isto é parte da pesquisa, deixa-se que estes fiquem entre quinze e vinte minutos aguardando, depois alguém entra e diz que podem conversar.
A experiência já pode começar daí, se for possível observar cada sala sem ser notado, logo se começa notar inquietação e assuntos desagradáveis na sala “pesada” e tranqüilidade com conversa agradável na “leve”, passado o tempo (vinte minutos), libere-os e questione-os sobre o que pensam, anotando os resultados de cada grupo (informações otimistas e pessimistas), peça-lhes que retornem horas depois ou no dia seguinte e inverta os grupos trocando de salas e repita a observação nas salas e as perguntas e, só aí, conte a eles a verdade da experiência, aposto e ganho que tudo que vai escrito daqui para frente sobre os campos de atuação psíquica será inútil para quem fizer a experiência ainda assim, escrever-se-á!
A energia psíquica não deve fugir a regra das outras energias (forças), o som tem suas freqüências moduladas do grave ao agudo, do “infra-som” ao “ultra-som”, a luz do mesmo modo do infravermelho ao ultravioleta, a eletricidade (uma variação da eletromagnética) modula-se a qualquer nível de freqüência através dos transformadores e outros, a energia nuclear forte ou fraca (interna e externa ao núcleo) vibra recebendo ou emitindo ondas, partículas, etc.., ou simplesmente pulsa naturalmente uma freqüência para cada elemento (é assim que se estudam os corpos astronômicos), a gravitacional vibra intensamente próximo ao corpo (matéria), lentamente, e com grande amplitude longe deste (inversamente proporcional ao quadrado da distância).
Pergunta..! Por que não existiria a energia psíquica? Vejam, até Isaac Newton , não existia a energia gravitacional? Ele a “inventou”? ou simplesmente a entendeu, descobrindo-a? Se existe a psíquica, por que agiria diferentemente das outras? Com certeza, há de ter freqüência, intensidade e interfere no Universo tanto quanto as outras! Enquanto não encontramos outro “Newton”, vamos ver o que ela supostamente pode fazer, ainda que “doa” quando esta “suposição” age, do mesmo jeito que a gente “caía” em um abismo antes da gravitacional “existir”. É claro que não será com algumas bolas de chumbo que se deva tentar descobri-la! Ou “será”..? Tente, ela esta lá, com certeza! Toda energia transmite uma força que deve ser usada com responsabilidade, do contrário..; dói!!
A energia eletromagnética produz estragos consideráveis ao organismo se mal usada, entretanto, é provavelmente, a maior alavanca da tecnologia, a energia nuclear, do mesmo modo, destrói até a natureza degenerando tudo que atravessa (radiatividade), no entanto, será responsável pelo salto da Humanidade ao espaço no próximo século, a gravitacional nos “joga” ao chão de qualquer lugar que estejamos, em compensação, é ela quem mantém o equilíbrio universal. Devemos ser convictos de que a energia psíquica pode também produzir algum desequilíbrio quando indevidamente usada, porém, é muito provável que ela foi, e ainda é, o agente de ligação e transferência do Universo Inteligente para o Universo material, podendo ser considerada como o “emulcionante” entre os dois, sendo dipolar entre a matéria e a inteligência. Seu mecanismo deve converter a “vontade” em energia, produzindo ou interferindo com a matéria.
Teoria “louca”..? Pode ser..! Entretanto, a luz elétrica não era sequer sonho a pouco mais de um século. Avião? Nem pensar, telefonia.., laser.., e o que dizer de se ter uma casa “informatizada”? Até a própria palavra precisou ser inventada, quem imaginava o que seria fissão ou fusão nuclear; e as ligas cerâmicas que podem, literalmente, anular a força gravitacional? Com certeza, não se extrapolou nem um pouco! Nem se chegou a falar em “propulsão” psíquica! É bom parar, não..?
Com os “pés no chão”, podemos avaliar alguns efeitos desta “coisa” que estamos chamando de energia psíquica. O que possibilita a telecinésia que algumas pessoas possuem? Como elas movimentam os objetos à distância? Como se explica o efeito visual através de paredes? E a audição de pessoas que estão a muitos quilômetros de distância entre si? Há ainda, os efeitos telepáticos! Algumas pessoas que produzem efeitos luminosos! É até de mau gosto, porém, devemos comentar sobre aqueles que possuem “mau olhado”, azedam leite, matam plantas, adoecem crianças e até adultos, até os cépticos fogem deles. Não estamos diante de crendices, são fatos o que se comenta! Com certeza, estas pessoas vibram determinadas sintonias psíquicas para atuarem em cada uma dessas alternativas, a vontade, a intenção, a concentração, a “inveja”, a disposição em amparar o próximo são, muito provavelmente, uma espécie de “botão de disparo” para ativar esta “energia”.
Outra observação que se pode fazer, é que a razão bate de frente com esta manifestação. É provável que este seja o motivo pelo qual as pessoas, simplesmente desprezam esta idéia, a proposta é simples, a razão (sentido de consciente) funciona como um policiamento do comportamento humano, como este tipo de teoria sempre fez parte do excesso de misticismo e ritualismo devido sua natureza expontânea e, aparentemente aleatória, criou uma “parede” favorecendo o ceticismo, pois as pessoas fogem de se exporem ao ridículo, pois há justificativa, a culpa, porém, não é do efeito em si, mas sim, de quem os pratica transformando-o em atração circense. Entretanto, nota-se que quando distraidamente uma pessoa imagina ou age neste sentido, às vezes, produz algum desses efeitos, ainda que sutis, se, porém, aperceber-se e, intencionalmente, tentar novamente produzi-lo, tornar-se-á quase impossível consegui-lo, isto é, emocionalmente a razão relaxa a vigília e afrouxa o policiamento, o subconsciente que trabalha apenas nesta área, aflora então e pode, incidentemente, promover algum destes eventos. Quase todos têm, no mínimo, uma lembrança de um acontecimento desta natureza, é muito comum. O que ocorre, no entanto, é que acionamos a “energia psíquica” e ela produz os efeitos. Alguns a denominam impropriamente de “efeito físico”, impropriamente, porque efeito não é causa!.. e aqui se persegue a origem dessas conseqüências.
Logo, deduzimos que ela, muito provavelmente, seja acionada pelo intelecto, nós é que não sabemos como fazê-lo! Só a manifestamos acidentalmente, contínua ou momentaneamente sem entendê-la (existem os que a acionam deliberadamente, raros, mas inegáveis, ainda assim, não sabem como o fazem).
Quando falamos em energia (força), imediatamente nos reportamos aos campos, ou seja, a área de atuação, e isso implica em como age qualquer tipo de energia. Sabemos que todas elas se interligam de alguma forma, há mesmo algumas correntes doutrinárias (científicas) que admitem serem estas uma única força primordial manifestando-se de formas diferentes. De fato, podemos interferir em campos particulares de manifestação energética, com bobinas especialmente desenvolvidas, manipulamos as nucleares (internas e externas), a gravitacional anulando-a em relação a alguns metais e mesmo medindo-a por meio de cilindros de alumínio polarizados, se tem ainda a eletromagnética, aquela que o homem melhor se adaptou, por meio desta última nós medimos e produzimos ondas de rádio nas freqüências que se desejar, estudamos as estrelas, comunicamo-nos, detectamos tumores e outros males do organismo, amplificamos, modulamos e escutamos uma infinidade de sinais emitidos no espaço na busca de marcas inteligentes, procuramos minerais, fendas e outros nas subcamadas do planeta, produzimos ultra-som..; enfim, por meio do eletromagnetismo, é possível se “comunicar” com as outras formas de energia, isso abre perspectivas no que refere-se a energia psíquica, é tão viável quanto as outras a possibilidade de interferência dos campos magnéticos no meio psíquico energético, muito provavelmente, esta seja apenas uma questão tecnológica, hoje já se tem informação de instrumentos que medem a própria “aura” humana, colocando-a literalmente em vídeo.
Seria verdadeiramente hilariante observar-se em muitos ambientes alguns tipos de “embobinamentos” substituindo amuletos, “santinhos”, plantas e outros utilizados com “puro” intuito de manter os “campos” em “alta”, esquecendo-se de que nós somos os responsáveis intelectuais pela manutenção deles em harmonia.
“Saiba o que busca, senão, como encontrá-lo?”
CAPÍTULO 22
TRANSFORMAÇÕES
Degeneração ou desentendimento?
Coube ao capítulo 12, o espaço para argumentar sobre a evolução do organismo em função do intelecto, isto é, a natureza “entregou” o processo evolutivo biológico à Inteligência a partir da conquista da razão (ou podemos dizer que esta assumiu tal processo).
Hoje, um número considerável de pessoas não está preparado para assimilar os acontecimentos desencontrados da natureza contra o intelecto, tanto da parte de simples observadores passivos, por não estarem envolvidos nas ocorrências, quanto dos que sofrem sem saberem porque, as transformações biológicas e mesmo psicológicas a que estão sujeitos. Comenta-se aqui, entre outras, as aparentes anomalias concernentes a sexualidade dúbia.
Muitos espíritos (Inteligências) não possuem discernimento suficiente ainda para acompanhar os passos evolutivos a que estão submetidos e.., quando ocupam, por várias “encarnações” seguidas, organismos de um sexo, sentem violentamente a alteração, quando mudam para outro e o preparo intelectual é quem verdadeiramente decide qual será a reação que se produzirá. A forma espiritual (Cap.-10), às vezes é tão assimilada que, aparentemente contra a própria natureza, ocorrem transmutações genéticas produzindo seres com dupla função sexual, outras vezes, e nesse caso a maioria, os fatores psicológicos influem com tanto rigor que confundem a função orgânica plenamente normal e o indivíduo troca, na prática, sua posição funcional, invertendo a sexualidade natural. No entanto, toda a deformidade é quase exclusivamente social, pois o agravamento destas situações se dá por preconceito e até por “medo” da falta de segurança própria para superar o problema e imaginar-se envolvido por ele (o problema), isso é um fator provocado por uma mentalidade retrógrada do ponto de vista cultural, pois é comum notar pessoas vangloriando-se de sua sexualidade, como se fosse esta uma conquista própria esquecendo-se que quem provê tal circunstância é a natureza e não o indivíduo, esta função, na verdade, sequer faz parte de seu ser, é sim, apenas e tão somente, uma garantia natural da preservação da espécie (até ser atingido outro meio quando sabiamente a natureza deixará de suprir) que por traduzir intencionalmente prazer ao intelecto, passou a assumir papel preponderante no relacionamento particularmente humano, chegando até a ser confundido e mesmo, equivocadamente designado por “amor” o que, obviamente, nada tem com este: “Amor” é uma virtude, sexo uma função.
A Inteligência é “forjada” em um sistema evolutivo cumulativo, é um agregado “elemental” fragmentário que se insurge do Universo material em forma de um “embrião” inteligente, absorve as experiências e “cresce” irreversivelmente (no sentido subjetivo), independe da reprodução, pois cada um é “original” de si próprio, vem à tona de uma vontade primordial já estabelecida nas próprias Leis Universais. É o Universo “explodindo” em vida!
Logicamente, aceitando o fato de que a Inteligência assume as funções primariamente cabíveis à natureza e entendendo-se que esta última age lentamente em relação ao intelecto, há de ser ponto pacífico que os eventuais “tropeços” são decorrentes desse descompasso, nada há de errado no que se vê ou se vive, os dramas e contratempos são provocados apenas por falta de compreensão e pragmatismo dos hábitos (do ponto de vista filosófico). Não existe aqui, a aprovação das ocorrências, entretanto, não se imputa culpa a ninguém, pois “culpa” é o que “vestimos”, ela “calça” apenas em quem cabe e este fato ocorre involuntariamente, ainda que muitas das vezes conscientemente. Há aqui apenas a proposta de que os envolvidos sofrem a discrepância óbvia entre a predisposição já em movimento a “nível coletivo” da razão dispensando o processo reprodutivo biológico e a manifestação primária da natureza na vã tentativa de perpetuar a sexualidade como meio de preservação da espécie através do prazer incontido; ora..! a Inteligência (Ser) é assexuada não necessita reproduzir-se, evolutivamente transmite ao organismo esta característica que, inexoravelmente, chegará a este estágio. Ainda que possa esta idéia assustar muita gente, está comprovado cientificamente que já há algum tempo vem ocorrendo modificação das características masculinas (em genética se diz que o Y do gen está se reduzindo), isso não significa ser “menos homem”, todavia, mais apurado, sensível e, em verdade, melhor se considerado o ponto de vista de um conceito de “brutalidade” agregado à figura masculina tradicional.
O Espírito (Inteligência) não reproduz, quem o faz é o organismo que apenas habitamos e, em o fazendo, “monta” um outro “organismo” que se permite ser “habitado” por outro Ser (Espírito).
Assim, temos que a sexualidade é, exclusivamente orgânica, os distúrbios psicológicos relativos a ela não passam de sintomas refletidos, isto é, um organismo feminino, por exemplo, induz sensações do tipo “receptivas” ao Espírito que, por sua vez, as assimila durante uma ou mais vidas desse modo e se, ao volver à matéria e, por razões evolutivas, num organismo masculino sem o devido entendimento de sua condição apenas por despreparo acaba, por vezes, não se adaptando à sua nova forma existencial insistindo em manter sua anterior característica, manifestando sexualmente seu modus vivendi pois, que melhor meio haveria para que esta inteligência expressasse seu Ser? Uma vez que, por longo período, existiu no corpo de mulher!
Sabendo-se que sexualidade é função exclusivamente reprodutiva orgânica esta, obrigatoriamente, tende ao fim. Sem dúvidas, pois a capacidade tecnológica atual já reproduz, “in vitro”, qualquer tipo de ser vivo, já deixou de ser manchete jornalística a clonagem celular tendo, inclusive, sido bloqueadas as técnicas, por força de lei (como se esta pudesse conter a evolução), que tivessem como objetivo a reprodução humana por este processo. Mas.., entenda-se! Permita-se que a razão, fundamentada nas informações já disponíveis, dê mais um passo e se perceberá que nem mesmo seria necessária a clonagem, pois o avanço da cibernética chegará com certeza a permitir que seja possível um organismo misto, com órgãos desenvolvidos em laboratórios e peças, simplesmente fabricadas pelo homem. De modo algum isso é mentalidade visionária, todos os indicadores levam a esta realidade, mesmo um cego (que não o seria, caso já estivesse pronto, pelo menos um, dos infinitos projetos de olhos biônicos) vê. É próprio da natureza o atrofiamento de funções e órgãos que foram supridos por meios mais eficientes. Por que o preconceito..? o espírito é quem irá prevalecer e este será íntegro de seu próprio Ser.
Resta reclamar..; e o prazer? Este, o Espírito é quem virá supri-lo, talvez.., pelo prazer de amar “de verdade”!
O maior risco que a humanidade corre é o de não assimilar seu próprio desempenho permitindo que uma mentalidade ofuscada pela apatia venha a atrasar o inevitável. Por um lado, tem-se quem se escandaliza por pura exteriorização e, por outro, quem se entrega às mais desvairadas práticas sexuais irracionais, apenas porque se sentem livres dos preconceitos. Notem, os problemas são apenas evolutivos, todas as atitudes, tanto as de escandalizar-se quanto as de praticar-se, são pertinentes a capacidade de cada indivíduo em absorver seu estágio evolutivo. Considerar a sexualidade pecaminosa é tão ridículo quanto usá-la abusivamente, o celibato e a libertinagem oferecem a mesma contrariedade à natureza, são “linhas” de sentidos contrários entre si, porém, paralelas ao que é natural não indo nunca de encontro à normalidade.
Cabem aqui, inúmeras indagações há, no entanto, uma que com certeza irá predominar, até por indignação de muitos que se “imaginam” religiosos. Por que nas “escrituras” sempre se lê que os “Iluminados” são celibatários ? Bem,.. inicialmente falamos apenas de escrituras e, consideradas “sagradas” ou não, são produzidas pelo homem, secundariamente é também bastante óbvio que, uma vez que estas mesmas “escrituras” afirmam serem estes Seres a que se referem “Iluminados”, então teríamos em tese, o exemplo típico de uma “Inteligência” evoluída e que, mesmo “habitando” um corpo, este não mais tem necessidades pertinentes ao nosso estágio evolutivo. Mas isso porém, não quer dizer que, se nós, simples humanos ainda, não praticarmos a sexualidade normal, seremos imediatamente, iguais a “Eles”. Não pode haver confusão.., “Eles” não ofereceram um exemplo..! apenas e tão somente, não necessitam mais desta prática e a dispensam. É o mesmo que fazemos com os hábitos dos nossos ancestrais remotos, não os levamos em consideração, apenas não os praticamos, pois não condizem mais conosco, porém.., se um primata deixasse de se “pintar”, por exemplo, ainda assim, seria um primata por uma questão evolutiva e pior, estaria em contradição com seu tempo e semelhantes o que seria antinatural, obviamente!
Existe ainda uma realidade prática que não pode e sequer de longe deve ser esquecida, as conquistas médicas são coisas destes últimos tempos (em verdade há poucos anos depois do evento da penicilina). Levando-se em conta que o trabalho escravo e mesmo pago a preço vil antes desse período e que a ausência de “braços” era onerosa aos poderosos, a melhor forma de controlar as doenças sexualmente transmissíveis seria através do controle da promiscuidade. E quem melhor do que as religiões para arregimentar adeptos desse costume que era sadio para o povo e lucrativo para os dominantes? Assim, o celibato tem uma origem mesquinha e, de forma alguma, nobre. Ademais, se sexo fosse deturpação a natureza teria outro meio de reprodução que, por fim, seria também proibido. Além do que, se sexo fosse praticado a seis metros de distância apenas pelo pensamento, o clero teria “arranjado”, também aí, um impedimento qualquer, sem dúvidas..!
A natureza não age assexuadamente desde as plantas até os seres humanos, há um propósito de aperfeiçoamento na conjunção de dois seres para a “produção” de um terceiro, a defesa religiosa é que sexo deve ter a finalidade exclusiva da reprodução, como nas espécies irracionais e abaixo. Contudo, essa é a discrepância da tese religiosa! O Ser Humano é racional, portanto, tem lógica para agir, o ato sexual sem prazer implicaria em pura reprodução e isso significa dor, sofrimento e responsabilidade, por que então, este se reproduziria?.. É claro que quando pensa, o “homem” evita o que o incomoda logo, a raça humana já estaria extinta a milhares de anos, soma-se isso à tendência de autodestruição humana e veremos que a natureza foi sábia ao instituir o prazer sexual a ponto de evitar que o casal “pense” no que faz, dessa forma, se preservou a espécie!!
Por outro lado, o casal responsável deve ser motivado para preservar um ato consentido sabendo que o novo ser é fruto de um amor que imita criação, daí, ao fato de que existe o “efeito colateral” é irrelevante, já que este é numericamente insignificante se comparado ao propósito da natureza. Afinal, seja qual for o usufruto sexual, cabe a cada um o quinhão da responsabilidade. Haverá tempo no qual sexo será outro “apêndice”.
Todavia, por ora devemos ter em mente que prazer sem prejuízo é sadio e recomendável, dos abusos podemos afirmar que quem ingere excesso de açúcar, via de regra, torna-se um diabético, quem rouba melado é ladrão, quem mata por mel é assassino e quem come doce estragado fica doente. O bom senso é a ferramenta do sábio!
A nossa “jornada” evolutiva está atravessando limites que sempre estiveram a nossa disposição para transpô-los, nós não nos dispusemos a isto, assim chegamos a um (chamaremos de) nó, onde a tecnologia, a filosofia, a sensibilidade, a natureza e enfim o “Espírito” se confundem, buscando cada qual a sua definição em nosso intelecto, ocupando o lugar devido e tamanho proporcional ao nosso próprio “Ser”, viabilizando deste modo, a “abertura” de uma nova etapa evolucional onde,.. como já afirmamos, os valores terão outras medidas.
Não precisamos “empurrar” os eventos, também não nos será possível pará-los, verdadeiramente, encontramo-nos em um “funil” e, fatalmente, vamos a uma única direção, irreversivelmente progressiva, e a “saída” é para outro avanço evolutivo, tanto espiritual, quanto orgânico ou material.
A sexualidade já foi singela função, atualmente, além de função é conceito contaminado por preconceito, futuramente será apenas lembrança!
“Saber esperar pode ser uma virtude, mas.., na maioria das vezes, é indolência!”
CAPÍTULO 23
CONSEQÜÊNCIAS
Nós as somos ou as provocamos?
O próprio Universo é conseqüência, obviamente, a lógica nos permite aceitar uma “Causa Primária”, originária de um princípio que, inegavelmente tem indício de inteligência e, dedutivamente, é “maior” do que aquilo que principiou. A verdade, é que não temos nenhuma possibilidade de raciocinar senão seqüencialmente, é esta característica que nos dificulta entender sobre o que seria antes do grande “boom”, pois sempre organizamos os pensamentos alinhadamente, um após o outro, esta cadeia nos dois sentidos do entendimento mantém-nos “aprisionados” a este modo de ver. Analise; nós precisamos “do que veio antes”, pois não admitimos que “o antes” pode “ser agora” ou que “o agora” seja “o amanhã”, nós alinhamos as idéias cronologicamente. A física, no entanto, indica, nitidamente, a possibilidade do Universo “acontecer” ininterruptamente do princípio ao fim em infinitos planos existenciais, a existência não seria mais do que uma função, uma imagem, que matematicamente é representada por uma “grade”, como se desenhada fosse, uma malha e, se forçada, romperia dando passagem a dimensões diferentes, assim ter-se-ia uma visão de continuidade “fluída”, uma espécie de ligação “oceânica” convenientemente ordenada em cinco oceanos sendo, porém, um único e, com variações de conteúdo, qualquer “água” que pegássemos seria a mesma sem começo nem fim e, se atravessássemos sem instrumentação, do pacífico ao atlântico de modo algum saberíamos que o fizemos. A nossa forma de pensar exige parâmetros, pois sem eles a mente desorienta-se, não se trata de falha, aparenta muito mais uma peculiaridade das inteligências, pelo menos no estágio evolutivo atual.
Vejam bem, como já dissemos, não pensamos exponencialmente (Cap.16), ou seja, em planos ou “espacialmente”, não se tem sequer dois pensamentos simultâneos, há sempre uma seqüência que pode ser extremamente veloz, não ocorre, porém, concomitância. Recebemos infinitas informações a um só tempo, tautócronas, alinhamos todas, consciente ou inconscientemente e apenas dispomos delas dessa forma, a mente age analogamente a um canal permitindo a passagem de informações em linha contínua e ininterrupta assim, assimilam-se os pensamentos compilam-se e disponibilizam-se em estruturas montadas, essas serão então, o alinhamento das próximas arquiteturas mentais para uso imediato ou memória. O cérebro, entretanto, produz infinitas funções simultâneas sem o conhecimento do consciente, trata-se da coordenação da inteligência orgânica estimulada pela ligação do “Ser” provendo assim, a animação necessária para a manifestação da “Expressão Inteligente” (onde seguramente, pode-se falar em “simbiose”, Inteligência especializada, primordial e sistêmica associada a Inteligência individualizada), o que não deveria surpreender de forma alguma, pois hoje já se dispõe até mesmo de inteligência “sintética”.
Estas observações são o que autorizam a propositura de um “Ser” infinito, onde cada indivíduo “alinhado” agregado por “comunhão” (sentido de idéias) a outras individualidades, também “alinhadas” em ilimitadas direções “O” fazem exponencial e assim “O” assimilamos como causa e conseqüência concomitantemente, esta “aproximação” pode ser grosseira, porém, deste modo até a matemática o define (Cap.32).
Analisem..! Uma reta, um plano, o espaço são entidades axiomáticas não as explicamos racionalmente, entretanto, aceitamo-las e elas existem assim, para defini-las impomos seções, isto é, as limitamos em princípio e fim de um seguimento qualquer. Aceitamos, no entanto, que isto seja convencional para que possamos trabalhar com estes “conceitos”, eles guardam todas as propriedades do todo, isto é, cada trecho definido destas entidades possui a identidade do maior. Nós não sabemos, porém, analogamente nos relacionamos com “trechos” definidos “Dele” em cada um de nós.
Assim, podemos aceitá-Lo ou então, nem nós mesmos existimos, pois não temos a menor noção do que somos em essência quando, entretanto, nos permitimos especular nesse sentido chegamos as mesmas conclusões, para nós e para “Ele”. Em princípio, em existencialismo, em manifestações, tanto que “O” fizemos à nossa “imagem e semelhança”, sendo que a única diferença verdadeira é a evolução e a capacidade compatível apenas com infinitas Inteligências agregadas em todos os “sentidos”.
A cada ato corresponde uma ou mais conseqüências, é esse o elo que nos envia ao princípio das coisas, ocorre que ao chegarmos ao hipotético início, notamos que algo o tornou conseqüente logo, este “princípio” não existe, então, assustados percebemos quão “limitados” somos, sem pontos demarcatórios não damos um único passo, falta-nos referência e aí notamos a importância da Lei da Relatividade, ao referirmos um tempo e local já o fazemos em outros, o mesmo ocorre com a mente..! Elimine os limites conscientemente (pois inconscientemente, com certeza, já não os temos) e seguramente estaremos de frente com a relatividade intelectual, notaremos (mais facilmente que na matéria) que as referências neste plano também são móveis, para uma “ameba” eu sou “deus”, para “Deus” eu sou uma “ameba”, entretanto, tudo é um ou um é tudo, isto é confuso apenas superficialmente, quando se assimila que o Universo é o “Viveiro” de si próprio, as “conseqüências” atuais são as causas das próximas conseqüências e, com isso, é possível satisfazer a idéia de eterno e infinito. Loucura..? Não..! Apenas uma, entre infinitas explicações, muito menos traumática do que se afirmar que não há explicações e que “deus” guarda segredos.
Cada ato nosso é responsável por infinitas conseqüências, responsabilizamo-nos, diretamente, apenas pelos quais estamos conscientes e, indiretamente por todos, a soma dos atos de todos os indivíduos formam, sem dúvidas, um outro “universo” de acontecimentos interferindo no Universo comum, quando se observa o conjunto circunstancial, nota-se claramente que o fim de uma ação é sempre o princípio de outra, é esta uma torrente contínua de ocorrências, gerando um contexto global sem começo ou fim e porque não entendemos a macro/sucessão a definimos por “Caos”. Entenda-se que todas as ponderações acima levam em consideração a povoação integral dos “Universos” (material e espiritual), só assim há um objetivo e ainda que “infinitamente” pequena, nós somos a “prova viva” disto, pelo menos a única ao nosso alcance.
Cada elemento, Ser ou partícula é uma resposta às circunstâncias que a produziram, a verdade é que o Universo é uma “resposta” a uma vontade ou a uma “circunstância aleatória”, a segunda hipótese dispensa considerações, entretanto, o primeiro caso condiz com o objetivo racional, isto é, a evolução para a vida inteligente ou Espírito, o aparente processo randômico é apenas superficial, o que existe, de fato, é a ordem e uma seqüência lógica de acontecimentos, culminando na Inteligência, e não há uma única partícula que se perca, a ciência esta em vias de demonstrar, matematicamente, que existe uma “mão” gravitacional incomensurável que tudo segura e, somando a massa escura do Universo até a pouco desconhecida visualmente (cálculos a determinavam), veremos que mesmo um singular neutrino não escapa a sua ação e o “Imenso Pulmão” voltará a inspirar até seu último elemento e, novamente, expirará em um fôlego renovado o Universo e, com certeza, as Inteligências produzidas e já “maduras” assistirão este grandioso espetáculo, participando ativamente desta nova “causa primária” e, muito provavelmente, compadecer-se-ão das novas Inteligências que, por sua vez, não terão explicações para sua existência e seu novo “deus”, movimentar-se-ão, portanto, as primeiras, interessadas em apontar-lhes os “novos mesmos caminhos” para o conhecimento, tanto quanto o fazem hoje as que nos precederam, neste e num outro “Universo”. Entendamos..! se um de nós, em nome da ecologia, resolver “adotar” uma colônia de “pulgas”, será “Ele” agindo nesta direção, preservando a vida e a natureza, sua (nossa) essência!
Estes Seres (nós) são, em substância, o grande “Ser” agindo em todas as direções e em todos os tempos, nos vários degraus evolutivos. Já “ouvi”..! Não se “exaspere”! E o primeiro..? o mais Velho? Bem..! devo declinar..; creio que você, caro Leitor, não tenha-O encontrado, porém, pelo menos concorde que “Ele” seja um de Nós “Inteligências”, não se espante! Blasfêmia é apenas preconceito, entretanto, como falamos em Axioma e “primeiro” é linha demarcatória de trecho, talvez o estejamos fazendo de “segmento” como uma semi-reta, esclareça-me! Onde começa e onde termina uma reta completa? Mas.., reta é um conceito..! E “Ele” na terceira pessoa, o que é..? Reta não existe, porque é um conceito..? Vamos além, determine o início de uma circunferência!
Não temos noções de eternidade ou infinito, no entanto, elas são identidades matemáticas, devemos considerar que esta aproximação seja ao menos plausível e, se anteriormente “O” haviam feito a “nossa imagem e semelhança”, desta feita nos destituímos, em prol “Dele”, das nossas “imagens” pois, como já afirmado, nossa forma é o que sentimos e o que manifestamos, apenas.
O fato mais contundente é que “Deus não existe” apenas por uma questão científica, sim! A singularidade também não existia até ser descoberta matematicamente, a eletricidade não existia; a gravidade; os micróbios; a genética e infinitos outros entes que hoje são presentes na nossa vida. Vamos esperar algum técnico encontrar Deus numa proveta ou um astrofísico “vê-lo” no telescópio, talvez um matemático calcular sua função e sua integral (creio ser a imprópria) e afirmar que lhe somos a imagem num plano cartesiano infinito e então, ficará patente que Ele é a causa permanente e originária de todas as conseqüências.
“O Corpo é o meu endereço no Universo.”
CAPÍTULO 24
SEGUNDA AUTOCRÍTICA
O senso racional transparece quando aprendemos a distinguir o que de fato somos do que nos imaginamos capaz. Portar uma virtude, nem sempre; ou na verdade, quase nunca, significa que esta faça parte do Ser, esta é plenamente adaptável por empréstimo e usá-la não implica em sê-lo. É até um bom começo, porém, é só! O erro ainda é uma constante em nossas vidas.
A miséria do Espírito não vem necessariamente nos erros que se comete, a criança os comete e mal algum há nisso, a deformação da índole está em não admiti-los ou, bem mais grave, assimilá-los e “maquiá-los”, a hipocrisia é quem dispõe dos “cosméticos” necessários para tanto.
Devemos de início considerar até onde discernimos a definição de “autocrítica”, examinar o conceito fundamental de existência correspondente a cada pretensa virtude ou, além de provável, a cada falha de caráter impregnada ao nosso Ser, mais que tudo isso, buscar coragem de fazê-lo e entender que somos vítimas de nós próprios. Realmente é essa a parte difícil.
Convenhamos, está em nós ou na constante necessidade do relacionamento, a conduta coerente com a civilidade? Sim.., porque o simples relacionamento social é apenas e tão somente o indutor evolutivo assim, produz efeitos antes mesmo de que venhamos dispor da almejada virtude pressuposta.
O que é isso..? –Mais ou menos, o seguinte:
Honestamente, de onde vem a “honestidade”? façamos uma análise fria e “honesta” de fato!
Do Ser, pois faz parte integrante dele? É a sua “forma” ao se apresentar? Reflete virtude própria plenamente amoldada à sua manifestação? Ou seja, honestidade por plenitude do Espírito?
Não seria talvez, uma condição de sobrevivência? Uma aparente demonstração de confiabilidade? O que, em tese, possibilitaria uma troca razoável de interesses comuns? Uma adaptação, aliás, adaptar-se é a mais humana dentre as virtudes! Se assim pudermos considerá-la!
Noutros casos não seria até temor à legislação que limita a parâmetros estreitos as regras da posse e do direito?
Ou ainda mais grave, não seria um sentimento de represália mística por parte de um poder transcendental criado religiosamente? “Sou honesto porque creio em Deus”! Quando deveria sê-lo simplesmente por natureza própria e sequer consciência disso teria!
Eis aí a sutil diferença de ser ou praticar! Nós praticamos a honestidade por necessidade, obrigação e até por interesses vários. Agora.., sinceramente! Somos honestos? Perdoem-me, porém, os que afirmam que sim, são desonestos e hipócritas!
Esse é o motivo da referência à coragem.
Se esta virtude é parte do Ser ela se manifesta por existência do próprio Ser, este “olha honestamente, fala honestamente, respira honestamente e, honestamente não ”sabe” que assim o é. É da sua natureza!
Ora..! Comenta-se apenas sobre uma premissa evolutiva e já tropeçamos na dura realidade do que somos.
Que responder então, sobre amor, ódio, vaidade, piedade e,.. talvez, seja melhor parar!
Facílimo é demonstrar; a honestidade é conveniente, isso dispensa discussão então, em maior ou menor grau, a praticamos e, por vezes, dizemos: “... – É difícil ser honesto!”, no entanto, se por qualquer motivo, nos contrariamos por algo ou alguém, sentimos, sem medo de errar, imediatamente um prazer mórbido em odiar, mesmo que apenas em pensamento. “Prazer” sim! nós apenas manifestamos aquilo que “agrada” os nossos sentidos ou o que nos obrigamos. É inegável que a “virtude” do ódio é parte do nosso Ser!
Aqui não se propõe nenhum apelo, somente reflexões, a nossa idade exige ponderações a respeito, os nossos brinquedos tecnológicos já não satisfazem plenamente ao espírito.
Perguntas cada vez mais complexas se nos apresentam cotidianamente, respostas cada vez mais vagas se nos oferecem constantemente, mesmo o óbvio já se nos oculta. Escapa-nos os limites das próprias evidências, é fácil notar, num crime vulgar, aonde vem a culpa? Na infeliz pessoa que serviu de instrumento? Nos pais? Ou talvez, nos pais dos pais? Na sociedade que subtrai de muitos para satisfazer poucos? No ilicitante que se desenvolveu como fera numa selva pseudocivilizada? No juiz que o condena, sem ao menos ler o processo, pois preocupava-se com um encontro social interessante? Ora..! por isso, somos todos culpados!
Em circunstâncias extremas, já ficou demonstrado que mentes privilegiadas e cidadãos de moral apurada, devotos mesmo (sem sarcasmo), disputavam pedaços de carne, literalmente a dentadas (a história nos informa disso), prevalecendo a mais remota lei natural, “a do mais forte” ficando assustadoramente óbvio, ser a preservação da vida orgânica primordial quando em relação a nobreza da alma. A força do “espelho” material sobrepuja largamente a realidade do espírito, isto é, a imagem toma o lugar do Ser invariavelmente. Insira no texto aqui exposto a honestidade e depois conteste a tese! Ficamos no aguardo.
A conduta virtuosa não deve refletir temor a represálias ou fuga de inconvenientes de qualquer espécie, ao contrário, há de exprimir exatamente à forma de ser (do Ser) de quem a porta, em verdade, de quem o é. Como o erro nos representa hoje sem que nos demos conta disso, é essa a nossa “forma” de ser, é certo que isso será transformado na experiência adquirida ou ainda, na nossa “forma” de ser futura, o “Ser” que seremos.
Devemos por esse motivo, entender que até mesmo a vaidade que manifestamos por pressupostas virtudes, é infundada, pois que reverenciamos pretensos atributos, porém, quando dispusermos verdadeiramente de alguns deles desnecessário será envaidecer-se, mesmo porque, já se teria ultrapassado tal futilidade.
Os predicados do Espírito acabam por sê-lo, portanto, quando nos referimos aos elementais, substantivamos em sujeitos os vários componentes que se somam personificando uma Vontade primordial em indivíduo, metamorfoseando-se continuamente (cap.1), colimando enfim, com a harmonia universal que, como na física, converge a um único fim, ser produtivo.
Com certeza um número impressionante de “moralistas e religiosos convictos” contestam veementemente este capítulo, mas.., vejamos certas ações comuns desses “virtuosos”: —Quando pretendem uma vantagem econômica qualquer ou um passo além no seu modo de vida, coisas que são efêmeras na visão espiritual da existência, não é ato comum recorrerem às promessas “pra tudo que é santo”? ora..! não estarão eles praticando uma espécie de “barganha” com Deus ou com qualquer de seus “prepostos”? não buscam vantagem oferecendo algo que, para quem é “santo”, seria inútil? ou muito pior, não oferecem fazer alguma “bondade” que seria, em tese, útil para si próprios? Sejamos honestos de verdade, negociar com Deus é honesto?? “Burrice”, sem dúvidas é! se alguém cria a própria existência, do que precisaria? ...Dar risadas???
Vão dizer; “—mas eu pedi para o meu filho...”, talvez dirão; “—por quem eu pedi sequer era ligado a minha pessoa...”, ainda assim “barganharam” e, quase sempre, por mesquinharias do cotidiano.
Reconhecer a escassez das virtudes é somente uma questão de inteligência, pois ao encontrarmos algumas sem analisá-las, devemos notar a falta também da “inteligência”.
Não há espaço para paixões ao se constatar tal fato, a evolução do Ser é conseqüência natural, simples decorrência do seu aprendizado.
“Ser correto vai muito além de estar ‘correto’; ‘estar’, pode ser acidente.”
CAPÍTULO 25
VALORES
As circunstâncias e as finalidades os definem.
Do ponto de vista material, as necessidades imediatas, via de regra, suplantam os conceitos espirituais, logo, a mente habituada a suprir as possíveis deficiências pela ordem de prioridades, segue, basicamente, o instinto e este, sendo o resultado da rotina praticada pelo intelecto, assume postura automática no julgamento e avaliação dos elementos apropriáveis que nos envolvem. Isso seria informação suficiente para já compreender que a idade evolutiva é fator primordial desta escolha ou definição, materialmente falando, percebe-se, prontamente, a escala diferencial dos valores prementes e os desejáveis na seqüência progressiva das civilizações, quando referimo-nos a uma sociedade primitiva, os bens do indivíduo são definidos e limitados pelo simples alcance físico, pedras singulares, adornos, objetos rudimentares, amuletos com poderes fantasiosos, elementos defensivos utilizados como armas. Seus bens conceituais ainda não são reconhecidos, se bem que alguns lhes fazem parte inconscientemente, agrupamento familiar (mescla de afeição e estabilidade), tribo (coletividade social, garantia de sobrevivência), conhecimento de algum “truque astuto” que o faz sentir-se superior ao próximo (orgulho, vaidade), é a necessidade primária da existência quem vem determinando suas posses e, com isso, ensinando-o a avaliar tudo que o cerca.
O processo evolutivo produz o refinamento destas avaliações, o que só se ponderava pelo toque puro e simples das coisas físicas, passa a tomar forma em conceitos complexos de direitos, expectativas, cultura, informação.
Virtudes e sentimentos, que eram mesmo desconhecidos, hoje são ainda que pouco ou nada praticados, já ordenados e qualificados como bens ou propriedades do “Espírito” e não do “homem” singularmente agregado a uma espécie de “material”, o alcance passou a se projetar, o “toque” é plenamente subjetivo, sabe-se simplesmente, que se têm ou não determinados elementos entendidos como “virtuais” e virtuosos, portanto, as civilizações modernas reconhecem no “Direito”, a propriedade patrimonial relativa ao Espírito Humano, acatando plenamente a moral individual, como plêiade de virtudes que definem o cidadão perante uma sociedade.
A questão é: –Se a Humanidade evoluiu a ponto de reconhecer o patrimônio do Espírito, o indivíduo em si, teria acompanhado? Ocorre nesta observação, o que podemos denominar de fase ambivalente, o indivíduo, tanto quanto a civilização, “cresceu”, entretanto, o primeiro, ainda que consciente, pode ficar à margem, não estando à altura da segunda. Acontece que a sociedade é mais uma “resposta” aos seus expoentes do que, simplesmente, um aglomerado, resultante do número de “indivíduos”, conhecemos as civilizações através de suas características gerais e seus principais alicerces de equilíbrio dinâmico, sendo que tais elementos são produzidos por “cidadãos” que são os referidos “expoentes”, no sentido cultural, moral e mesmo material e, de fato, eles são bem poucos em relação ao número de “indivíduos” que formam a sociedade. Sabendo-se, portanto, que todo “cidadão” é um “indivíduo” mas, não necessariamente, todo indivíduo vem ser um “cidadão” quando o enfoque é a sociedade.
O “sujeito” se isolado, não vem a ser, necessariamente um expoente, cumpre ou não as determinações da coletividade, premia-se ou arca com as responsabilidades do seu ato, porém, é quase totalmente informado das diretrizes que regem sua conduta, a tal ponto que as próprias sociedades cercam com regras especiais os que são debilitados destas noções, crianças, deficientes mentais e outros equivalentes (incapazes), nem poderia deixar de ser assim, ou não estaríamos falando de “Sociedades Evoluídas”.
Sendo, contudo, o Espírito o foco principal deste ensaio, principalmente sob o foco do evolucionismo universal, não nos cabe determo-nos com as abrangências materiais, apesar destas serem significativas para o princípio do propósito, como foi exposto.
O conceito de valor se auto define, sempre corresponde a designação do que se relaciona por dimensionamento físico ou subjetivo logo, gera mensura em sentido genérico, isto é, comporta uma “medida” e é, amplamente, entendido por apreçamento de algo (definir preço), idéia muito restrita quando comparada a pretensão morfológica.
Quando se busca a avaliação material de qualquer entidade, entendemos por “dimensionamento físico”, sempre haveremos de encontrar parâmetros que estabeleçam relacionamento, definitivamente teremos a certeza da existência de alguém que reuna condições de apropriar-se do que se avalia, pois onde é possível delimitar, também é viável alcançar, ainda que ficticiamente. Não é o que ocorre quando se pensa em avaliação imaterial o que se assimila por “dimensionamento subjetivo”, estaremos então, diante de entidades adimensionais, não há como determinar demarcação, peso, volume, idade, direção, enfim, não admite relação com nada do universo dimensional, adjetivado por excesso de rigor como entidade abstrata, sim..! Por “excesso de rigor”, pois abstrato concerne exclusivamente ao pensamento em si, totalmente separado da realidade e isso apenas cabe a algo irreal (ao menos no universo material), no entanto, nos referimos a valores muito reais e que influenciam diretamente no nosso Universo, poderíamos, errando menos, até considerá-los concretos, não seria uma colocação adequada, entretanto, plenamente aceitável.
Essas ponderações foram os limites racionais no capítulo (09-Fronteiras), proibindo expressar idéias e comentários do mundo espiritual, pois, sem parâmetros, qualquer observação é mera especulação, não é esse o objetivo pretendido neste arrazoado.
Entretanto, se considerarmos os elementos que nos cerceiam, avaliando bens que extrapolam nosso pequeno “mundo”, havemos de concordar que um plano além do nosso é totalmente previsível e viável, é óbvio que carregamos intimamente esta convicção, o comportamento humano é extremamente rebelde para progredir se consciente de um fim estipulado, haveria sem dúvidas a extinção definitiva de todo ser vivo, não apenas na terra, como em todos os locais prováveis de sustentarem vida no Universo, o reino animal irracional é prova cabal de tal proposta, de fato, a natureza supre as descomunais ações predatórias promovendo a reprodução em números altíssimos (desprezando aqui, a extinção provocada pelo homem), isso ocorre por simples irracionalidade, apenas importa o “agora”, é só o que conta, o ser humano despreparado age semelhantemente, porém; o simples fato de existirem os preparados, já garante a premissa evolutiva, inegavelmente e assim, consequentemente a transcendência do nosso Ser vem evidente a quem “vê”.
Escandalosamente se nota a menção apenas circunstancial das propriedades do espírito (as virtudes), os “valores” que apropriadamente serviram de título à este capítulo, não são relacionados, comentados, nem mesmo exemplificados. Para quê..? somos miseravelmente providos deles..! além do que, este trabalho não pretende ser um “evangelho”.
Todos os pseudomoralistas os declinam à exaustão completa e, ainda assim, continuam “pseudos”, pois os moralistas verdadeiros não os “declinam”, vivem e morrem por eles. O intuito nestas pautas é o mesmo da proposta do título, “avaliar” o alcance deste conceito do ponto de vista do continuísmo, sensibilizar a razão e o bom senso pela ótica espiritualista e, de modo algum, induzir moralidade, simplesmente por não ser esta, uma obra a altura de tão nobre tarefa.
A idéia de valores nos reporta ao “capítulo 10”, onde está afirmado que a “forma” do espírito é o que ele sente e manifesta, nos faz pensar em escalas, mesmo que não se disponha de parâmetros materiais para tal finalidade, ordinariamente nos referimos aos “bens” do Espírito (virtudes), qualificando-os como inestimáveis (valor além do alcance), esta é uma referência estritamente material, não há meios de se apropriar deles, apenas é possível conquistá-los e isso, só o interessado consegue.
Ao Espírito não cabe o uso da “maquiagem”, seu Ser é o que verdadeiramente mostra! Ora..! Existem os que nos enganam! Sim..! Mas o engano é exclusivamente dos que não vêem, o discurso é sempre a parte fácil, o exemplo é quase impossível, a não ser que este não faça discurso, estaremos então, diante de quem realmente é o que mostra, bom ou mau.
As entidades morais e amorais não coabitam, isto é inconcebível, porém, se faz uso constante de uma “ferramenta” que sobrepõe sobre um “fundo” pantanoso, a imagem de um “lago” virtuoso, sua denominação é “hipocrisia”, todas as religiões a conhece profundamente, seus “profetas” de plantão são mestres em seu manuseio, havendo sempre infinitos desavisados que mergulham maravilhados nas suas águas, isso porque buscam já e por graça (não gratuitamente) o que deveriam lutar para conquistar, seu próprio “Ser”, seu propósito de existência, o conhecimento e a sabedoria, virtudes que não lhes “roubam” e que justificam seu lugar e “valor” no Universo.
As informações tidas como “proféticas”, fundamentalmente, apoiam-se no perfil psicológico dos povos, notadamente se observa a preparação por longos períodos que antecedem sua proposta, a História comprova isso cotidianamente, o observador perspicaz colhe indícios delas até em micro núcleos populacionais isolados do contexto geral.
A Humanidade é extremamente carente, do ponto de vista coletivo, enquanto que o indivíduo mostra-se nitidamente auto-suficiente, a proposta da “mente coletiva” (cap.15) teoriza sobre este aspecto, portanto, a preparação conhecida como “profética” é resultado da peculiar expectativa das sociedades que geram também as próprias “profecias”, isto é, a natureza humana quando é parte de uma coletividade, assemelha-se a uma colmeia de abelhas ou a um formigueiro, talvez por hereditariedade genética ou tendência ainda primitiva de agregação plena (consciente exponencial, cap. 16), portanto, espera.., busca mesmo, um sinal orientador, uma direção geral, uma provável solução a questões, que muitas vezes sequer existem, dessa forma, esta (a sociedade) produz o problema, sofre suas conseqüências e, por fim, acaba gerando a solução deste que, em tese, não precisaria ter criado.
Estes anseios coletivos, necessitam invariavelmente, de desfechos assaz arrebatadores, “bombásticos”, somente desta maneira atinge altos índices de difusão e efeito, características revolucionárias ou de convulsões sociais.
A Humanidade como um todo, hoje em princípios do século XXI no mundo Cristão, vem violenta e sistematicamente alterando seus valores referenciais. De um pequeno núcleo populacional global pouco dividido pelos sistemas géopolíticos e religiosos a não muito mais de dois mil anos, enfrenta hoje uma superpopulação localizada em “ilhas” humanas, praticamente esgotadas dos recursos de sustentação de vida, pagando com esta (a vida), a sua manutenção, ou seja, vive-se menos , em troca de se viver, proposição esta que ultrapassa as raias do absurdo. É, entretanto, este o quadro que se nos apresenta, está aí o exemplo típico da reflexão apresentada acima, nós produzimos tal circunstância (problema), estamos sofrendo suas conseqüências e, esperamos, ardentemente, a solução e esta, só nós a temos e o “problema”.., sequer justificaria ser gerado.
Nós, como indivíduos, temos, sentimos e até somos a pretensa “solução”, é o que se nota constantemente em qualquer pesquisa, a coletividade, porém, sofre sem alternativas, as guerras, conflitos, estados de beligerância, temíveis métodos considerados do ponto de vista particular, são plenamente aceitos quando aplicados coletivamente, como se o “coletivo” fosse “os outros” e não nós mesmos.
O conceito de avaliação tem medidas flexíveis, dependendo de quem “paga”, e a idéia de reduzir drasticamente o índice populacional do planeta é tentadora desde que “eles” sejam eliminados. É óbvio que tais soluções, só cabem na mente deturpada dos que buscam mais “espaço” para viver tudo agora, não havendo razão que os demova da inerte opulência particular de hoje, para a prosperidade de todos amanhã.
A profecia que vale esperar é, e será, a da racionalidade, de fato, a mais difícil de se concretizar.
Todo Ser Humano sempre foi e é, racional do ponto de vista do indivíduo, entretanto, em pequenos grupos já se nota a primazia imposta pelos fortes e a plena aceitação pelos fracos, a lei da natureza impera. A simples adaptação de valores e funções por acomodação espontânea não ocorre, mesmo que sutilmente, acontece a imposição e a submissão, estas mudam de nomes, sugestão, concordância, passivo, porém, não vem estabelecido aí o impulso individual de assumir por avaliação metódica a posição que se ajusta a cada um e sempre, por simples erro de “visão”, uns se julgam mais e outros menos esquecendo-se de que a cada um corresponde na medida de sua capacidade a sua responsabilidade, isto é simplesmente a “justeza”, é um ato civil e não heróico ou angélico, apenas racional.
Sempre que alguém age em função da razão, se relacionado a um grupo prontamente os restantes se sobressaltam e ficam na defensiva mostrando claramente que tal atitude não era esperada quando, entretanto, cada indivíduo é inquirido sobre tal atitude teria isoladamente agido da mesma forma e estes não estão mentindo, agiriam de fato assim, o elemento quando isolado tende naturalmente ao lugar justo, a qualificação é espontânea, fica claro que as falhas de avaliação decorrem exclusivamente das nossas emoções normalmente frágeis e, por tentar escondê-las, agravamos as circunstâncias e ferimos o próximo.
“Os valores da perfeição estão na absoluta normalidade dos atos.”
CAPÍTULO 26
O CRIME EM FUNÇÃO SUBLIMINAR
As condições que os produzem
Deu-se início ao capítulo anterior argumentando-se que o que determina a escala de valores entre bens materiais e espirituais é, invariavelmente, a idade do Espírito em questão. Isso é óbvio, a criança satisfaz-se com a chupeta, o banqueiro com o dinheiro e o sábio com o conhecimento. Falamos do infante, do jovem e do velho.
Por interesses didáticos elimina-se do tema o “infante” e o “velho”, sobra-nos o “jovem”. Ciclo vital onde podemos enquadrar a quase totalidade humana segundo o ponto de vista evolutivo espiritual. De fato vivemos a fase da juventude plena em relação ao conhecimento tecnológico, filosófico e social. Dispomos de importantes recursos materiais, alcançamos relativa estabilidade socioeconômica, vencemos muitos entraves naturais como várias doenças, abrigo, transporte e tantos outros. Isso acaba por acarretar um tipo de entusiasmo juvenil, até mesmo exagerado insinuando a falsa idéia de quem quer “engolir o mundo”. A sábia maturidade ainda nos vem longe, haverá porém, de vir, certamente..!
Em segundo plano nos vem, por conclusão, a assimilação e o entendimento da compatibilidade entre as circunstâncias que nos cercam com as conseqüências dos atos que praticamos, ou seja, um “jovem”, via de regra, pouco ou nada pondera sobre a responsabilidade do que pratica, apenas age.., é o impulso sem norte!
Logo, nos resta saber até onde a noção de crime assume seu verdadeiro sentido, analogamente a cobra que pica por natureza não por “maldade” (Cap. 19), ou a fera que destroça para saciar a fome ou por sentir-se acuada. Quais são as feições que nós, a sociedade, estamos “pintando” para o “crime”? Quem vive em meio a ele, como o “vê”?
Tanto quanto o terreno fértil assimila completamente qualquer semente, a mente despreparada é porosa, não seleciona o que lhe plantam. O “filtro” (já mencionado) não atua a contento, possibilita então, que qualquer insinuação, por mais branda que seja, exerça o papel de um comando enérgico e irrecusável.
Considere-se agora, um mundo onde a mídia determina as diretrizes, os conceitos, a moda e, até mesmo as vontades que eventualmente induzem serem nossas. Analise-se a idéia sob uma perspectiva mais aguçada, ver-se-á então, as conveniências de continuum de minorias dominantes, onde o “jogo” de interesses coincide, exatamente, com os prejuízos sociais, um mundo onde “Robin Hood” é, inquestionavelmente, o herói global. “Arsene Lupim” (o ladrão de casaca), modelo incógnito de comerciante bem sucedido, “Ali Baba” e os quarenta ladrões são nossos exemplos políticos, “James Bond” extermina com sublime elegância seus inimigos e, numa única noite participa de dezenas de práticas sexuais e, sequer mostra cansaço para, no dia que segue, “matar” mais adversários em nome da “Rainha”, uma Terra que dispõe de infinitos “exterminadores” do futuro, do passado e, particularmente do presente e que estão, de fato, por toda parte. Onde a venda de armas e vícios giram uma roda financeira de incalculáveis proporções, apenas superada, em volume de negócios, pelas compensações monetárias das seitas religiosas.
Some-se a tudo isso, os tempos em que a miséria e a fartura andam de braços. Os abastados satisfazem os próprios egos humilhando os desafortunados, mostrando ininterruptamente nos meios de comunicação o quanto a eficiência deles (os primeiros) suplanta a “inércia” destes (os últimos). O planeta gera riquezas suficientes apenas à uma parcela ínfima da massa populacional terrestre, os alimentos produzidos atendem, satisfatoriamente, menos de vinte por cento dos habitantes racionais do globo. As imagens transmitidas, no entanto, mostram verdadeiras “orgias” e desperdícios com materiais, alimentos e bebidas. Induzem a idéia de que todos dispõem, até com excesso, dos bens anunciados e que quem não os possui são irremediavelmente fracassados, incapazes ou pior, seriam uma espécie de elo frágil da civilização e que estão em vias de extinção, pois sequer merecem estar entre os “normais” bem sucedidos.
Note-se que, o que, aparenta, ser uma informação absurda e muito além do exagero, está plenamente de acordo com as evidências, grupos significativos de pessoas socialmente bem colocadas organizam-se formando frentes “neonazistas”, agregados seletivos raciais, a exemplo da “Cucluxclam”. Por outro lado, encontramos as chamadas “gangs” de excluídos alinhando-se em nome da autopreservação sócio-racial, também os agrupamentos “favelares” que se auto-intitulam “grupos de extermínio” para elementos “nocivos” da localidade.
Não foi por esquecimento que se deixou de falar de outros focos endêmicos da miséria atuante, o conhecido Terceiro Mundo a exemplo, agrega nações literalmente esfomeadas, onde as respectivas populações são “fotograficamente” o retrato da fome e da penúria, figuras que fazem “inveja” aos mais macabros filmes de terror, crianças que são uma forma de estrutura óssea deformada coberta de pele ressecada, mas que estranhamente, ainda vivem. Regiões imensas de beligerância étnica/religiosa contínua, conflitos por fronteiras apenas por questões de posse, pois os interessados não possuem a menor possibilidade de administrar as áreas pretendidas e nem mesmo as que já detêm.
Já se está no terceiro milênio no ocidente cristão e, contra tudo o que pregou o personagem central do cristianismo, continuam os conflitos religiosos entre os povos das mesmas crenças ideológicas e, ironicamente “batizou-se” de “guerra santa” estas disputas que continuam exterminando em ambas as facções os excomungados do “Senhor”. Imagina-se que quando acabarem os ditos “excomungados” não mais teremos “facções” e, nem mais “Senhor”.
Se considerado aquele “deus” bíblico que quando aparece no cinema escuta-se os trovões, a terra treme e o céu nubla carregado de tempestades, acredita-se que “ele” já teria arrancado as próprias barbas brancas de arrependimento por aquele “sopro” infeliz que deu origem ao homem no paraíso, lembrar-se da “cobra” é muito mais do que uma piada, pois sua pele é vendida em cada “barraquinha” de ambulante pelo mundo afora. E dizer que ela era a própria encarnação do “mau”..!
Após as análises preambulares deste capítulo, ainda que superficiais, tentar-se-á concatenar o “clima” de propensão à selvageria com os mecanismos psicológicos indutivos.
O que a humanidade sofre não é mais que uma “hipnose” coletiva e esse é um dado incontestável; assim:
Sabe-se que, fundamentalmente, o que determina o sucesso de uma indução hipnótica é o ambiente propício, a relação indutor/sujet, a credulidade do “induzido”, o nível cultural entre as partes envolvidas, aliás, é este último o detalhe determinante no vínculo entre dominante/dominado, ponto em que, por “lei” do equilíbrio psicológico o segundo, convenientemente, será induzido de que sua condição cultural é relevante e notável e se este (o induzido) for consciente de seu “analfabetismo” cultural, ressaltar-se-á sua capacidade intuitiva ou “percepção” sensorial nata o que, em verdade, significa absolutamente nada elevado à “enésima” potência.
Investidos destes dados, temos que é plenamente possível estabelecer a relação fática com as evidências técnicas, ou seja, somar as ocorrências às razões, e chegar-se, obviamente à conclusão de que nós, a sociedade minoritária é quem, de fato, comete todos os crimes. Dos mais brandos aos literalmente hediondos, dos brutais aos “sofisticados” e complexos.
A mente opera, inegavelmente, por comandos (vontades, por falta de expressão adequada), o intelecto (entendido intrinsecamente como o “Ser”) não costuma obedecer, pratica, porém, o que imagina querer, fala-se aqui, da vontade própria, ocorre, entretanto, que o ser humano já compreende satisfatoriamente o mecanismo intelectual do qual desfruta, consegue assim, manipular sem muitas dificuldades seus comandos operacionais e, bem ao contrário do que parece, quanto maior for o contingente abrangido menor será o esforço em manobra-lo, é contagioso, facilmente disseminável. A idéia é extremamente simples, lança-se um projeto, um produto, um serviço e, por mais “idiota” que este costuma ser, informa-se que, “era por isso que você esperava” divulga-se por custos compatíveis na mídia e imediatamente, se observa os fantásticos resultados positivos pretendidos. O segredo é induzir o alvo a que ele é quem anseia ser atingido, oferecem-lhe o que este sempre “buscou” ou “quis” mas não sabia.
Sub-repticiamente, ocorre um efeito colateral indesejável no meio analisado sob o aspecto dos seus elos de ligação (o indivíduo), no conhecido “tecido social”. Os “elos” frágeis da sociedade, impossibilitados de adquirirem os bens propostos na mídia, também sofrem dos efeitos indutivos da propaganda quase sempre enganosa e, por falta de alcance financeiro, acumulam frustrações dia após dia. Criam o ambiente ideal para qualquer idéia que possa alterar este quadro de “fracassos” que, eventualmente, lhes informaram ser responsabilidade exclusivamente suas. Logo, a primeira condição para uma indução efetiva já vem plenamente satisfeita, o “ambiente” é, absolutamente propício.
Os meios de comunicação encarregam-se de difundir indefinidamente as qualidades e os prazeres proporcionados pelos bens que oferecem estabelecendo, desta forma, uma ponte de ligação constante e oportuna com o “alvo” objeto das propostas e os interessados na propagação destes materiais e “ou” serviços, criam imagens de deleite indescritíveis quando se usufrui os bens oferecidos, em contra partida insinuam que na falta destes a vida não é completa. Assim, os miseráveis tornam-se mais “miseráveis”, incapazes até mesmo de terem uma vida plena, como informam os comunicados da mídia. Bem.., a segunda condição também se fez presente, está permanentemente estabelecida a relação “opressor/oprimido” é, seguramente “verdade” que o elo frágil é o “peso e o preço” social por culpa “própria”, “jamais” responsabilidade dos “afortunados”.
Como um fato é, via de regra, conseqüência de outro, temos nas duas últimas condições os fatores intrínsecos suficientes para concluir a total submissão ao ato gerador indutivo, em palavras mais diretas, encontramos na falta de cultura a credulidade necessária à obediência de um comando subliminar. A insuficiência cultural das classes fragilizadas é interesse direto das minorias dominantes, a mão de obra barata produz a custo vil e compra por preço caro o que fabrica.
É de extrema relevância ressaltar que o que vem nestas páginas alinhavado, não é discurso inútil de quem busca promover-se com retórica repetitiva sobre burguesia e proletariado, assunto prosélito e “romanceficado” para vender livros. Relatou-se, friamente, dados inegáveis e deprimentes sobre a humanidade atual, buscando reunir justificativas que demonstrem a tese proposta neste capítulo.
Portanto, dando seqüência à lógica do raciocínio perseguido, podemos montar a estrutura possível e psicológica do crime:
Inicialmente devemos ter em mente que a palavra “crime” tem conotação nociva na exata medida do conceito que temos sobre a nobreza dos sentimentos. Portanto, também haveremos de entender que, segundo os padrões atuais de moralidade traduzidos pelo cinema, televisão, jornais, revistas, a mídia enfim, o assassinato tanto quanto outras modalidades de práticas delituosas receberam uma conveniente “maquiagem”, a morte, o estupro, o roubo têm hoje, feições românticas. Os matadores, exterminadores, ladrões e outros são personagens “apenas excêntricos” vividos por astros e estrelas do cinema, novelas, quadrinhos, etc... que, em suma, são de uma beleza adônica e, normalmente sensuais produzindo nas “vitimas” personificadas (na ficção e na mente induzida) sentimento de “plenitude” em padecer às suas mãos.
Em tais circunstâncias, o sonho transforma-se em realidade, pois sonhar é característica humana, os oprimidos ficam em condição de receberem sem questionamento algum a fantasia na forma material, perde-se completamente o aspecto nocivo do termo “crime” e passa a ser válido “conquistar” seu “sonho” por meio dele (o crime). Vai a tal ponto a discrepância do entendimento que a população não distingue mais de onde provém seus temores, se são das corporações policiais constituídas pela sociedade organizada ou dos meliantes que a “defende”, em troca de “favores”, isto porque, senão quando, a própria “polícia” vem totalmente corrompida, despreparada e, eventualmente abriga com toda a proteção da Lei uma horda fantástica de bandidos “embalados” como bons “produtos” nas honradas fardas dos poucos que são verdadeiramente dignos delas.
Portanto, se o crime passou a ser “elegante”, não falamos mais de “crime” porém, de atos de conquista e, quem sabe, “heroísmo”? A mente assimila as informações e as compila de acordo com seus conhecimentos, se nos referimos a alguém despreparado, estaremos diante de uma “esponja” intelectual, esta não refrata nenhum item por mais absurdo que este possa parecer, em verdade, é bem mais fácil serem eliminados conceitos evoluídos das informações por parecerem estranhos, do que o contrário.
O mecanismo subliminar atua de forma inconsciente logo, o indivíduo em questão absorve qualquer dado fornecido “de fora para dentro” e o expõe com plena consciência de que o faz “de dentro para fora”, a mente despreparada não tem sequer noção da suscetibilidade subjetiva que sofre, o comando é impositivo, peremptório e o impulso acaba por ser selvagem (sentido de irracional). Quando há algum preparo intelectual no agente passivo, em meio a atmosfera de sugestões que se vive atualmente, este constrói barreiras de “tamanhos” proporcionais ao seu conhecimento e discernimento da racionalidade disponível.
Sob aspecto supostamente contrário, nos deparamos também com os conhecidos “crimes intelectuais” entretanto, como já se sabe, há grande diferença entre acúmulo de conhecimento técnico e sabedoria ou civilidade. O personagem receptivo (agente induzido) tem a sua situação íntima agravada por um segundo fator, oculto para ele. Por deter algum conhecimento do tipo enciclopédico, isto é, contém infinitas informações no entanto, nenhuma profundidade, age invariavelmente com “esperteza”, não com sabedoria. Acaba por trazer na “bagagem” intelectual, a vaidade por ser consciente de que é capaz de negligenciar o próximo até com facilidade, reunindo a sagacidade às vontades que imagina serem suas, perpetua seus atos em favor da criminalidade, age por profissionalismo como estivesse exercendo função digna, chega mesmo a orgulhar-se de suas práticas ilícitas. Não concebe no entanto, que age como “marionetes” fazendo parte de um “jogo” de grandes proporções, que enfim, envolve a própria existência do “Espírito” (o Ser), um “jogo” que é parte da evolução universal e o seu “preço” são os tropeços da Alma, a ferida do Espírito, as deformações do caráter e até mesmo do corpo, como já se demonstrou.
É esse, fundamentalmente, o motivo de sermos todos culpados pelo crime que qualquer de nós cometa. A rede que mantemos indefinidamente ligada conservando permanentemente toda a humanidade envolvida por ela, fornece tudo que pensamos, desejamos ou cobiçamos. Basta que se exista e já se está fazendo parte dela (a rede), seus laços são flexíveis na proporção do verdadeiro conhecimento de cada um, indo vez por outra ao completo “desatamento” por não comportar Espíritos que a sobrepõe ficando acima de sua capacidade de envolvimento. Estes, constantemente, a “desembaraçam” porém, somos nós que a “cosemos” indefinidamente, como o aracnídeo que tece sua teia e nela permanece mesmo depois de sua morte, não há maldade nisso, apenas evolução, ainda não vivemos sem a “nossa teia”.
È bastante lógico e muito evidente que o primeiro passo para reduzir os índices de criminalidade, será alterar a “rede”, modificar seus objetivos, mudar seus hábitos, induzir favoravelmente os indivíduos que são excessivamente sugestionáveis (os “elos” frágeis), conduzir mais cultura e menos cobiça na mídia, principalmente mudando o aspecto e a imagem “angelical” e “ingênua” ao se propagar moralidade que deve precipuamente ser compatível com as tendências contemporâneas, eliminando o sentido que acaba por parecer sarcástico. Não confundir as formas repressivas da sexualidade saudável e humana contra a libidinagem desenfreada e animal, pois que ambas tendências situam-se em limites extremos infra e supra atentatórios ao bom senso e a razão, diminuir o poder dos “heróis”, torná-los humanos, mostrar que o grande guerreiro é o que sabe perder ou se vencer, não vence um inimigo porém, uma circunstância, ultrapassar um dia, abraçar um filho, estender a mão a alguém que necessita, oferecer um conselho ou mesmo o silencio respeitoso são atos de heroísmo. Não é possível fazer da extravagância, o cotidiano. Procedimento que apenas vende, não produz, porém, cultura. E é certo, no entanto, que esses “heróis” sugeridos venderão muito menos. Mas.., quem quer isso? Ademais, quem de nós criou o lado miserável da sociedade? Portanto, fica fácil, como não se acham “culpados”, fecha-se os olhos e diz-se “assim é a vida”..! De per se, este último comentário prova “nossa” culpa.
Há de se considerar ainda em relação às formas do “crime”, fatores circunstanciais acessórios, que findam por produzir efeitos nas conseqüências provocadas pela designada neste, de “função subliminar”, isto é, uma vez concebida a tese de que o crime é resultado direto de um conjunto de fatores sociais indutivos, é óbvio que a repressão material a este se torna ineficaz, em verdade, acentua as diferenças produzidas nas diferentes camadas da sociedade, e esse entendimento não é subjetivo, porém, concreto e muito constatável.
A inteligência do parágrafo anterior é significativamente simples de se demonstrar, veja-se:
As classes dominantes maquiaram a face do crime dando-lhe contornos até românticos. Por outro lado, desenvolveu um conceito de justiça que também não deixa de ser uma “máscara” pois, de fato, quando se a busca, procura-se a satisfação de vingança com requintes de sofisticação o que, ainda que aceitável, continua sendo um mal. Ela, a justiça, é a outra face da moeda, a falta, apenas de uma das faces, implica na inexistência da própria “moeda”.
A aplicação da justiça materializou-se no seio da humanidade em substituição à retaliação sumária e muitas vezes desmedida aos atos indesejáveis dos indivíduos entre si, ou seja, a vingança no sentido primitivo, “repressão material” bruta, isto é, desprovida da civilidade.
A verdade é que a sociedade atual não manifesta vontade de solucionar as diferenças que promovem o crime, bem ao contrário, agravou-as. Sofisticou então, o senso de vingança, adequando para o “tamanho” de cada ato a medida do “castigo” e batizou a nova sistemática de “justiça” sentido absoluto de “justeza”, nem sempre as medidas se “ajustam”, porém, se trabalha para isso.
A solução é tão óbvia quanto cara e trabalhosa; alterar os objetivos sociais. Basta isso e, radicalmente, cairão os índices de criminalidade. Há uma nação que adotou por cabeçalho constitucional a regra da civilidade perfeita e hoje, quase utópica. Lá então, assim se escreveu: – “Liberté, Igualité e fraternité” – Cumpra-se isto e o que aqui se leu será obsoleto.
É forte a ideologia de que justiça tem por finalidade exclusiva, fundamentalmente o “castigo”, isso, entretanto, é crença passional, espécie de “fé”, é tão verdade o que se expõe que as “válvulas” sociais por onde escoam os excessos de “pressão” na forma de crime, também julgam estarem produzindo justiça. Os “justiceiros” matadores crêem piamente que purificam a sociedade com seus atos bárbaros. Também em nome de Deus perpetuaram-se crimes sem precedentes racionais.
Do ponto de vista intelecto/espiritual as aludidas “circunstâncias acessórias”, como a exemplo da justiça, reforçam o entendimento de que, pior que não ter “fé” será compreendê-la, pois não acreditar apenas restringe limites, no entanto, conhecer implica abrangência e opção, resultando como conseqüência implícita, responsabilidade. Trocando em miúdos, teremos que nada adianta a crença abstrata quando se desconhece, porém, quando se sabe a “fé” é dispensável como bagagem inútil. Crime e justiça são produtos da falta de segurança no conhecimento e do abalo inevitável da crença inconsistente. Assim, a lógica prevalece e percebe-se que o “crime” e a “justiça” são simbiontes, não sobrevivem isoladamente o primeiro da segunda, seria o mesmo que uma imagem sem o espelho, sendo que o primeiro é quem produz a segunda. A “imagem” é a resposta à existência do “espelho”, tanto quanto a justiça, a é do crime.
O conceito de castigo não se sustenta à luz do conhecimento pelo simples motivo de não ser restrito ao indivíduo, nem mesmo a autoflagelação se pode, sem restrições, entender isenta dos fatores externos, pois é ela fruto de culpa adquirida (cap. 19 Teoria da Culpa), condição cultural intrínseca ao meio no qual permanece o sujeito da ação. Assim, se este depende de produção externa, direta ou indiretamente, alguém acaba por “comprá-lo” e não existiria fim para a cadeia formada, coisa que o bom senso recusa.
A assimilação própria dos atos positivos ou negativos ocasiona a virtude ou a deformação de caráter consoante o estágio evolutivo do Ser (cap. 10 Forma do Espírito). Não há castigo, nem mesmo justiça, implícitos às leis naturais universais. O sofrimento é conseqüência lógica do processo “evolutivo”; quando há compreensão da prática de atos primitivos que não caberiam à condição cultural do Ser em foco este sofre, todavia, não sendo do seu alcance intelectivo a inteligência do procedimento, ele não sofre, pois esta é a sua condição racional, basta recordar-se da exemplificação acima, onde se ponderou que a cobra pica por natureza não por maldade. Sócrates foi quem primeiro compreendeu essa premissa fundamental e ensinava; – “...ninguém, ainda que pretenda, pratica o mal, pois a virtude é atributo da sabedoria...”.
Os atos primitivos são em si mesmos falta de conhecimento e evolução, a faculdade de superar o caos é decorrência do aprendizado logo, a ordem é prerrogativa dos que dispõem da capacidade de instituí-la.
Tanto quanto se extrai da literatura disponível, se nota que os simpatizantes das teses espiritualistas demonstram segurança nesse entendimento, é comum encontrar-se narrações, todas anunciadas serem “psicografadas”, onde grupos espirituais atuam por opção de extrema solução, preferindo intervir suprimindo a vida material de um “encarnado”, por meio de artifícios a nós, “incompreensíveis”, impedindo que este cometa ato de irremediável reparação evolutiva a curto prazo. Ora..! segundo o conceito material do direito à vida “eles” cometeram um assassinato. Portanto, se admissível a informação extraída da literatura, o direito de escolha prevalece ao da vida na matéria e o tema sobre o “crime” de homicídio passa a ter mais uma interpretação além das infinitas já existentes. Certo é, porém, que mesmo não sendo atitude “espiritual” ocorrem casos semelhantes no nosso cotidiano, é comum saber-se da preferência extrema de sacrificar uma vida em troca de muitas, e será a condição pessoal de quem produziu tal efeito, o que decidirá sobre sofrimento, se piedade por quem “pagou” caro em benefício alheio ou se culpa por ato que dispunha de alternativa, talvez, até porque quem sofreu, interessava por motivos vários, que ficasse fora do caminho, ocorrendo ali o álibi perfeito. Bem.., temos aqui um tema adequado para mais um romance.
Analisados os agentes externos, devemos, obviamente, abordar os “internos”. A causa primária dos fatores degenerativos do caráter é, sem dúvidas, o stress provocado pelo limite evolutivo que se pretenda, inexoravelmente, ultrapassar. Exatamente como ocorre ao atleta no “salto em barreira” quando se a eleva, às vezes, décimos de centímetro e este o derruba na tentativa de se superar. Ao tentar avançar o seu “limite”, muitas vezes o Espírito tropeça, imagina quando se propõe, que o fará, galgando com isso outro degrau evolutivo. Todavia, é comum que ele se superestime quando não devia, porém, ai está a exuberância da existência e o sal da vida, pois, ainda que despenque, este sai revigorado pela tentativa e mais experiente para nova investida.
Uma vez considerado o ponto de vista em relação ao sujeito da ação, resta-nos abordar o meio onde ele é atuante. A soma dos fatores limitados ao indivíduo (stricto sensu) generaliza-se contaminando a sociedade (lato sensu) , em verdade, por escassez de “vacina”, evidência gritante da “culpa coletiva” (cap. 19 Teoria da Culpa).
Uma sociedade sadia não gera um agente insano, por conseqüência ela permanece saudável indefinidamente, obviamente, na ocorrência de uma anomalia isolada, o conjunto social exerceria na sua plenitude o amparo compatível, inquestionavelmente corretivo, porém, nunca punitivo ao indivíduo estressado, o impulsionaria no “salto de barreira” abrigando-o pelo “outro lado”. A sensação de vingança não seria mais o objetivo do cidadão e a justiça acabaria esquecida por ser obsoleta, as “válvulas” sociais seriam cada vez mais raras e recuperadas com facilidade e “a culpa” não mais seria distribuída, simplesmente por ter sido abolida da trama social.
Pensamento utópico? De forma nenhuma..! Apenas a vontade, já pode promover tal tarefa, independentemente de tecnologia, filosofia “barata”, política, religião, somente a “vontade”, nada mais!
“O crime poderá ser “pintado” de todas as cores, que serão sempre, o vermelho..!”
CAPÍTULO 27
A ESCRAVIDÃO SOCIAL
As aspirações de poucos, detém a “escritura” de todos.
O processo escravocrático é dependente de dois fatores fundamentais. A ambição desmesurada de uma parte e a submissão incontida de outra.
Existe uma determinante condicional entre os elementos de ligação destes “fatores”, um elo interdependente, formando uma dupla subordinação funcional que garante sua estabilidade; resumindo o raciocínio; temos a necessidade absoluta de amealhar bens que é a fonte de poder ainda que transitório, porém, não notado por um lado e, por outro, o medo desesperado de perder o que se pensa dispor, ainda que exíguo. Indo a extremos, a vida não nos é um bem.
É o objetivo de viver de alguns, e o motivo de não “morrer” de todos.
Aparentemente, é bastante complexo o que se expõe. Não o é, no entanto!
De fato, nós somos os “eternos” escravos de “nós” mesmos. Como indivíduo impomos as condições de vida pretendida, como se a coletividade fosse privilegiada pela nossa existência. Como “sociedade”, arcamos com as exigências, quase todas caprichosas, de cada um.
Ocorre que o montante social tem tamanho circunscrito e definido, isto é, as conquistas de bens e privilégios são o resultado de nossa própria força produtiva, assim, temos sempre menos disponível do que necessário, justamente por isso, é valorizado. Faz falta porque se sabe da sua existência, pois do contrário, buscaríamos suprimentos em nosso próprio Ser que preenchesse seu espaço.
É óbvio que a alavanca do progresso humano é, essencialmente, a busca deste “conforto” mas, tenham certeza, quando dispusermos de tudo, simplesmente de “tudo” disporemos, por serem, estes “entes”, absolutamente desnecessários.
Estará em nós a auto-suficiência, é o mesmo que sentir fome por ansiedade e, satisfeita esta, nada nos falta!
É infeliz e ridícula a forma de nos enganarmos invariavelmente.
Exigimos um governo que venha suprir as necessidades e aspirações do povo, então, colocamos ou nos subjugamos ao poder dos elementos que se propõem à “digna” tarefa.
Prontamente, sofremos as custas monstruosas da sustentação desse “poder”, pois, em verdade, ele torna-se, imediata e automaticamente, numa “corporação” autopreservada a qualquer preço, até existe a intenção da prática do benefício coletivo buscado, entretanto, este é inatingível, uma vez que os objetivos pessoais dos componentes da máquina “supostamente” administrativa, são, inevitavelmente, primordiais.
Observa-se isso em todos os seguimentos instituídos pelo poder, é simples notar, não requer esforço algum, os serviços sociais, por exemplo, suprem devastadores salários, em detrimento às necessidades básicas de mantença familiar, o fisco absorve em forma de extorsão, enormes parcelas de recolhimentos, que por sua vez, apenas são necessários, porque o desvio é imensurável, o poder de polícia é quase que exclusivamente, investido na própria manutenção corporativa, armam-se, ostensivamente, para receber os próprios rendimentos, enquanto que proíbem a população de defesa armada, coisa que, em tese, deveria ser suprida por ele, o sistema. Não vem aqui a defesa do armamento da população, apenas a exposição de um fato.
Coincidentemente às constantes discrepâncias que produzem os próprios políticos, anunciam novas leis e atitudes que, de forma alguma, serão cumpridas, nem por eles, nem pelos que os amparam politicamente, isto é; criam artifícios que impedem o povo de praticar os ilícitos que elas, as “autoridades”, praticam “Ad libitum” .
Ainda assim, não devemos, de nenhum modo, colocar o povo como vítima incondicional das circunstâncias, pois que é do “povo” que provém, o Poder instituído, somos nós lá, quem manifesta todas estas agruras e, quando do lado aparentemente fraco, nos locupletamos apoiando os que se “dispõem” a assumir o “sacrifício”, tão cobiçado, de “trabalhar” pelo “próximo” no Poder.
Por isso hoje, um salário vil e um sistema excludente escondem um escravismo mordente, inúmeras vezes pior que quando de sua existência declarada, pois que um mínimo de sustentação era garantido pelo “dono” do infeliz, visando a produção abundante da sua propriedade, por meio dele. As “chicotadas” sociais, presentemente, fazem sangrar feridas muito maiores, com conseqüências prolongadas em várias gerações de miseráveis que se amontoam, em cada vez maior número, nas sociedades que se autoprolatam “civilizadas”.
Vem, em verdade, particularizado o teor deste capítulo, vez que este Autor traz, no “sangue” e no coração a “terra” Brasil, amordaçada e escravizada por nós, seu povo, que dela tudo recebe graciosamente, entretanto, insatisfeitos a “devoramos” sem notar que é aos nossos filhos e irmãos que atacamos como lobos esfaimados e, representando no “picadeiro do mundo”, batemos nas nossas próprias cabeças e sorrimos, escondendo as lágrimas ardentes que queimam nossas almas, apenas porque brincamos de ser sérios.
Pedindo licença ao caro Leitor, à próxima página, este que voz escreve colocará, em palavras o que lhe vai à Alma, esperando ser transitória a circunstância em que se encontra nossa “Casa” e que lhe faz extravasar o Espírito.
“O ÓDIO, A PROSPERIDADE E A NAÇÃO”
O sentimento é a forma do Ser, no momento manifesto, é a escolha, livre por direito e a responsabilidade por decorrência.
A Majestade do Espírito, ou a miséria da Alma se retrata fielmente à opção feita, não permite equívoco, “salta aos olhos”.
Odiar é a repulsa natural, por impotência ou incapacidade de alcançar, como a pedra, que não podendo flutuar no remanso transparente do amor, deixa-se arrastar pelos turvos turbilhões do “ódio”.
Este se mostra por todas as chagas de um Ser ou de um Povo, bloqueando sempre, as possíveis passagens ao “progresso”, remédio definitivo contra todas as indignidades.
Condição fundamental de uma ação, é a conseqüência, esta é bagagem inevitável, implica portanto, em grande responsabilidade, qualquer ato ou vontade, pois que sempre estarão atrelados.
A Prosperidade é a “conseqüência” lógica de uma atitude sadia do “Ser” ou da Sociedade.
O que concerne ao “Ser” implica em eventualidades circunscritas e bem delineadas; a uma “Sociedade”, entretanto, as abrangências são quase ilimitadas, verdadeiramente, são a diferença entre a fartura e a penúria, até mesmo de uma Nação.
O “colher dos louros”, ou “pagar a pena”, quando enfocado o indivíduo, localiza e sustenta a idéia de controle ou assimilação de um fato trivial, plenamente absorvível pela coletividade.
Quando, porém, o alvo é um “Povo”, extrapolam-se os sentidos da racionalidade óbvia, a complexidade das conseqüências sobrepõem-se às ocorrências originais, não se notam evoluções aritméticas e, sim, geométricas ou exponenciais, os acontecimentos, se positivos, a todos beneficia com ponderação, pois todos buscam os benefícios e estes se encaixam a cada “concha”, no entanto, se negativos, corroem descontroladamente a tudo e a todos, pois todos fogem, mas, ainda assim, estes os atingem e transbordam nas mesmas “conchas”.
Um sentimento, uma conseqüência e um conceito, são o que correspondem ao conteúdo deste “Lamento”, pretendido ser poético, estes, por sua vez, são restringidos e definidos em seus atributos essenciais, e dimensionados ao seu meio de ação, nós..! A Humanidade.
A tentativa de correlatar estas três entidades subjetivas busca o exclusivo propósito de demonstrar que, infelizmente, nós, generalizadamente, primamos por odiar a prosperidade, elegendo, através desta triste perspectiva, a miséria como símbolo Mater da nossa imerecida Nação.
Transformamos a terra Brasil, “a nossa mãe gentil”, em matrona promíscua aos olhos do mundo, e quem assim o faz, filhos seus são..! Gerados ou recebidos com amor, pelo Chão que tudo lhes dá.
Por ódio, ganância, desprezo, demonstrando até orgulho e vaidade pela obstinada “esperteza”. E muitos afirmam “- só se for você”, pois que eu não penso assim! O que agrava, e muito, a situação.
A nossa maior atração turística, onde “Deus” descansou olhando as praias, não seria nem “atração”, não fossem os morros, cobertos pela miséria, pelo ódio e pelo terror, talvez aos olhos de “Nero” fosse menos “romântica”.
Nos grandes centros urbanos não seria possível ver a luz da luxúria de poucos, não fosse a inópia geral.
Não se sobressairiam os apenas suficientes, não fossem os completamente incompetentes.
O Poder se autodefine, exemplificando a inimputabilidade própria.
Os legisladores ditando, porém, raramente submetendo-se às Leis.
Tudo que se compra vai abaixo, ou se desmancha, tudo que se promete não se cumpre, paga-se pelo que não se recebe, os amigos da manhã nos são os carrascos na noite, as nossas reclamações apenas são “boas” quando os outros às praticam, aceitemos o fato de que é a nossa dignidade que vem desmoronando, pois que, as virtudes imprescindíveis para a sustentação de uma sociedade sadia são cobertas pelo pútrido bolor da hipocrisia, os “virtuosos” portadores dos magnânimos ditames do Justo e Ponderável, do Direito e da responsabilidade, usufruem, mais do que honram, o cargo laureado por digno mérito, não curamos as “feridas” mútuas, apenas porque um vizinho nos olharia com desdém, e outro precisa acenar com a “mão”, para dormir o sono dos anjos, “lambemos” as chagas e assim sorrimos.
Condenamos o “plantio” e a “produção”, açoitamos o “lucro do trabalho” violentamente e aceitamos a “extorsão financeira” passivamente.
O cidadão estável, via de regra, deixa dúvidas questionáveis, o miserável, no entanto, sem “dúvidas”, é sempre a vítima, e isso é inquestionável.
Quando a fortuna se avizinha, prontamente, ficam abertas as “bancas de apostas”, para que se faça uma “fézinha” em quão pouco esta perdurará.
A “quebradeira geral” é notícia eufórica, o sucesso de alguns é frustração total, é mesmo inesperado! A certeza do “insucesso” é tal, que o sistema fiscal nunca erra, pois quase não existe espaço, para a prosperidade “Legal”.
Não nos compete culpar governos, cabe-nos cumprir e exigir a verdadeira cidadania, os que administram os nossos interesses como Nação, não são “alienígenas”, somos nós..! Lá. “- Faria igual ou pior..!” É resposta comum, infelizmente..! Criticá-los é fazê-lo a nós mesmos. Lute pelo seu próximo, espere e busque com que ele faça o mesmo, insista em ambas as frentes, e o governo acabará por ser o nosso próximo, também! A Nação correta, produz o Governo ideal e nunca o contrário, pois que o segundo é fruto da primeira.
Acumular troféus, venerar, idolatrar, qualquer “tribo” (isento do menosprezo) faz! Ser responsável pelas conquistas, fazer de todo um povo o “Ídolo”, é o que nos faz Nação.
Devemos buscar o progresso da nossa Bandeira lutando, e nunca chorando! Felicidade é conquista, não dádiva!
Reconhecer as nossas falhas é o primeiro passo em eliminá-las sentir, no entanto; agulhadas em nossos supostos “brios”, pela tinta que impregna esta mensagem, somente demonstrará o quão longe estamos da solução dos nossos próprios problemas!
“Devemos capacitar o Cidadão, vivenciar a Cidadania e já seremos Nação!”
CAPÍTULO 28
“JESUSIANISMO1”
“Nós O somos”! Sermos parte nos identifica com o “Todo” não, porém, nos transforma no “Todo”, essa lógica garante a premissa negativa ao antropomorfismo na presente proposição e, tal afirmativa, é tecnicamente racional. O “trecho” qualifica e quantifica o ente da “função”, a “entidade” é a relação unívoca da conjunção final. Logo, a justificativa filosófica é satisfeita, uma vez que os “trechos” são idênticos em essência, ainda que com a individualidade preservada. Assim, a lógica matemática é atendida na medida em que os entes e a entidade são unos sendo que a individualidade é, exatamente o ente da entidade (a corrente e seus elos). É notório que a “sociedade” é o pensamento acumulado dos seus indivíduos, há identidade entre os “entes e a entidade”. Assim, não se antropomorfizou a “Entidade” apenas e tão somente se qualificou e quantificou tematicamente, seus “entes”. De fato, é obrigação deste que vos escreve exercer o seu ponto de vista, pois, de outra forma, estaria em contradição consigo mesmo já que quem leu nosso trabalho até aqui deve concordar ou apresentar tese contrária à afirmação levada a efeito de que a única via do pensamento racional exponencial é através do coletivo, qualquer outra é, convictamente, linear.
Jesus, como todo o Universo é, em suma, um “ente” ou “trecho” Dele, nós identicamente, “O” somos, é isso que nos torna o “mesmo” com idades diferentes, apenas isto. “Cristificar” qualquer um de nós, em verdade nos deprecia, pois não seríamos o motor da nossa evolução e, “ser” por escolha alheia, unicamente nos conduz ao acaso ou privilégio por exclusão o que é outro absurdo logo, “escolha” é irracional. Muitos “malfeitores” viveram e morreram em condições piores que Jesus e nem por isso tornaram-se “Cristos”. Foi o homem que exerceu uma tarefa imensurável quem conquistou o Espírito da Humanidade e, logicamente, sequer lhe passou pela cabeça exercer um “cargo político” que também, “logicamente”, lho ofereceram depois de “mata-lo1”, pois se o fizessem antes, sempre haveria o risco de Este aceita-lo e o fizeram mais de trezentos anos2 após seu desenlace, para certificarem-se de que Ele já havia desistido da ressurreição uma vez que seus discípulos contam que, por mais de quarenta anos, o viram entre eles, coisa que não seria mais do que um singelo efeito de materialização, prática comum nos meios espiritualizados.
Ainda que o título deste capítulo não pareça nada ortodoxo, trazer às próximas páginas, a figura de Jesus nos condiciona a tratar do “cristianismo” pois, assim esse movimento foi designado e, assim será identificado, ser ou não adequado o termo por questões de terminologia, hermenêutica ou exegese, não induzirá o conteúdo pretendido a equívocos, uma vez que já vem esclarecido o óbice racional. Ademais, é certo que Jesus chora ainda hoje por não o assimilarmos na sua essência, porém, por tê-lo transformado em um “bode de ouro”, a exemplo do que narra a Bíblia do povo de Israel quando da ida de Moisés ao Sinai.
Antes de tudo, Ele foi um sábio e, posteriormente, tudo que dele sabemos, menos santo, deus e outras crendices pueris, o Homem (ou Espírito), no entanto, de qualificações inenarráveis deixou marcas profundas na Humanidade a partir de suas pregações. Jesus, santo, profeta, vingador dos justos e, finalmente, Deus segundo a visão cristã que resumindo, é a “visão” clerical, pois que haja infinitas outras seitas são, todavia, singulares dissidentes da original “Universal” que se escreve “Catholicu” em latim e, sendo esse Homem, o “personagem” de uma visão religiosa ocidental que inevitavelmente é em maior ou menor grau, fundamentalista, nos obrigamos a separar o visionário “Super Star” do existencial e grandioso, porém real, Ser Humano.
“Cristologia”, ciência que busca, por intermédio de dados reais, estabelecer a verdadeira origem do cristianismo que em maior profundidade era um movimento seguido pelos próprios cristãos originais pretendendo deixar um legado material dos fatos que eram apenas transmitidos de geração em geração, foi abraçado por Tomas de Aquino discípulo de Alberto Magno e como conseqüência de sua postura, somada a convicção aristotélica do “racionalismo cristão”, findou por torná-lo adversário de grande risco aos adeptos da corrente “agostiniana1” no interior do próprio sistema clerical. O que resultou em perseguições infindáveis contra o racionalista aristotélico aqui citado.
O propósito da cristologia, para ser alcançado, deve restringir-se a dois critérios básicos, um cogita a comprovação material, assim, obrigatoriamente, há de ser inflexível, o objeto existiu ou se dispõe apenas de dados especulativos? Outro planeja assentar suas justificativas probatórias em relatos e observações logo, não se obriga à rigidez fática, produz seus argumentos conclusivos em dados estatísticos e comparativos, estes variam de região para região, de cultura para cultura e assim, sucessivamente, portanto, suas comprovações resultam menos fiéis ao fato ou fenômeno, mas não invalidam a ocorrência histórica focada, prescindem somente da exatidão empírica2 e permitem ainda a mobilidade da realidade em uma determinada faixa de confiabilidade, desse modo, ocorre um desvio do absoluto e incontestável. Por outro lado, é certo que mesmo fatos atestados cientificamente divergem, a paleontologia, por exemplo, a cada descoberta de ossadas humanóides altera suas afirmações quanto a data do surgimento do homem na terra, inclusive, com defasagem de milhões de anos e isso sequer espanta a comunidade científica.
Bem.., em que isso deságua afinal? Na arqueologia por um lado e no conhecimento dos fatos acumulados pela História por outro. O primeiro coleta objetos que tiveram contato direto com o “sujeito” da questão, isto é, utensílios, escrita de punho ou registros que gozam de autenticidade comprovada e, na melhor das hipóteses, os próprios restos mortais quando se trata de um ser que foi vivo1 logo, se não oferecer exatamente as datas, locais e as mais diversas características, as localiza com proximidade de altíssima confiabilidade dando por materializada a informação procurada. O segundo colhe informações ligadas direta ou indiretamente ao sujeito, relatos, documentos indicativos, mitos de diversas versões que sirvam de material comparativo e outros correlatos, conclusivamente, vê-se que os elementos que validam o segundo método investigativo deixam margens interpretativas e permitem uma “realidade” relativa não inverídica porém, pendular entre a “maior e a menor” verdade, ela está lá, mas deve ser “garimpada” até se alcançar o filão incrustado nas conjecturas pessoais, nas emoções, na imaginação, nas descrições sempre interpretativas e tantas outras. Esse trabalho é hercúleo e impreciso mas.., muitas vezes, é tudo do que se dispõe.
Jesus aconteceu exatamente nestes moldes. A História, em seus aspectos periféricos, o identifica e o localiza no tempo, com as imprecisões esperadas. De outro norte, a arqueologia1 não dispõe de um único vestígio material da passagem desse homem pela Terra. Isso não elimina a sua informada existência entre nós, mas impede que a ciência ateste o fato. Nada de anormal até este ponto, mas; os dogmas...! ah..! “os dogmas! Esses resolveram a questão, facilmente: “...O espírito santo veio e levou o corpo ‘pro’ céu”. Realmente, a partir dessa “verídica” informação dos “representantes de Deus” na Terra foi criado o impasse. É óbvio que a razão não aceita proposições dessa natureza, o choque era inevitável e, ocorreu.
À parte o posicionamento eclesiástico e eliminada a participação da arqueologia, inclusive aos radicais defensores da “teoria do manto sagrado”, pois tudo que este provou foi que, se dependesse dela, Jesus não existiu mesmo e sabemos que não é bem assim..! Existe, de fato, indicações que levam a crer, com boa margem de confiabilidade, na sua existência material. É certo que seja somente “testemunhal” mas, um maciço bloco depoente em muitos séculos cria circunstância probatória, senão impecável, muito louvável e digna de fé1. Bem.., nos restou a pior das conclusões lógicas, “o livro das testemunhas”, aquele que cada uma delas registrou sua versão dos fatos; é.., a bíblia..! à sua maneira ela nos traz, num fantástico emaranhado de acontecimentos e entendimentos diversos, os vestígios da verdade. Existem relatos isolados da bíblia que conferem com ela em muitos pontos e, apenas por serem informações independentes das cristãs, acabam por reforçarem as já fortes evidências de um fato real. Encontramos, por exemplo, o judeu Flávio Josefo, historiador do palácio romano de Domiciano, referindo-se a inúmeros fatos que citavam Jesus por estar este envolvido em circunstâncias ilegais, segundo o ponto de vista dos romanos que, apenas por menção, lembra-se o caso de João Batista, o martírio de Tiago, alguns apontamentos sobres os milagres e uma passagem que fala da ressurreição. A Jurisprudência e doutrina das leis judaicas (Talmude) fazem também, citações, todas contradizendo, é claro, a visão cristã, porém significativas a respeito de Jesus. Veremos em Tácito, famoso historiador romano relatando que Nero usou da presença dos cristãos em Roma para transferir-lhes a culpa pelo incêndio da cidade.
Mas, todos os documentos históricos paralelos à bíblia, trazem apenas passagens ou pequenos comentários2, poucos conferem uma seqüência ou um enredo coerente ligado ao fato logo, ainda que muito enigmática e com excesso de misticismo, a bíblia termina por ser a melhor fonte de informações disponível sobre a vida de Jesus, os outros lhe servem de amparo comparativo e, de certa forma comprobatório, quando em confronto aos relatos coincidentes.
A bíblia é, sem restrições ao termo, a imprensa escrita da História, sim! Um jornal e, com todas as prerrogativas do vocábulo, um “jornal” que exagera, que omite, que mente, que relata, que tem tendências e, inclusive, transmite verdades. É esse o perfil que assusta, pois, extrair a verdade de um matutino, causa embaraços por demais extenuantes, o que seria então, o mesmo serviço num “milenário1”?
Contudo, não existe nada que se refira a Jesus com a riqueza de detalhes e particularidades sutis que não seja ou, ao menos, relacione-se à bíblia, assim, vamos à ela:
Conjunto de livros sagrados, segundo o nosso Mestre Aurélio, na primeira interpretação das várias versadas e, por meio de diversas fontes consultadas foi possível produzir uma sinopse textual onde, por abrangência, captou-se “as notícias principais”, se é que podemos, com a devida licença, metaforizar.
Com as precauções de praxe devemos, antes de tudo, respeitar a escrita que traz a tradição de um grande povo em princípio e, em segundo plano, recebe influência de outros povos que nos merecem o mesmo respeito, mas isso não a transforma em detentora de verdades absolutas, primordialmente, se à luz das ciências atuais e das conclusões lógicas da filosofia. E, são fatos:
• A bíblia é, atualmente, absolutamente destituída dos textos originais.
• A tradução mais antiga sabe-se que tem origem nos “massoretas1” por volta de oito a dez séculos a.C. em hebraico e aramaico que são línguas mortas já há muitos séculos.
• O Antigo Testamento, escrito em grego e o Novo Testamento, resultados de uma coletânea imensa de manuscritos, não são mais do que uma tentativa cuidadosa nos limites do conhecimento e tecnologia da época, de reconstituir, o mais próximo possível, os textos das versões que se referiam aos autores originais.
• Tudo que se lê nas atuais traduções é extraído desses textos, pois eram esses, os únicos existentes.
Assim, por volta do século II d.C. encontraremos o teólogo Orígenes, homem de grande influência e profundo conhecedor dos textos bíblicos, produzindo uma versão do Antigo Testamento em grego e hebraico. A verdade é que seria impossível ao leitor comum, assimilar o entendimento exposto na bíblia no texto original, onde se lia em hebraico e aramaico o Antigo Testamento e em grego o Novo Testamento ainda considerando, que devido as inúmeras traduções, esta é a síntese de infinitas influências de vários povos e culturas estranhas entre si. Além do que, essas variáveis precederam em muito o surgimento de Jesus, nem de longe teria sido ele quem dera causa a tal desentendimento histórico.
É interessante notar que a tradução mais antiga que se conhece da bíblia, chamada de “Septuaginta” (versão dos setenta), é originada de um “mito”, uma lenda, e esta contava que de cada tribo de Israel foram destacados seis judeus sábios formando ao todo setenta e dois e que em setenta e dois dias procederam a tradução do Antigo Testamento na “polis” Alexandria por volta do século II a.C..
Libertados do Egito, o hebraico foi uma língua esquecida pelo povo judeu, transmitiam então, verbalmente, seus ensinamentos, agora falados em aramaico (Targum).
O latim foi, expressivamente significativo, para a divulgação do Novo Testamento cujo tema central é o cristianismo que se iniciava no período, ainda assim, só foi produzida no século III d. C., “a Ítala”, já na Itália, pois nessa época, o grego esvaía-se como forma de linguagem e a cultura grega, identicamente, perdia-se no tempo, cedendo lugar aos costumes do Império Romano que, por sua vez, já vinha também enfraquecido.
Segundo consta e ainda se lê nas atuais traduções, o Antigo Testamento foi, basicamente, dividido em cinco livros em grego designados “Pentateuco” eles existiam em cinco volumes à época.
Gênesis, o primeiro deles onde o próprio título já define o conteúdo; a criação do mundo, do homem e do Cosmo.
Êxodo, o segundo, título já escolhido pelos cristãos para contar a história do abandono do Egito pelo povo de Judá.
Levítico, o terceiro, título judeu (Vayikra), “E chamou”, correspondem aos rituais de sacrifícios, ao que é puro ou impuro, a santidade, o calendário das liturgias, bênçãos e maldições.
“Números”; é o título que relaciona as tribos de Israel, em hebraico (Bammidbar) “No deserto” que atravessavam o deserto a partir do Sinai até Cades, onde tentam, sem sucesso, invadir Canaã, indo depois a Moab, diante de Jericó e lá ficam duas tribos, a de Rúben e a de Gad.
Deuteronômio, o quinto título explica a segunda lei, no hebraico (Elleh hadd barim), “Estas são as palavras”, como quase todo o Pentateuco trabalho organizado pelos profetas que se diziam continuadores de Moisés e atribuíam a ele seus prolatos.
O Novo Testamento era condição imposta pela necessidade da igreja cristã que nascia, o fito era “dar autenticidade” e tradição ao acontecimento que se expandia pelo mundo ocidental. Assim, foram eleitos os quatro evangelhos cristãos produzidos por Matheus, Marcos, Lucas e João, os três primeiros eram muito correlatos, suas semelhanças eram dignas de atenção, o de João, o mais singelo, manifesta diferenças de interpretação em relação aos outros.
As epístolas, parte integrante do Novo Testamento, são as cartas enviadas pelos apóstolos com o intuito de divulgar o ensinamento redentor e esclarecer aspectos polemizados entre os seguidores da chamada “boa nova”.
Matheus por gozar de crédito de cultura diferenciada, pois ocupava cargo de relevância e autonomia junto à coletoria de tributos romanos, traz em si uma maior confiabilidade de informações. Provavelmente, este escrevia em grego, além de sua língua natal.
O Novo Testamento resume-se, fundamentalmente, à relatar os movimentos e sermões de Jesus pela Galiléia, o sermão da montanha, milagres, as parábolas que eram a forma peculiar de Jesus pregar seus ensinamentos, as revoltas dos dissidentes das idéias propaladas e as ameaças sofridas pelo mestre e seus apóstolos, a entrada em Jerusalém, que este o faz montado num pequeno jumento “parte do cumprimento das profecias” que precederam Jesus, traz ainda, o sermão contra os escribas (doutores da lei), a repulsa aos fariseus, defensores dos fundamentos de ortodoxia das leis judaicas e, por fim, a crucificação e posteriores aparições de Jesus continuando suas pregações em favor da disseminação de suas lições pelo mundo.
Outro fato observável é que o Evangelho de Marcos reflete melhor o pensamento de Pedro, seu mais próximo companheiro e “que o chamava por ‘meu filho’..”, é certo porém, que passaram-se ao redor de quarenta anos quando, qualquer deles, cogitou escrever sobre a vida do seu mestre. É relatado que Marcos havia iniciado um movimento cristão em Alexandria e lá morreu.
O Evangelho de Lucas apresentava o melhor estilo, conseqüência provável da cultura acentuada deste, pois que é sabido este ter sido médico, conforme se sabe de Paulo que, ao que tudo indica, eram fiéis amigos e o primeiro seguiu Paulo à Roma quando de seu aprisionamento.
João, o “evangelista”, como era conhecido e distinguido de João Batista, o primeiro acompanhado de seu irmão Tiago, teria sido o terceiro discípulo de Jesus, seguido a Pedro e André. Tratava-se de gente simples e sem instrução, identicamente a Pedro, “o pescador” e, segundo se lê, era quem Jesus amava por predileção. É contado que, agonizante, Jesus lhe pedira por sua mãe Maria, e foi esta, recebida como “mãe” do próprio João em sua casa.
O que se constata é a forma menos técnica de João nas escritas trazidas até hoje, entretanto, é notável a manifestação mais expressiva a falar ao coração dos homens, não é sem motivo o adjetivo amoroso de “Evangelista”, nas narrativas de João está impresso muito do amor simples, porém, propósito único de Jesus. Ainda se encontra os “Atos dos Apóstolos” que, propriamente, trata dos aspectos temáticos do pensamento de Jesus e, no estilo notado, acredita-se ter sido autoria de Lucas essa narrativa. Seu valor, segundo o ponto de vista dos teólogos, é a escrita de testemunha ocular das ocorrências ali mencionadas e a expressiva quantidade documentos que amparam os fatos não presenciados testemunhalmente. Logo, por esse aspecto, é um bom meio comparativo para eventuais documentos paralelos que venham a relacionar-se aos fatos. Por fim, as “Epístolas”, entre as dos apóstolos e outras genéricas, encontram-se as de Paulo (Saulo de Tarso1), e essas, juntamente com as relações filosóficas antecedentes ao pensamento de Jesus, que realmente foram o “motor” do cristianismo. Paulo, como ficou conhecido era, antes de tudo, uma espécie de erudito, homem de grande cultura e profundo conhecedor das leis judaicas “um douto”, mas, o fator preponderante que deu credibilidade às suas pregações foi justamente ter sido ele feroz combatente do cristianismo, sua conversão2 era motivo digno de admiração, pois era conhecido o seu caráter fortíssimo e inamovível, logo, alguém que conseguisse tal “proeza” era, obviamente, verdadeiro. Paulo tinha livre acesso aos meios filosóficos gregos, pois com eles debatia já de há muito e com a cultura grega nasceu em Tarso e aos círculos culturais romanos, pois era portador da cidadania romana e junto aos judeus, seus irmãos de berço. Era, de fato, um homem especial, quando convertido exerceu todo seu potencial em favor de sua nova fé .
Conclui-se, sem muitos esforços que, de fato, a bíblia tem maior valor material do que documental é, com certeza, um imenso relicário de fé, mas é certo também, que fé frente à razão perde as suas “razões”. Contudo, produto de muitas culturas, é óbvia então, a sua primeira valoração. Com as descobertas arqueológicas nos locais indicados nos textos, impõe-se-lhe o merecido respeito, como meio comparativo a corroborar os apontamentos da ciência, assim, ainda que tenha como conteúdo, apenas os aspectos culturais localizados no tempo e no espaço, passa a ser documento a cada fato comprovado cientificamente pela arqueologia. Não é ainda documento, em se tratando de Jesus, mas, um leve traço material que se identifique com a figura dele nos sítios trabalhados, fará da bíblia um documento histórico relativo ao fato narrado, todavia, não passa ainda, de um forte indício da verdadeira ocorrência, negar-lhe totalmente veracidade seria leviandade, pois muitos povos e pesados sacrifícios em mantê-la viva, pode indicar entusiasmo, exageros e, até imaginação nos escritos e contos, mas.., considerar, simplesmente má-fé, do imenso número de participantes em milhares de gerações, não é ingenuidade, seria, no mínimo, ignorância exacerbada senão, leviandade.
Sim, neste mesmo trabalho afirmamos ser a bíblia nada além do que um relato mitológico e continuaremos afirmando, pois seus contos são, inegavelmente alegóricos, fantasiados e apaixonados é, de fato, uma maravilhosa peça teatral da humanidade com o importantíssimo detalhe de estar baseada em fatos reais quando se consegue extrair, por outros meios, a verdade do romantismo incontido, nitidamente lá exposto, é evidente que na versão esta já constava, porém, por detrás da cortina de palco.
É indiscutível a existência material de Jesus, não há como negar as afirmações milenares de tantos relatos e de infinitas pessoas diferentes sem relações umas com as outras logo, é de se crer na sua existência, mesmo que provada apenas circunstancialmente.
Porém, a questão básica é: “Que importância tem isso do ponto de vista filosófico?”. A Síntese Universal, proposta por ele ou alguém não é o que importa de verdade? Esse é o foco e não o personagem! Se a lição foi passada, o professor tem valor apenas “meritório”. E, tudo que se lê do Mestre, é que o que ele menos buscava, era o merecimento “tatuado”, a humildade precedia a majestade, quem quer que tenha feito tal obra pretendeu salvar o mundo e não a si próprio ou a sua lembrança e imagem. A isso é interessante acrescentar que, segundo os relatos, Ele nada deixou por escrito, todavia, por questões de validar sua erudição, em várias oportunidades “escreveu na areia”, caso famoso ficou o de Madalena1, quando ao dirigir-se aos teimosos “lia suas almas” e escrevia seus delitos no chão causando-lhes vergonha incontida.
A verdade é que o principal ensinamento de Jesus foi, exatamente, “fazer e não ver a quem” e que a “verdadeira caridade é anônima”. E, já que somente nas linhas que seguem, nos dirigiremos ao alvo deste capítulo, vale dizer que de Jesus, um caráter prepondera sobre tudo que dele se fala, é ainda de se ressalvar, que vários peritos, com muito mais propriedade técnica, já atentaram para isso, mas a observância não é demais, falamos dos aspectos psicológicos que envolveram os acontecimentos daqueles três anos que mudaram o mundo.
Voltando daquele período trinta anos, veremos que a própria Judéia era foco de convulsões, sob o domínio romano há mais de sessenta anos, fato histórico que diverge em poucos anos do nosso calendário atual, pois ocorre uma discrepância temporal relativa a data de nascimento de Jesus que, paradoxalmente, nascera em Belém na Judéia nos anos 7 ou 6 a.C., ou seja, ele teria nascido ao redor de sete anos antes de si próprio, mas isso é explicado por um erro atribuído a Dionísio no século V, encarregado pelo papa de então a formular um calendário. Usou este, o dia 25 de dezembro no ano de 440, para neutralizar os efeitos de uma festa pagã que se comemorava anualmente nesse dia. A Galiléia era então, dominada pelo reinado de Herodes Antipas, juntamente com a Peréia, locais de revoltas constantes e agitações populares com inúmeras origens “aqui e ali”, situações que o Império Romano e o rei nomeado local sufocavam com violência crescente.
Filho de Maria e José, o “carpinteiro” da Galiléia, conta-se que este fora levado refugiado ao Egito onde permaneceu até ser noticiada a morte de Herodes, pois este, informado do nascimento de um homem que seria o rei dos judeus, mandara exterminar todos os varões de até dois anos para trás em toda a região de Belém.
Existe um vácuo imenso na existência de Jesus a partir de seus doze anos1, idade esta, versada em Lucas, que relata estar o menino desaparecido de casa por três dias, fora encontrado pelos pais no templo em acalorado debate entre questões e respostas com os doutores que lá ministravam e admirados estavam com a argúcia e inteligência do jovem, advertido pelos pais que se preocupavam responde-lhes questionando-os: — “... Não sabeis por acaso, que na casa de meu Pai eu estava2...” acompanhou-os de volta e nada mais dele se soube até o início de sua jornada.
Aos trinta anos, quando investe, em favor de suas convicções publicamente, havia chegado não se sabe de onde, mas o fato é que do primeiro ao último episódio de sua tragédia, cada momento teve um propósito e uma direção previamente ordenada, nada deixava de corresponder a uma proposição ou provocação das próprias bases culturais da humanidade, sim.., porque cada ato seu, implicava em ser, por excelência, extravagantemente detalhado, agudo e, fundamentalmente, de longo alcance no espaço e no tempo, trabalhava a um só tempo, em todos os sentidos possíveis de serem atacados os pontos almejados do pensamento humano, não há relato algum que faça citação de qualquer movimento seu sem conotação e muita implicação com os costumes e práticas da época, porém, seus limites não foram, como hoje se sabe, apenas o período que conosco passou. O homem em discussão apresentava, de fato, distinções absurdas em relação ao ser humano comum, é plenamente assimilável que a Humanidade, na sua ignorância, o tenha absorvido na forma de um “deus”, nos dias de hoje, talvez viesse ser considerado um “et” (extraterrestre) exatamente porque o enfoque é diferente, mais evoluído, mas.., em níveis culturais, principalmente no mundo ocidental, se recebe melhor a origem alienígena do que simplesmente a “evolução espiritual” pura e simples.
Psicologicamente, a Humanidade estava de frente a alguém que não era singularmente superior à média, é fato notório nos tempos atuais que em dois mil anos, nada nem ninguém, em termos do entendimento da realidade universal, aquela que açambarca a mais abrangente visão existencial, no mais amplo sentido que o pensamento possa alcançar, passou pela terra e tenha alcançado e, quiçá, superado seus predicados, os relatos só poderiam versar sobre “milagres” pois.., que possibilidades encerrava e, muitos encerram ainda hoje, o homem comum para julgar intelectualmente o que presenciava?
Existe uma face curiosa quando a literatura existente refere-se aos dotes dos sábios, é certo que as atenções dirigem-se a homens especiais, contudo, é comum atribuir-se-lhes a qualificação genérica de profundo conhecimento em variadíssimos ramos do conhecimento, citamos; matemático, artístico, médico, lingüístico, engenharia, filosofia, entre muitos outros, convergindo, invariavelmente, a um só pensador. Em verdade, se não fossem especiais estes reconhecidos expoentes humanos, seriam ilustres anônimos, mas.., é de se destacar que estes sobressaíram-se em áreas especificas do conhecimento, com não poucas exceções, devemos lembrar que matemático ao tempo de Pitágoras, por exemplo, era bem menos que o nível secundário do ensino básico e profissional nos dias de hoje, quando se fala em medicina, engenharia e muitos outros ramos, os que excediam a média, o faziam empiricamente se comparado ao conhecimento acumulado atualmente, ainda que se faça dois apartes, um dirigido ao artista, pois é inegável que a muitos deles o talento precede a natalidade e “espera” que o corpo cresça e corresponda às suas vocações, o “homem é instrumento da arte” Ela se manifesta nele, é claro que sabemos que o espírito já é a expressão que, de fato, “exprime” seu Ser, como já dissemos é a sua forma, de escrita nossa já fizemos de Mozart a vivificação do nosso exemplo. O segundo aparte, aponta o envolvimento dos efeitos do pensamento reencarnacionista, como exemplo, podemos citar Anaxímenes, o primeiro pensador a propor a unicidade universal que apresenta espantosa similaridade ao conceito atual de expansão da energia resultando na existência material do Universo. Como poderia alguém, produto de uma cultura primitiva em termos, principalmente tecnológicos, deduzir tal entendimento se não portasse bagagem antecedente de conhecimento que se explica com lógica apenas se enfocada a múltipla existência do Ser.
Assim, afirmamos que, por um lado era fácil ser especialista em infinitos ramos da ciência, por outro era, literalmente absurda a capacidade do pensador em extrair de dentro de si as razões que sustentavam a sua própria razão. Sim, porque como já dissemos, não existiam informações externas ao indivíduo que servissem de escada cumulativa à tese que tal se propunha. Estas, tanto quanto a arte, eram a sua própria expressão, a resposta já era o Ser em apontamento. A explicação do seu entendimento esbarrava em dois entraves naturais; o primeiro, devemos considerar as dificuldades memorialísticas do histórico individual, é fato que deslembramos ocorrências da nossa infância ou juventude e mesmo próximas da nossa vida; como podemos, em sã consciência, negar isso em encarnações diferentes e, se desconsiderada a reencarnação, o presente trabalho simplesmente não haveria porque ser lido; o segundo, é que por mais que se esforce o intelectual em questão, este é sempre mal interpretado, transmitindo com freqüência, apenas parcialmente sua mensagem, essa interpretação ainda sofre distorções por transferência secundária, isto é, os que a captaram na origem passam-na sucessivamente, cada qual depositando seu entendimento pessoal ao pensamento original logo, o que lemos traz o ensinamento em essência, mas, sem dúvidas, distorcido superficialmente, é de se concluir, portanto, que quanto mais profunda a força da convicção e maior o poder de sintetizar do pensador, maior será a fidelidade do seu ensinamento post factum. Conseqüentemente, é de se saber que convicção reside na certeza do conhecimento e na propriedade da memória e sintetizar, é a exigência mais complexa que o intelecto pode realizar, veja porque; o Ser capta o conhecimento em forma de sentimento e isso significa que quando a inteligência está pronta para mais um passo ela “sabe”! mais nada.., sim..! só isso..! Esse é o ponto, o “Ser” toma contato com um novo conhecimento e passa a “sê-lo” por acréscimo, o “conhecimento” não está no Ser, ele “é” o “Ser”, maior daquele ponto em diante e assim, sucessivamente. E o que quer dizer afinal, todo esse emaranhado..? simplesmente, que o raciocínio complexo não é mais que o esforço em assimilar o conhecimento. O espírito, quanto mais evoluído, mais o traz em estruturas pré-moldadas que se lançam em ocasiões que o reclamam amoldando-se com adequação tão eficaz quão qualificado for quem os lança. O conhecimento só precisa de explicações porque a razão, que é intrínseca a mente, é o agente que intermedeia a máquina cerebral ao Ser, ou seja, o cérebro somente absorve os acontecimentos por meio de “códigos”, compila-os em sinais sensoriais que é a única forma do “Ser conhecer”, quem produz tal tarefa é a razão, ela extrai o que o cérebro assimila por simbologia decodifica e transforma em sentimento “a linguagem do Ser (espírito)”. Assim, é conclusivo que a síntese é “o espírito do conhecimento”, pois fala sem palavras à alma e esta aprende (sente) de dentro para fora, arranca de si a capacidade de qualificar-se naquele saber.
Está aí aquele que transformaram em “messias” (cristo) inatingível, esse Homem, ou melhor, Espírito é do tamanho do que fez e ainda faz pela Humanidade, foi capaz de quando em vida viver os dois planos possíveis, não sofreu como nós outros, a privação da lembrança na matéria e sua qualificação era plenamente empregada sem embaraços comuns aos ainda pequenos, por isso disse; “... — perdoai-os, pois que não sabem o que fazem...”. Ora..! fazemos isso todos os dias com as crianças, indígenas, excepcionais mentais e irracionais e o que mais seríamos, se comparados a alguém com a bagagem de Jesus? Desculpem o humor, porém, “no oceano que nos afogamos, Ele nada de costas”, mesmo amarrado pela “carne”! Esse foi o enfoque pretendido ao referirmos a “Síntese Universal” (... amar ao próximo como a ti mesmo e a Deus sobre todas as coisas.), todo o conhecimento do mundo nos foi legado quase sem falar, Ele tocou a alma de todo Ser Humano que nasceu a partir do exato momento que concluiu a frase objeto do presente comentário. É tão forte esse entendimento, que mesmo que negado se o faz precisamente “contrariando” a consciência dessa prática assim, ligado a libertação, nos foi fornecido o “legado” da culpa, pois não há sapiência sem responsabilidade implícita. Não há, por outro lado, psicólogo no mundo capaz de esclarecer a profundidade do que foi pretendido e atingido pelo Homem que, sem dispor da mídia, da tecnologia, da velocidade de comunicação e tantos outros meios disponibilizados à Humanidade de hoje, usufruiu todos os meios já inventados e a inventar, sem sequer cogitar deles. Foi capaz de fazer da sua morte a vida do nosso mundo; dos seus inimigos, seus maiores aliados; dos seus seguidores, o exemplo do sacrifício em prol da evolução; do ódio, toda a estrutura do amor e finalmente, da ignorância, o espaço onde cabe o saber.
É1 esse o Homem que moveu a Humanidade, não um “cristo” inatingível que não seria mais que um santo de barro que como tantos outros, esquecido por enterrado em terremoto qualquer e só faz parte da cultura de um povo enquanto presente e miseravelmente adorado. O primeiro disseminou-se em fragmentos do seu Eu, no Ser de cada “ser”. É-nos por inteiro, enquanto que apenas parte de si. O consciente do nosso inconsciente, a força da nossa fraqueza e, mais que tudo isso, o amor infinito do nosso ódio incontido.
Falar dos seus “milagres” seria contradizer tudo que, a muito custo, se busca transmitir no presente arrazoado, pois, mais do que simplesmente já mencionado por quem aqui escreve, é sabido que milagres não existem, existe apenas algo que nos escapa ao entendimento, nada mais.
Os malfadados milagres não são mais do que o resultado da visão ingênua do homem comum, manipulada convenientemente pelo clero e isso é evidenciado já no concílio de Nicéia em 325 d.C. seguido de muitos outros, onde ficou adotada a “ortodoxia” da igreja, termo usado para expressar a apropriação da “correta opinião” que por absurdo, é incorreta até por semântica paradigmática, já que “opinião” expressa um modelo morfológico para ponto de vista, e é sabido que “correto” é o que expressa certeza racional inconteste. O uso indevido de pronunciar “mais” correto ou “menos” correto, é falha de interpretação e forma de expressão enfática dos elementos gramaticais, tanto que vem comumente ligada a um verbo no futuro do pretérito buscando demonstrar expectativa “seria ou estaria, mais ou menos correto”. Em suma, os milagres de Jesus foram, aí sim, mais ou menos “existentes” por “decreto clerical”.
Ele, sem dúvidas, fez coisas impressionantes, mas nada que não seja ou será possível fazer, em futuro breve, pela Humanidade, basta que se alcance conhecimento suficiente para tanto e a vontade de praticar, em prol do próximo, o que almejamos a nós o que, aliás, foi tudo o que Ele pretendeu ensinar.
Além do que, devemos perceber que a Jesus não era dada a escolha e fácil é notar, se entendermos que um espírito dessa magnitude coloca-se na condição de quem entra num mar de lama, obrigado a vestir um “equipamento” extravagante para se manter imerso e executar uma tarefa, sua oportunidade é única em muito tempo e preparo, logo deve lançar mão de tudo que lhe for disponível em termos de recursos para exercê-la logo, se usasse seu conhecimento produzindo efeitos que para Ele, não seriam mais do que queima de fogos de artifício, mas,.. para os que dele se acercavam, equivalesse ao chamamento pretendido, é óbvio que pô-los em prática seria a solução emergencial que melhor se adaptaria às circunstâncias.
Há ainda, um detalhe de significativa importância que de modo algum deve ser desprezado e começaremos pelos exemplos didáticos que melhor expõem o que se almeja; — não nos é saudável estar em um bosque de eucaliptos, cuja transpiração balsâmica do citronelol nos abre as vias respiratórias? permanecer imerso em águas sulfurosas e equivalentes, não nos produzem benéficos resultados à saúde? Agora.., imaginem os “estoques” de “essências” positivas1 que ficam permanentemente envolvendo uma Inteligência que a acumulou por tempos incalculáveis!.. A simples presença de alguém desse porte produz efeitos notáveis, até mesmo independentemente do seu consentimento expresso é, inclusive, narrativa bíblica, um episódio dessa natureza contando que em meio a uma multidão Jesus, simplesmente, estancou e pronunciou; “...Saiu virtude de mim...” e souberam depois, que duas hansenianas haviam-se curado do mal, apenas por ter esbarrado a túnica deste, há relatos ainda, de pessoas que pela simples aproximação da presença dele foram curadas. Hoje sabemos que independentemente da participação do agente ativo, o “interessado” obtém resultados positivos por auto-indução ou condicionamento prévio logo, é de se esperar que a soma de, no mínimo, dois fatores ocorreu naquele período. É relevante salientar que não há, no presente trabalho, pretensão de esclarecer os fatos, mas sim, refutar a tese absurda da existência de milagres pela simples exclusão. Podemos ainda afirmar, sem risco algum de errar, que a própria explicação ingênua do milagre comprova a proposição dessas pautas: É sabido que o termo “milagre” expressa a idéia de interferência de alguma divindade alterando o curso natural dos acontecimentos bem, sem se valer de exemplo “espalhafatoso” podemos argumentar; uma pessoa comum, dispondo de conhecimento saudável e intenção de interferir positivamente nos acontecimentos pode, com um simples conselho, desviar o curso da própria História se, a título ilustrativo, induzir alguém a não praticar um crime de morte e isso já seria um milagre, só não se presta para efeitos publicitários, mas não mudou-se o curso natural dos acontecimentos? e quem o fez não exerceu o trabalho de uma divindade com o uso apenas de seus conhecimentos? Não se venha falar de curas, pois, exageros à parte, existem infinidades de casos em milhares de anos por número não menor de pessoas comuns e até de caráter duvidoso que praticaram efeitos semelhantes. Ressuscitar “mortos”, nem falar! Inicialmente, hoje se sabe que determinadas espécies de ataques causam a morte aparente uma, entre outras, seria a catalepsia, atualmente existe uma gama fantástica de instrumentos e especialistas que têm por objetivo determinar o exato momento da morte, pois, há alguns anos uma parada cardíaca determinava a morte, hoje isso não é válido, um paciente atendido a tempo de “ressuscitamento” clínico é plenamente restabelecido à vida, e é comum hoje, a manutenção de vida suspensa por meio de aparelhos que, inclusive, suprem a ausência de muitos órgãos até que seja possível o transplante ou a recuperação dos próprios causadores do mal, por isso é importante estabelecer quando ocorre a morte irreversível.
É incalculável o número de relatos de mortos que levantam e saem simplesmente, andando no meio de seu próprio velório, outros ainda, de exumação de corpos que são encontrados em posições diferentes e, principalmente, demonstrando que tentava desesperadamente sair do caixão ou tumba mortuária. Em vários lugares do mundo se sabe de pessoas que exercem a morte profissionalmente, particularmente no oriente encontramos esse tipo de praticante que a exerce sob efeito da auto-hipnose conseguida a custo de muito treinamento e sacrifício, é ainda vulgar, entre os ladrões e criminosos indianos usar desse método para livrar-se das penas que lhes seriam impostas, se não “morressem”, assim, “morrem” e, segundo os costumes indianos ficam expostos ao tempo em lugares apropriados para serem consumidos pelos abutres, ocorre que o instinto animal não se deixa enganar e evitam comparecer ao local do “morto” em questão, passado algum tempo, que muitas vezes vai muito além dos quatro dias de “morte” “vivido” por Lázaro, o meliante “se auto-ressuscita” e segue o caminho da fuga. Logo, esse “milagre” é “milagrosamente” acreditado ainda hoje.
Mudar o curso natural dos acontecimentos é somente possível por antecipação, o preço será saber quando é “antes ou depois”, a morte não é simplesmente uma paralisação das funções vitais, circunstância plenamente assimilada como passível de reversão atualmente. Esta, se de fato, ocorreu, iniciou o irreversível processo degenerativo ou a “desmontagem” molecular e até mesmo atômica dos entes constitutivos do organismo biológico1, inclusive, abrigando outras vidas que se valem da massa alimentar inerte que não apresenta mais defesas contra ataques externos de nenhuma espécie. Não há como recuperar com a competente estrutura o que foi perdido para outro sistema de organização biológica ou mineral, isto é, os componentes passam a fazer parte de outras composições animais, vegetais ou mesmo minerais, na forma de seus componentes moleculares ou simplesmente atômicos, ou seja, compostos ou elementos. Ademais, é acéfala a tese desse milagre, pois se mesmo os evangelhos adotados pelo clero admitem a existência da alma e ainda que por interesses outros, a igreja negue a reencarnação, é inerente à morte o êxodo desta a outros planos existenciais, o que a traria de volta? E, se esta não precisasse voltar, falaríamos de um “zumbi”? Logo, se a criação é perfeita não será passível de alteração a lei da evolução, pois que é imutável, ou Deus “errou”? Portanto, não seria nem mesmo de se esperar esse tipo de conduta em alguém com os predicados de Jesus. Nem pelo aspecto prático científico, nem pelo filosófico, pois que não apresenta justificativa racional de nenhum ponto de vista possível material ou ideal. E afinal, o que é morte para nós, não o é para Ele, “morte” é apenas um conceito, entretanto, como disso sofremos em decorrência da nossa pior “doença”, o atraso evolutivo, a consideramos como fim, no entanto, não sentimos isso ao trocarmos de roupa o que, no caso do espírito, dá no mesmo, ainda que trata-se de “roupa” mais sofisticada e valiosa. Assim, até mesmo no campo da lógica, seria insensato da parte de Jesus, contrariar a natureza o que, em resumo, seria um “castigo” imerecido a Lázaro, pois que, depois de liberto houve por retornar à sua prisão e pior, teria sido enganado, pois sendo a vida “boa”, milagre teria sido se vivo ele estivesse entre nós ainda e sempre e a vida lhe seria eterna. Agora, voltar à vida para depois de alguns anos “morrer”, seria pura exibição ilusionista e isso, foi a principal coisa que Jesus não veio fazer .
O que deve obrigatoriamente nos fazer reflexivos, reside no pensamento de Jesus, pois nele estão contidos os ensinamentos que mudaram a Humanidade. O personagem, os milagres, os acontecimentos se desligados do pretendido entendimento, as circunstâncias históricas sem as justificativas e desdobramentos culturais de pouco serviriam a projetar as idéias pelas quais Ele tenha morrido ou dizendo melhor, vivido até hoje. O tema central que valida a sua própria existência é somente o crescimento da Humanidade no seu mais amplo sentido, é tão forte essa perspectiva, que se ocorresse a sua pretensão e, de alguma forma, Ele estivesse apagado da memória humana, seu objetivo estaria cumprido, como infelizmente, o colocaram de “tema central” e não a sua obra, Ele é quem vem consumado, por isso, dizemos que Este ainda chora.
Ainda que estranho pareça, afirmar ser a morte um simples conceito, é isso exatamente, o que ela é. O termo “conceito” por conteúdo hermenêutico, porta o entendimento direto que expressa “modo de ver”, “opinião” ou, quando muito, uma “concepção” formada pelas aparências imediatas. Por outro lado, “morte” é um vocábulo cuja mais acentuada exegese define como “conjunto que sofre alterações irreversíveis, não responde a estímulos ou não oferece qualquer reação dinâmica de expressão compatíveis com o que se relaciona à vida no sistema sob análise”. Assim, a primeira conclusão nos conduz a que pode haver vida subsumida ao “sistema”, isto é, vida que se vale do objeto, mas não há vida própria dessa estrutura (objeto). Entretanto, o limite do “termo” ou “vocábulo” é somente o que sensorialmente se constata, ou seja, o entendimento da “aparência imediata”, isso pode ser comprovado por todo o instrumental concebido para constatação “sensorial” nunca, além disso. E, como todo o arsenal tecnológico humano prova definitivamente que a vida orgânica estruturada na primeira forma cessou, todavia, não oferece a menor chance de provar a inexistência “extra-sensorial” e é inegável, porém, que estejam disponíveis indícios fortíssimos dessa “existência”, fica demonstrado que “morte” não é mais do que um “conceito”, pois deixar o corpo, não extingue o Ser. O autor insiste e repete máxima de capítulo anterior; “...O corpo é o meu endereço no Universo...”.
A existência filosófica de Jesus resume-se ao seu pensamento, ou seja, seu “Ser”, sua “Essência”, esta ficou conosco e, como no campo, a “semente” só germina no tempo certo e, quando regada. Cada “partícula” sua impregnada na Humanidade, quando frutifica, acrescenta-lhe o Ser, mas, nunca o completará, pois nisso reside a perfeição “estar ‘completo’, porém ser acrescido indefinidamente”. Pleno de virtudes não implica impedimento de ampliar continuamente as qualificações, o Universo do conhecimento é inesgotável, tudo sempre pode “aperfeiçoar”, nenhum “gênio” precisa intuir isso na mente de alguém, é assim, e pronto! Axiomático, contudo, lógico. Cada segundo de tempo é um “segundo” de “crescimento”. O “eu” de agora é menos do que o “eu” do próximo “segundo”.
Retomando o raciocínio, cada passo “público” de Jesus estava definitivamente preestabelecido, nenhum ato foi espontâneo, o significado de cada acontecimento estava presente antes de acontecer, a própria vida pública de Jesus foi uma “aula” ensaiada e, absolutamente previsível, era o seu fim e mais, do ponto de vista espiritualista, não havia surpresas antes mesmo do próprio nascimento de Jesus.
Este cumpria, de certa forma, uma profecia antiga dos hebreus, já na época de Jesus, povo judeu. Agia dessa forma, com a óbvia intenção de ser reconhecido como causa do movimento que pretendia lançar; “não vim trazer a paz, sou o princípio da revolta”. Assim, seu primeiro ato público, foi carregado de ênfase e, como seria de se esperar, ocorreram fenômenos que inevitavelmente causariam profundo estado de perplexidade, todavia, nada ocorreu, além do que inúmeras pessoas hoje em dia não tenham presenciado em locais onde se praticam “sessões espiritualistas de efeitos físicos”, fenômenos conhecidos atualmente por “viva voz” e “materialização” foi relatado na bíblia que quando Jesus se apresenta à João Batista para ser batizado, este esboça renúncia ao ato e lhe retruca o primeiro; “cabe a vós batizar o cordeiro de Deus”, é tanto verdade o fato, que em Cafarnaum João Batista apresenta-o a Filipe e a Natanael, exatamente com essa alegoria, Ele faz isso ensinando a humildade e, de forma alguma, demonstração de que era o “escolhido” e, segundo se lê, ouviu-se: “... — Este é meu filho amado...” o que não implica a orfandade dos demais e viram, segundo a mesma escrita, “...do céu se abrindo, uma pomba veio sobre Jesus...”. Desse momento em diante tudo se desenrola segundo um plano nitidamente delineado, o jejum no deserto, o testemunho de João Batista aos sacerdotes que procediam de Jerusalém, e fatos relatados sobre as bodas de Caná quando a água é transformada em vinho1, fenômeno raro, contudo, já testemunhado muitas vezes nas mesmas sessões citadas acima, inclusive com quedas de objetos totalmente estranhos em locais inadequados (cair, p. ex., pedriscos em ambientes inacessíveis a estes). Leremos adiante, a expulsão dos vendilhões do templo, as premonições à Nicodemos, o encontro com a samaritana no poço de Jacó; “...– Quem beber da água que te darei, nunca mais terá sede...”, fato que acirrou o ódio dos judeus ortodoxos, com o acúmulo de desencontros entre as atitudes e exemplos do Mestre e os costumes dos judeus tradicionais a rejeição deságua por acentuar-se logo, este é desdenhado na sinagoga em Nazaré e auto-rotula-se profeta rejeitado na terra natal.
Devemos entender que “profeta” era, no entender do período, sinônimo de “emissário” de Deus e não vilmente o “adivinho” consoante versão contemporânea, ademais, Ele metaforiza a frase como atualmente se diz “casa de ferreiro, espeto de pau” e quem diz isso não é necessariamente “ferreiro”, hoje, portanto, não lhe cabe o adjetivo, contudo, algo mais deve ser observado, Ele qualificar-se em “emissário de Deus” (se é que o fez?) não destitui a prerrogativa de terceiros, ou seja, ainda aí, não há, nem de longe, afirmação de “escolhido”, a todos é dado o direito de “Ser-Lhe” emissário basta “pagar o preço” e mais, era-lhe impositivo situar-se em patamar de respeitabilidade para os efeitos pretendidos, isso desconsiderando as dificuldades lingüísticas do aramaico para as posteriores traduções e interpretações bíblicas, é exemplo típico a tradução precisa do aramaico e do hebraico do vocábulo “virgem”, o termo expressa especificamente a condição de juventude “jovem”, todavia, não há exceção, absolutamente todas as traduções, a partir do latim eclesiástico, até as línguas atuais assimilam o termo por “imaculada”, transmigração fonética e lingüística induzida intencionalmente pelo clero e onde se lia, por exemplo, em hebraico; “...filho da jovem Maria...”, se lê, com conotação de exclusão de pseudopecado, “...da Virgem Maria...”, nota-se a ênfase na grafia da letra maiúscula, estamos, sem dúvidas, ante um fenomenal sofisma produzido exclusivamente para enaltecer a idéia dos “mistérios” da “santíssima trindade”. Em nada Jesus diminui se nascido do “Homem”, bem ao contrário, lisonjeia saber que podemos atingi-lo, Ele assim, nos é maior e, acima de tudo, um objetivo inexorável.
Indo para Cafarnaum, no mar da Galiléia realizou “a pescaria milagrosa” (cuja explicação louvável ainda será a psico-transmutação1) e a levitação andando sobre as águas do mar (coisa que muitos praticantes orientais fazem ainda hoje), convidou seus primeiros discípulos ou apóstolos e, como já era comum à sua presença, realizara inúmeras curas, com certeza “paranormais”. Já então, exercia o segundo ano de pregações quando, ao seu redor, completaram-se os doze apóstolos, ocasião em que produziu seu maior e aí sim, verdadeiro “milagre”, o sermão da montanha. Claro.! porque o “milagre” foi que esse sermão que indiscutivelmente transformou o pensamento humano radicalmente, lá esteve presente o Magnificente Espírito da Humanidade, o maior fenômeno foi justamente que até hoje, cada Ser Humano que o desejar, sente que o “seu coração ouve” ainda agora, as palavras que elevam-no à real condição de “Humano”, aquele que primeiro pensa no próximo e, se por acaso, dispuser de tempo, lembrar-se-á de si o que quase nunca, ocorre. Lá estava o Homem, o verdadeiro, aquele que não é simplesmente esperado por Deus, porém, aquele que é Deus (como todos O somos) e, em sendo-O, singularmente O exerce. Naquela montanha toda a Humanidade permanece ainda hoje, cada um era Jesus e Ele era-os todos como o é hoje ainda. É essa, a diferença, daquele pequeno Jesus “cristificado” para o magnífico Homem vivo hoje em todos nós, não há sutilezas na constatação da realidade, não há interesses escusos que corrompem até mesmo a lembrança de um “Majestoso cordeiro”, pois são “um” só, a humildade do menor escravo, encarnada na grandiosidade do maior Rei.
Outro aspecto singular dos ensinamentos de Jesus se estabelece na forma pela qual ministrava suas lições, por figuração comparativa. Ao povo que o seguia e aos seus discípulos, Ele usava do artifício metafórico das parábolas, de fato, a cultura geral do povo era significativamente restrita ao relacionamento rudimentar, poucos dispunham de bagagem suficiente para discernir os complexos ensinamentos se fossem esses ministrados na forma de fórmulas racionais ou demonstrações empíricas que exigissem raciocínio conclusivo, mesmo porque, toda a atenção do Mestre era invariavelmente dirigida aos “... pobres de espírito..” (sentido de instrução humilde).
Para não induzir a idéia de mais um filme “A Paixão de Cristo”, que seria o “enésimo” da série, restringiremos esse comentário apenas ao sentido ideológico do fato. A condenação de Jesus era algo inevitável, em verdade, sem o desenrolar das sucessivas etapas do sacrifício assumido por Ele não teria, a sua mensagem, sido tão profundamente impregnada à Humanidade, sem dúvidas, haveremos de constatar que os desdobramentos dos seus últimos momentos a partir da “ceia” na companhia dos apóstolos, são relatos que abrigam todas as características de uma peça teatral, isso é reflexo natural do envolvimento emocional dos “evangelistas”, pelo menos os quatro evangelhos versados pelos próprios “protagonistas” do evento não viriam a público sem essa “maquiagem”, não é sarcástico o comentário, mas.., é da natureza humana empolgar-se ao relatar acontecimentos, mormente se existir envolvimento direto do narrador, ora..! nem mesmo seria relevante tal ressalva de cautela literária, a “Paixão de Cristo” é peça de tragédia teatral a milênios, reproduzida anualmente em todo mundo ocidental e grande parte do oriental, encontramos representação de Jesus em brancos, negros, loiros, morenos, nipônicos, caucasianos, esquimós, afinal Ele se deu à propriedade Humana logo, é de todos os povos, o direito de usufruto da figura iluminada, não haveria nisso nenhum óbice se a representação estivesse limitada a ser “representação”, não é porém, exatamente o que ocorre, o “homerismo” assume cada vez mais o lugar do ensinamento que nele está contido, é inevitável, sempre discutem se Ele foi pela “esquerda” ou pela “direita” até o calvário, se os “pregos” nas suas mãos sustentariam ou não seu corpo no alto da cruz, se a madeira desta era aroeira ou peroba, e aqui se “aposta”, alguém irá informar a nossa editora qual madeira foi, porque as duas mencionadas não poderiam ser por isso ou por aquilo. A verdade, contudo, o pensamento, a mensagem, o fragmento Dele que está em cada um de nós, continuarão, por muito tempo ainda, obscuros. A igreja, por sua vez, modelou precisamente nos seus perfis, cada “cena” relatada e, apenas por acidente, condenou como apócrifos todos os outros evangelhos que, talvez, não se encaixavam com tanto ajuste aos preceitos ditados por ela logo, anatematizou-os.
Nós conhecemos um Homem que, a cada passo, deixava no chão, nas marcas de sua sandália, uma lição de vida, Alguém que ao passar ao lado do cadáver de um miserável cão que todos demonstravam repugnância, observou as “lindas presas do animal que ali jazia”, Criatura, que quando todos condenavam uma adúltera, dela se aproximou e, nas suas mãos, entregou a sabedoria do mundo, dizendo que não cabia a outrém o julgamento de alguém e, se a Ele não cabia, a quem caberia? Espírito, que quando todos desdenhavam a oferta no templo, ensinou para a Humanidade o significado do “óbolo da viúva”, ele não ensinou dar “dinheiro” à igreja, mostrou que antes do evento está a intenção, não explicou simplesmente, mas foi o exemplo vivo ao oferecer “a outra face” sem ser hipócrita, curou e amou o centurião que cumpria ordens e lhe aprisionava e, por fim, ao entregar seu corpo à terra, perdoou e rogou ao Pai o perdão para as “crianças” que o imolavam, quando nos deixou seu corpo desprovido da dinâmica de vida, materializou-se ensinando que a verdadeira “vida” não é a do nosso físico, efêmera e sacrificada, conseqüência do nosso próprio apego excessivo aos bens materiais e à própria vida na matéria.
É claro que depois de ter passado entre nós deixou seguidores que, movidos pelo amor por Ele inspirado, o levaram aos quatro cantos do mundo, a “fé” que os movia, era singelo impulso do coração, a fé inocente que independe do conhecimento, resposta direta da expectativa humana, não estamos neste caso, diante da “fé” passional cujo motor é a paixão desarrazoada, extremada, apoiada no radicalismo cego, que tem por “mãe” a ignorância sem, ao menos, a curiosidade sadia do saber, pois que ao sábio, não é ofensa a dúvida. Não se propõe a desconfiança dos “milagres”, afirma-se que eles não existiram e sequer existem ou existirão, cada ato praticado por Jesus tem suas justas causas naturais, mais do que isso, o “ato” de nada serviria se ele não encerrasse em si o ensinamento pretendido, “truques” todos os dias assistimos, mas estes não portam a sabedoria e sim, o exibicionismo com interesses vários, à exceção do amor ao próximo.
Temos, portanto, nos eventos que resultaram da atuação daquele Homem, a maior demonstração de psicologia aplicada que a Humanidade já registrou. Ele projetou a dois mil anos do nosso tempo e, ninguém duvida que perdurarão por outros tantos milênios, a sua presença em nós. É óbvio que Ele raciocinou mais ou menos o seguinte: “... — Se o preço é apenas a vida que hoje eu vivo, é, de fato, muito barato...” e, sem vacilar, agiu! empenhou todo seu manancial evolutivo a nosso favor, assim foi sábio, médico, matemático e, sem nos repetirmos nos demais predicados, uma coisa é certa, jamais existiu no mundo um Psicólogo com tais qualificações.
É, de fato, aceitável a dificuldade de manter operacional a razão em face de tal magnitude de idéias, mas, ainda assim, essa é uma tarefa nossa.
Observação relevante:
O presente capítulo restringiu-se aos aspectos pessoais do majestoso “Protagonista” desta história real, pois, como se afirmou, o que importa quem disse ou exemplificou um exercício de vida pleno de sabedoria e evolução? Conta sim, seguirmos seus ensinamentos e virtudes! Contudo, apesar de inúmeras anotações de rodapé, ficam no “ar” muitas questões mal interpretadas ou intencionalmente inexplicadas pelos interessados de várias facções. Assim, esse autor no seu segundo trabalho, dedicou um capítulo com o máximo de pesquisa e fundamentações sobre os fatos paralelos e diretos dessa época hoje conhecidos e divulgados por pesquisadores, arqueólogos, teólogos, entre outros.
Nota do autor.
“Abdicamos de citar máximas no fim do capítulo cujo dono é a existência delas...”.
CAPÍTULO 30
A CERTEZA, A CRENÇA E A OPINIÃO.
A base de todo o conhecimento humano resume-se simplesmente, ao nosso modo de pensar, precisamente isso foi o que construiu o mundo em que vivemos. Assim, é ilógico além de erro crasso, separar e até desprezar o subjetivismo ou o idealismo da aparente realidade que nos cerceia. Tanto quanto muitos pensadores já foram aos conhecidos “becos sem saída” por amparem-se no puro materialismo tese que o mais absoluto e radical racionalismo, cujas tendências pendem ao empirismo, realismo ou mesmo o positivismo lógico, acaba por rejeitar, pois a razão, invariavelmente, deságua no princípio das coisas usando dos fatos como uma cascata de conseqüências e, observando do término ao início, chega ao limite do explicável e esbarra, inevitavelmente, no irracionalismo. Ora.., isso em si é por natureza própria a justificativa que assegura a negação do materialismo absoluto logo, admite-se, por questões de adequação, “criar” o termo “teorematizar”, pois é evidente a demonstração direta da ausência de causa original na tese materialista e, de fato, nada virá explicar o que “antecedeu o princípio”. E não há nenhuma forma de convencer a razão que o “princípio” que vemos, não seja uma conseqüência! E aí?
Muito fácil é quebrar a tese materialista por esse ângulo. Agora, como apresentamos uma afirmação conflitante com os sentidos, quando dissemos “aparente realidade” na montagem dialética que provasse o erro denunciado por silogismo, nos obrigamos a demonstrá-la:
Um passo simples seria afirmar que a “idéia” materialista é uma idéia e assim, já se teria quebrado o “vaso”, pois para “ser materialista” precisamos ter “idéias” materialistas o que nos conduz ao plano ideal por princípio, ou seja, o materialismo e coisa do plano ideal, mas vamos nos valer de quem é importante:
—Immanuel Kant foi o pensador que melhor expressou a via da representatividade da “realidade aparente”, isto é, ele disse: “... — as coisas não são, necessariamente, o que sentimos que sejam...”, melhor expondo, a origem do que conhecemos provém da experiência dos nossos sentidos, ou seja, da sensibilidade do conhecimento disponível e usou como exemplo, que o espaço e o tempo não são propriedades das coisas e sim, a forma pela qual as assimilamos intelectualmente, falamos de entidades paramétricas que propiciam dimensões aos nossos sentidos, é óbvio (ou talvez, nem tanto...) que o que vemos, é a imagem da “aparente realidade”. O relativismo de Einstein demonstrou na prática essa verdade, mais do que isso, a Teoria Quântica de Max Planck1, bem desenvolvida hoje, ainda que se nos mostre apenas como “ponta de um imenso iceberg” derivou em teorias muito atuais que demonstram, experimentalmente, que a matéria é apenas um adensamento energético. Provou mais, por meio de um designado “corpo negro2” demonstrou que a energia também não é mais que uma ilusão de fluxo, pois esta existe na forma de partículas cujas características especiais propiciam-na manifestar-se em forma de ondas e, por isso, se imaginava ser, a energia uma espécie de “fluido” o que sabidamente, é um conceito errado atualmente3, esse aparente absurdo, hoje comprovado, contrariava a teoria de Leibniz4, lá se afirmava que a natureza não dá saltos, ou seja, a continuidade e plenitude da existência (impossibilidade do vazio). Em si, essa questão é gravíssima e motivo de profundas reflexões científicas, Planck provou que existe um “vago” entre um quanta e os seus próximos, racionalmente é inadmissível o vazio absoluto e, ainda que pareça “louco”, findamos por retornar ao princípio de Zenão; “...O que é o vazio senão o lugar de um lugar..?”.
A verdade, é que por meio das comprovações científicas, estamos indo em direção à realidade coerente, aquela que a razão assente e a ciência admite por absoluta comprovação. Observe; sem envolvimentos parafrásticos, que nos obrigariam manter o tema original aqui defendido1, a grande maioria dos pensadores é abertamente adepta do idealismo, isto é, admitem que tudo se origina partindo do plano ideal, entendemos que nem seria imaginável outra forma, ainda que discutam-nas, é óbvio; uma cadeira, por exemplo, saiu da mente de quem a criou em pensamento e, por meio de seu trabalho ou projeto, o que dá no mesmo, materializou-a. É indiscutível o plano ideal preceder o material em termos existenciais, nada há que não seja produzido por meio de um ato de vontade e que seja puramente material, o agente manifesta “vontade” materializa-a ou não; se sim, o ato consumou-se em resposta a ação original; se não, não houve consumação do ato, entretanto, em se tratando de idéia não posta em prática, no plano ideal ela existe, então, podemos relacioná-la à energia potencial, ela existe como a água represada que quando se abre as comportas, vem abaixo e, tanto a “idéia” como a “energia potencial” não se vê, mas.., elas estão lá. Agora sim, retomando o tema espiritualista, o que se admite é apenas que o Universo é a “resposta à ação original” e, sendo isso, ele é “produto” e, sendo produto, partiu do plano ideal. Dessa forma, pretendemos deixar implícito o “espírito” que, sendo Inteligência é integrante ou, mais profundamente, integra o “Plano Ideal”, é isso que nos leva ao Todo composto dos infinitos “Uns”. É como na aritmética, qual diferença vemos em “1+1+1” ou em “3”? Em princípio nenhuma, porém de imediato nos deparamos com a integral convergente, finita no trecho em questão; definida, porque existem infinitos pontos em cada momento de qualquer de seus intervalos; imprópria, pois a integração do seu intervalo pode ser infinita, sem nos alongarmos nessa linha de raciocínio, uma vez que, a cada finalidade específica, buscaremos uma definição adequada aos simples números que se nos apresentam, esse é o ponto de ligação ao principio da unicidade e, simultaneamente, a multiplicidade dos entes universais. Ora! O que tem isso a ver com aspectos espirituais? Talvez nada, mas, por outro lado, tudo e fica demonstrado que coisa nenhuma é, exatamente, o que se deduz à razão imediata porém, ao mesmo tempo em que esta nos engana no imediatismo, nos ensina que baseados nela, concedendo-lhe os dados necessários e o tempo que a nossa capacidade intelectiva reclama, a verdade finda por vir à tona.
O espírito é muito mais que uma mera eventualidade dialética ocasional com absoluta certeza, não é singularmente tema para discussão acadêmica sem propósito é, no mínimo, uma coerência matemática da existência, não há como assenti-lo na segunda proposição do título deste capítulo, uma “crença”, menos ainda na última, a “opinião”; está definitivamente enquadrado, à primeira afirmação lá constatada, pois as duas finais indicam adequação por acomodação ou expectativa à real possibilidade, a certeza expressa justeza, cabimento e lógica em vir presente. Equaciona a nossa existência por decorrência e, por mais que pareça descabido, coloca-nos na matéria como conseqüência de uma “conseqüência” original a qual, no ciclo existencial, seremos na forma de um todo a própria causa. É exatamente isso, na forma Dele damos a origem, vivemos o efeito e seremos a Causa.
Provamos ainda, que absurda é a negação desse entendimento, vejamos; sendo completa e radicalmente agnósticos: — Vemos o Universo principiar da energia, explode e é o que vemos hoje, espaço, matéria, energia e traz inerente à sua existência que essa, aliás, ninguém, ao que se presume, nega, o fator tempo. Se, independentemente do Universo como um todo, isolarmos um sistema, uma supernova1, por exemplo, que desaba em conseqüência de sua imensa força gravitacional, produz em frações de segundo, a fusão de quantidades literalmente absurdas de matéria em energia pura. Ora..! eliminado o espírito, o que temos? a não ser a energia que resultou em matéria que “resultou” em energia que, eventualmente, pode convergir novamente em matéria..! e nada se perdeu.
Logo, “... na forma Dele(a) ‘energia’ damos a origem, vivemos o efeito (matéria) e seremos a Causa (energia)..”. Que diferença faz inserir aí, o espírito? “... em princípio nenhuma, porém, por outro lado, toda, exatamente como o “1+1+1” e o “3”. Intrinsecamente aos intervalos existem infinitos entes, extrinsecamente, idem. E pior, a cada termo em si cabem infinitas relações, funções e significados. Afinal, eles são a individualidade, cada uma com suas próprias definições, composições e propósitos. Assim, o “Todo” e o indivíduo são, em suma, “Unos” em essência.
Não se deixe enganar, aí não está o sofisma e sim, a mais pura concepção filosófica da existência. Nada de excepcional na sua natureza, apenas racional, basta por exclusão, rechaçá-la. Veja o que sobra!
A certeza é a plena auto-suficiência do conhecimento adquirido, nunca ultrapassa o limite do estritamente comprovado ao sujeito que tem sob foco o objeto, nem poderia ser de outro modo, pois invadiria o território das outras formas de acepção. A crença, que não é mais do que a convicção própria com sentido absoluto, logicamente, é mais frágil que a primeira pelo simples fato de não ser relativa a nenhum parâmetro, ela é sempre uma expectativa, um anseio logo, termina por ser, ao contrário da certeza, dependente de si própria. A opinião por sua vez, é a interpretação de conjecturas originadas em conceitos e constatações fáticas ou racionais1 que, por dedução reflexiva pessoal ou recebida de terceiros, conclui. Portanto, como amparo silogístico, estamos diante de um meio termo que porta o arrazoamento admissível ao objetivo de se chegar a certeza. Externamente a estas três vias, nada temos.
Só resta então, uma questão; realmente ficou aceitável a demonstração do raciocínio adequado aos limites do entendimento das coisas entre o saber, o crer e o concluir, mas isso, por meio de outras palavras, muita gente já propôs. No entanto, aí acima, falou-se em um “vago” entre o “quanta” e seus “próximos”, fala-se de espaço, ou de vazio? Porque se for espaço, devemos crer que a Teoria Quântica esteja concluída, o que sabemos ocorrer o contrário, todavia, é lógico que nos é impossível falar de “espaço” onde as leis da física obedecem outras “leis”, lá, o espaço não é “espaço” e o tempo, não é o “tempo” estaremos assim, diante da singularidade cósmica (micro-cosmo) ou ponto-universal (aqui/agora), ou seja, a cada fração temporal valem todas as leis físicas ao “momento-instante” e todas elas não são possíveis de serem aplicadas de instante a instante, isso quer dizer que cada instante estático obedece as suas correspondentes leis, isto é, um observador se viajar na mesma velocidade notará a obediência à todas as leis físicas a cada intervalo sob foco, entretanto, à velocidade da luz, como se as determinaria a cada instante? Assim, o “espaço-tempo1” foi reduzido a uma única linha representativa já que o tempo, isoladamente, no modelo tradicional representa a quarta dimensão, isto é, no sistema cartesiano (X, Y, Z) encontramos uma variável que os permeia traduzindo a relação com o tempo, a “velocidade da luz” porém, segundo a Teoria Geral1 da Relatividade, é a única coisa admitida com sentido de absoluto no Universo, então, a seu modo, à ela tudo pode se relacionar, todavia, como fica fácil de ver, se compreendido o conceito, cada vez que as tais leis haveriam de prevalecer perdem, imediatamente, a validade para o próximo instante e assim, sucessivamente. Não será a melhor explicação, porém, seria mais ou menos o seguinte, a sucessão dos pontos estáticos à velocidade da luz, eliminam as ocorrências naturais intuitivas, prevalecendo somente a conclusão lógica de uma seqüência que se mostra empiricamente em “pacotes” de energia, por isso o termo “vago” utilizado tem, obrigatoriamente, duplo sentido, ou seja, por distanciamento relativo a cada quanta e por “distanciamento” da explicação lógica do que seja este “entremeio”. Por outro lado, a inexistência do vazio, ao que tudo indica, não foi completamente contrariada, exemplo disso é a nuvem eletrônica do hidrogênio que por ser o elemento mais acessível à análise permitiu verificar que um único elétron ocupa todo espaço eletrônico a um só tempo não viabilizando o “vazio” e, bastando ser bom observador, teremos a garantia de que não é necessário ser físico para assimilar o princípio aqui comentado. A “conta” que comprova isso é fácil; — o elétron viaja a velocidade da luz (300.000 Km ou 300.000.000 m por segundo) em uma órbita que mede 1. 10-13 metros de diâmetro (órbita aproximada do átomo de hidrogênio), assim, como será possível atravessar um espaço vago? ou seja, aonde ainda não tenha passado o elétron ou, quem sabe? já tenha este percorrido?
Existem ainda, dois quesitos a serem respondidos, um técnico e o outro filosófico e, indo por partes: – O técnico será a questão; “... havendo entre o núcleo de um átomo e o primeiro sub-nível da primeira camada eletrônica que o orbita, uma distância que, se preenchida, equivaleria a cem mil vezes o tamanho do núcleo...”, o que é essa distância? É essa, a essência mais íntima da Teoria Quântica! Pois esse lugar é preenchido pela energia eletromagnética e a superfície do primeiro sub-nível s da primeira camada eletrônica pode ser considerada, no caso do hidrogênio, “inteiramente ocupada, por um único elétron, a um só tempo”, absurdo? Pois, é! Esse “absurdo” é existente e real; o elétron está, absurdamente ao mesmo tempo, em todos os lugares possíveis daquela “superfície”, logo, o vazio, ainda que remotamente se consiga comprovar matematicamente, materialmente não existe. Nós dissemos “comprovar materialmente”, porque “materialmente” é, exatamente, o que ocorre. Logo, “vazio” é mero conceito! Agora, quanto ao quesito filosófico, voltaremos para uma “loucura” pré-socrática e, para variar, novamente tropeçamos em Zenão. É incrível, ele, no entanto, mais de cinco séculos a.C. disse; “... — O movimento é uma ilusão...” e exemplificou; “... – Uma flecha lançada, a cada instante ocupa estaticamente aquele espaço...” significando que, o tempo corre em relação ao movimento, consoante esse ponto de vista, a cada “momento-instante” o corpo ocupa “parado, naquele tempo, o espaço que preenche”, ora! Esse homem descreveu, ao seu modo, a visão do conceito quântico dos dias de hoje. Nem venha dizer que ele não se referiu à luz, é simplesmente espantoso, alguém em uma época que sequer possível era imaginar algo como a própria inexistência do vazio demonstrar, através do raciocínio lógico, o que a razão comum assimila por absurdo, usando de um exemplo empírico cujas características fazem plena relação com a luz, pois que é a visão que codifica o sinal luminoso emitido no movimento do objeto, é óbvio, vê-se a flecha, apenas havendo claridade suficiente. É tanto verdade a riqueza do exemplo, que a visão nos engana, fazendo parecer que a “flecha” lançada seja longa, como que preenchendo o trajeto percorrido. A Teoria Quântica nos explica que a luz é projetada de pacotinho em pacotinho um após o outro e, se amparados na Teoria Geral da Relatividade, estaríamos à velocidade da luz vendo vários pontos luminosos extremamente próximos em linha logo, nessa condição o movimento não existiria entre os entes da relação. Seria impossível essa observação técnica naquele tempo, portanto, chegar a conclusão de Zenão somente baseado no raciocínio estaremos, com certeza, diante de outro “gigante” da Humanidade.
A verdade é que a razão, dispondo de orientação prévia, própria do Ser que a manipula, vem à tona com conceitos que dela são parte no momento determinado pelo pensamento, que bem mais do que simples dono desse “entendimento”, o é. É apenas uma questão de estar do lado certo do espelho1, o objeto tem todas as conformações autênticas e presentes, ou seja, “disponibilidade permanente de si próprio”, a imagem sofre distorções e “indisponibilidade parcial de si”, o esquecimento transitório de parte da essência, é um exemplo, e se acrescem ao mundo delével1, as dificuldades da evolução média da população do período o que, de per se, deixa sem “ferramentas” o “objeto”, esse, num esforço fenomenal do seu “Eu” interior, põe para fora, da melhor forma que pode, o conhecimento que lhe é natural, adquirido em condições de adequabilidade em tempos e locais compatíveis com o teor do que ele é em si; o próprio pensamento conhecedor. Vindo este, por variadas razões, a encarnar em meio incompatível, luta por elevá-lo ao seu patamar existencial, assim, a Humanidade cresce e, de tempos em tempos dela sai alguém para levar a semente do saber a outros povos, tanto quanto, de quando em quando, recebe, por sua vez, quem faz o mesmo, de outras culturas de maior evolução. A única diferença, é que não se faz disso uma ficção com “espaçonaves alienígenas” desovando seres estranhos para produzir efeitos espetaculares, a natureza provê, administrativamente, “sim.., como num grande empreendimento”, as necessárias peças interventivas que atuam sem retumbância ou extravagância, apenas “atuam”.
Novamente, “trombamos” com o nosso título capitular; esse gigante porta a certeza, crê, ou opinou? Começaremos pelo fim; – Numa selva alienígena, tribo na qual veio à luz uma criança, cujo saber corresponde a um ser de civilização de expressivo nível científico-cultural, porém, o corpo que este envolve lhe absorve, na direta razão de um sorvedouro, por características inerentes à carne, as prerrogativas que lhe são próprias e, ao contrário de tentar explicar melhor, exemplificaremos: — Um excepcional nadador submarino, em um grosseiro escafandro, ligado à pesadas mangueiras; como nadaria? É esse exatamente, o caso do Ser em questão, a única forma dele manifestar-se no meio em que “mergulhou”, é através do corpo. Essa “roupa” lhe é agressiva, sem ela, porém, escapa-lhe a vida oportuna de evoluir, evoluindo1 o “corpo”. Finda por agarrar-se então, desesperadamente à via do crescimento, nesse ponto, a própria natureza interfere, a preservação da vida é imperiosa, o organismo, “Ser” simbiôntico que lhe manifesta, pertence ao meio e a ele (espírito) prende-se avidamente, mesmo contra a vontade do diretor pensante, a dor é o freio natural que o cérebro codifica ao segundo impedindo-lhe a retirada, pois sem este, aquele não existe. Nestas condições, o Ente evoluído procura adequar-se ao meio, sendo-lhe difícil e mesmo impossível regredir, assim, força pela elevação do meio, todavia, a torpeza2 do “traje” lhe bloqueia parcialmente os movimentos e, “movimento” em termos de subjetivismo é “percorrer livremente, as imensas galerias do Universo do saber de Si”. Com o acesso a si muito restrito, este lança mão da memória latente, um “braço” relativamente acessível, mas, ainda que com deficiência ferramental, lhe permite manobrar por aproximação referencial. Assim, chegamos a opinião, está no âmago do Ser a certeza, por isso ele crê logo busca, artificiosamente, meios de amparar suas convicções, seu raciocínio é evoluído por natureza, pois representa seu estado e condição reais, o silogismo passa então, a pesar constatações de suas “galerias”, sua lógica é condizente com o seu estágio existencial, portanto, arrazoa em bases sólidas suas deduções, chega a determinadas conclusões e passa a ter convicção plena do que deduz, “crê” então. Chegamos, por decorrência, ao termo central do nosso título capitular. Essa crença não é puramente aspirativa, “fé” sem lógica, ainda que sem direção precisa, existe uma orientação fundamental em conhecimento concreto disponível no íntimo do Ser, sem explicação formal, porém, seguramente forte, na concepção e cercada de precaução racional que se prestam a testar continuamente a validade da proposição, essa convicção é contagiante, endêmica mesmo e os contaminados a exercem com “fé” irracional, essa é a diferença primordial entre crença e “crendice”, a primeira tem bases lógicas e conduzem ao termo inicial do presente título capitular a “certeza”, pois os contínuos “testes” em meios abrasivos da razão e da experiência levam as propostas à assentimento válido e expresso ou aniquilam a tese inicial no exato momento da ruptura racional entre a proposição e o fato contraditório, isso pelo simples “fato” de ter acontecido o que a proposta negava. O óbvio é que o que acontece passa, sintomaticamente e sem restrições, ao meio existencial logo, tudo que lhe contradita, “de fato”, nunca existiu. Essa “conclusão equivocada” por princípio, mesmo que comprovada milhões de anos depois de alcançada, é a única coisa abstrata que se conhece, pois tudo que for realizável, em qualquer tempo, é virtual, o que significa possível, quer dizer, —... se um primata, há cinco milhões de anos, tivesse pensado num avião supersônico e, somente hoje o conhecemos, o que aquele pensara, já naquela época, era realidade, por outro lado, se pensarmos em nossos dias, nos monstros marinhos que ele acreditava, esses serão irreais como já o eram!
Assim, a existência pressupõe somente, três vias de “ser”; – estar presente existindo; – estar latente vindo a existir; – estar apenas no plano ideal por abstração, não existindo jamais. Se um pensamento superar essas três condicionais terá direito à “existência” a qualquer tempo e em mais de um plano.
Há relevância em notar, que as condições impostas acima, ligam com extrema energia as três interpretações possíveis do pensamento humano. Novamente do presente título capitular, expressar a certeza, crer ou opinar são fases intrínsecas ao único sentido lógico do pensamento “conhecer”. Porém, isoladas, cada qual oferece seu “tamanho” verdadeiro. Logo, o que é conhecido esta definitivamente assentado na expressão existencial, tem caráter absoluto e posição definida, não sofre abalos, pois qualquer resvalo, por infinitesimal que possa ser, o desqualifica imediatamente; o que se crê, deve sofrer análises profundas para aproximá-lo, o máximo possível, do que é, no mínimo, demonstrável e, para tanto, é extremamente dependente da opinião que, por sua vez, se a lógica, de início, a recusar, esta perde a própria finalidade de existir passando por esta, contudo, dependerá ainda, da existência certeira das premissas que a validaram, porque se qualquer delas for inconsistente, será a lógica que deixará de prevalecer, uma vez admitida na razão pela convicção dos seus princípios e já consumados pela própria “lógica” e pela solidez das premissas validadas pela existência, restará acontecer o fato que a consolide, em esse ocorrendo, o direito que lhe cabe é ser premissa de outras propostas. Muitas vezes, certas opiniões gozam desse “direito” antes que lhe ocorra o fato correspondente, é que nesses casos, a evidência lhe é inerente por racionalidade. A “escada” evolutiva, somente se reveste dessas garantias, ou seja, as condicionantes do parágrafo anterior e a validade desses três conceitos, nada mais.
Iniciamos este capítulo expressando; – “... A base de todo o conhecimento humano...”, devemos, contudo, concluí-lo afirmando: — Humano é todo conhecimento, cuja base é a razão e a evidência, a segunda independe da primeira e a primeira, eventualmente, subsiste sem a segunda só, no entanto, se consolida nesta, por maior que sejam as suas razões. Submeta sua curiosidade às condições desse capítulo, verifique o quanto resiste um “buraco-negro”, um “milagre” e o “espírito”. Compare cada um desses conceitos com as regras de sobrevivência delas aqui apresentadas.
“Com certeza, não se deve crer apenas na opinião”.
CAPÍTULO- 31
SEITA.., NUNCA..!
O espiritualismo ocidental deve, por direito e principalmente dever, manter uma permanente perspectiva científica, este já é, em si, um conceito filosófico com vínculo doutrinário, profundamente analítico, mas.., em nenhuma hipótese, “religioso”.
Não devemos entender como ofensivo esse ponto de vista. Moralidade, bondade, devoção e outros predicados nada têm em comum com religiosidade, até porque, existem religiões que cultuam “demônios” (como estes existissem..!), ainda assim, são “religiões”. Está nisso, aliás, o exclusivo motivo de ser este, o penúltimo capítulo do ensaio que se vos apresenta, pois, quem até aqui veio, nota perfeitamente o enfoque pretendido.
A tese espiritualista não “prega” espécie alguma de dogmatismo. Não é, nem nunca propôs cultos, rituais, cerimônias, adorações ou mesmo oferendas de qualquer gênero. Não é, por outro lado, uma “pseudociência” forçando “passagem” por meios ilógicos ou desarrazoados. É íntegra à sua proposta de apresentar a mais que provável existência da espiritualidade, por ser esta um elo plenamente cabível e previsível à nossa própria “existência” mesmo que apenas especulada pela ciência ortodoxa até o momento. Tese essa, que se propõe apenas justificar esta “existência” filosoficamente, demonstrando haver sentido à vida, e que esta não teria lógica se aqui findasse, oferece a oportunidade para o estudo de suas características peculiares, busca promover ininterruptamente experimentos “laboratoriais” até que o mais intransigente dos cépticos sinta-se convencido e para que os seguidores de sua “doutrina” não sejam apenas crédulos, porém, convictos de uma verdade, não pela fé passional, porém, pela comprovação e justificativa científicas que atualmente são quase realidade, pois o próprio Espírito Humano não aceita mais as afirmações de quem pensa que sabe, busca-se muito mais. Doutrina que possibilita o intercâmbio entre os planos existenciais, porém, com ponderação e “policiamento” irrestritos, para que uma evidência universal não se transforme em atração “circense”, justifica o valor do progresso moral e intelectual além da “matéria”, favorece a fraternidade, enfim.., é uma corrente salutar de desenvolvimento evolutivo e isso não exige dogmas litúrgicos, entretanto, apenas interesse no aprimoramento dos Seres como “um” todo (nos dois sentidos, quem leu conhece-os).
Não somos agregados de uma seita prosélita, no seu sentido “pobre” e até aviltante. Devemos nos conscientizar das verdadeiras necessidades do Espírito e, fundamentalmente, a evolução depende do conhecimento adquirido, mas não das “rezas” incessantes, é um sério compromisso do cidadão espiritualizado explicitar que não crê em “Papai Noel”, este abraçou uma “Doutrina filosófica de cunho científico”, cuja liberalidade é tão abrangente que acabou por abrir “espaço” aos incautos da religião vulgar, os que “compraram” a idéia de aquisição imediata, daquilo que só se conquista com o árduo “garimpo” das “gemas” do saber.
A obrigação irrenunciável das Sociedades ou Coletividades Espíritas é recuperar o “Espírito” do “Espiritismo”, livrá-lo do ritualismo religioso, reconquistar a confiabilidade filosófica e científica de fato, não das pseudociências cabalísticas ou equivalentes, vendidas aos montes pelo telefone; difundir a credibilidade cultural, mas nunca, a “credulidade” infantil, arrebanhando os infelizes crédulos e os desesperados, como fossem “bois” no pasto, eles não merecem isto, devemo-lhes, obrigatoriamente, o esclarecimento e a informação segura e, de forma alguma, a consolação enganosa, tanto como oferecer “chupeta” ao invés do leite à criança esfaimada.
A “tevê” engana, o jornal “engana”, o político “engana”, os “sacerdotes” enganam. As sociedades Espíritas, com conhecimento de causa, têm a obrigação moral de, em hipótese alguma, “enganar”! Mesmo porque, enganam a si próprias e aos seus adeptos, pois é, absurdamente sabido, não ser sua vocação primordial, a religiosidade.
O próprio Professor Rivail combateu, à sua época, esta tendenciosidade pueril nos simpatizantes do espiritualismo praticado, ainda que, inadvertidamente, terminou por ser enredado pelo mesmo dilema, sem mesmo, ter notado, envolvido que estava, nas “malhas” da cultura contemporânea a si, como já veio demonstrado neste trabalho, com todo o respeito que devemos, ao emérito Mestre.
É, deveras importante ressaltar que, se os dirigentes das entidades espíritas pensam em uma guinada intelectual, fazendo das suas comunidades, verdadeiras escolas voltadas ao espiritismo científico-filosófico, o momento já é quase passado, devem se apressar e muito, o povo está sedento de saber e faminto da verdade por mais cruel e fria que esta se mostre. Notem que “seitas” criadas recentemente, voltadas escandalosamente ao lucro, pregam o “descarrego”, as soluções fáceis para questões insolúveis sem o sacrifício da busca do entendimento evolutivo, coisas que os “verdadeiros” espíritas já descobriram de há muito, já que não devemos esperar além do que a própria vida nos oferece; sabem que esta passagem pela existência material não é senão, o resultado das nossas experiências e negligências; conhecem o exato valor das pretensões a uma curta permanência na matéria se relativa à eternidade do Ser; entendem que o significado da posição social ou o usufruto do poder sob qualquer forma tem sentido efêmero, são sabedores das suas qualificações e, principalmente, de suas limitações, não são conformistas irresponsáveis, contudo, aceitam o sofrimento pelas razões que os induziram ao conhecimento destas, aprendem com avidez considerar os genuínos motivos que os iniciaram na compreensão do seu próprio Ser através da doutrina, não querem resultados fáceis, pois são cientes da inexistência destes; empenham-se na direção dolorosa da realidade em que nos encontramos e esquivam-se da ilusão do “espelho quebrado” do cotidiano que produzimos.
Esta posição inamovível de quem vos escreve, desaguou em “livre e espontânea” expulsão de entidade cujos dirigentes temiam o esvaziamento dos bancos de “fiéis” caso estes deparassem com os fatos reais, cabíveis apenas aos qualificados para tal saber que, coincidentemente, eram os “donos” do “negócio”, é claro que não foram grosseiros apenas não “aconselhavam” a prática de tais “heresias” como fazem os “bons” cardeais, mas!.. se o caro Leitor lê esta obra, é porque existem outros dirigentes.
“Cabe ao Espiritismo, ser pernas, não muletas.”
CAPÍTULO 32
ELEMENTOS
(O ente fundamental)
Vazio, fim, princípio.
Nada, inexistência.
Vontade, existência.
A indução lógica tem sentido em qual propositura? Podemos ir diretamente ao raciocínio por exclusão, apenas pelo fato de estarmos diante dos conceitos de singularidade funcional.
Vejamos.., o “vazio” e o “nada” são termos que exprimem locais aptos a serem preenchidos logo, não são morfologicamente adequados à proposta indicada, pois o que se pretende expor, é a inexistência absoluta e, “local”, é algo existente! Não se concebe racionalmente, a “inexistência absoluta” e, matematicamente, se vai a “singularidade”, onde o espaço e o tempo se confundem, as leis físicas não se impõem e a curvatura universal tende ao infinito em um único ponto1, e isso é realidade, ou seja, falamos da impossibilidade matemática da “inexistência”. Bem ao contrário, existir vai ao infinito!, mesmo que num “único ponto de convergência”. Nós sabemos “existir”, porém, sequer de longe, assimilamos isso intelectualmente, portanto, podemos, inequivocamente, restringirmo-nos à perenidade Universal baseada em um ciclo onde, o fim e o princípio são o mesmo (cap. 01).
Vontade implica em inteligência, a primeira não existe sem a segunda, logo, é conseqüência e não causa. Permitimo-nos inferir e postular então, ser a existência, o fruto de uma vontade que, por sua vez, partiu de uma “Inteligência”. Ora..! podemos negar isso tudo, pois admitir “vontade” é aceitar um “Princípio Inteligente”! E, como num teorema que prescinde demonstração, postular exige aplicação prática imediata ou ao menos justificativa que comprove suas conseqüências e isso, de fato, não temos, não porque não existem, mas, porque não as vemos. Porém, o “vazio” é inaceitável, mesmo matematicamente. Por outro lado, o “Princípio Inteligente” se encaixa perfeitamente ao contexto, não é inadequado às leis matemáticas, é até admissível, explica a curvatura Universal por uma espécie de elo lógico do ponto de vista teórico, fecha o ciclo afinal..! justifica a existência, localiza um princípio físico para tudo, oferece até mesmo um sentido filosófico para a existência. Ainda que não se explique o seu próprio princípio, o restante passa a ser explicado ou ao menos, “teorizável”. Do “princípio” ao “f..?” Novo “princípio”! Esse é o, ou um, dos ciclos!
Deixam de ser relevantes os conceitos restantes, pois se a própria existência é conseqüência, mesmo que não se saiba do que, bastava-nos absorver a tese de uma causa definitiva. O que ela é pouco importa, negá-la parece impossível e, com certeza, somos decorrência dela.
As proposituras aqui delineadas podem ser sugeridas regressivamente e, ainda que grosseiras, oferecem perspectivas de análise, acompanhemos a idéia: - De um corpo qualquer, tecnicamente, se vai a uma molécula, desta, a um átomo, deste às suas partículas, enfim, chegamos, então, a um estado de energia e até bem pouco tempo, teoricamente, se afirmava ser a matéria, um condensado energético, hoje, já se demonstrou a tese experimentalmente, tanto que, literalmente, destruímos (sob aspecto espiritualista, qualquer um de nós) duas cidades japonesas praticando esta técnica. Transformar matéria em energia é passado, o que se busca, é aprimorar métodos. O homem não parou, avança, porém, paulatinamente (ou quem sabe, muito rápido) nesse campo, contudo, já se concebe que a energia também é uma espécie de “composto”, ondas, vibrações, variações de intensidade e até partículas, no sentido do comportamento (Teoria Corpuscular), isso sugere que a energia também é um tipo de adensado, os feixes energéticos até são refinados em campos preparados à esse fim, purificados até apresentarem uma onda definida com freqüência que pode corresponder a um único tipo de energia, exemplificando; teríamos a decomposição dos raios cósmicos até a obtenção do raio-X, “energia singular”, este obedece uma freqüência precisa, ao mudá-la se altera diretamente o tipo de energia, se vai ao infravermelho por exemplo, ou ao ultravioleta. Por quê? Em um tipo próprio de harmônica, este não viria a ser um impulso inteligente? Uma vontade? Um princípio afinal? Isto seria impossível..? Da pura inexistência, para a simples existência é matematicamente inaceitável! Se proveniente da matéria estaríamos falando em retorno e esta passaria a ser causa, isto é, a matéria seria o princípio e, assim, o universo não teria seu momento primordial, seu ponto virtual, de onde, ao menos uma vez, explodiu e é existente! Vamos até negar a possibilidade da energia ser a “transformada” (esta é um referencial e o Universo lhe é a “imagem”) de um impulso inteligente (referencial primário); porém, até a matemática a admite, enquanto que as outras alternativas são a própria negação da existência! Indo aos limites da “praticidade”, se expõe: “concentrando a energia se chega, sem dúvidas, à matéria. Pergunta..? Dissolvendo-a aonde se “vai”..? O Ser Humano ainda é incapaz das duas proezas.
A singularidade e a prodigalidade são uma só, quando a referência é o Universo. Um único “Impulso” é tudo que conhecemos e infinitamente o que não imaginamos sequer! A nossa “miopia” intelectual nega a existência de um Princípio Inteligente, todavia, não concebe a origem partindo da inexistência, talvez esteja aí, a diferença entre conhecermo-nos ou não. De fato, quem somos? O que anima nossos corpos?
É tão penetrante a questão, que não dispomos de parâmetros fundamentais e, sim, relativísticos, o que é íntegro ou inteiro no Universo? Único ou absoluto? A própria parcialidade não se fundamenta, isto é, uma “parte” sempre é retirada de outra “parte”! a menor sempre é divisível! Verdadeiramente o Universo é um único “ente” e nós não o conhecemos! Nada demais, não sabemos sequer quem somos..! Isso talvez autorize que sejamos esse “ente” em essência!
Os elementos fundamentais do Universo são agentes de manifestação, todos sem exceção, a matéria, a energia, o espaço, o movimento, o tempo, e finalmente a vida/espírito. Ao Espírito caberia a causa, porém, este também é conseqüência e isso nos leva “do Espírito ao Espírito”.
Não é tão difícil admitir, existe um único fator fundamental com propósito. É conseqüente como todos, entretanto, tem objetivo, o que significa ter ou prover de uma Inteligência, a “evolução”, esta busca intencionalmente a sintetização universal em “vida”, isto é inegável. Ela conjuga todos os elementos primordiais em convergentes e resulta sempre em “vida”, devemos entendê-la por oriunda da Inteligência, no mínimo.
O Universo é a soma dos componentes da vida retornando à esta, da fonte à fonte, do Espírito ao Espírito. Todos os elementos que compõem o organismo através do qual nos manifestamos, são triviais em todo o Universo, o nosso próprio Ser estrutura-se e evolui a partir dos “elementos fragmentais”, componentes comuns deste. A quem possa se apresentar como dúvida, o que seriam os “elementos fragmentais”? proponho, sejam eles, todos os entes conhecidos e a conhecer da matéria e energia, acrescidos dos elementos fundamentais do Universo ou interface Inteligente, primordialmente a “vontade” (assimilar como vontade primitiva), como agente “ligante” ou indutivo na formação do “agregado” embrionário inteligente.
“Vontade”, palavra aplicada na ausência fonética e morfológica para um “termo” mais preciso. Poder-se-ia mesmo mencionar ainda, sentidos subjetivos direcionais e até administrativos orientando continuamente a transformação vital. Não é o que nós fazemos, quando administramos os nossos próprios bens e, inclusive, entes queridos da geração até um fim colimado?
“O fim é, e será sempre; um novo princípio..!”
Um tributo à evolução
O SANTO DEMÔNIO E A GUERREIRA ANGELICAL
Iniciamos esta obra enaltecendo a evolução, nada mais justo, que finalizá-la aprendendo como Ela age. Assim, buscando apontar uma injustiça histórica levamos ao caro Leitor este pequeno ensaio comparativo comentado entre fatos da “guerra dos cem anos” que finda com a intervenção inusitada de uma “camponesa notável”, Joana d’Arc (guerreira santificada) e o “equívoco leigo” que aviltou a figura magistral de um dos mais consagrados cientistas-político, filósofo, historiador, escritor, entre muitos outros invejáveis predicados, “Nicolau Maquiavel”, o unificador póstumo da Itália.
CONSIDERAÇÕES PREAMBULARES
Seria extremamente cômodo apresentar apenas dados comparativos que se observa a uma singela vista d’olhos quando nos reportamos aos acontecimentos exteriores produzidos por uma anomalia social; sobretudo, quando enfocada uma guerra que perdurou por cem anos entre povos que alimentavam seus bebes com o “sangue e o ódio” que nutriam uns pelos outros.
Não!.. É-nos proibitivo ser levianos a ponto de simplesmente esquecermos a origem mas, não da “guerra” porém, dos protagonistas que “efervesceram” fatos que passariam apenas como mais um episódio doentio da Humanidade débil que tem por maior dote o poder de se autodestruir em nome do “tudo agora”.
É saber monótono, indicar que todo e qualquer conflito tem raízes remotas que antecedem a própria razão das “razões” observadas no fato. A cognição precede o próprio entendimento dos motivos que levam a explosão da “válvula” que estressa em lugar e tempo determinado, isso por implicações cultivadas em séculos no seio da sociedade humana.
ANTECEDENTES FUNDAMENTAIS
Parece engraçado, hilariante mesmo, contudo, quem deu o primeiro “tiro” na guerra dos cem anos foi;.. vejam vocês, Aristóteles, sim, ele ensinou coisas que o cristianismo clerical não queria adotar, mas, por outro lado, correntes fortíssimas internas à própria Cúria, lutavam para admiti-los como conduta filosófico-religiosa e por conseguinte, sóciopolítica, isso proporcionava “material explosivo” indefinidamente no mundo ocidental. A conjugação dos preceitos aristotélicos com os ensinamentos cristãos, de permeio aos costumes semibárbaros da idade média, eram a diferença entre ser nação ou colônia subjugada, ser vivo e escravo da tirania ou morrer pela causa da liberdade ou da igualdade dos homens. O “cristianismo” havia fincado flâmulas por toda a Europa, pois o Clero, “procurador de Deus” na Terra, detinha o poder absoluto de vida e morte sobre todos os humanos do mundo ocidental. O “aristotelismo”, contudo, dependia de comprovar suas teses, se convenientes ou não aos “donos do mundo”. A isso se acrescenta a estratégia geográfica e os interesses latifundiários ingleses em relação às terras “continentais” de França, é óbvio que as “Ilhas Britânicas” acalentavam o “sonho” do “grande império Bretão” que, coincidentemente, era a língua nativa da cidade de Bretanha na região da Normandia, local onde aportavam os ingleses depois de já terem tomado essas terras.
A morte do rei Carlos IV da França em 1328 foi o estopim da guerra que teve origem nas pretensões dos soberanos ingleses ao trono da França, ao qual julgavam ter direito desde que o duque da Normandia, Guilherme o Conquistador, se apoderou da Inglaterra em 1066. A verdade, é que internamente aos dois reinados, as disputas territoriais, religiosas e familiares entre os grandes ducados, principados e outros infinitos jogos de interesse, mantinham os dois povos enfraquecidos o suficiente para que não houvesse a supremacia de um deles por coesão de objetivo. Por um longo período, se passa a História, proclamando as virtudes de imensurável número de reis conquistadores ou dominadores que surgiam e desapareciam com a mesma velocidade dos eventos que provocavam. Como já vimos, Carlos IV morre e deixa uma verdadeira vala de oportunidades para o trono inglês que reivindica direitos que lhes julgavam cabíveis através de Guilherme o Conquistador (duque da Normandia), assim, sucessivamente, a região, literalmente, tropeça em Eduardo III da Inglaterra, Filipe, conde de Valois, neto de Filipe III da França, João II o Bom, filho do conde de Valois prisioneiro dos ingleses e morto em 1364, Carlos V (França), Ricardo II (Inglaterra), Henrique de Lancaster, revolucionário inglês que ascendeu ao trono como Henrique IV, João sem Medo, duque de Borgonha assassinado, Henrique V aliado de Filipe o Bom, filho do duque de Borgonha, essa aliança assegurou a manutenção do território francês ao norte de Loire, atrelados ainda ao domínio de Paris e Aquitânia até 1422 quando surge a figura de Carlos VII, o rei que foi envolvido pelo entusiasmo e carisma de Joana d’Arc e dá início ao revés que, apesar de perdurar por infindáveis 25 anos, finda por derrotar a invasão inglesa em 1453. Muito embora a Inglaterra tenha mantido Calais até 1558, a guerra dos cem anos havia chegado ao fim já naquele período.
ARGUMENTOS
Os efeitos dessa guerra têm raízes tão profundas que a precedem e a sucedem que, se efetivada uma análise mais fria das conseqüências, se nota que nem a guerra nem a rivalidade anglo-francesa, nos dias de hoje, de fato, encerraram-se! O mundo foi quem mudou!.. por isso as disputas têm outra face, os eficazes procedimentos diplomáticos e o nível de cultura, acentuadamente amadurecidos, mantêm sob controle rigoroso as diferenças ainda pendentes entre estes povos.
Devemos, contudo, volver ao período clássico, ocorre que Aristóteles inspirou homens que foram tão fiéis aos seus preceitos quanto o foram à Igreja, à evidência de Agostinho (séc. XIII), Tomás de Aquino e Alberto Magno (sec. XVII, Escolástica), que receberam do Clero, post mortem, o cargo político de “santo” o que, aliás, nada acresce aos grandes homens que foram. No século XVI veremos no auge da “Renascença” vultos que estiveram entre nós, a exemplo de Nicolau Copérnico, Galileu Galilei, Isaac Newton, Jean-Jacques Rousseau (francês nascido na Suíça), escritor e filósofo pregou a própria apologia dos instintos integrados à natureza defendida por Aristóteles, ainda que sem citá-lo. Veremos também, Charles Louis de Secondat (barão de Montesquieu), homem descomprometido de qualquer envolvimento religioso por convicção, raridade na época, era defensor ferrenho da igualdade dos cidadãos, distribuição de direitos e bens por eqüidade social, em sua obra “O espírito das leis” (1748), expõe uma concepção de poder político participativo sem as máscaras dos nepotismo e despotismo, onde o processo era harmonioso com as prerrogativas do direito e da cidadania, desprezando o favoritismo e o privilégio hierárquicos, “homem perigosíssimo”, pois punha em risco a “humilde e despojada” vida que a aristocracia levava.
Apesar de serem citados nomes que extrapolam a época enfocada, cujo escopo é a disputa anglo-francesa dos séculos XIV e XV, vê-se que a força do pensamento aristotélico e o cristianismo sob todas as formas produzem as teses que são o pivô central dos acontecimentos até os dias atuais, até porque, o objetivo do presente texto deve assestar o alvo na comparação de pontos conexos entre “Maquiavel” (1469-1527) e o envolvimento de Joana d’Arc na guerra dos cem anos (séc. XIV e XV), cujo período específico, fechou o ciclo em 1453, dezessete anos antes do nascimento do pensador em pauta e vinte e dois anos após o suplício da “santa guerreira”.
Encontraremos muitos outros “iluminados” de grande envergadura, que “fundearam” seus princípios filosóficos em Aristóteles.
O entendimento político-econômico-social de Aristóteles é algo inspirador, de certo modo, se afasta de Platão, mas, por aperfeiçoamento. A cognição original do não envolvimento da ética com a política é palco de virtudes e tragédias, pois fica claro que a primeira envolve o indivíduo como tal, resume-se à sua razão e conceitos particulares de relacionamento, enquanto que a segunda não tem como conceber a primeira sem considerar as conseqüências coletivas, pois a cadeia de prioridades obedece a lei do relativismo e este prima pela ordem; com efeito, se enumera, a oportunidade (período), a geografia (local), a coletividade (povo) e, por fim, o indivíduo (cidadão); quatro fatores que consistem em manutenção ou conquista da estabilidade interna mais a relação positiva ou negativa com as entidades externas (oportunidade); a preservação do Estado ou a sua ampliação por meio do avanço territorial (geografia); o equilíbrio social interno ou a contenção revolucionária produzida ou a levantar (coletividade); finalmente, o interesse do Estado pelo homem em relação a produção, qualificação, e compensação “consumo positivo” (indivíduo). Ora!.. são estas premissas que se entrelaçam em toda tragédia franco-inglesa, inquestionavelmente.
Bem.., é fácil notar as implicações do exposto, um administrador do ponto de vista de Platão (predecessor de Aristóteles e seu inspirador), “...os regentes filósofos, sob o predomínio da alma racional...”, seria a ascensão à “utopia” (palco de virtudes), porém, nas mãos de tiranos ou sonhadores radicais, estaríamos de frente com o “caos” (palco de tragédias).
PRIMEIRO OBJETO DO TEMA
Pensadores de muitos “quilates” inspiraram-se em Aristóteles, um deles, cuja fama a história leiga, injustamente deprecia graças, principalmente, ao clero, o mais prejudicado por suas conclusões que são meros efeitos de comparação estatística, pois estabeleceu que a estabilidade da sociedade é melhor assegurada se o Estado preceder a igreja na administração, aonde o ordenamento dos fatos históricos, são conseqüência de uma inteligência sui generis que demonstra no bojo uma acuidade espantosa, foi Nicolau Maquiavel, homem que a História “leiga” condenou, apenas por ele ter a precaução literária de narrar com fidelidade os acontecimentos políticos dos povos e dos seus conquistadores, relacionando os dados estatísticos das conseqüências dos atos de cada um demonstrando estoicismo em relação à narrativa que produziu, é certo que verdadeiros tiranos se apropriaram dos ensinamentos embutidos ao tema, uma vez que Maquiavel demonstrou que a História se repete, assim, pela informação antecedente e repetitiva se “extirpa” a provável fonte do futuro incidente prejudicial. É óbvio que um número impressionante de “entes de risco” foram, “cirurgicamente” ressecados do mundo dos vivos somente por ocuparem cargos ou estarem em posições erradas nos momentos errados.
Responsabilizar Maquiavel por isso, é o mesmo que condenar um fabricante de agulhas por que alguém resolveu furar os olhos das pessoas que lhes são antipáticas. A finalidade das “agulhas” e da obra de Maquiavel é outra bem diversa da que deu o destino mórbido aos “alvos”. Homem de qualificações reconhecidamente elogiáveis, amante da república e da liberdade do povo, fervoroso devoto do seu Principado “Florença”, tanto que morreu, literalmente de desgosto por não ter sido convocado a servir o Estado pelo príncipe que reconquistou seu trono, defensor da unificação da Itália reconhecido somente no início do século dezenove pelo movimento revolucionário “Risorgimento”, somente ele, no seu tempo e até bem depois, foi quem se levantou pela Itália como uma única e forte nação. Do que o acusam ainda hoje, o mundo era responsável por milênios antes do seu nascimento, ele era coerente com o seu tempo, e esse era violento por si, mas, não pelo filósofo/estadista.
Nicolau Maquiavel, considerado, ainda hoje, um gênio da ciência política, por detectar e sistematizar pioneiramente a amoralidade peculiar à conquista e ao exercício do poder. Demonstrou que a tese da astúcia inescrupulosa como método de governo é, por pior que pareça a evidência, a de melhor eficácia objetiva. Não era, entretanto, esse o seu caráter, filósofo por natureza, patriota florentino, defensor da república e da distribuição de renda equilibrada no seio do povo, detentor de peculiar diplomacia e inquebrantável senso de observação sóciopolítica, pregou e morreu, literalmente de desgosto, por uma Itália unificada que não conheceu.
Quando exilado na propriedade de San Casciano contou em carta, que no decorrer dos dias fazia excursões no campo e, das noites, pesquisava em livros da antiguidade romana, "como se conquista o poder, como se mantém o poder e como se perde o poder". Foi lá que escreveu o “tratado” em forma de coletânea de dados históricos que o consagrou e, simultaneamente, o segregou do cenário “pseudomoralista” da sociedade impregnada dos dogmas clérigos ou eclesiásticos, “O Príncipe”.
Estadista, cientista político, filósofo, historiador e escritor de grande expressão Niccolò Machiavelli, seu nome original do Italiano, nascido em Florença em 3 de maio de 1469. Em 1498 serviu como chanceler e, após, como secretário das Relações Exteriores da República de Florença. Esses cargos, apesar dos títulos “pomposos”, eram singelos e circunscreviam-se a funções de redação de documentação oficial. Contudo, estas foram atividades que lhe concederam a possibilidade de vivenciar os bastidores da atividade política. Vez por outra, Maquiavel atuou em missões no exterior (França, Suíça, Alemanha) e em 1502-1503 por cinco meses foi embaixador ativo junto a César Borgia, filho do papa Alexandre VI, homem de política severa e, absolutamente inescrupulosa, fato que provocou admiração a Nicolau.
Em 1512, os Médici “prostraram” a república e reassumiram o poder em Florença, Maquiavel foi destituído e preso. Exilado em San Casciano (hoje, prisão domiciliar), perto de Florença (Florêntia, do latin), onde escreveu “Il príncipe” (1513-1516; O príncipe), composição teórica-política que o consagrou. Foi agraciado com a anistia em 1519, volvendo à Florença exercendo funções político-militares. No exílio, escreveu também “L'arte della guerra” e lá, recomenda “... a extinção das forças armadas permanentes, pois que são ameaça à república...”, sugerindo ainda, “... a criação de milícias populares, corporações de menor porte e influência política, cujo domínio do poder atuante se mostra mais abrangente e causticante...” escreveu outro trabalho a saber, os “... Discorsi sopra la prima deca di Tito Livio” (Discurso sobre os primeiros dez livros de Tito Lívio), nele, analisa as vicissitudes da história romana e compara-as com as de seu próprio tempo. Os dois ensaios se completam e são imprescindíveis ao fiel entendimento das idéias que impregnam as páginas de “Il principe”.
De 1519 a 1520, por exemplo, Maquiavel criou a maior comédia concebida pela literatura italiana, “La mandragola” (A mandrágora, 1524), foi a sua forma de praticar um “divertimento em tempos tristes”. Texto teatral cujo furor erótico e humor sarcástico, depunham contra a aristocracia decadente e foi considerada “... a comédia da sociedade da qual ‘Il principe’ era a tragédia...”. Em 1520, Maquiavel foi nomeado historiador oficial da república e escreveu até 1525 as “Istorie Fiorentini” (Histórias de Florença, 1520-1525), um tratado elaborado em estilo clássico, consagrado como a obra pioneira da historiografia moderna. Está-se diante de um autêntico “virtuosi” da cultura ocidental, não se pode negar tal fato.
Contudo, o singular livro “Il principe” fez de Maquiavel a figura central da teoria moderna do estado e, dele, se criaram as bases da ciência política atual. Renascentista por excelência rompe com a moral cristã medieval, estuda com objetividade e muita perspicácia os meios e os fins dos atos políticos, amparado na observação estrita de sua materialidade fria de modo a concluir por uma tese política isenta e sistemática, na qual primordialmente separava-se a moral dos indivíduos (um a um) da moral (ou razão) de estado. Maquiavel, sem medo de errar, foi o primeiro tecnocrata moderno, o Homem que ousou informar que o “bom homem” é um “mau político”. A verdade, é que o poder tem dimensões que extrapolam o indivíduo para “poder” por meio da ação global servi-lo se, no entanto, o último for atendido nos seus direitos e prerrogativas individuais, o Estado cria privilégios.
Predecessor cultural europeu do nosso consagrado escritor “Machado de Assis” também era um incorrigível e magnífico prosador, dono de um peculiar e admirável estilo latino e seco quase incomparável, com muita ironia, recomendava todos os meios, inclusive a mentira, a fraude e a violência. Nas sugestões que propunha ao “príncipe” imaginário, tiveram origem as práticas políticas conhecidas como maquiavelismo. É importante, todavia, separar a noção popular vulgar que findou por julgar o "maquiavelismo" como obra do “demônio” (idéia, aliás, propalada pelo Clero após a dissidência de Niccolò da hipocrisia clerical reinante), da teoria responsável e madura de Maquiavel. A última extrai o realismo iniludível da História desapaixonada de quem se pautou pelos fatos, documentos e experiências, não nas idéias ou ideais filosóficos, sendo que estes estão presentes em toda a sua obra, porém, de forma contundente e sem os contornos de exaltação à ética ou moral de “cabeceira”, ou seja, aquelas que “todo mundo” prega sem praticar.
Ele não mandou, todavia, demonstrou que, em política, os fins justificam os meios e a ética do estado é a do bem público e não a do indivíduo isoladamente, sua obra, “O Príncipe” atesta que tudo pode e tudo se deve fazer, se o alvo é a felicidade de seu povo. Caso o governante aja de outro modo, será, inexoravelmente, derrotado por outro príncipe. Mesmo hoje, quem se habilita a desmenti-lo?
Desgostoso, pobre, desiludido e amargurado, morreu na sua cidade natal em 22 de junho de 1527.
SEGUNDO OBJETO DO TEMA
Devemos, neste ensaio, observar os pontos de convergência dos acontecimentos do final da “guerra dos cem anos” e compará-los ao entendimento maquiavélico, por isso, cabe-nos falar agora de quem move a História para justificar seus atos, a “santa guerreira”, Joana d’Arc.
Joana d'Arc movida por uma fé inquebrantável, contribuiu de forma decisiva para mudar o rumo da guerra dos cem anos, entre a França e a Inglaterra.
Nascida em Domrémy, na região francesa do Barrois, em 6 de janeiro de 1412. Filha de camponeses, desde pequena distinguiu-se por sua índole piedosa e devota. Devemos acrescentar, sem a malícia comumente esperada, que era evidente, nesta personagem “santificada” pelo Clero que, literalmente a matou, os aspectos carismáticos de liderança positivamente masculinos, evidenciando ainda, que o domínio exercido pela sua forte personalidade, tinha todas as características da prática de “voz de comando”, muito utilizada pelos comandantes militares. Já aos 13 anos, declarava que podia ouvir a voz de Deus a exortando cumprir os deveres cristãos e que essa voz a ordenou libertar Orléans, cidade sob o jugo inglês. Afirmava ainda, ver o arcanjo Miguel (arcanjo que derrotou o “anjo negro”, o demônio; mitologia católica), santa Catarina e santa Margarida, ouvindo-lhes as vozes.
Quando os franceses e os ingleses já se defrontavam próximos de Barrois, Joana d'Arc não vacilou em ir ao encontro do capitão da guarnição de Vaucouleurs, Robert de Baudricourt, que a enviou com escolta a Chinon, onde estava o rei de França, Carlos VII. Nesse encontro, em março de 1428, ela assombrara a todos pela segurança e convicção com as quais dirigiu-se ao rei. Dotada de extraordinário patriotismo, Joana comunicou ao rei, de tal forma, sua missão, que este lhe entregou, confiante nos dotes que notara, um pequeno comando, esperançoso, todavia, temendo pelo fracasso dela em conquistar Orléans. Ocorre que, no caminho, os atos de altivez heróica da humilde camponesa conquistaram adesões ás tropas que comandava.
A França estava quase toda em mãos inglesas. Seus falsos aliados, os borgonheses, com a cumplicidade de Isabel da Baviera, entregaram a nação aos britânicos, no Tratado de Troyes.
À entrada de Orléans, Joana postada à frente de seus homens, intimou o inimigo a render-se. O entusiasmo dos combatentes franceses, fortalecido pela estranha figura da aldeã-soldado, conduziu os ingleses a levantarem o sítio que mantinham na cidade. O extraordinário feito de Joana, a fez ser reconhecida pelo povo, como “a Virgem de Orléans”. Sua fama correu a Europa e, mesmo entre os soldados inimigos, era temida, pois, alimentavam a crença do seu poder sobrenatural. A verdade, é que simplesmente a coragem da heroína, produziu o milagre de levantar o espírito abalado dos franceses. Uma inspiração de civilismo invadiu a França. Joana d'Arc, contudo, já buscava nova missão, talvez movida pelo entusiasmo, propôs conduzir o rei Carlos VII para a sagração na catedral de Reims, cumprindo, desse modo, a tradição da realeza francesa, o que, de fato, ocorreu em 17 de julho de 1429. Quando investia em retomar Paris, Joana foi ferida, o que levou a aumentar o patriotismo do seu povo.
Ao investir contra Compiègne, em maio de 1430, os borgonheses a aprisionaram. E, ao contrário de executá-la sumariamente, como normalmente agiam, optaram por uma forma de eliminar sua auréola de santa através da condenação em um tribunal canônico. É claro que no jogo de interesses políticos, Joana d'Arc encontrou-se desamparada pelo rei Carlos VII.
Pierre Cauchon, um bispo sem expressão, ambicionando o bispado de Rouen, disponível então, foi ao acampamento de João de Luxemburgo, onde detinham a prisioneira, e os convenceu de que ela fosse vendida aos ingleses, os donos do poder. Desprovida de seus direitos, inclusive do defensor, fora confinada numa prisão laica e guardada por carcereiros ingleses e subjugada, por Cauchon, a um processo por heresia, onde enfrentou os juízes com grande serenidade, como se extrai do texto processual.
Na expectativa de reverter a pena de morte em prisão perpétua, assinou uma abjuração onde prometia, entre outras, não mais vestir roupas masculinas, para demonstrar sua subordinação à igreja. Pouco depois, por iniciativa própria ou infligida pelos carcereiros ingleses, envergara novamente roupas masculinas. E fora condenada à fogueira por heresia, sendo supliciada publicamente na praça do Mercado Vermelho, em Rouen, em 30 de maio de 1431. A sua morte, contudo, foi a morte do domínio inglês, pois o povo francês, incitado pela martirização de sua “Guerreira Santa”, expurgou do território pátrio, o inimigo.
Estranhamente, como sempre, o Clero, que matou Joana d’Arc, a canonizou em 1920 através do papa Bento XV.
CONCLUSÕES
O envolvimento das duas Nações no conflito comentado acima é, sem dúvidas, “epopéia” profícua para assegurar as teses demonstradas por Nicolau Maquiavel. Quem leu “Il Príncipe” tem, a partir do momento que toma contato com os fatos históricos da beligerância comentada, convicção plena e toda a segurança que esta produz, de que a organização de um governo tem amparo, exclusivamente, na mais pura e absoluta isenção dos acontecimentos que se desenrolam no “subsolo” do “poder”. Posteriormente, nota que a mantença dessa liderança, é resultado do mais absurdo e inescrupuloso abandono do “indivíduo”, devemos salientar, inclusive, o da própria pessoa do “dono do poder”, do contrário, estaremos diante da hipocrisia. Segue ainda, e constata que o estado é a prioridade, a carência e o objeto dos cuidados exigidos, seu equilíbrio se estabelece, inequivocamente, pela força do seu “estadista”, observa que qualquer escolha pessoal desse dirigente será, invariavelmente errada, todavia, como elas são inevitáveis, deve fazê-las escassamente, elegendo um grupo de proeminentes populares que “errarão” daí para frente “escolhendo” pelo povo. Isso é maquiavelismo!.. apontem um único governo não aja dessa forma, ainda hoje, e permanece no poder.
Errados, somos nós, como sociedade insaciável, os direitos de cada cidadão são conquistas sociais obtidas por pressão constante. Esta é a questão insolúvel, as prerrogativas individuais arrebatadas à coletividade, quando somadas são, inexoravelmente, maiores do que o Estado (Nação) dispõe, é simples observar; se todos os brasileiros, a um só tempo, sacarem seu numerário disponível em conta-corrente bancária, estabelece-se a indisponibilidade nacional e o sistema quebra instantaneamente, o ofício do poder é ser, o que é quase impossível, absolutamente eqüitativo, isso sacrifica o “uno” em favor do “todo” para que este seja o abrigo daquele, entretanto, cabe ao Ser Humano “evoluir” e contrariar as observações realistas de Nicolau Maquiavel, não existe no mundo um único “indivíduo” que se qualifique com autoridade suficiente a condenar Maquiavel, por outro lado, é inquestionável que em circunstâncias de repressão obsessiva a um povo ou sociedade surgirão, inevitavelmente, mais do que uma “Joana d’Arc”.
A natureza humana é por excelência evolutiva e aprende por si que não cabe a condenação dos erros, porém, sua suplantação, a observância dos fatos deve ser realista como nos ensina Maquiavel, a conduta social, contudo deve agir como exemplificou Joana d’Arc e, é claro como o Sol do meio dia, que se todos se dispõem ao suplício pelo próximo em favor da liberdade e da igualdade teremos como resultado a vida sem “sacrifícios” individuais.
A História demonstrou no episódio aqui trabalhado que tanto o “santo demônio” quanto a “guerreira angelical” estavam, absolutamente, certos cada qual ocupando a posição que lhes reservara a existência. O aspecto que nos obrigamos destacar é que determinadas pessoas, independentemente de suas vontades conscientes, atuam segundo as responsabilidades que lhes imputa o evento, é nesse movimento que definimos o “tamanho” de quem age.
A LIÇÃO E O ENCERRAMENTO
O Mundo de hoje é o nosso alvo fundamental, o Brasil é o “espaço” social, objeto do pretensioso ensinamento aqui delineado, assim, insinuamos o que se segue:
Do ponto de vista histórico, não existe a menor eventualidade de contrariar a conclusão a que se chega nesta proposta, todavia, devemos conceber que as vias revolucionárias são, absurdamente caras, tanto pelo lado prático e vil, como pelo moral e civilizado. Ora..! É inegável que até a “ameba” evolui, não é dado ao ser humano o direito de estagnar, é condição inegociável a evolução, independe das nossas manifestações, isso significa que cabe ao homem conceber alternativas e, mesmo que “revolucionárias”, pacíficas, pois é visto que Sócrates, Platão, Aristóteles, Jesus e infinitos outros foram fantásticos mobilizadores sociais “Verdadeiros Revolucionários” que, em verdade, produzem ainda hoje a revolução, mas as suas propostas, eram revolver o espírito, a cultura, o conhecimento, são essas as nossas revoluções, a iniqüidade é depositária fiel da violência, a perspectiva da serena solução é, de fato, mais lenta quando enfocada a expectativa social, todavia, é a própria sociedade a geradora das dores que nos afligem e, por analogia, vemos que cada vez menos é necessário amputar um membro para curar o corpo, a coletividade é, como já vimos, o resultado do indivíduo, bem.., parece óbvio que se o “indivíduo” cresce, o mesmo deve ocorrer com a sociedade a qual pertence logo, hoje a História violenta continua sendo uma alternativa de progresso, sem dúvidas, porém, a pior delas. É tanto verdade a conclusão aqui exposta, que vimos desmoronar de “podre”, todo o “império” construído pelo processo revolucionário de Marx, não porque as teorias por ele defendidas não expressassem princípio, mas os “princípios” adotados lhes são, no entanto, corolários incestuosos. O comportamento humano não “comporta” conduta matemática.
Não cabe, de verdade, a alguém sem predicados, o nosso caso, refutar pensamento de tão ilustre figura, mas é angustiante deixar sem questionar certos aspectos que seriam inadmissíveis passarem despercebidos a talentos de tal magnitude, é muito provável, ser miopia intelectual do pretensioso observador que vos escreve, não obstante, é de se levantar, ao menos, poucos óbices; – assim temos; uma tese desenvolvida com direção ao igualitarismo, distribuição eqüitativa, produção suficiente com consumo adequado, inevitavelmente, conduz à estabilidade, atrelada, porém, a um menos evitável, atavismo da apatia. O ser humano é dependente mais do que o é o viciado em drogas, do desafio, a concorrência é em si, um “maravilhoso” malefício, sem dúvidas, um “mal” que faz muito “bem” e com menos “estragos” que uma revolução sangrenta, basta um “Administrador” sábio que mantenha a contenda dentro do “ringue”. Administrador, porque falamos de um forte governo que “dispensa” a força, a ciência de sua eficácia é bastante aos “contendores”. Então, está aí o primeiro “óbice”:
Indo, além disso, na base do pensamento marxista há mais de uma questão sem resposta: Em um povo inteiro, quantos se moverão com empenho se o que pretendem é pouco e já está garantido?
Na seqüência se pensa.., um artista plástico, um neurocirurgião, um especialista em chips de alta tecnologia, eventualmente, gastam o mesmo tempo em seus afazeres que o varredor de ruas, não desmerecendo o último, mas..! Não seria melhor todos serem varredores para ganhar a mesma coisa?
Entre outras, por que se faria, por exemplo, uma obra de arte proveniente de Carrara, para negociar com cem quilos de feno?
A resposta à estas questões é a solução que buscamos, quando esta vier disponível, virão outras “questões”, esse é o ciclo evolutivo que nos levará ao Direito estabelecido, onde todos serão juizes, autores e advogados sem existir um único réu, tempo em que Nicolau Maquiavel será um curioso espécime cultural e Joana d’Arc uma figura mitológica sem significado prático.
“A evolução não se pára nem se empurra, apenas se persegue”
POSFÁCIO
A palavra literária, quando dirigida ao Espírito com o objetivo de demovê-lo da inércia aparente, provocando-o a refletir sobre sua situação no contexto existencial, sofre limitações extremamente restritivas. A temática propriamente é profícua e até mesmo abundante, nós, entretanto, somos o limite. Dependemos de parâmetros, direções, relações comparativas, em verdade, isso é uma espécie de cegueira, intelectiva sim, mas, ainda assim, pura privação da visão!
O enfoque incidirá sempre no âmbito da filosofia, de outra forma não seria adequado. E lá, os indicadores puramente técnicos, perdem os sentidos, as diretrizes racionais orientam-se no rumo de um ponto definido, buscam apoio em algo concreto, reflexo lógico em resposta ao hábito de aparente realidade, no entanto, ante conceitos abstratos, puramente subjetivos, estreitam-se as alternativas de opção, o realismo e o abstracionismo ocupam o mesmo lugar na nossa mente, separá-los, é uma missão complexa. Assim, chega-se até o total estrangulamento das possíveis variáveis, o relativismo por falta de opções, converge ao absolutismo, uma aparentemente clara indicação de que o perfeito seria, em tese, simplesmente “perfeito”, nada lhe faltaria, nada lhe sobraria. Mas, o que se observa é que “nada” é completo, será sempre possível acrescentar-se algo, conclusão que nos conduz de volta ao continuismo, ele é a “graça” da existência, a quebra total da monotonia, assim, o “perfeito” é poder continuar.
Portanto, a não ser que se promova o discurso científico ou didático sobre qualquer tese, há de fato, pouquíssimo o que se falar na seara filosófica. Esta se resume em conceitos definidos e deles, não se necessitam muitos para assimilarmos a compreensão da existência. Qualquer variante que escape aos puros sentidos, converge ao detalhamento técnico e o objetivo desvirtua-se em projeções, quase sempre, especulativas.
Os conceitos filosóficos consubstanciam-se quase que, senão até mesmo sem exceções, ao existencialismo (inserido aí, o realismo), ao propósito e às razões de ser (ou do “Ser”), circunscrevem-se entre a certeza, a crença e a opinião, passiva ou ativamente, isto é, absorve e silencia, ou assimila e transmite.
Podemos falar em “montanhas” de papel impresso sobre “filosofia”, porém, todos nos induzem à razão da existência e do propósito do “Ser”, ou de ser, o que, fundamentalmente é, de fato, tudo que fomos, somos e viremos a ser!
Nem de longe, imagine o caro Leitor, apreciar palavras de um “sofista”, nestas derradeiras linhas que vos escrevo, muito ao contrário, há em verdade, grande conteúdo no que busco transmitir-vos.
Quando se escreve ficção, o tema é inesgotável, o único limite é a imaginação.
Quando nos referimos a fatos, encerram-se estes, em si, pois que esgotados os mesmos nada resta a relatar, senão, já estar-se-ia comentando-os.
Quando o texto é técnico, seu limite é a abrangência da compreensão do que se propõe, mais o alcance das possibilidades de especular sobre o assunto.
No entanto, quando a proposta é buscar justificativas para os acontecimentos, e a própria existência é um “acontecimento”, o propósito é o que a justifica, e isso, é o que nos cobra a razão. Nos deparamos aí, fatalmente com a filosofia, a introspecção há de imperar. Fecham-se, então, os horizontes da imaginação, não há fatos a narrar, e nem dispomos de dados técnicos compreensíveis ou especulativos. Os sentidos serão o nosso norte, nosso único contato com a materialidade da existência, resta-nos separar o abstrato (no sentido da utopia) do virtual (realizável), área de atuação exclusiva da razão. Motivo mais do que suficiente a explicar nosso esquecimento da espiritualidade, pois, por falta absoluta de balizas, nos apegamos a algo (em tese) concreto, a nossa matéria (sólida para nós, aqui), por exemplo!
Ao escrever neste campo, o teor das propostas deve, obrigatoriamente ser sintético, porém, de máxima amplitude, ou não há conteúdo e cai-se no “vazio”. As demonstrações que se propõe apontam lacunas racionais do entendimento habitual, por isso o trabalho reflexivo deve ser totalmente entregue ao Leitor, ele é quem deve fazer as conexões racionais, debater com “seu” ente interior, o alcance dialético proposto. Assim, ainda que este conclua ser outro o caminho a propor, contestando a tese aqui exposta, não deixará de atender o propósito almejado. Conseguiu-se, então, atingir o objetivo da obra, “demovê-lo da inércia aparente”.
“Seu caminho, você traça, suas curvas, você desenha, suas pedras, você coloca. Mas, seu ‘caminho’, você percorre!”.
Homenagem e respeito ao ESPIRITISMO científico-filosófico brasileiro.
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