A razão é virtude em extinção, neste espaço se tenta preservar essa conquista desprezada, lembrar que a vida não está resumida à frágil visão humana.
PENSE
Seja ambicioso nos seus desejos, busque sempre o que é infinito, eterno, completo e intransferível.
O maior bem que se pode conquistar é a perfeição, seja sábio e não se contente com menos.
A matéria é apenas a mina onde garimpamos nosso conhecimento, cada pedra do nosso caminho é o tesouro que buscamos ainda bruto e aguardando lapidação.
Tenha sempre em mente essa idéia e nada haverá de lhe faltar.
Venha ser alguém que acrescenta algo à existência sem exigir mais do que ela lhe dá.
SALVE O MUNDO, COMECE POR ALGUÉM!
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
LIVRO II - À LUZ DA RAZÃO - 2ª PARTE CAP. III C
EVANGELHO SEGUNDO TOMÉ O DÍDIMO
O Evangelho do Apóstolo Tomé
(Apostolo Dídimo Judas Tomé)
Texto Gnóstico encontrado em Nag Hammad, 1945
Estas são as palavras secretas que Jesus o Vivo proferiu e que Dídimo Judas Tomé escreve:
(1) E ele disse: "Quem descobrir o significado interior destes ensinamentos não provará a morte."
Já a primeira propositura nos conduz a transcendência existencial, de forma alguma seria possível confundir os ensinamentos desta escrita com as palavras de Paulo. Jamais valeria a renúncia do conhecimento e da sabedoria em troca das necessidades materiais aconselhadas aos “filipenses” e quem conhece a si próprio, já vive em “estado de graça” não necessitando prestar “ação de graças”.
(2) Jesus disse: "Aquele que busca continue buscando até encontrar. Quando encontrar, ele se perturbará. Ao se perturbar, ficará maravilhado e reinará sobre o Todo."
Mais do que certo será interpretar a perturbação de descobrir o tempo desperdiçado com os bens efêmeros.
(3) Jesus disse: "Se aqueles que vos guiam disserem, ‘Olhem, o reino está no céu,’ então, os pássaros do céu vos precederão, se vos disserem que está no mar, então, os peixes vos precederão. Pois bem, o reino está dentro de vós, e também está em vosso exterior. Quando conseguirdes conhecer a vós mesmos, então, sereis conhecidos e compreendereis que sois filhos do Pai vivo. Mas, se não vos conhecerdes, vivereis na pobreza e sereis essa pobreza."
Cada um de nós “O” é, nada que se busca além de nós mesmos nos satisfará, se o fito universal é o espírito, toda a existência material somente nos conduzirá à própria libertação dela. Logo, a matéria é a necessidade didática do existencialismo.
(4) Jesus disse: "O homem idoso não hesitará em perguntar a uma criancinha de sete dias sobre o lugar da vida, e ele viverá. Pois muitos dos primeiros serão os últimos e se tornarão um só."
Como acima (3) já se comentou “nós O somos”, por isso, “... um só...”.
(5) Jesus disse: "Reconheça o que está diante de teus olhos, e o que está oculto a ti será desvelado. Pois não há nada oculto que não venha ser manifestado."
Não existem “mistérios” e “Deus (nós)” nada proíbe, a ignorância é o único obstáculo a ser vencido.
(6) Seus discípulos o interrogaram dizendo: "Queres que jejuemos? Como devemos orar? Devemos dar esmolas? Que dieta devemos observar?"
Jesus disse: "Não mintais e não façais aquilo que detestais, pois todas as coisas são desveladas aos olhos do céu. Pois não há nada escondido que não se torne manifesto, e nada oculto que não seja desvelado."
Como agiu Sócrates, o cidadão universal, mais do que isso, será pura encenação. Amar o próximo, a liberdade e o respeito já garante a mais reta conduta que se possa esperar até de um “santo”. Apenas por acréscimo, podemos notar que na observação final Jesus demonstra que tem pleno conhecimento da dinâmica do Universo, pois, toda ação o impregna como num filme, o registro, para quem sabe “desarquivá-lo”, se exporá.
(7) Jesus disse: "Bem-aventurado o leão que se torna homem quando consumido pelo homem; maldito o homem que o leão consome, e o leão torna-se homem."
Pode haver equívoco interpretativo, porém, quer nos parecer que “o manso devorou o ódio e as imperfeições ‘... o leão..’ e, ao contrário, “maldito quem o ódio consome e torna-se ‘...a fera’...”.
(8) E ele disse: "O homem é como pescador sábio que lança sua rede ao mar e a retira cheia de peixinhos. O pescador sábio encontra entre eles um peixe grande e excelente. Joga todos os peixinhos de volta ao mar e escolhe o peixe grande sem dificuldade. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça."
Todos “os peixinhos” são as riquezas materiais, o grande peixe é a existência do espírito e a própria sabedoria. Os “peixinhos” nos são somente para usufruto sem apego que devem crescer e gerar o fruto do conhecimento. “... Joga todos os peixinhos de volta ao mar e escolhe o peixe grande...”, a cada encarnação o sábio deixa os “peixinhos” (os bens efêmeros) e parte com o “peixe grande” (a evolução). Está aí o sentido de “ouvidos para ouvir”.
(9) Jesus disse: "Eis que o semeador saiu, encheu sua mão e semeou. Algumas sementes caíram na estrada; os pássaros vieram e as recolheram. Algumas caíram sobre rochas, não criaram raízes no solo e não produziram espigas. Outras caíram em meio a um espinheiro, que sufocou as sementes e os vermes as comeram. E outras caíram em solo fértil e produziram bons frutos; renderam sessenta por uma e cento e vinte por uma."
Dispensa interpretação.
(10) Jesus disse: "Eu lancei fogo sobre o mundo, e eis que estou cuidando dele até que queime."
O conhecimento é o “fogo”, nada mais será necessário, ele é a revolução, se alguém pensou no amor, observou apenas uma das infinitas conseqüências.
(11) Jesus disse: "Este céu passará, e aquele acima dele passará. Os mortos não estão vivos e os vivos não morrerão. Nos dias em que consumistes o que estava morto, vós o tornastes vivo. Quando estiverdes morando na luz, o que fareis? No dia em que éreis um, vos tornastes dois. Mas quando vos tornardes dois, o que fareis?"
Alegoria ao tempo e à evolução. O corpo morto pertence ao ciclo, por isso diz na seqüência; “... Nos dias em que consumirdes o que estava morto, vós o tornastes vivo...”, toda matéria mantém a própria “matéria”. Mas, “... os vivos não morrerão...”, o espírito é eterno não conhece a morte, quando fores sábio, “... o que fareis...”, o tributo da evolução é a continuação da existência como um todo (universal), em prol disso operarás. Como espírito (um), nascerás (sereis dois, o Ser inteligente e o organismo que o mantém, “a simbiose da nossa tese”). “... Mas quando vos tornardes dois, o que fareis?...”, encarnado (dois), lembrarás das responsabilidades do espírito? Se, não, ainda assim, serás responsável sem contar com vantagem futura?
(12) Os discípulos disseram a Jesus: "Sabemos que tu nos deixarás. Quem será nosso líder?"
Jesus disse-lhes: "Não importa onde estiverdes, devereis dirigir-vos a Tiago, o justo, para quem o céu e a terra foram feitos."
A vida de lá e de cá pertence aos justos e a eles Jesus delegou liderança.
(13) Jesus disse a seus discípulos: "Comparai-me com alguém e dizei-me com quem me assemelho." Simão Pedro disse-lhe: "Tu és semelhante a um anjo justo."
Mateus lhe disse: "Tu te assemelhas a um filósofo sábio."
Tomé lhe disse: "Mestre, minha boca é inteiramente incapaz de dizer com quem te assemelhas."
Jesus disse: "Não sou teu Mestre. Porque bebeste na fonte borbulhante que fiz brotar, tornaste-te ébrio. (128) E, pegando-o, retirou-se e disse-lhe três coisas. Quando Tomé retornou a seus companheiros, eles lhe perguntaram: "O que te disse Jesus?"
Tomé respondeu: "Se eu vos disser uma só das coisas que ele me disse, apanhareis pedras e as atirareis em mim, e um fogo brotará das pedras e vos queimará."
Ainda que pareça um jogo de adivinhação o que foi pretendido seria demonstrar a Tomé que Jesus não admitia “tatuagens” (mestre, por exemplo), o primeiro absorveu conhecimento e sentiu-se inebriado (ébrio), tornou-se “devoto”, coisa que o segundo não buscava, recebeu reprimenda por isso, entretanto, quer parecer que nisso mais aprendeu, o conhecimento, contudo, produziria revolta ou inquietação (...atirareis pedras...) que findaria por prejudicar (...vos queimará...) os que ainda não reuniam condições de recebê-lo. A observação nos aponta um Tomé melhor qualificado, todavia, com tendências à adoração ou idolatria o que era condenável aos olhos de Jesus.
(14) Jesus disse-lhes: "Se jejuardes, gerareis pecado para vós; se orardes, sereis condenados; se derdes esmolas, fareis mal a vossos espíritos. Quando entrardes em qualquer país e caminhardes por qualquer lugar, se fordes recebidos, comei o que vos for oferecido e curai os enfermos entre eles. Pois o que entrar em vossa boca não vos maculará, mas o que sair de vossa boca – é isso que vos maculará."
A auto-martirização é uma forma abominável de buscar fé, Jesus sempre pregara a vida saudável, ainda que simples, o jejum cuja finalidade é sacrificar o corpo sem justificativa plausível, obviamente, leva à doença ou pior, está nisso o “pecado”, atentar contra a saúde é crime. Quanto a oração, que me perdoem os crédulos, mas, é de uma evidência sem par que Jesus condena a “ladainha” (reza), ele louvava o trabalho produtivo e o amor ao próximo, isso era sua “oração”, rezar traz quase sempre a busca da satisfação de desejos mesquinhos e efêmeros, é o mesmo que esmolar para alguém o que, logo adiante, ele critica com veemência, praticar o bem social produz felicidade e reconforta quem recebe e quem dá. E é claro que os efeitos do que falamos geram muito mais conseqüências do que o que ingerimos.
(15) Jesus disse: "Quando virdes aquele que não foi nascido de uma mulher prostrai-vos com a face no chão e adorai-o: é ele o vosso Pai."
Parece que ele deixou claro que não era ele.
(16) Jesus disse: "Talvez os homens pensem que vim lançar a paz sobre o mundo. Não sabem que é a discórdia que vim espalhar sobre a Terra: fogo, espada e disputa. Com efeito, havendo cinco numa casa, três estarão contra dois e dois contra três: o pai contra o filho e o filho contra o pai. E eles permanecerão solitários."
Dois milênios após essa frase e ainda não se vê o fim da discórdia, quem negará razão a ele?
(17) Jesus disse: "Eu vos darei o que os olhos não viram, o que os ouvidos não ouviram, o que as mãos não tocaram e o que nunca ocorreu à mente do homem."
Essa é uma das simbologias do conhecimento, o novo saber. Não se viu, não se ouviu, não se tocou, somente depois de ensinado a mente o assimila.
(18) Os discípulos disseram a Jesus: "Dize-nos como será o nosso fim."
Jesus disse: "Haveis, então, discernido o princípio, para que estejais procurando o fim? Pois onde estiver o princípio ali estará o fim. Feliz daquele que tomar seu lugar no princípio: ele conhecerá o fim e não provará a morte."
Definitivamente, ele expõe o ciclo.
(19) Jesus disse: "Feliz o que já era antes de surgir. Se vos tornardes meus discípulos e ouvirdes minhas palavras, estas pedras estarão a vosso serviço. Com efeito, há cinco árvores para vós no Paraíso que permanecem inalteradas inverno e verão, e cujas folhas não caem. Aquele que as conhecer não provará a morte."
De fato, o Universo sempre esteve a serviço de quem aprende, o conhecimento é algo não se decompõe e jamais se perde e será a única coisa que nos acompanhará após esta vida e outras.
(20) Os discípulos disseram a Jesus: "Dize-nos a que se assemelha o reino do céu."
Ele lhes disse: "Ele se assemelha a uma semente de mostarda, a menor de todas as sementes. Mas, quando cai em terra cultivada, produz uma grande planta e torna-se um refúgio para as aves do céu."
Somos nós próprios, emanados somos a manifestação de uma vontade, um fragmento, o “ente fundamental”, evoluímos e somos nada menos que o próprio Universo se expressando.
(21) Maria disse a Jesus: "A quem se assemelham teus discípulos?"
Ele disse: "Eles se parecem com crianças que se instalaram num campo que não lhes pertence. Quando os donos do campo vierem, dirão: ‘Entregai nosso campo.’ Elas se despirão diante deles para que eles possam receber o campo de volta e para entregá-lo a eles. Por isso digo: se o dono da casa souber que virá um ladrão, velará antes que ele chegue e não deixará que ele penetre na casa de seu domínio para levar seus bens. Vós, portanto, permanecei atentos contra o mundo. Armai-vos com todo poder para que os ladrões não consigam encontrar um caminho para chegar a vós, pois a dificuldade que temeis certamente ocorrerá. Que possa haver entre vós um homem prudente. Quando a safra estiver madura, ele virá rapidamente com sua foice em mãos para colhê-la. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça."
(22) Jesus viu crianças sendo amamentadas. Ele disse a seus discípulos: "Esses pequeninos que mamam são como aqueles que entram no Reino." Eles lhe disseram: Nós também, como crianças, entraremos no Reino?" Jesus lhes disse: "Quando fizerdes do dois um e quando fizerdes o interior como o exterior, o exterior como o interior, o acima como o embaixo e quando fizerdes do macho e da fêmea uma só coisa, de forma que o macho não seja mais macho nem a fêmea seja mais fêmea, e quando formardes olhos em lugar de um olho, uma mão em lugar de uma mão, um pé em lugar de um pé e uma imagem em lugar de uma imagem, então, entrareis (no Reino).
Quando se expressar o espírito desprendido da carne, livre por conquista, ele será o “reino”.
(23) Jesus disse: Escolherei dentre vós, um entre mil e dois entre dez mil, e eles permanecerão como um só."
(24) Seus discípulos disseram-lhe: "Mostra-nos o lugar onde estás, pois precisamos procurá-lo."
Ele disse-lhes: "Aquele que tem ouvidos, ouça! Há luz no interior do homem de luz e ele ilumina o mundo inteiro. Se ele não brilha, ele é escuridão."
Como já foi dito, somos o Universo!!
(25) Jesus disse: "Ama teu irmão como à tua alma, protege-o como a pupila de teus olhos."
(26) Jesus disse: "Tu vês o cisco no olho de teu irmão, mas não vês a trave em teu próprio olho. Quando retirares a trave de teu olho, então verás claramente e poderás retirar o cisco do olho de teu irmão."
Ainda tem sido mais fácil ver o cisco, portando a trave, infelizmente!
(27) Jesus disse: "Se não jejuardes com relação ao mundo, não encontrareis o Reino. Se não observardes o sábado como um sábado, não vereis o Pai."
Jejuar em relação ao mundo é desprezar os bens como valores próprios, nada nos pertence, nem mesmo o corpo, os que valorizarem as virtudes a elas pertencerão. A alegoria ao sábado é o respeito às leis e ao direito dos semelhantes.
(28) Jesus disse: "Assumi meu lugar no mundo e revelei-me a eles na carne. Encontrei todos embriagados. Não encontrei nenhum sedento, e minha alma ficou aflita pelos filhos dos homens, porque estão cegos em seus corações e não têm visão. Pois vazios vieram ao mundo e vazios procuram deixar o mundo. Mas no momento eles estão embriagados. Quando superarem a embriaguez, então mudarão sua maneira de pensar."
Referência à infância social.
(29) Jesus disse: "Seria uma maravilha se a carne tivesse surgido por causa do espírito. Mas seria a maior das maravilhas se o espírito tivesse surgido por causa do corpo. Estou realmente surpreso pela forma como essa grande riqueza fez morada nessa pobreza."
A própria afirmativa é a resposta à propositura, os corpos não geram os espíritos, mas é neles que os segundos habitam, estes, no entanto, também não geram o corpo que é ínfimo e mortal em relação aos primeiros, logo, a carne produz a carne e, assim, propicia a morada do Ser. O “Ser”, contudo, é produto de si em si, ou seja, ele é a manifestação de vontade do espírito, é o resultado que emana da “Fonte” original, um pensamento que se expressa em forma de Ser individualizado.
(30) Jesus disse: "Onde há três deuses, eles são deuses. Onde há dois ou um, estou com ele."
(31) Jesus disse: "Nenhum profeta é aceito em sua cidade; nenhum médico cura aqueles que o conhecem."
(32) Jesus disse: "Uma cidade construída e fortificada sobre uma montanha elevada não pode cair nem pode ser escondida."
(33) Jesus disse: "Proclamai sobre os telhados aquilo que ouvirdes com vosso próprio ouvido. Pois ninguém acende uma lâmpada e coloca-a debaixo de um cesto, tampouco coloca-a num lugar escondido, mas num candelabro, para que todos que venham a entrar e sair vejam sua luz."
(34) Jesus disse: "Se um cego guia outro cego, ambos cairão numa vala."
(35) Jesus disse: "Não é possível que alguém entre na casa de um homem forte e tome-a à força, a menos que lhe ate as mãos; então será capaz de saquear sua casa."
(36) Jesus disse: "Não vos preocupeis de manhã até a noite e de noite até a manhã com o que vestireis."
(37) Seus discípulos disseram: "Quando tu te revelarás a nós e quando te veremos?"
Jesus disse: "Quando vos despirdes sem vos envergonhardes e tomardes vossas vestes e, colocando-as sobre vossos pés, pisardes sobre elas como criancinhas, então (vereis) o filho daquele que vive e não tereis medo."
(38) Jesus disse: "Muitas vezes haveis desejado ouvir essas palavras que vos digo, e não tendes outro de quem ouvi-las. Pois virão dias em que me procurareis e não me encontrareis."
(39) Jesus disse: "Os fariseus e os escribas tomaram as chaves da gnosis. Eles não entraram nem deixaram entrar aqueles que queriam entrar. Vós, no entanto, sede sábios como as serpentes e mansos como as pombas."
A sabedoria não é tributo do saber, porém, virtude. Conhecer, a todos é dado, praticar, todavia, o conhecimento, somente cabe ao sábio. Aquele que aprende e sonega é, entre todos, o pior dos ladrões, destitui o sedento e contamina a água que lhe serve também.
(40) Jesus disse: "Uma parreira foi plantada fora do Pai, porém, não sendo saudável, ela será arrancada pela raiz e destruída."
A ignorância!!
(41) Jesus disse: "Quem tiver algo em sua mão receberá mais, e quem não tiver nada perderá até mesmo o pouco que tem."
O conhecimento!!
(42) Jesus disse: "Tornai-vos passantes."
Permeabilidade!!
(43) Seus discípulos disseram-lhe: "Quem és tu para dizer-nos tais coisas?"
[Jesus disse-lhes:] "Não percebeis quem sou eu pelo que vos digo, mas vos tornastes como os judeus! Com efeito, eles amam a árvore e odeiam seus frutos ou amam os frutos, mas odeiam a árvore."
O Universo, o “Verbo”, como designam alguns ou Deus, esta é a arvore. Seus frutos somos nós, que Dele somos parte, note que do “fruto” sai a semente que produz a “arvore” , enfim, odiamos a nós mesmos e a Ele afinal!!
(44) Jesus disse: "Quem blasfemar contra o Pai será perdoado e quem blasfemar contra o Filho será perdoado, mas quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado nem na terra nem no céu".
(45) Jesus disse: "Não se colhe uvas dos espinheiros nem figos dos cardos, pois eles não dão frutos. O homem bom retira o bem do seu tesouro; o malvado retira o mal de seu tesouro malévolo, que está em seu coração, e diz maldade. Pois da abundância do coração ele retira coisas más."
(46) Jesus disse: "Dentre os que nasceram da mulher, desde Adão até João, o Batista, não há ninguém superior a João, para que não abaixe os olhos [diante dele]. Mas eu digo, aquele dentre vós que se tornar uma criança conhecerá o Reino e se tornará superior a João."
(47) Jesus disse: "É impossível para um homem montar dois cavalos ou retesar dois arcos. E é impossível que um servo sirva a dois senhores, pois ele honra um e ofende o outro. Ninguém bebe vinho velho e logo em seguida deseja beber vinho novo. E não se coloca vinho novo em odres velhos, para que não arrebentem; nem se coloca vinho velho em odres novos, para que não o estraguem. E não se cose pano velho em veste nova, porque ela está arriscada a rasgar."
(48) Jesus disse: "Se os dois fizerem as pazes nesta casa, eles dirão a montanha: ‘Move-te!’ e ela se moverá."
(49) Jesus disse: "Bem aventurados os solitários e os eleitos, pois encontrareis o Reino. Pois, viestes dele e para ele retornareis."
(50) Jesus disse: "Se vos perguntarem: ‘De onde vindes?’ respondei: ‘Viemos da luz, do lugar onde a luz nasceu dela mesma, estabeleceu-se e tornou-se manifesta por meio de suas imagens’. Se vos perguntarem: ‘Vós sois isto?’ digam: ‘Nós somos seus filhos e somos os eleitos do Pai vivo’. Se vos perguntarem: ‘Qual é o sinal de vosso Pai em vós?’, digam a eles: ‘É movimento e repouso’."
As palavras de um parágrafo do primeiro capítulo de nosso trabalho anterior: — “ ...Aceitar o espírito a partir da “Fonte” é apenas um passo, a lógica nos demonstra; ordenando as idéias: A) Fonte, B) Emanações (energia), C) Evolução, D) Espírito, que é o objeto da tese. Este “cresce” e, fatalmente, irá “produzir” (emanar). Fecha-se, então, o ciclo. Assim, prossegue o processo indefinidamente, logo, (D) é a “Fonte”...”.
(51) Seus discípulos disseram-lhe: "Quando ocorrerá o repouso dos mortos e quando virá o novo mundo?"
Ele disse-lhes: "Aquilo que esperais já chegou, mas não o reconheceis."
(52) Seus discípulos disseram-lhe: "Vinte e quatro profetas falaram em Israel e todos falaram de ti."
Ele disse-lhes: "Omitistes aquele que vive em vossa presença e falastes dos mortos."
(53) Seus discípulos disseram-lhe: "A circuncisão é benéfica ou não?"
Ele disse-lhes: "Se ela fosse benéfica, os pais gerariam filhos já circuncisos de sua mãe. Mas a verdadeira circuncisão, a espiritual, tornou-se inteiramente proveitosa.
(54) Jesus disse: "Bem-aventurados os pobres, pois vosso é o Reino do céu."
(55) Jesus disse: "Aquele que não odiar (2) seu pai e sua mãe não poderá se tornar meu discípulo. E quem não odiar seus irmãos e irmãs e tomar sua cruz, como eu, não será digno de mim."
(56) Jesus disse: "Aquele que conseguiu compreender o mundo encontrou (somente) um cadáver, e quem encontrou um cadáver é superior ao mundo."
Alegoria à existência na matéria, quem reconhece a efemeridade desta passagem é maior que o Universo .
(57) Jesus disse: "O Reino do Pai é semelhante ao homem que tem [boa] semente. Seu inimigo veio durante a noite e semeou joio por cima da boa semente. O homem não deixou que arrancassem o joio, dizendo: ‘temo que acabeis arrancando o joio e também o trigo junto com ele. No dia da colheita as ervas daninhas estarão bem visíveis e serão, então, arrancadas e queimadas."
Avalie o cabimento de o “Sol” iluminar somente os que merecem sua luz!!
(58) Jesus disse: "Bem-aventurado o homem que sofreu e encontrou a vida."
(59) Jesus disse: "Prestai atenção àquele que vive enquanto estais vivos, para que, ao morrerdes, não fiqueis procurando vê-lo sem conseguir."
(60) Eles viram um samaritano carregando um cordeiro a caminho da Judéia. Ele disse a seus discípulos: "Por que o homem está carregando o cordeiro?"
Eles disseram-lhe: "Para matá-lo e comê-lo."
Ele disse-lhes: "Enquanto o cordeiro estiver vivo, ele não o comerá, mas somente depois que o tiver matado e que o cordeiro se tornar um cadáver."
Eles disseram-lhe: "Ele não poderia fazer de outro modo."
Ele disse-lhes: "Vós, também, buscai um lugar para vós no repouso, a fim de que não vos torneis um cadáver e sejais devorados."
(61) Jesus disse: "Dois repousarão sobre um leito: um morrerá, o outro viverá."
Salomé disse: "Quem és tu homem, e de quem és filho? Tu te acomodaste em meu banco e comeste à minha mesa?"
Jesus disse-lhe: "Eu sou aquele que existe a partir do indivisível. Recebi coisas de meu pai."
[ ... ] "Eu sou seu discípulo."
[ ... ] "Por isso digo que, se for destruído, ele estará pleno de luz, mas, se ele estiver dividido, estará pleno de trevas."
(62) Jesus disse: "Eu digo meus mistérios aos [que são dignos de meus mistérios. Que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita."
(63) Jesus disse: "Havia um rico que tinha muito dinheiro. Ele disse: ‘Empregarei meu dinheiro para semear, colher, plantar e encher meu celeiro com o fruto da colheita, para que não me venha a faltar nada’. Essas eram suas intenções, mas naquela mesma noite ele morreu. Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça."
(64) Jesus disse: "Um homem tinha convidados. E quando a ceia estava pronta, mandou seu servo chamar os convidados. O servo foi ao primeiro e disse-lhe: ‘Meu mestre te convida’. O outro respondeu: ‘Tenho dinheiro aplicado com alguns comerciantes. Eles virão me procurar esta noite para que eu lhes dê minhas instruções. Apresento minhas desculpas por não ir à ceia. O servo foi até outro e disse: ‘Meu senhor está te convidando’. Este disse-lhe: ‘Acabo de comprar uma casa e precisam de mim hoje. Não terei tempo’. O servo foi a outro e disse-lhe: ‘Meu senhor está te convidando’. Este disse-lhe: ‘Um amigo vai se casar e coube-me preparar o banquete. Não poderei ir à ceia, peço ser desculpado. O servo foi a outro ainda e disse-lhe: ‘Meu senhor está te convidando’. Este disse-lhe: ‘Acabo de comprar uma fazenda e estou saindo para buscar o rendimento. Não poderei ir, por isso me desculpo’. O servo retornou e disse a seu senhor: ‘Os que convidaste para a ceia mandam pedir desculpas’. (134) O senhor disse ao servo: ‘Vai lá fora pelos caminhos e traze os que encontrares para que possam ceiar. Os homens de negócios e mercadores não entrarão no recinto de meu Pai’."
(65) Ele disse: "Um homem de bem tinha uma vinha. Ele a alugou a camponeses para que cuidassem dela e pagassem-lhe com uma parte da produção. Ele enviou seu servo para que os arrendatários entregassem-lhe o fruto da vinha. Eles pegaram seu servo e o espancaram, deixando-o à beira da morte. O servo voltou e contou a seu senhor o ocorrido. O senhor disse: ‘Talvez não o tenham reconhecido’. Ele enviou outro servo. Os camponeses também o espancaram. Então o proprietário enviou seu filho e disse: ‘Talvez eles tenham respeito por meu filho’. Como os camponeses sabiam que aquele era o herdeiro da vinha, pegaram-no e mataram-no. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça."
(66) Jesus disse: "Mostrai-me a pedra que os construtores rejeitaram; ela é a pedra angular."
O conhecimento da verdadeira vida não faz sentido aos homens da ciência que lidam somente com as conseqüências da vontade. A Expressão Inteligente é a única permanência universal, todos os outros acontecimentos servem apenas como degraus evolutivos, nos competem unicamente para crescermos.
(67) Jesus disse: "Se alguém que conhece o todo ainda sente uma deficiência pessoal, ele é completamente deficiente."
Ou conhecemos ou não conhecemos o que, de fato, somos, se parte de nós “adora” e parte sente falta dos bens que dispõe, erra-se de todas as formas, por isso não há perfeição parcial. Amar a existência será usufruir com sabedoria da matéria e ser consciente da vida além dela.
(68) Jesus disse: "Bem-aventurados os que são odiados e perseguidos. Mas os que vos perseguirem não encontrarão lugar."
(69) Jesus disse: "Bem-aventurados aqueles que foram perseguidos em seu interior. São eles que realmente conheceram o pai. Bem-aventurados os famintos, porque se encherá o ventre de quem tem desejo."
(70) Jesus disse: "Aquilo que tendes vos salvará se o manifestardes. Aquilo que não tendes em vosso interior vos matará se não o tiverdes dentro de vós."
(71) Jesus disse: "Destruirei esta casa e ninguém será capaz de reconstruí-la [...]"
Lançar dúvidas sobre conceitos errôneos torna irrecuperável a consciência dividida entre o saber e o apego.
(72) [Um homem disse-lhe]: "Dize a meus irmãos para que partilhem os bens de meu pai comigo."
Ele lhe disse: "Ó, homem, quem me institui partilhador?"
Voltando-se para seus discípulos, disse-lhes: "Eu não sou um partilhador, sou?"
(73) Jesus disse: "A colheita é grande mas os operários são poucos. Portanto, implorai ao senhor para que envie operários para a colheita."
(74) Ele disse: "Ó senhor, há muitas pessoas ao redor do bebedouro, mas não há nada na cisterna."
(75) Jesus disse: "Muitos estão aguardando à porta, mas são os solitários que entrarão na câmara nupcial."
(76) O Reino do pai é semelhante ao comerciante que tinha uma consignação de mercadorias e nelas descobriu uma pérola. Esse comerciante era astuto. Ele vendeu as mercadorias e adquiriu a pérola maravilhosa para si. Vós também deveis buscar esse tesouro indestrutível e duradouro, que nenhuma traça pode devorar nem o verme destruir."
O que nos cerceia é-nos, singularmente consignado, transmita o que sacia o faminto e retenha o que ensina o espírito, divida o conhecimento e multiplicará a sabedoria.
(77) Jesus disse: "Eu sou a luz que está sobre todos eles. Eu sou o todo. De mim surgiu o todo e de mim o todo se estendeu. Rachai um pedaço de madeira, e eu estou lá. Levantai a pedra e me encontrareis lá."
O que é “o todo” nos é, somos, portanto, o que Ele é .
(78) Jesus disse: "Por que viestes ao deserto? Para ver um caniço agitado pelo vento? E para ver um homem vestido com roupas finas como vosso rei e vossos homens importantes? Esses usam roupas finas, mas são incapazes de discernir a verdade."
(79) Uma mulher na multidão disse-lhe: "Bem-aventurado o ventre que te portou e os seios que te nutriram."
Ele disse-lhe: "Bem-aventurados os que ouviram a palavra do Pai e que realmente a guardaram. Pois virão dias em que direis: "Bem-aventurado o ventre que não concebeu, e os seios que não amamentaram."
(80) Jesus disse: "Aquele que reconheceu o mundo encontrou o corpo, mas aquele que encontrou o corpo é superior ao mundo."
(81) Quem enriqueceu, torne-se rei, mas quem tem poder que possa renunciar a ele."
(82) Jesus disse: "Aquele que está perto de mim está perto do fogo, e aquele que está longe de mim está longe do Reino."
(83) Jesus disse: "As imagens manifestam-se ao homem, mas a luz que está nelas permanece oculta na imagem da luz do Pai. Ele tornar-se-á manifesto, mas sua imagem permanecerá velada por sua luz."
(84) Jesus disse: "Quando vedes vossa semelhança, vós vos rejubilais. Mas, quando virdes vossas imagens que surgiram antes de vós, e que não morrem nem se manifestam, quanto tereis de suportar!"
(85) Jesus disse: "Adão surgiu de um grande poder e de uma grande riqueza, mas ele não se tornou digno de vós. Pois, se tivesse sido digno, não teria experimentado a morte."
(86) Jesus disse: "[As raposas têm suas tocas] e as aves têm seus ninhos, mas o filho do homem não tem nenhum lugar para pousar sua cabeça e descansar."
(87) Jesus disse: "Miserável do corpo que depende de um corpo e da alma que depende desses dois."
(88) Jesus disse: "Os anjos e os profetas virão a vós e darão aquelas coisas que já tendes. E dai vós também a eles as coisas que tendes e dizei a vós mesmos: ‘Quando virão tomar o que é deles?’"
(89) Jesus disse: "Por que lavais o exterior da taça? Não compreendeis que aquele que fez o interior é o mesmo que fez o exterior?"
(90) Jesus disse: "Vinde a mim, pois meu jugo é fácil e meu domínio é suave, e encontrareis repouso para vós."
(91) Eles disseram-lhe: "Dize-nos quem tu és, para que possamos crer em ti."
Ele disse-lhes: "Vós decifrastes a face to céu e da terra, mas não reconhecestes aquele que está diante de vós e não soubestes perceber este momento."
(92) Jesus disse: "Buscai e encontrareis. No entanto, aquilo que me perguntastes anteriormente e que não vos respondi então, agora desejo vos dizer mas vós não me perguntais sobre aquilo."
(93) [Jesus disse]: "Não deis aos cães o que é sagrado, para que eles não o joguem no lixo. Não atireis pérolas aos porcos, para que eles ..."
(94) Jesus [disse]: "Quem busca, encontrará, e [quem bate] terá permissão para entrar."
(95) [Jesus disse]: "Se tendes dinheiro, não o empresteis a juro, mas dai-o àquele de quem não o recebereis de volta."
(96) Jesus disse: "O Reino do Pai é como [uma certa] mulher. Ela tomou um pouco de fermento, [escondeu-o] na massa, e fez com ela grandes pães. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!"
Sem ser notado o conhecimento expande, é produtivo e multiplicador.
(97) Jesus disse: "O Reino do Pai é como uma certa mulher que estava carregando um cântaro cheio de farinha. Enquanto estava caminhando pela estrada, ainda distante de casa, a alça do cântaro partiu-se e a farinha foi caindo pelo caminho atrás dela. Ela não se deu conta, pois não tinha percebido o acidente. Quando chegou em casa, colocou o cântaro no chão e percebeu que ele estava vazio."
A farinha somos nós.
(98) Jesus disse: "O Reino do Pai é como um certo homem que queria matar um homem poderoso. Em sua própria casa ele desembainhou a espada e enfiou-a na parede para saber se sua mão poderia realizar a tarefa. Então ele matou o homem poderoso."
A vontade, é o que basta.
(99) Os discípulos disseram-lhe: "Teus irmãos e tua mãe estão aguardando lá fora."
Ele disse-lhes: "Estes que estão aqui que fazem a vontade de meu Pai são meus irmãos e minha mãe. São eles que entrarão no Reino de meu Pai."
(100) Eles mostraram uma moeda de ouro a Jesus e disseram-lhe: "Os homens de César exigem-nos tributos."
Ele disse-lhes: "Dai a César o que é de César, dai a Deus o que é de Deus, e dai a mim o que é meu."
(101) [Jesus disse]: "Quem não odeia (3) seu [pai] e sua mãe como eu não pode se tornar meu [discípulo]. E quem não ama seu [pai e] sua mãe como eu não pode se tornar meu [discípulo]. Porque minha mãe [ ... ], mas [minha] verdadeira [mãe] deu-me a vida."
(102) Jesus disse: "Ai dos fariseus, porque eles são como um cachorro dormindo na manjedoura dos bois, pois eles não comem nem permitem que os bois comam."
(103) Jesus disse: "Feliz do homem que sabe por onde os ladrões vão entrar, porque dessa forma [ele] pode se levantar, passar em revista seu domínio e armar-se antes deles invadirem."
(104) Eles disseram a Jesus: "Vem, oremos e jejuemos hoje."
Jesus disse: "Qual foi o pecado que cometi ou em que fui vencido? Porém, quando o noivo deixar a câmara nupcial, então que eles jejuem e orem."
(105) Jesus disse: "Quem conhece o pai e a mãe será chamado filho de prostituta."
(106) Jesus disse: "Quando fizerdes de dois, um, vos tornareis filhos do homem, e quando disserdes: ‘Montanha, move-te!’, ela se moverá."
(107) Jesus disse: "O Reino é como um pastor que tinha cem ovelhas. Uma delas, a maior de todas, extraviou-se. Ele deixou as noventa e nove e foi procurá-la, até encontrá-la. Depois de ter passado por todo esse incômodo, ele disse à ovelha: ‘Eu me interesso por ti mais do que pelas noventa e nove’."
(108) Jesus disse: "Quem beber de minha boca tornar-se-á como eu. Eu mesmo me tornarei ele, e as coisas que estão ocultas ser-lhe-ão reveladas."
(109) Jesus disse: "O Reino é como o homem que tinha um tesouro [escondido] em seu campo sem saber. Após sua morte, deixou o campo para seu [filho]. O filho não sabia [a respeito do tesouro]. Ele herdou o campo e o vendeu. O comprador ao arar o campo encontrou o tesouro. Começou então a emprestar dinheiro a juros a quem queria."
(110) Jesus disse: "Quem encontrou o mundo e tornou-se rico, que renuncie ao mundo."
(111) Jesus disse: "Os céus e a terra se dobrarão diante de vós. E aquele que vive do Vivo não conhecerá a morte. Jesus não disse: ‘Quem se encontra é superior ao mundo?’"
(112) Jesus disse: "Ai da carne que depende da alma; ai da alma que depende da carne."
(113) Seus discípulos disseram-lhe: "Quando virá o Reino?"
[Jesus disse]: "Ele não virá porque é esperado. Não é uma questão de dizer: ‘eis que ele está aqui’ ou ‘eis que está ali’. Na verdade, o Reino do Pai está espalhado pela terra e os homens não o vêem."
(114) Simão Pedro disse-lhes: "Que Maria saia de nosso meio, pois as mulheres não são dignas da vida."
Jesus disse: "Eu mesmo vou guiá-la para torná-la macho, para que ela também possa tornar-se um espírito vivo semelhante a vós machos. Porque toda mulher que se tornar macho entrará no Reino do Céu."
Como se nota imediatamente na transcrição, o conceito vernacular da região e da época infere, ao que tudo indica, em profundas diferenças lingüísticas da nossa escrita atual nota-se, porém, nitidamente, que o tema tem direção plenamente cognoscível é, contudo, repleto de nuances que nos obrigam interpretar por derivação contextual.
O fundamento, porém, não sofre alterações que impossibilitam seu pleno entendimento, tanto é verdade que o “Clero” condena com veemência os documentos por considerá-los atentatórios aos seus preceitos (lucros), é óbvio que as Igrejas como um todo, segundo a absoluta assimilação da escrita documental, são dispensáveis para o progresso do espírito. Quem não entenderia o ponto de vista clerical em face de um iminente colapso? Bastaria para tanto, a singela lucidez humana, nada além!!
Mas, nem tudo “são rosas”, o senso crítico deve prevalecer sempre, os mesmos documentos que afrontam a empáfia da cúria sacerdotal, revelam um menino que, no mínimo, enfrentaria uma reclusão em reformatório, ao que parece Tomé exacerbou as virtudes de um espírito evoluído com justificativas medíocres de um menino mimado, insolente, egoísta, entre outros predicados que nem de longe coadunam com os atos do homem que sacrificou-se pela humanidade.
“Quem sabe?.. este não estaria tentando provar a reencarnação contando a história de uma criança que veio de um mundo que já tinha televisão e uma apresentadora de programa infantil que ensinava as “pessoinhas” de pequena estatura a colocar seus pais na “máquina de moer carne” porque não fora servido seu chocolate predileto no lanche matinal?”
Há, contudo, uma idiossincrasia que não aparenta pertencer a forma de escrita do documento anterior, os discípulos de Jesus o denominavam de inúmeros modos diferentes em todas as suas narrativas originais, mas, “somente mas”, nas escritas “não apócrifas”, isto é, as únicas aceitas pelo clero, lê-se “Jesus Cristo”, Cristo é tatuagem eclesiástica, os historiadores de hoje conhecem o termo em função de Jesus ser empático a causa do movimento cristão que o precedia em aproximadamente setenta anos, cristianismo é movimento revolucionário e não nome próprio ou adjetivo, é o ideal a ser alcançado pelos virtuosos e isso, segundo as narrativas, era absolutamente conhecido dos que cercavam Jesus, por isso, da mesma forma que ninguém designa hoje Hitler de Adolph Nazi, não chamavam Jesus de “Cristo”, é estranho esse fato, todavia, está presente já no início do texto.
Não gozando este autor, de predicados que ofereçam amparo técnico para contestar o conteúdo que se transcreve para apreciação do Caro Leitor, ofereço o que vem abaixo afirmando que somente o benefício da dúvida não extrai destas páginas o que está escrito, entretanto, sendo verdadeira esta narrativa o homem que tem sua história perpetuada não deve ser o mesmo menino que protagoniza os documentos apresentados a seguir.
Apenas por insistência repiso, três são as hipóteses deste que voz escreve:
(a) — O excesso de entusiasmo de Tomé o fizera “alçar vôo”,
(b) — A narrativa está deturpada,
(c) — A narrativa é verdadeira e as virtudes do menino não condizem com o caráter do homem.
Que o Caro Leitor faça seu próprio julgamento, vamos a ele:
A INFÂNCIA DE JESUS
extraído dos Manuscritos de Nag Hammadi)
A INFÂNCIA DE CRISTO SEGUNDO TOMÉ
I
O Evangelho de Tomé foi escrito no século I e relata a vida do Senhor Jesus dos cinco aos doze anos. Segundo os estudiosos, é parte de um livro mais antigo ainda, tendo tido diversas versões escritas em grego, siríaco, latim, georgiano e eslavo.
O Evangelho de Tomé relata a vida de Jesus a partir do ponto onde termina o Evangelho de Tiago, encerrando-se com o episódio de Jesus no Templo de Jerusalém, entre os doutores, o que também ocorre no Evangelho de Pedro, sobre a infância do Salvador.
Como os Evangelhos Apócrifos já citados, tem uma importância histórica fundamental, pois preenche uma séria lacuna, provocada pela omissão desse período nos Evangelhos Canônicos. Aqui são relatados os primeiros milagres do Salvador, numa narrativa singela e cheia de beleza, que resgata essa importante fase na vida do Senhor Jesus.
Os Evangelhos Apócrifos da Infância de Cristo fornecem importantes e interessantes informações, esclarecendo pontos importantes dos Evangelhos Canônicos, omissos ou um tanto vagos a respeito de determinados aspectos da vida de Jesus Menino.
Eu, Tomé Israelita, julguei necessário levar ao conhecimento de todos os irmãos descendentes dos gentios, a Infância de Nosso Senhor Jesus Cristo e tantas quantas maravilhas ele realizou, depois de nascer em nossa terra. O princípio é como segue.
II
Esse Menino Jesus, que na época tinha cinco anos, encontrava-se um dia brincando no leito de um riacho, depois de haver chovido. Represando a correnteza em pequenas poças, tornava-as instantaneamente cristalinas, dominando-as somente com sua a palavra.
Fez depois uma massa mole com barro e com ela formou uma dúzia de passarinhos. Era um Sabbath e havia outros meninos brincando com ele. Um certo homem judeu, vendo o que Jesus acabara de fazer num dia de festa, foi correndo até seu pai, José, e contou-lhe tudo:
— Olha, teu filho está no riacho e juntando um pouco de barro fez uma dúzia de passarinhos, profanando com isso o dia do Sabbath.
José foi ter ao local e, ao vê-lo, ralhou com ele dizendo:
— Por que fazes no Sabbath o que não é permitido?
Jesus, batendo palmas, dirigiu-se às figurinhas, ordenando-lhes:
— Voai!
Os passarinhos foram todos embora, gorjeando. Os judeus, ao verem isso, encheram-se de admiração e foram contar aos seus superiores o que haviam visto Jesus fazer.
III
Encontrava-se ali presente o filho de Anás, o escriba, e teve a idéia de fazer escoar as águas represadas por Jesus, usando uma planta de vime.
Ante essa atitude, Jesus indignou-se e disse:
— Malvado, ímpio e insensato. Será que as poças e as águas te estorvavam? Ficarás agora seco como uma árvore, sem que possas dar folhas, nem raiz nem frutos.
Imediatamente o rapaz tornou-se completamente seco. Os pais pegaram o infeliz, chorando a sua tenra idade, e o levaram ante José, maldizendo-o por ter um filho que fazia tais coisas.
IV
De outra feita, Ele andava em meio ao povo e um rapaz que vinha correndo esbarrou em suas costas. Irritado, Jesus disse-lhe:
— Não prosseguirás teu caminho.
Imediatamente o rapaz caiu morto. Algumas pessoas que viram o que se passara, disseram:
— De onde terá vindo esse rapaz, pois todas as suas palavras tornam-se fatos consumados?
Os pais do defunto, chegando a José, interpelaram-no, dizendo:
— Com um filho como esse, de duas uma: ou não podes viver com o povo ou tens de acostumá-lo a abençoar e não a amaldiçoar, pois causa a morte aos nossos filhos.
V
José chamou Jesus à parte e admoestou-o da seguinte maneira:
— Por que fazes tais coisas, se elas se tornam a causa de nos odiarem e perseguirem?
Jesus replicou:
— Bem sei que essas palavras não vêm de ti, mas calarei por respeito a tua pessoa. Esses outros, ao contrário, receberão seu castigo.
No mesmo instante, aqueles que havia falado mal dele ficaram cegos.
As testemunhas dessa cena encheram-se de pavor e ficaram perplexas, confessando que qualquer palavra de sua boca, fosse boa ou má, tornava-se um fato e convertia-se numa maravilha. Quando José percebeu o que Jesus havia feito, agarrou sua orelha e puxou-a fortemente.
O rapaz indignou-se e disse-lhe:
— A ti é suficiente que me vejas sem me tocares. Tu nem sabes quem sou, pois se soubesses não me magoarias. Ainda que neste instante eu esteja contigo, fui criado antes de ti.
VI
Naquela época, encontrava-se em um local próximo um certo rabino de nome Zaqueu, o qual, ouvindo Jesus falar dessa maneira com seu pai, encheu-se de admiração ao ver que, sendo menino, dizia tais coisas.
Passados alguns dias, aproximou-se de José e disse:
— Vejo que tens um filho sensato e inteligente. Confia-o a mim para que aprenda as letras. Eu, de minha parte, juntamente com elas, ensinar-lhe-ei toda espécie de sabedoria e a arte de saudar os mais velhos, de respeitá-los como superiores e pais e de amar seus semelhantes.
Disse-lhe todas as letras com grande esmero e clareza, desde Alfa até Ômega. Jesus, porém, fixou seus olhos no rabino Zaqueu e indagou-lhe:
— Como te atreves a explicar Beta aos outros, se tu mesmo ignoras a natureza do Alfa? Hipócrita! Explica primeiro a letra A, se é que sabes, e depois acreditaremos em tudo o que disseres com relação a B.
Começou a interrogar o professor sobre a primeira letra, porém este não pôde responder-lhe.
Disse então a Zaqueu, na presença de todos:
— Aprende, professor, a constituição da primeira letra e repara como tem linhas e traços médios, aqueles que vês unidos transversalmente, conjuntos, elevados, divergentes... Os traços contidos na letra A são de três sinais: homogêneos, equilibrados e proporcionados.
VII
O professor Zaqueu, quando ouviu a exposição feita pelo menino sobre tantas e tais alegorias acerca da primeira das letras, ficou desconcertado diante da resposta e da erudição que ele manifestava.
Disse aos presentes:
— Pobre de mim! Não sei o que fazer, pois eu mesmo procurei a confusão ao trazer este jovem para junto de mim. Leva-o, então, irmão José! Rogo-te! Não posso suportar a severidade do seu olhar. Não consigo fazer com que seu discurso seja inteligível para mim.
Este jovem não nasceu na terra. É capaz de dominar até mesmo o fogo. Talvez tenha nascido antes da criação do mundo. Não sei qual o ventre que pôde tê-lo carregado e qual seio pôde havê-lo nutrido. Ai de mim! Meu amigo, estou aturdido. Não posso seguir o vôo de sua inteligência.
Enganei-me, pobre de mim! Queria muito ter um aluno e deparei-me com um mestre. Percebo perfeitamente, amigos, a minha confusão, pois, velho e tudo o mais, deixei-me vencer por uma criança. É de se ficar arrasado e morrer por causa desse jovem, pois neste momento sou incapaz de olhá-lo fixamente. Que vou respondeu quando todos me disserem que me deixei vencer por um rapazote?
Que vou explicar a respeito do que ele me disse sobre as linhas da primeira letra? Não sei, amigos, porque ignoro a origem e o destino dessa criatura. Por isso te rogo, irmão José, que o leves para casa. É algo extraordinário: ou um Deus ou um anjo, ou já não sei o que dizer.
VIII
Enquanto os judeus se entretinham em dar conselhos a Zaqueu, o menino pôs-se a rir com muita vontade e disse:
— Frutificai agora vossas coisas e abri os olhos à luz os cegos de coração. Vim de cima para amaldiçoar-vos e depois charmar-vos para o alto, pois esta é a ordem daquele que me enviou por vossa causa.
Quando o menino terminou de falar, sentiram-se imediatamente curados todos aqueles que haviam caído sob a maldição. Desde então, ninguém ousava irritá-lo para que ele não os amaldiçoasse ou viessem a ficar cegos.
IX
Dias depois, encontrava-se Jesus brincando num terraço. Um dos meninos que estavam com ele caiu do alto e morreu. Os outros, ao verem isso, foram-se embora e somente Jesus ficou. Pouco depois chegaram os pais do morto e puseram a culpa nele.
Disse-lhes Jesus:
— Não, não. Eu não o empurrei.
Apesar disso, eles o maltrataram. Jesus deu um salto de cima do terraço, vindo cair junto ao cadáver. Pôs-se a gritar bem alto:
— Zenon — assim se chamava o menino, — levanta-te e responda-me: fui eu quem te empurrou?
O morto levantou-se num instante e disse:
— Não, Senhor. Tu não me jogaste, porém me ressuscitaste.
Ao ver isso, todos os presentes ficaram consternados . Os pais do menino glorificaram a Deus por aquele maravilhoso feito e adoraram a Jesus.
X
Poucos dias depois, estava um jovem cortando lenha nas redondezas e aconteceu que o machado escapou e cortou a planta do seu pé. O infeliz estava morrendo rapidamente por causa da hemorragia.
Sobreveio por isso um grande alvoroço e juntou muita gente. Também Jesus veio ter ali. Depois de abrir espaço à força por entre a multidão, chegou junto do ferido e com suas mãos apertou o pé injuriado do jovem, que num instante ficou curado.
Disse então ao rapaz:
— Levanta-te já! Continua cortando lenha e lembra-te de mim!
A multidão, quando se deu conta do que havia acontecido, adorou o Menino dizendo:
— Verdadeiramente, o Espírito de Deus habita esse rapaz.
XI
Quando tinha seis anos, sua mãe deu-lhe certa vez um cântaro para que fosse enchê-lo de água e o trouxesse para casa. No caminho, Jesus tropeçou nas pessoas e a vasilha quebrou-se. Ele, então, estendeu o manto com o qual se cobria, encheu-o de água e levou-o a sua mãe. Esta, ao ver tal maravilha, pôs-se a beijar Jesus e foi guardando em seu íntimo todos os mistérios que o via realizar.
XII
Certa vez, sendo tempo de semeadura, saiu Jesus com seu pai para semear trigo em sua propriedade. Enquanto José esparramava as sementes, o Menino Jesus teve também vontade de semear um grãozinho de trigo. Após ceifar e debulhar, sua colheita somou cem coros, equivalente a quase quarenta mil litros. Convocou em sua propriedade todos os pobres da região e repartiu com eles os grãos. José, depois, levou para si o restante.
Jesus tinha oito anos, quando operou este milagre.
XIII
Seu pai, que era carpinteiro, fazia arados e cangas. Certa vez, recebeu o encargo de fazer uma cama para certa pessoa de boa posição. Aconteceu que uma das tábuas era mais curta que a outra e por isso José não sabia como proceder.
Então o Menino Jesus disse a seu pai:
— Põe no chão ambas as tábuas e iguala-as pela metade.
Assim fez José. Jesus foi até à outra extremidade, pegou a tábua mais curta e esticou-a, deixando-a tão comprida quanto a outra.
José, seu pai, encheu-se de admiração ao ver o prodígio e cobriu o menino de abraços e beijos dizendo:
— Feliz de mim, porque Deus me deu este menino.
XIV
José, percebendo que a inteligência do menino ia amadurecendo ao mesmo tempo que a idade, quis novamente impedir que ele permanecesse analfabeto, por isso levou-o até um outro professor e colocou-o a sua disposição.
Disse o professor:
— Ensinar-te-ei, em primeiro lugar as letras gregas, depois as hebraicas.
Era evidente que o professos conhecia bem a capacidade do rapaz e sentia medo dele. Depois de escrever o alfabeto, entretinha-se com ele por um longo tempo, sem obter nenhuma resposta de seus lábios.
Finalmente disse-lhe Jesus:
— Se és mestre de verdade e conheces perfeitamente as letras, dize-me primeiro qual é o valor de Alfa e então eu te direi qual é o de Beta.
Irritado, o professor bateu-lhe na cabeça. Quando o Menino Jesus sentiu a dor, amaldiçoou-o e imediatamente o professor desmaiou e caiu de bruços no chão.
O jovem voltou para casa de José. Este encheu-se de pesar e disse a Maria que não o deixasse sair de casa, porque todos aqueles que o aborreciam vinham a morrer.
XV
Passado algum tempo, outro professor, que era amigo íntimo de José, disse-lhe:
— Leva teu filho à escola. Talvez com delicadeza eu possa ensinar-lhe as letras.
José replicou:
— Se te atreveres, irmão, leva-o contigo.
O professor o aceitou com muito receio e preocupação, porém o menino demonstrou boa vontade e progredia a olhos vistos.
Certo dia, ele entrou impetuosamente na sala de aula e encontrou um livro colocado sobre a carteira.
Pegou-o e, sem parar para ler as letras que nele estavam escritas, abriu sua boca e começou a falar, levado pelo Espírito Santo, ensinando a Lei aos circunstantes que o escutavam. Uma grande multidão, que havia se juntado, ouvia-o, cheia de admiração pela maravilha da sua doutrina e pela clareza de suas colocações, considerando que era uma criança que assim lhes falava.
José, quando soube disso, encheu-se de medo e correu imediatamente até a escola, receando que também aquele professor pudesse ter sido maltratado.
Este, porém, disse-lhe:
— Saiba, irmão, que recebi este menino como se fosse um aluno comum e acontece que está sobejando graça e sabedoria. Leva-o, por favor, para tua casa!
Ao ouvir essas palavras o menino sorriu e disse:
— Agradeço a ti, por haveres falado com retidão e dado um testemunho justo.
Será curado aquele que anteriormente foi castigado.
Imediatamente o outro professor sentiu-se bem. José pegou o menino e foram para casa.
XVI
Certa vez, José mandou seu filho Tiago juntar lenha e trazê-la para casa. O Menino Jesus acompanhou-o, mas aconteceu que, enquanto Tiago recolhia os gravetos, uma cobra picou-lhe a mão.
Tendo caído no cão, ficou completamente largado e estando já para morrer, quando Jesus aproximou-se e assoprou a mordida. Imediatamente desapareceu a dor, a cobra explodiu e Tiago recobrou imediatamente a saúde.
XVII
Aconteceu depois, nas vizinhanças de José, que um menino que vivia doente veio a falecer. Sua mãe chorava inconsolavelmente. Jesus, ao tomar conhecimento da dor daquela mãe e do tumulto que se formava, acudiu rapidamente. Encontrando o menino já morto, tocou-lhe o peito e disse:
— Pequenino, falo contigo! Não morras, mas vive feliz e fica com tua mãe!
No mesmo instante, o menino abriu os olhos e sorriu. Então disse Jesus à mulher:
— Anda, pega-o, dá-lhe leite e lembra-te de mim!
Ao presenciar o acontecido, os circunstantes encheram-se de admiração e exclamaram:
— Na verdade, este menino ou é um Deus ou um anjo de Deus, pois tudo o que sai da sua boca torna-se um fato consumado.
Jesus saiu dali e pôs-se a brincar com os outros jovens.
XVIII
Dias depois, sobreveio um grande tumulto, onde construíam uma casa. Jesus levantou-se e dirigiu-se até o local. Vendo ali um cadáver estendido no chão, tomou-lhe a mão e dirigiu-se a ele nos seguintes termos:
— Homem, falo contigo! Levanta-te e termina teu trabalho!
Ele se levantou em seguida e o adorou. A multidão que viu essa cena encheu-se de admiração e disse:
— Esse rapaz deve ter vindo do céu, pois tem livrado muitas almas da morte e ainda seguirá livrando mais durante sua vida.
XIX
Quando contava doze anos seus pais, como de costume, foram em caravana até Jerusalém, para assistir às festas da Páscoa. Quando as festas terminaram, voltavam para casa. No instante de partir, o Menino Jesus retornou a Jerusalém, enquanto seus pais pensavam que o encontrariam na comitiva.
Depois do primeiro dia de marcha, puseram-se a buscá-lo entre os seus parentes. Não o encontrando, preocuparam-se muito e voltaram a Jerusalém para procurá-lo.
Finalmente, depois do terceiro dia, encontraram-no no templo, sentado em meio aos doutores, escutando-os e fazendo-lhes perguntas.
Todos estavam atentos a ele e admiraram-se de ver que, menino como era, deixava os anciões e mestres do povo sem palavras, averiguando os principais pontos da lei e as parábolas dos profetas.
Aproximando-se, Maria, sua mãe, disse-lhe:
— Meu filho, por que agiste assim conosco? Veja com que preocupação temos estado a te procurar!
Jesus, porém, respondeu:
— E por que me procuravas? Não sabias acaso que devo ocupar-me das coisas que se referem ao meu Pai?
Os escribas e fariseus indagaram a ela:
— És tu, acaso, a mãe deste menino?
Ela respondeu:
— Assim é.
Eles retrucaram:
— Pois feliz de ti entre as mulheres, já que o Senhor teve por bem bendizer o fruto do teu ventre, por que semelhantes glória, virtude e sabedoria não ouvimos nem vimos jamais.
Jesus levantou-se e seguiu sua mãe. Era obediente a seus pais. Sua mãe guardava todos esses fatos no seu coração. Enquanto isso Jesus ia crescendo em idade, sabedoria e graça. Graças sejam dadas a ele por todos os séculos dos séculos. Amém.
Inegavelmente se nota que a narrativa tem a modulação perfeita de uma “reza” (ladainha) e não guarda a mesma forma da narrativa anterior, é fraca tentando ser forte enquanto que a que a antecede é original até na exposição dos fatos e comentários, devemos concluir que há bem pouco a errar se afirmando tratar-se de outro autor passando-se por Tomé.
Outro aspecto curioso é que os historiadores são praticamente unânimes em afirmar que Jesus se preparara em um longo período e cujo paradeiro era ignorado, depois sim, este veio à tona e praticava curas (milagres?..), este “conto”, de início peca, se os documentos de Nag Hammadi trazem Jesus ao mundo dos humanos, por que esses mesmos documentos o fizeram um deus que transforma o barro em vida (os pássaros)?.. parece que alguém pretendeu fazer do menino mais do que ele o era por natureza evolutiva!!!
“...Se você entregou quinze segundos de amor a alguém, neles, você já viveu a eternidade!..”
O Evangelho do Apóstolo Tomé
(Apostolo Dídimo Judas Tomé)
Texto Gnóstico encontrado em Nag Hammad, 1945
Estas são as palavras secretas que Jesus o Vivo proferiu e que Dídimo Judas Tomé escreve:
(1) E ele disse: "Quem descobrir o significado interior destes ensinamentos não provará a morte."
Já a primeira propositura nos conduz a transcendência existencial, de forma alguma seria possível confundir os ensinamentos desta escrita com as palavras de Paulo. Jamais valeria a renúncia do conhecimento e da sabedoria em troca das necessidades materiais aconselhadas aos “filipenses” e quem conhece a si próprio, já vive em “estado de graça” não necessitando prestar “ação de graças”.
(2) Jesus disse: "Aquele que busca continue buscando até encontrar. Quando encontrar, ele se perturbará. Ao se perturbar, ficará maravilhado e reinará sobre o Todo."
Mais do que certo será interpretar a perturbação de descobrir o tempo desperdiçado com os bens efêmeros.
(3) Jesus disse: "Se aqueles que vos guiam disserem, ‘Olhem, o reino está no céu,’ então, os pássaros do céu vos precederão, se vos disserem que está no mar, então, os peixes vos precederão. Pois bem, o reino está dentro de vós, e também está em vosso exterior. Quando conseguirdes conhecer a vós mesmos, então, sereis conhecidos e compreendereis que sois filhos do Pai vivo. Mas, se não vos conhecerdes, vivereis na pobreza e sereis essa pobreza."
Cada um de nós “O” é, nada que se busca além de nós mesmos nos satisfará, se o fito universal é o espírito, toda a existência material somente nos conduzirá à própria libertação dela. Logo, a matéria é a necessidade didática do existencialismo.
(4) Jesus disse: "O homem idoso não hesitará em perguntar a uma criancinha de sete dias sobre o lugar da vida, e ele viverá. Pois muitos dos primeiros serão os últimos e se tornarão um só."
Como acima (3) já se comentou “nós O somos”, por isso, “... um só...”.
(5) Jesus disse: "Reconheça o que está diante de teus olhos, e o que está oculto a ti será desvelado. Pois não há nada oculto que não venha ser manifestado."
Não existem “mistérios” e “Deus (nós)” nada proíbe, a ignorância é o único obstáculo a ser vencido.
(6) Seus discípulos o interrogaram dizendo: "Queres que jejuemos? Como devemos orar? Devemos dar esmolas? Que dieta devemos observar?"
Jesus disse: "Não mintais e não façais aquilo que detestais, pois todas as coisas são desveladas aos olhos do céu. Pois não há nada escondido que não se torne manifesto, e nada oculto que não seja desvelado."
Como agiu Sócrates, o cidadão universal, mais do que isso, será pura encenação. Amar o próximo, a liberdade e o respeito já garante a mais reta conduta que se possa esperar até de um “santo”. Apenas por acréscimo, podemos notar que na observação final Jesus demonstra que tem pleno conhecimento da dinâmica do Universo, pois, toda ação o impregna como num filme, o registro, para quem sabe “desarquivá-lo”, se exporá.
(7) Jesus disse: "Bem-aventurado o leão que se torna homem quando consumido pelo homem; maldito o homem que o leão consome, e o leão torna-se homem."
Pode haver equívoco interpretativo, porém, quer nos parecer que “o manso devorou o ódio e as imperfeições ‘... o leão..’ e, ao contrário, “maldito quem o ódio consome e torna-se ‘...a fera’...”.
(8) E ele disse: "O homem é como pescador sábio que lança sua rede ao mar e a retira cheia de peixinhos. O pescador sábio encontra entre eles um peixe grande e excelente. Joga todos os peixinhos de volta ao mar e escolhe o peixe grande sem dificuldade. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça."
Todos “os peixinhos” são as riquezas materiais, o grande peixe é a existência do espírito e a própria sabedoria. Os “peixinhos” nos são somente para usufruto sem apego que devem crescer e gerar o fruto do conhecimento. “... Joga todos os peixinhos de volta ao mar e escolhe o peixe grande...”, a cada encarnação o sábio deixa os “peixinhos” (os bens efêmeros) e parte com o “peixe grande” (a evolução). Está aí o sentido de “ouvidos para ouvir”.
(9) Jesus disse: "Eis que o semeador saiu, encheu sua mão e semeou. Algumas sementes caíram na estrada; os pássaros vieram e as recolheram. Algumas caíram sobre rochas, não criaram raízes no solo e não produziram espigas. Outras caíram em meio a um espinheiro, que sufocou as sementes e os vermes as comeram. E outras caíram em solo fértil e produziram bons frutos; renderam sessenta por uma e cento e vinte por uma."
Dispensa interpretação.
(10) Jesus disse: "Eu lancei fogo sobre o mundo, e eis que estou cuidando dele até que queime."
O conhecimento é o “fogo”, nada mais será necessário, ele é a revolução, se alguém pensou no amor, observou apenas uma das infinitas conseqüências.
(11) Jesus disse: "Este céu passará, e aquele acima dele passará. Os mortos não estão vivos e os vivos não morrerão. Nos dias em que consumistes o que estava morto, vós o tornastes vivo. Quando estiverdes morando na luz, o que fareis? No dia em que éreis um, vos tornastes dois. Mas quando vos tornardes dois, o que fareis?"
Alegoria ao tempo e à evolução. O corpo morto pertence ao ciclo, por isso diz na seqüência; “... Nos dias em que consumirdes o que estava morto, vós o tornastes vivo...”, toda matéria mantém a própria “matéria”. Mas, “... os vivos não morrerão...”, o espírito é eterno não conhece a morte, quando fores sábio, “... o que fareis...”, o tributo da evolução é a continuação da existência como um todo (universal), em prol disso operarás. Como espírito (um), nascerás (sereis dois, o Ser inteligente e o organismo que o mantém, “a simbiose da nossa tese”). “... Mas quando vos tornardes dois, o que fareis?...”, encarnado (dois), lembrarás das responsabilidades do espírito? Se, não, ainda assim, serás responsável sem contar com vantagem futura?
(12) Os discípulos disseram a Jesus: "Sabemos que tu nos deixarás. Quem será nosso líder?"
Jesus disse-lhes: "Não importa onde estiverdes, devereis dirigir-vos a Tiago, o justo, para quem o céu e a terra foram feitos."
A vida de lá e de cá pertence aos justos e a eles Jesus delegou liderança.
(13) Jesus disse a seus discípulos: "Comparai-me com alguém e dizei-me com quem me assemelho." Simão Pedro disse-lhe: "Tu és semelhante a um anjo justo."
Mateus lhe disse: "Tu te assemelhas a um filósofo sábio."
Tomé lhe disse: "Mestre, minha boca é inteiramente incapaz de dizer com quem te assemelhas."
Jesus disse: "Não sou teu Mestre. Porque bebeste na fonte borbulhante que fiz brotar, tornaste-te ébrio. (128) E, pegando-o, retirou-se e disse-lhe três coisas. Quando Tomé retornou a seus companheiros, eles lhe perguntaram: "O que te disse Jesus?"
Tomé respondeu: "Se eu vos disser uma só das coisas que ele me disse, apanhareis pedras e as atirareis em mim, e um fogo brotará das pedras e vos queimará."
Ainda que pareça um jogo de adivinhação o que foi pretendido seria demonstrar a Tomé que Jesus não admitia “tatuagens” (mestre, por exemplo), o primeiro absorveu conhecimento e sentiu-se inebriado (ébrio), tornou-se “devoto”, coisa que o segundo não buscava, recebeu reprimenda por isso, entretanto, quer parecer que nisso mais aprendeu, o conhecimento, contudo, produziria revolta ou inquietação (...atirareis pedras...) que findaria por prejudicar (...vos queimará...) os que ainda não reuniam condições de recebê-lo. A observação nos aponta um Tomé melhor qualificado, todavia, com tendências à adoração ou idolatria o que era condenável aos olhos de Jesus.
(14) Jesus disse-lhes: "Se jejuardes, gerareis pecado para vós; se orardes, sereis condenados; se derdes esmolas, fareis mal a vossos espíritos. Quando entrardes em qualquer país e caminhardes por qualquer lugar, se fordes recebidos, comei o que vos for oferecido e curai os enfermos entre eles. Pois o que entrar em vossa boca não vos maculará, mas o que sair de vossa boca – é isso que vos maculará."
A auto-martirização é uma forma abominável de buscar fé, Jesus sempre pregara a vida saudável, ainda que simples, o jejum cuja finalidade é sacrificar o corpo sem justificativa plausível, obviamente, leva à doença ou pior, está nisso o “pecado”, atentar contra a saúde é crime. Quanto a oração, que me perdoem os crédulos, mas, é de uma evidência sem par que Jesus condena a “ladainha” (reza), ele louvava o trabalho produtivo e o amor ao próximo, isso era sua “oração”, rezar traz quase sempre a busca da satisfação de desejos mesquinhos e efêmeros, é o mesmo que esmolar para alguém o que, logo adiante, ele critica com veemência, praticar o bem social produz felicidade e reconforta quem recebe e quem dá. E é claro que os efeitos do que falamos geram muito mais conseqüências do que o que ingerimos.
(15) Jesus disse: "Quando virdes aquele que não foi nascido de uma mulher prostrai-vos com a face no chão e adorai-o: é ele o vosso Pai."
Parece que ele deixou claro que não era ele.
(16) Jesus disse: "Talvez os homens pensem que vim lançar a paz sobre o mundo. Não sabem que é a discórdia que vim espalhar sobre a Terra: fogo, espada e disputa. Com efeito, havendo cinco numa casa, três estarão contra dois e dois contra três: o pai contra o filho e o filho contra o pai. E eles permanecerão solitários."
Dois milênios após essa frase e ainda não se vê o fim da discórdia, quem negará razão a ele?
(17) Jesus disse: "Eu vos darei o que os olhos não viram, o que os ouvidos não ouviram, o que as mãos não tocaram e o que nunca ocorreu à mente do homem."
Essa é uma das simbologias do conhecimento, o novo saber. Não se viu, não se ouviu, não se tocou, somente depois de ensinado a mente o assimila.
(18) Os discípulos disseram a Jesus: "Dize-nos como será o nosso fim."
Jesus disse: "Haveis, então, discernido o princípio, para que estejais procurando o fim? Pois onde estiver o princípio ali estará o fim. Feliz daquele que tomar seu lugar no princípio: ele conhecerá o fim e não provará a morte."
Definitivamente, ele expõe o ciclo.
(19) Jesus disse: "Feliz o que já era antes de surgir. Se vos tornardes meus discípulos e ouvirdes minhas palavras, estas pedras estarão a vosso serviço. Com efeito, há cinco árvores para vós no Paraíso que permanecem inalteradas inverno e verão, e cujas folhas não caem. Aquele que as conhecer não provará a morte."
De fato, o Universo sempre esteve a serviço de quem aprende, o conhecimento é algo não se decompõe e jamais se perde e será a única coisa que nos acompanhará após esta vida e outras.
(20) Os discípulos disseram a Jesus: "Dize-nos a que se assemelha o reino do céu."
Ele lhes disse: "Ele se assemelha a uma semente de mostarda, a menor de todas as sementes. Mas, quando cai em terra cultivada, produz uma grande planta e torna-se um refúgio para as aves do céu."
Somos nós próprios, emanados somos a manifestação de uma vontade, um fragmento, o “ente fundamental”, evoluímos e somos nada menos que o próprio Universo se expressando.
(21) Maria disse a Jesus: "A quem se assemelham teus discípulos?"
Ele disse: "Eles se parecem com crianças que se instalaram num campo que não lhes pertence. Quando os donos do campo vierem, dirão: ‘Entregai nosso campo.’ Elas se despirão diante deles para que eles possam receber o campo de volta e para entregá-lo a eles. Por isso digo: se o dono da casa souber que virá um ladrão, velará antes que ele chegue e não deixará que ele penetre na casa de seu domínio para levar seus bens. Vós, portanto, permanecei atentos contra o mundo. Armai-vos com todo poder para que os ladrões não consigam encontrar um caminho para chegar a vós, pois a dificuldade que temeis certamente ocorrerá. Que possa haver entre vós um homem prudente. Quando a safra estiver madura, ele virá rapidamente com sua foice em mãos para colhê-la. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça."
(22) Jesus viu crianças sendo amamentadas. Ele disse a seus discípulos: "Esses pequeninos que mamam são como aqueles que entram no Reino." Eles lhe disseram: Nós também, como crianças, entraremos no Reino?" Jesus lhes disse: "Quando fizerdes do dois um e quando fizerdes o interior como o exterior, o exterior como o interior, o acima como o embaixo e quando fizerdes do macho e da fêmea uma só coisa, de forma que o macho não seja mais macho nem a fêmea seja mais fêmea, e quando formardes olhos em lugar de um olho, uma mão em lugar de uma mão, um pé em lugar de um pé e uma imagem em lugar de uma imagem, então, entrareis (no Reino).
Quando se expressar o espírito desprendido da carne, livre por conquista, ele será o “reino”.
(23) Jesus disse: Escolherei dentre vós, um entre mil e dois entre dez mil, e eles permanecerão como um só."
(24) Seus discípulos disseram-lhe: "Mostra-nos o lugar onde estás, pois precisamos procurá-lo."
Ele disse-lhes: "Aquele que tem ouvidos, ouça! Há luz no interior do homem de luz e ele ilumina o mundo inteiro. Se ele não brilha, ele é escuridão."
Como já foi dito, somos o Universo!!
(25) Jesus disse: "Ama teu irmão como à tua alma, protege-o como a pupila de teus olhos."
(26) Jesus disse: "Tu vês o cisco no olho de teu irmão, mas não vês a trave em teu próprio olho. Quando retirares a trave de teu olho, então verás claramente e poderás retirar o cisco do olho de teu irmão."
Ainda tem sido mais fácil ver o cisco, portando a trave, infelizmente!
(27) Jesus disse: "Se não jejuardes com relação ao mundo, não encontrareis o Reino. Se não observardes o sábado como um sábado, não vereis o Pai."
Jejuar em relação ao mundo é desprezar os bens como valores próprios, nada nos pertence, nem mesmo o corpo, os que valorizarem as virtudes a elas pertencerão. A alegoria ao sábado é o respeito às leis e ao direito dos semelhantes.
(28) Jesus disse: "Assumi meu lugar no mundo e revelei-me a eles na carne. Encontrei todos embriagados. Não encontrei nenhum sedento, e minha alma ficou aflita pelos filhos dos homens, porque estão cegos em seus corações e não têm visão. Pois vazios vieram ao mundo e vazios procuram deixar o mundo. Mas no momento eles estão embriagados. Quando superarem a embriaguez, então mudarão sua maneira de pensar."
Referência à infância social.
(29) Jesus disse: "Seria uma maravilha se a carne tivesse surgido por causa do espírito. Mas seria a maior das maravilhas se o espírito tivesse surgido por causa do corpo. Estou realmente surpreso pela forma como essa grande riqueza fez morada nessa pobreza."
A própria afirmativa é a resposta à propositura, os corpos não geram os espíritos, mas é neles que os segundos habitam, estes, no entanto, também não geram o corpo que é ínfimo e mortal em relação aos primeiros, logo, a carne produz a carne e, assim, propicia a morada do Ser. O “Ser”, contudo, é produto de si em si, ou seja, ele é a manifestação de vontade do espírito, é o resultado que emana da “Fonte” original, um pensamento que se expressa em forma de Ser individualizado.
(30) Jesus disse: "Onde há três deuses, eles são deuses. Onde há dois ou um, estou com ele."
(31) Jesus disse: "Nenhum profeta é aceito em sua cidade; nenhum médico cura aqueles que o conhecem."
(32) Jesus disse: "Uma cidade construída e fortificada sobre uma montanha elevada não pode cair nem pode ser escondida."
(33) Jesus disse: "Proclamai sobre os telhados aquilo que ouvirdes com vosso próprio ouvido. Pois ninguém acende uma lâmpada e coloca-a debaixo de um cesto, tampouco coloca-a num lugar escondido, mas num candelabro, para que todos que venham a entrar e sair vejam sua luz."
(34) Jesus disse: "Se um cego guia outro cego, ambos cairão numa vala."
(35) Jesus disse: "Não é possível que alguém entre na casa de um homem forte e tome-a à força, a menos que lhe ate as mãos; então será capaz de saquear sua casa."
(36) Jesus disse: "Não vos preocupeis de manhã até a noite e de noite até a manhã com o que vestireis."
(37) Seus discípulos disseram: "Quando tu te revelarás a nós e quando te veremos?"
Jesus disse: "Quando vos despirdes sem vos envergonhardes e tomardes vossas vestes e, colocando-as sobre vossos pés, pisardes sobre elas como criancinhas, então (vereis) o filho daquele que vive e não tereis medo."
(38) Jesus disse: "Muitas vezes haveis desejado ouvir essas palavras que vos digo, e não tendes outro de quem ouvi-las. Pois virão dias em que me procurareis e não me encontrareis."
(39) Jesus disse: "Os fariseus e os escribas tomaram as chaves da gnosis. Eles não entraram nem deixaram entrar aqueles que queriam entrar. Vós, no entanto, sede sábios como as serpentes e mansos como as pombas."
A sabedoria não é tributo do saber, porém, virtude. Conhecer, a todos é dado, praticar, todavia, o conhecimento, somente cabe ao sábio. Aquele que aprende e sonega é, entre todos, o pior dos ladrões, destitui o sedento e contamina a água que lhe serve também.
(40) Jesus disse: "Uma parreira foi plantada fora do Pai, porém, não sendo saudável, ela será arrancada pela raiz e destruída."
A ignorância!!
(41) Jesus disse: "Quem tiver algo em sua mão receberá mais, e quem não tiver nada perderá até mesmo o pouco que tem."
O conhecimento!!
(42) Jesus disse: "Tornai-vos passantes."
Permeabilidade!!
(43) Seus discípulos disseram-lhe: "Quem és tu para dizer-nos tais coisas?"
[Jesus disse-lhes:] "Não percebeis quem sou eu pelo que vos digo, mas vos tornastes como os judeus! Com efeito, eles amam a árvore e odeiam seus frutos ou amam os frutos, mas odeiam a árvore."
O Universo, o “Verbo”, como designam alguns ou Deus, esta é a arvore. Seus frutos somos nós, que Dele somos parte, note que do “fruto” sai a semente que produz a “arvore” , enfim, odiamos a nós mesmos e a Ele afinal!!
(44) Jesus disse: "Quem blasfemar contra o Pai será perdoado e quem blasfemar contra o Filho será perdoado, mas quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado nem na terra nem no céu".
(45) Jesus disse: "Não se colhe uvas dos espinheiros nem figos dos cardos, pois eles não dão frutos. O homem bom retira o bem do seu tesouro; o malvado retira o mal de seu tesouro malévolo, que está em seu coração, e diz maldade. Pois da abundância do coração ele retira coisas más."
(46) Jesus disse: "Dentre os que nasceram da mulher, desde Adão até João, o Batista, não há ninguém superior a João, para que não abaixe os olhos [diante dele]. Mas eu digo, aquele dentre vós que se tornar uma criança conhecerá o Reino e se tornará superior a João."
(47) Jesus disse: "É impossível para um homem montar dois cavalos ou retesar dois arcos. E é impossível que um servo sirva a dois senhores, pois ele honra um e ofende o outro. Ninguém bebe vinho velho e logo em seguida deseja beber vinho novo. E não se coloca vinho novo em odres velhos, para que não arrebentem; nem se coloca vinho velho em odres novos, para que não o estraguem. E não se cose pano velho em veste nova, porque ela está arriscada a rasgar."
(48) Jesus disse: "Se os dois fizerem as pazes nesta casa, eles dirão a montanha: ‘Move-te!’ e ela se moverá."
(49) Jesus disse: "Bem aventurados os solitários e os eleitos, pois encontrareis o Reino. Pois, viestes dele e para ele retornareis."
(50) Jesus disse: "Se vos perguntarem: ‘De onde vindes?’ respondei: ‘Viemos da luz, do lugar onde a luz nasceu dela mesma, estabeleceu-se e tornou-se manifesta por meio de suas imagens’. Se vos perguntarem: ‘Vós sois isto?’ digam: ‘Nós somos seus filhos e somos os eleitos do Pai vivo’. Se vos perguntarem: ‘Qual é o sinal de vosso Pai em vós?’, digam a eles: ‘É movimento e repouso’."
As palavras de um parágrafo do primeiro capítulo de nosso trabalho anterior: — “ ...Aceitar o espírito a partir da “Fonte” é apenas um passo, a lógica nos demonstra; ordenando as idéias: A) Fonte, B) Emanações (energia), C) Evolução, D) Espírito, que é o objeto da tese. Este “cresce” e, fatalmente, irá “produzir” (emanar). Fecha-se, então, o ciclo. Assim, prossegue o processo indefinidamente, logo, (D) é a “Fonte”...”.
(51) Seus discípulos disseram-lhe: "Quando ocorrerá o repouso dos mortos e quando virá o novo mundo?"
Ele disse-lhes: "Aquilo que esperais já chegou, mas não o reconheceis."
(52) Seus discípulos disseram-lhe: "Vinte e quatro profetas falaram em Israel e todos falaram de ti."
Ele disse-lhes: "Omitistes aquele que vive em vossa presença e falastes dos mortos."
(53) Seus discípulos disseram-lhe: "A circuncisão é benéfica ou não?"
Ele disse-lhes: "Se ela fosse benéfica, os pais gerariam filhos já circuncisos de sua mãe. Mas a verdadeira circuncisão, a espiritual, tornou-se inteiramente proveitosa.
(54) Jesus disse: "Bem-aventurados os pobres, pois vosso é o Reino do céu."
(55) Jesus disse: "Aquele que não odiar (2) seu pai e sua mãe não poderá se tornar meu discípulo. E quem não odiar seus irmãos e irmãs e tomar sua cruz, como eu, não será digno de mim."
(56) Jesus disse: "Aquele que conseguiu compreender o mundo encontrou (somente) um cadáver, e quem encontrou um cadáver é superior ao mundo."
Alegoria à existência na matéria, quem reconhece a efemeridade desta passagem é maior que o Universo .
(57) Jesus disse: "O Reino do Pai é semelhante ao homem que tem [boa] semente. Seu inimigo veio durante a noite e semeou joio por cima da boa semente. O homem não deixou que arrancassem o joio, dizendo: ‘temo que acabeis arrancando o joio e também o trigo junto com ele. No dia da colheita as ervas daninhas estarão bem visíveis e serão, então, arrancadas e queimadas."
Avalie o cabimento de o “Sol” iluminar somente os que merecem sua luz!!
(58) Jesus disse: "Bem-aventurado o homem que sofreu e encontrou a vida."
(59) Jesus disse: "Prestai atenção àquele que vive enquanto estais vivos, para que, ao morrerdes, não fiqueis procurando vê-lo sem conseguir."
(60) Eles viram um samaritano carregando um cordeiro a caminho da Judéia. Ele disse a seus discípulos: "Por que o homem está carregando o cordeiro?"
Eles disseram-lhe: "Para matá-lo e comê-lo."
Ele disse-lhes: "Enquanto o cordeiro estiver vivo, ele não o comerá, mas somente depois que o tiver matado e que o cordeiro se tornar um cadáver."
Eles disseram-lhe: "Ele não poderia fazer de outro modo."
Ele disse-lhes: "Vós, também, buscai um lugar para vós no repouso, a fim de que não vos torneis um cadáver e sejais devorados."
(61) Jesus disse: "Dois repousarão sobre um leito: um morrerá, o outro viverá."
Salomé disse: "Quem és tu homem, e de quem és filho? Tu te acomodaste em meu banco e comeste à minha mesa?"
Jesus disse-lhe: "Eu sou aquele que existe a partir do indivisível. Recebi coisas de meu pai."
[ ... ] "Eu sou seu discípulo."
[ ... ] "Por isso digo que, se for destruído, ele estará pleno de luz, mas, se ele estiver dividido, estará pleno de trevas."
(62) Jesus disse: "Eu digo meus mistérios aos [que são dignos de meus mistérios. Que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita."
(63) Jesus disse: "Havia um rico que tinha muito dinheiro. Ele disse: ‘Empregarei meu dinheiro para semear, colher, plantar e encher meu celeiro com o fruto da colheita, para que não me venha a faltar nada’. Essas eram suas intenções, mas naquela mesma noite ele morreu. Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça."
(64) Jesus disse: "Um homem tinha convidados. E quando a ceia estava pronta, mandou seu servo chamar os convidados. O servo foi ao primeiro e disse-lhe: ‘Meu mestre te convida’. O outro respondeu: ‘Tenho dinheiro aplicado com alguns comerciantes. Eles virão me procurar esta noite para que eu lhes dê minhas instruções. Apresento minhas desculpas por não ir à ceia. O servo foi até outro e disse: ‘Meu senhor está te convidando’. Este disse-lhe: ‘Acabo de comprar uma casa e precisam de mim hoje. Não terei tempo’. O servo foi a outro e disse-lhe: ‘Meu senhor está te convidando’. Este disse-lhe: ‘Um amigo vai se casar e coube-me preparar o banquete. Não poderei ir à ceia, peço ser desculpado. O servo foi a outro ainda e disse-lhe: ‘Meu senhor está te convidando’. Este disse-lhe: ‘Acabo de comprar uma fazenda e estou saindo para buscar o rendimento. Não poderei ir, por isso me desculpo’. O servo retornou e disse a seu senhor: ‘Os que convidaste para a ceia mandam pedir desculpas’. (134) O senhor disse ao servo: ‘Vai lá fora pelos caminhos e traze os que encontrares para que possam ceiar. Os homens de negócios e mercadores não entrarão no recinto de meu Pai’."
(65) Ele disse: "Um homem de bem tinha uma vinha. Ele a alugou a camponeses para que cuidassem dela e pagassem-lhe com uma parte da produção. Ele enviou seu servo para que os arrendatários entregassem-lhe o fruto da vinha. Eles pegaram seu servo e o espancaram, deixando-o à beira da morte. O servo voltou e contou a seu senhor o ocorrido. O senhor disse: ‘Talvez não o tenham reconhecido’. Ele enviou outro servo. Os camponeses também o espancaram. Então o proprietário enviou seu filho e disse: ‘Talvez eles tenham respeito por meu filho’. Como os camponeses sabiam que aquele era o herdeiro da vinha, pegaram-no e mataram-no. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça."
(66) Jesus disse: "Mostrai-me a pedra que os construtores rejeitaram; ela é a pedra angular."
O conhecimento da verdadeira vida não faz sentido aos homens da ciência que lidam somente com as conseqüências da vontade. A Expressão Inteligente é a única permanência universal, todos os outros acontecimentos servem apenas como degraus evolutivos, nos competem unicamente para crescermos.
(67) Jesus disse: "Se alguém que conhece o todo ainda sente uma deficiência pessoal, ele é completamente deficiente."
Ou conhecemos ou não conhecemos o que, de fato, somos, se parte de nós “adora” e parte sente falta dos bens que dispõe, erra-se de todas as formas, por isso não há perfeição parcial. Amar a existência será usufruir com sabedoria da matéria e ser consciente da vida além dela.
(68) Jesus disse: "Bem-aventurados os que são odiados e perseguidos. Mas os que vos perseguirem não encontrarão lugar."
(69) Jesus disse: "Bem-aventurados aqueles que foram perseguidos em seu interior. São eles que realmente conheceram o pai. Bem-aventurados os famintos, porque se encherá o ventre de quem tem desejo."
(70) Jesus disse: "Aquilo que tendes vos salvará se o manifestardes. Aquilo que não tendes em vosso interior vos matará se não o tiverdes dentro de vós."
(71) Jesus disse: "Destruirei esta casa e ninguém será capaz de reconstruí-la [...]"
Lançar dúvidas sobre conceitos errôneos torna irrecuperável a consciência dividida entre o saber e o apego.
(72) [Um homem disse-lhe]: "Dize a meus irmãos para que partilhem os bens de meu pai comigo."
Ele lhe disse: "Ó, homem, quem me institui partilhador?"
Voltando-se para seus discípulos, disse-lhes: "Eu não sou um partilhador, sou?"
(73) Jesus disse: "A colheita é grande mas os operários são poucos. Portanto, implorai ao senhor para que envie operários para a colheita."
(74) Ele disse: "Ó senhor, há muitas pessoas ao redor do bebedouro, mas não há nada na cisterna."
(75) Jesus disse: "Muitos estão aguardando à porta, mas são os solitários que entrarão na câmara nupcial."
(76) O Reino do pai é semelhante ao comerciante que tinha uma consignação de mercadorias e nelas descobriu uma pérola. Esse comerciante era astuto. Ele vendeu as mercadorias e adquiriu a pérola maravilhosa para si. Vós também deveis buscar esse tesouro indestrutível e duradouro, que nenhuma traça pode devorar nem o verme destruir."
O que nos cerceia é-nos, singularmente consignado, transmita o que sacia o faminto e retenha o que ensina o espírito, divida o conhecimento e multiplicará a sabedoria.
(77) Jesus disse: "Eu sou a luz que está sobre todos eles. Eu sou o todo. De mim surgiu o todo e de mim o todo se estendeu. Rachai um pedaço de madeira, e eu estou lá. Levantai a pedra e me encontrareis lá."
O que é “o todo” nos é, somos, portanto, o que Ele é .
(78) Jesus disse: "Por que viestes ao deserto? Para ver um caniço agitado pelo vento? E para ver um homem vestido com roupas finas como vosso rei e vossos homens importantes? Esses usam roupas finas, mas são incapazes de discernir a verdade."
(79) Uma mulher na multidão disse-lhe: "Bem-aventurado o ventre que te portou e os seios que te nutriram."
Ele disse-lhe: "Bem-aventurados os que ouviram a palavra do Pai e que realmente a guardaram. Pois virão dias em que direis: "Bem-aventurado o ventre que não concebeu, e os seios que não amamentaram."
(80) Jesus disse: "Aquele que reconheceu o mundo encontrou o corpo, mas aquele que encontrou o corpo é superior ao mundo."
(81) Quem enriqueceu, torne-se rei, mas quem tem poder que possa renunciar a ele."
(82) Jesus disse: "Aquele que está perto de mim está perto do fogo, e aquele que está longe de mim está longe do Reino."
(83) Jesus disse: "As imagens manifestam-se ao homem, mas a luz que está nelas permanece oculta na imagem da luz do Pai. Ele tornar-se-á manifesto, mas sua imagem permanecerá velada por sua luz."
(84) Jesus disse: "Quando vedes vossa semelhança, vós vos rejubilais. Mas, quando virdes vossas imagens que surgiram antes de vós, e que não morrem nem se manifestam, quanto tereis de suportar!"
(85) Jesus disse: "Adão surgiu de um grande poder e de uma grande riqueza, mas ele não se tornou digno de vós. Pois, se tivesse sido digno, não teria experimentado a morte."
(86) Jesus disse: "[As raposas têm suas tocas] e as aves têm seus ninhos, mas o filho do homem não tem nenhum lugar para pousar sua cabeça e descansar."
(87) Jesus disse: "Miserável do corpo que depende de um corpo e da alma que depende desses dois."
(88) Jesus disse: "Os anjos e os profetas virão a vós e darão aquelas coisas que já tendes. E dai vós também a eles as coisas que tendes e dizei a vós mesmos: ‘Quando virão tomar o que é deles?’"
(89) Jesus disse: "Por que lavais o exterior da taça? Não compreendeis que aquele que fez o interior é o mesmo que fez o exterior?"
(90) Jesus disse: "Vinde a mim, pois meu jugo é fácil e meu domínio é suave, e encontrareis repouso para vós."
(91) Eles disseram-lhe: "Dize-nos quem tu és, para que possamos crer em ti."
Ele disse-lhes: "Vós decifrastes a face to céu e da terra, mas não reconhecestes aquele que está diante de vós e não soubestes perceber este momento."
(92) Jesus disse: "Buscai e encontrareis. No entanto, aquilo que me perguntastes anteriormente e que não vos respondi então, agora desejo vos dizer mas vós não me perguntais sobre aquilo."
(93) [Jesus disse]: "Não deis aos cães o que é sagrado, para que eles não o joguem no lixo. Não atireis pérolas aos porcos, para que eles ..."
(94) Jesus [disse]: "Quem busca, encontrará, e [quem bate] terá permissão para entrar."
(95) [Jesus disse]: "Se tendes dinheiro, não o empresteis a juro, mas dai-o àquele de quem não o recebereis de volta."
(96) Jesus disse: "O Reino do Pai é como [uma certa] mulher. Ela tomou um pouco de fermento, [escondeu-o] na massa, e fez com ela grandes pães. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!"
Sem ser notado o conhecimento expande, é produtivo e multiplicador.
(97) Jesus disse: "O Reino do Pai é como uma certa mulher que estava carregando um cântaro cheio de farinha. Enquanto estava caminhando pela estrada, ainda distante de casa, a alça do cântaro partiu-se e a farinha foi caindo pelo caminho atrás dela. Ela não se deu conta, pois não tinha percebido o acidente. Quando chegou em casa, colocou o cântaro no chão e percebeu que ele estava vazio."
A farinha somos nós.
(98) Jesus disse: "O Reino do Pai é como um certo homem que queria matar um homem poderoso. Em sua própria casa ele desembainhou a espada e enfiou-a na parede para saber se sua mão poderia realizar a tarefa. Então ele matou o homem poderoso."
A vontade, é o que basta.
(99) Os discípulos disseram-lhe: "Teus irmãos e tua mãe estão aguardando lá fora."
Ele disse-lhes: "Estes que estão aqui que fazem a vontade de meu Pai são meus irmãos e minha mãe. São eles que entrarão no Reino de meu Pai."
(100) Eles mostraram uma moeda de ouro a Jesus e disseram-lhe: "Os homens de César exigem-nos tributos."
Ele disse-lhes: "Dai a César o que é de César, dai a Deus o que é de Deus, e dai a mim o que é meu."
(101) [Jesus disse]: "Quem não odeia (3) seu [pai] e sua mãe como eu não pode se tornar meu [discípulo]. E quem não ama seu [pai e] sua mãe como eu não pode se tornar meu [discípulo]. Porque minha mãe [ ... ], mas [minha] verdadeira [mãe] deu-me a vida."
(102) Jesus disse: "Ai dos fariseus, porque eles são como um cachorro dormindo na manjedoura dos bois, pois eles não comem nem permitem que os bois comam."
(103) Jesus disse: "Feliz do homem que sabe por onde os ladrões vão entrar, porque dessa forma [ele] pode se levantar, passar em revista seu domínio e armar-se antes deles invadirem."
(104) Eles disseram a Jesus: "Vem, oremos e jejuemos hoje."
Jesus disse: "Qual foi o pecado que cometi ou em que fui vencido? Porém, quando o noivo deixar a câmara nupcial, então que eles jejuem e orem."
(105) Jesus disse: "Quem conhece o pai e a mãe será chamado filho de prostituta."
(106) Jesus disse: "Quando fizerdes de dois, um, vos tornareis filhos do homem, e quando disserdes: ‘Montanha, move-te!’, ela se moverá."
(107) Jesus disse: "O Reino é como um pastor que tinha cem ovelhas. Uma delas, a maior de todas, extraviou-se. Ele deixou as noventa e nove e foi procurá-la, até encontrá-la. Depois de ter passado por todo esse incômodo, ele disse à ovelha: ‘Eu me interesso por ti mais do que pelas noventa e nove’."
(108) Jesus disse: "Quem beber de minha boca tornar-se-á como eu. Eu mesmo me tornarei ele, e as coisas que estão ocultas ser-lhe-ão reveladas."
(109) Jesus disse: "O Reino é como o homem que tinha um tesouro [escondido] em seu campo sem saber. Após sua morte, deixou o campo para seu [filho]. O filho não sabia [a respeito do tesouro]. Ele herdou o campo e o vendeu. O comprador ao arar o campo encontrou o tesouro. Começou então a emprestar dinheiro a juros a quem queria."
(110) Jesus disse: "Quem encontrou o mundo e tornou-se rico, que renuncie ao mundo."
(111) Jesus disse: "Os céus e a terra se dobrarão diante de vós. E aquele que vive do Vivo não conhecerá a morte. Jesus não disse: ‘Quem se encontra é superior ao mundo?’"
(112) Jesus disse: "Ai da carne que depende da alma; ai da alma que depende da carne."
(113) Seus discípulos disseram-lhe: "Quando virá o Reino?"
[Jesus disse]: "Ele não virá porque é esperado. Não é uma questão de dizer: ‘eis que ele está aqui’ ou ‘eis que está ali’. Na verdade, o Reino do Pai está espalhado pela terra e os homens não o vêem."
(114) Simão Pedro disse-lhes: "Que Maria saia de nosso meio, pois as mulheres não são dignas da vida."
Jesus disse: "Eu mesmo vou guiá-la para torná-la macho, para que ela também possa tornar-se um espírito vivo semelhante a vós machos. Porque toda mulher que se tornar macho entrará no Reino do Céu."
Como se nota imediatamente na transcrição, o conceito vernacular da região e da época infere, ao que tudo indica, em profundas diferenças lingüísticas da nossa escrita atual nota-se, porém, nitidamente, que o tema tem direção plenamente cognoscível é, contudo, repleto de nuances que nos obrigam interpretar por derivação contextual.
O fundamento, porém, não sofre alterações que impossibilitam seu pleno entendimento, tanto é verdade que o “Clero” condena com veemência os documentos por considerá-los atentatórios aos seus preceitos (lucros), é óbvio que as Igrejas como um todo, segundo a absoluta assimilação da escrita documental, são dispensáveis para o progresso do espírito. Quem não entenderia o ponto de vista clerical em face de um iminente colapso? Bastaria para tanto, a singela lucidez humana, nada além!!
Mas, nem tudo “são rosas”, o senso crítico deve prevalecer sempre, os mesmos documentos que afrontam a empáfia da cúria sacerdotal, revelam um menino que, no mínimo, enfrentaria uma reclusão em reformatório, ao que parece Tomé exacerbou as virtudes de um espírito evoluído com justificativas medíocres de um menino mimado, insolente, egoísta, entre outros predicados que nem de longe coadunam com os atos do homem que sacrificou-se pela humanidade.
“Quem sabe?.. este não estaria tentando provar a reencarnação contando a história de uma criança que veio de um mundo que já tinha televisão e uma apresentadora de programa infantil que ensinava as “pessoinhas” de pequena estatura a colocar seus pais na “máquina de moer carne” porque não fora servido seu chocolate predileto no lanche matinal?”
Há, contudo, uma idiossincrasia que não aparenta pertencer a forma de escrita do documento anterior, os discípulos de Jesus o denominavam de inúmeros modos diferentes em todas as suas narrativas originais, mas, “somente mas”, nas escritas “não apócrifas”, isto é, as únicas aceitas pelo clero, lê-se “Jesus Cristo”, Cristo é tatuagem eclesiástica, os historiadores de hoje conhecem o termo em função de Jesus ser empático a causa do movimento cristão que o precedia em aproximadamente setenta anos, cristianismo é movimento revolucionário e não nome próprio ou adjetivo, é o ideal a ser alcançado pelos virtuosos e isso, segundo as narrativas, era absolutamente conhecido dos que cercavam Jesus, por isso, da mesma forma que ninguém designa hoje Hitler de Adolph Nazi, não chamavam Jesus de “Cristo”, é estranho esse fato, todavia, está presente já no início do texto.
Não gozando este autor, de predicados que ofereçam amparo técnico para contestar o conteúdo que se transcreve para apreciação do Caro Leitor, ofereço o que vem abaixo afirmando que somente o benefício da dúvida não extrai destas páginas o que está escrito, entretanto, sendo verdadeira esta narrativa o homem que tem sua história perpetuada não deve ser o mesmo menino que protagoniza os documentos apresentados a seguir.
Apenas por insistência repiso, três são as hipóteses deste que voz escreve:
(a) — O excesso de entusiasmo de Tomé o fizera “alçar vôo”,
(b) — A narrativa está deturpada,
(c) — A narrativa é verdadeira e as virtudes do menino não condizem com o caráter do homem.
Que o Caro Leitor faça seu próprio julgamento, vamos a ele:
A INFÂNCIA DE JESUS
extraído dos Manuscritos de Nag Hammadi)
A INFÂNCIA DE CRISTO SEGUNDO TOMÉ
I
O Evangelho de Tomé foi escrito no século I e relata a vida do Senhor Jesus dos cinco aos doze anos. Segundo os estudiosos, é parte de um livro mais antigo ainda, tendo tido diversas versões escritas em grego, siríaco, latim, georgiano e eslavo.
O Evangelho de Tomé relata a vida de Jesus a partir do ponto onde termina o Evangelho de Tiago, encerrando-se com o episódio de Jesus no Templo de Jerusalém, entre os doutores, o que também ocorre no Evangelho de Pedro, sobre a infância do Salvador.
Como os Evangelhos Apócrifos já citados, tem uma importância histórica fundamental, pois preenche uma séria lacuna, provocada pela omissão desse período nos Evangelhos Canônicos. Aqui são relatados os primeiros milagres do Salvador, numa narrativa singela e cheia de beleza, que resgata essa importante fase na vida do Senhor Jesus.
Os Evangelhos Apócrifos da Infância de Cristo fornecem importantes e interessantes informações, esclarecendo pontos importantes dos Evangelhos Canônicos, omissos ou um tanto vagos a respeito de determinados aspectos da vida de Jesus Menino.
Eu, Tomé Israelita, julguei necessário levar ao conhecimento de todos os irmãos descendentes dos gentios, a Infância de Nosso Senhor Jesus Cristo e tantas quantas maravilhas ele realizou, depois de nascer em nossa terra. O princípio é como segue.
II
Esse Menino Jesus, que na época tinha cinco anos, encontrava-se um dia brincando no leito de um riacho, depois de haver chovido. Represando a correnteza em pequenas poças, tornava-as instantaneamente cristalinas, dominando-as somente com sua a palavra.
Fez depois uma massa mole com barro e com ela formou uma dúzia de passarinhos. Era um Sabbath e havia outros meninos brincando com ele. Um certo homem judeu, vendo o que Jesus acabara de fazer num dia de festa, foi correndo até seu pai, José, e contou-lhe tudo:
— Olha, teu filho está no riacho e juntando um pouco de barro fez uma dúzia de passarinhos, profanando com isso o dia do Sabbath.
José foi ter ao local e, ao vê-lo, ralhou com ele dizendo:
— Por que fazes no Sabbath o que não é permitido?
Jesus, batendo palmas, dirigiu-se às figurinhas, ordenando-lhes:
— Voai!
Os passarinhos foram todos embora, gorjeando. Os judeus, ao verem isso, encheram-se de admiração e foram contar aos seus superiores o que haviam visto Jesus fazer.
III
Encontrava-se ali presente o filho de Anás, o escriba, e teve a idéia de fazer escoar as águas represadas por Jesus, usando uma planta de vime.
Ante essa atitude, Jesus indignou-se e disse:
— Malvado, ímpio e insensato. Será que as poças e as águas te estorvavam? Ficarás agora seco como uma árvore, sem que possas dar folhas, nem raiz nem frutos.
Imediatamente o rapaz tornou-se completamente seco. Os pais pegaram o infeliz, chorando a sua tenra idade, e o levaram ante José, maldizendo-o por ter um filho que fazia tais coisas.
IV
De outra feita, Ele andava em meio ao povo e um rapaz que vinha correndo esbarrou em suas costas. Irritado, Jesus disse-lhe:
— Não prosseguirás teu caminho.
Imediatamente o rapaz caiu morto. Algumas pessoas que viram o que se passara, disseram:
— De onde terá vindo esse rapaz, pois todas as suas palavras tornam-se fatos consumados?
Os pais do defunto, chegando a José, interpelaram-no, dizendo:
— Com um filho como esse, de duas uma: ou não podes viver com o povo ou tens de acostumá-lo a abençoar e não a amaldiçoar, pois causa a morte aos nossos filhos.
V
José chamou Jesus à parte e admoestou-o da seguinte maneira:
— Por que fazes tais coisas, se elas se tornam a causa de nos odiarem e perseguirem?
Jesus replicou:
— Bem sei que essas palavras não vêm de ti, mas calarei por respeito a tua pessoa. Esses outros, ao contrário, receberão seu castigo.
No mesmo instante, aqueles que havia falado mal dele ficaram cegos.
As testemunhas dessa cena encheram-se de pavor e ficaram perplexas, confessando que qualquer palavra de sua boca, fosse boa ou má, tornava-se um fato e convertia-se numa maravilha. Quando José percebeu o que Jesus havia feito, agarrou sua orelha e puxou-a fortemente.
O rapaz indignou-se e disse-lhe:
— A ti é suficiente que me vejas sem me tocares. Tu nem sabes quem sou, pois se soubesses não me magoarias. Ainda que neste instante eu esteja contigo, fui criado antes de ti.
VI
Naquela época, encontrava-se em um local próximo um certo rabino de nome Zaqueu, o qual, ouvindo Jesus falar dessa maneira com seu pai, encheu-se de admiração ao ver que, sendo menino, dizia tais coisas.
Passados alguns dias, aproximou-se de José e disse:
— Vejo que tens um filho sensato e inteligente. Confia-o a mim para que aprenda as letras. Eu, de minha parte, juntamente com elas, ensinar-lhe-ei toda espécie de sabedoria e a arte de saudar os mais velhos, de respeitá-los como superiores e pais e de amar seus semelhantes.
Disse-lhe todas as letras com grande esmero e clareza, desde Alfa até Ômega. Jesus, porém, fixou seus olhos no rabino Zaqueu e indagou-lhe:
— Como te atreves a explicar Beta aos outros, se tu mesmo ignoras a natureza do Alfa? Hipócrita! Explica primeiro a letra A, se é que sabes, e depois acreditaremos em tudo o que disseres com relação a B.
Começou a interrogar o professor sobre a primeira letra, porém este não pôde responder-lhe.
Disse então a Zaqueu, na presença de todos:
— Aprende, professor, a constituição da primeira letra e repara como tem linhas e traços médios, aqueles que vês unidos transversalmente, conjuntos, elevados, divergentes... Os traços contidos na letra A são de três sinais: homogêneos, equilibrados e proporcionados.
VII
O professor Zaqueu, quando ouviu a exposição feita pelo menino sobre tantas e tais alegorias acerca da primeira das letras, ficou desconcertado diante da resposta e da erudição que ele manifestava.
Disse aos presentes:
— Pobre de mim! Não sei o que fazer, pois eu mesmo procurei a confusão ao trazer este jovem para junto de mim. Leva-o, então, irmão José! Rogo-te! Não posso suportar a severidade do seu olhar. Não consigo fazer com que seu discurso seja inteligível para mim.
Este jovem não nasceu na terra. É capaz de dominar até mesmo o fogo. Talvez tenha nascido antes da criação do mundo. Não sei qual o ventre que pôde tê-lo carregado e qual seio pôde havê-lo nutrido. Ai de mim! Meu amigo, estou aturdido. Não posso seguir o vôo de sua inteligência.
Enganei-me, pobre de mim! Queria muito ter um aluno e deparei-me com um mestre. Percebo perfeitamente, amigos, a minha confusão, pois, velho e tudo o mais, deixei-me vencer por uma criança. É de se ficar arrasado e morrer por causa desse jovem, pois neste momento sou incapaz de olhá-lo fixamente. Que vou respondeu quando todos me disserem que me deixei vencer por um rapazote?
Que vou explicar a respeito do que ele me disse sobre as linhas da primeira letra? Não sei, amigos, porque ignoro a origem e o destino dessa criatura. Por isso te rogo, irmão José, que o leves para casa. É algo extraordinário: ou um Deus ou um anjo, ou já não sei o que dizer.
VIII
Enquanto os judeus se entretinham em dar conselhos a Zaqueu, o menino pôs-se a rir com muita vontade e disse:
— Frutificai agora vossas coisas e abri os olhos à luz os cegos de coração. Vim de cima para amaldiçoar-vos e depois charmar-vos para o alto, pois esta é a ordem daquele que me enviou por vossa causa.
Quando o menino terminou de falar, sentiram-se imediatamente curados todos aqueles que haviam caído sob a maldição. Desde então, ninguém ousava irritá-lo para que ele não os amaldiçoasse ou viessem a ficar cegos.
IX
Dias depois, encontrava-se Jesus brincando num terraço. Um dos meninos que estavam com ele caiu do alto e morreu. Os outros, ao verem isso, foram-se embora e somente Jesus ficou. Pouco depois chegaram os pais do morto e puseram a culpa nele.
Disse-lhes Jesus:
— Não, não. Eu não o empurrei.
Apesar disso, eles o maltrataram. Jesus deu um salto de cima do terraço, vindo cair junto ao cadáver. Pôs-se a gritar bem alto:
— Zenon — assim se chamava o menino, — levanta-te e responda-me: fui eu quem te empurrou?
O morto levantou-se num instante e disse:
— Não, Senhor. Tu não me jogaste, porém me ressuscitaste.
Ao ver isso, todos os presentes ficaram consternados . Os pais do menino glorificaram a Deus por aquele maravilhoso feito e adoraram a Jesus.
X
Poucos dias depois, estava um jovem cortando lenha nas redondezas e aconteceu que o machado escapou e cortou a planta do seu pé. O infeliz estava morrendo rapidamente por causa da hemorragia.
Sobreveio por isso um grande alvoroço e juntou muita gente. Também Jesus veio ter ali. Depois de abrir espaço à força por entre a multidão, chegou junto do ferido e com suas mãos apertou o pé injuriado do jovem, que num instante ficou curado.
Disse então ao rapaz:
— Levanta-te já! Continua cortando lenha e lembra-te de mim!
A multidão, quando se deu conta do que havia acontecido, adorou o Menino dizendo:
— Verdadeiramente, o Espírito de Deus habita esse rapaz.
XI
Quando tinha seis anos, sua mãe deu-lhe certa vez um cântaro para que fosse enchê-lo de água e o trouxesse para casa. No caminho, Jesus tropeçou nas pessoas e a vasilha quebrou-se. Ele, então, estendeu o manto com o qual se cobria, encheu-o de água e levou-o a sua mãe. Esta, ao ver tal maravilha, pôs-se a beijar Jesus e foi guardando em seu íntimo todos os mistérios que o via realizar.
XII
Certa vez, sendo tempo de semeadura, saiu Jesus com seu pai para semear trigo em sua propriedade. Enquanto José esparramava as sementes, o Menino Jesus teve também vontade de semear um grãozinho de trigo. Após ceifar e debulhar, sua colheita somou cem coros, equivalente a quase quarenta mil litros. Convocou em sua propriedade todos os pobres da região e repartiu com eles os grãos. José, depois, levou para si o restante.
Jesus tinha oito anos, quando operou este milagre.
XIII
Seu pai, que era carpinteiro, fazia arados e cangas. Certa vez, recebeu o encargo de fazer uma cama para certa pessoa de boa posição. Aconteceu que uma das tábuas era mais curta que a outra e por isso José não sabia como proceder.
Então o Menino Jesus disse a seu pai:
— Põe no chão ambas as tábuas e iguala-as pela metade.
Assim fez José. Jesus foi até à outra extremidade, pegou a tábua mais curta e esticou-a, deixando-a tão comprida quanto a outra.
José, seu pai, encheu-se de admiração ao ver o prodígio e cobriu o menino de abraços e beijos dizendo:
— Feliz de mim, porque Deus me deu este menino.
XIV
José, percebendo que a inteligência do menino ia amadurecendo ao mesmo tempo que a idade, quis novamente impedir que ele permanecesse analfabeto, por isso levou-o até um outro professor e colocou-o a sua disposição.
Disse o professor:
— Ensinar-te-ei, em primeiro lugar as letras gregas, depois as hebraicas.
Era evidente que o professos conhecia bem a capacidade do rapaz e sentia medo dele. Depois de escrever o alfabeto, entretinha-se com ele por um longo tempo, sem obter nenhuma resposta de seus lábios.
Finalmente disse-lhe Jesus:
— Se és mestre de verdade e conheces perfeitamente as letras, dize-me primeiro qual é o valor de Alfa e então eu te direi qual é o de Beta.
Irritado, o professor bateu-lhe na cabeça. Quando o Menino Jesus sentiu a dor, amaldiçoou-o e imediatamente o professor desmaiou e caiu de bruços no chão.
O jovem voltou para casa de José. Este encheu-se de pesar e disse a Maria que não o deixasse sair de casa, porque todos aqueles que o aborreciam vinham a morrer.
XV
Passado algum tempo, outro professor, que era amigo íntimo de José, disse-lhe:
— Leva teu filho à escola. Talvez com delicadeza eu possa ensinar-lhe as letras.
José replicou:
— Se te atreveres, irmão, leva-o contigo.
O professor o aceitou com muito receio e preocupação, porém o menino demonstrou boa vontade e progredia a olhos vistos.
Certo dia, ele entrou impetuosamente na sala de aula e encontrou um livro colocado sobre a carteira.
Pegou-o e, sem parar para ler as letras que nele estavam escritas, abriu sua boca e começou a falar, levado pelo Espírito Santo, ensinando a Lei aos circunstantes que o escutavam. Uma grande multidão, que havia se juntado, ouvia-o, cheia de admiração pela maravilha da sua doutrina e pela clareza de suas colocações, considerando que era uma criança que assim lhes falava.
José, quando soube disso, encheu-se de medo e correu imediatamente até a escola, receando que também aquele professor pudesse ter sido maltratado.
Este, porém, disse-lhe:
— Saiba, irmão, que recebi este menino como se fosse um aluno comum e acontece que está sobejando graça e sabedoria. Leva-o, por favor, para tua casa!
Ao ouvir essas palavras o menino sorriu e disse:
— Agradeço a ti, por haveres falado com retidão e dado um testemunho justo.
Será curado aquele que anteriormente foi castigado.
Imediatamente o outro professor sentiu-se bem. José pegou o menino e foram para casa.
XVI
Certa vez, José mandou seu filho Tiago juntar lenha e trazê-la para casa. O Menino Jesus acompanhou-o, mas aconteceu que, enquanto Tiago recolhia os gravetos, uma cobra picou-lhe a mão.
Tendo caído no cão, ficou completamente largado e estando já para morrer, quando Jesus aproximou-se e assoprou a mordida. Imediatamente desapareceu a dor, a cobra explodiu e Tiago recobrou imediatamente a saúde.
XVII
Aconteceu depois, nas vizinhanças de José, que um menino que vivia doente veio a falecer. Sua mãe chorava inconsolavelmente. Jesus, ao tomar conhecimento da dor daquela mãe e do tumulto que se formava, acudiu rapidamente. Encontrando o menino já morto, tocou-lhe o peito e disse:
— Pequenino, falo contigo! Não morras, mas vive feliz e fica com tua mãe!
No mesmo instante, o menino abriu os olhos e sorriu. Então disse Jesus à mulher:
— Anda, pega-o, dá-lhe leite e lembra-te de mim!
Ao presenciar o acontecido, os circunstantes encheram-se de admiração e exclamaram:
— Na verdade, este menino ou é um Deus ou um anjo de Deus, pois tudo o que sai da sua boca torna-se um fato consumado.
Jesus saiu dali e pôs-se a brincar com os outros jovens.
XVIII
Dias depois, sobreveio um grande tumulto, onde construíam uma casa. Jesus levantou-se e dirigiu-se até o local. Vendo ali um cadáver estendido no chão, tomou-lhe a mão e dirigiu-se a ele nos seguintes termos:
— Homem, falo contigo! Levanta-te e termina teu trabalho!
Ele se levantou em seguida e o adorou. A multidão que viu essa cena encheu-se de admiração e disse:
— Esse rapaz deve ter vindo do céu, pois tem livrado muitas almas da morte e ainda seguirá livrando mais durante sua vida.
XIX
Quando contava doze anos seus pais, como de costume, foram em caravana até Jerusalém, para assistir às festas da Páscoa. Quando as festas terminaram, voltavam para casa. No instante de partir, o Menino Jesus retornou a Jerusalém, enquanto seus pais pensavam que o encontrariam na comitiva.
Depois do primeiro dia de marcha, puseram-se a buscá-lo entre os seus parentes. Não o encontrando, preocuparam-se muito e voltaram a Jerusalém para procurá-lo.
Finalmente, depois do terceiro dia, encontraram-no no templo, sentado em meio aos doutores, escutando-os e fazendo-lhes perguntas.
Todos estavam atentos a ele e admiraram-se de ver que, menino como era, deixava os anciões e mestres do povo sem palavras, averiguando os principais pontos da lei e as parábolas dos profetas.
Aproximando-se, Maria, sua mãe, disse-lhe:
— Meu filho, por que agiste assim conosco? Veja com que preocupação temos estado a te procurar!
Jesus, porém, respondeu:
— E por que me procuravas? Não sabias acaso que devo ocupar-me das coisas que se referem ao meu Pai?
Os escribas e fariseus indagaram a ela:
— És tu, acaso, a mãe deste menino?
Ela respondeu:
— Assim é.
Eles retrucaram:
— Pois feliz de ti entre as mulheres, já que o Senhor teve por bem bendizer o fruto do teu ventre, por que semelhantes glória, virtude e sabedoria não ouvimos nem vimos jamais.
Jesus levantou-se e seguiu sua mãe. Era obediente a seus pais. Sua mãe guardava todos esses fatos no seu coração. Enquanto isso Jesus ia crescendo em idade, sabedoria e graça. Graças sejam dadas a ele por todos os séculos dos séculos. Amém.
Inegavelmente se nota que a narrativa tem a modulação perfeita de uma “reza” (ladainha) e não guarda a mesma forma da narrativa anterior, é fraca tentando ser forte enquanto que a que a antecede é original até na exposição dos fatos e comentários, devemos concluir que há bem pouco a errar se afirmando tratar-se de outro autor passando-se por Tomé.
Outro aspecto curioso é que os historiadores são praticamente unânimes em afirmar que Jesus se preparara em um longo período e cujo paradeiro era ignorado, depois sim, este veio à tona e praticava curas (milagres?..), este “conto”, de início peca, se os documentos de Nag Hammadi trazem Jesus ao mundo dos humanos, por que esses mesmos documentos o fizeram um deus que transforma o barro em vida (os pássaros)?.. parece que alguém pretendeu fazer do menino mais do que ele o era por natureza evolutiva!!!
“...Se você entregou quinze segundos de amor a alguém, neles, você já viveu a eternidade!..”
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