A razão é virtude em extinção, neste espaço se tenta preservar essa conquista desprezada, lembrar que a vida não está resumida à frágil visão humana.

PENSE

Seja ambicioso nos seus desejos, busque sempre o que é infinito, eterno, completo e intransferível.

O maior bem que se pode conquistar é a perfeição, seja sábio e não se contente com menos.

A matéria é apenas a mina onde garimpamos nosso conhecimento, cada pedra do nosso caminho é o tesouro que buscamos ainda bruto e aguardando lapidação.
Tenha sempre em mente essa idéia e nada haverá de lhe faltar.
Venha ser alguém que acrescenta algo à existência sem exigir mais do que ela lhe dá.

SALVE O MUNDO, COMECE POR ALGUÉM!


segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

LIVRO I - UM ENFOQUE RACIONAL - PARTE IV/B

CAPÍTULO-5

ESPIRITUALISMO!
Fé, ou outra busca científica?

O caráter espiritualista deste trabalho está justamente amparado na intenção de demonstrar esta tese ou pelo menos chegar o mais próximo possível disto, sem os refúgios místicos, demonstração esta, alicerçada na coerência dos fatos “materialistas”, é claro, pois isto é tudo de que se dispõe, como poderia-se falar de um mundo ou universo do qual não temos sequer lembranças? Considerando-se antecipadamente sua existência, aliás, é propriamente a isso que tentaremos chegar.

Dispomos de uma verdadeira fila de “Espíritos” precursores, grandes homens que viveram em favor da humanidade, quase todos transformados em imagens ou divindades de manipulação religiosa, no entanto, estes verdadeiramente, nunca se colocaram nesta posição e quiçá fundaram algum tipo de religião, relegaram, sim, aos homens, ensinamentos desprovidos de interesse, nunca promulgaram esta ou aquela seita, não propuseram regras ou dogmas, deixaram verdadeiros exemplos de vida principalmente e, assim, gravaram positivamente infinitas lições no espírito humano, tão fortes que atravessaram séculos e até mesmo milênios, sendo completamente atuais ainda, aliás.., uma característica própria da verdade, vale sempre..! devido a força destes reais “personagens”, usaremos deles, as citações iniciais desta tentativa de demonstrar o “óbvio” a espiritualidade.

Como já foi mencionado no capítulo -2, não há afirmativa alguma que possa garantir a impossibilidade da pré ou pós existência, por incrível que seja, concretamente não há justificativa demonstrável, nem da nossa existência no Universo, mas nós existimos, portanto, pelo menos em teoria, podemos aceitar a espiritualidade, não significa que apenas porque não entendemos um fato ele deixa de existir. Esta é uma preocupação que quase nasceu com a humanidade, vejamos, segundo algumas informações históricas temos:

Os quatro livros tidos como sagrados pelos hindus "VEDAS" mencionam:

"...se vos entregardes aos vossos desejos só fareis condenar-vos, por contrair ao morrerdes, novas ligações com outros corpos e outros mundos...".

Segundo os próprios hindus, estas escritas são ditadas pessoalmente por "Brama", se isso é tecnicamente correto pouco importa, o que conta vem a ser justamente o fato que expõe a idade do documento, deixa, sem sombra de dúvida, que o "espírito" é preocupação primária entre os homens, aliás, muito mais naquele período que hoje!

Dando prosseguimento às idéias do Bramanismo, deve-se ainda mencionar:

“...o corpo é uma coisa finita, entretanto o espírito que o habita é invisível, imponderável e eterno...”

“...todo renascimento, feliz ou desgraçado, é conseqüência das obras praticadas nas vidas anteriores...”

“...o destino do espírito após a morte, constitui o mistério dos renascimentos...”

“...muito antes de se despojarem de seus envoltórios mortais, as almas que aqui vivem podem adquirir a faculdade de falar com as que as precederam na vida espiritual...”

Nota-se, na primeira citação, um nítido sentido de ocupação, sutilmente se percebe o entrosamento do ser biológico com o espiritual, o corpo ocupa claramente a posição de “ferramenta”, desgasta-se e é, prontamente, abandonado.

A segunda e terceira citações explicitam a responsabilidade do espírito em relação ao seu retorno à "matéria".

Enfim, conclui-se pela última, a plena possibilidade de comunicação com os espíritos, colocando-a como “faculdade”, ou seja, um “dom”.

A notória preferência em se principiar uma relação de “Iluminados” pela linha do mundo Oriental é tão óbvia quanto a “água é molhada”, entre eles nunca houve, como ainda não há, preconceito a respeito da espiritualidade, este assunto flui com excepcional naturalidade para eles, a vida e a morte não passa de um traço ou uma linha demarcatória de alteração de caminho, nada mais.

Continuando, menciona-se; “Buda”.

“...está no desejo a causa do mal, da dor, da morte e do renascimento...”

Reportando-se ao capítulo-3, já nesta primeira citação se observa a conotação de "desejo" com o sentido reprodutivo natural, ligado ao prazer, ficando a imposição da natureza pela manutenção da espécie em segundo plano, em troca da libidez. A idéia de sexo neste trabalho, não é nem de longe combatida ou apoiada, apenas coloca-se, em destaque, a participação da sexualidade na evolução da humanidade e é incrível, quase a totalidade dos fatos giram em torno desta, parece mesmo que a natureza exagerou para garantir a sobrevivência da raça humana, ou, então, esta já “sabia” da capacidade de auto extinção do “homem”. Segue-se:

“...que julgais seja maior..; a água do grande oceano, ou as lágrimas que vertestes quando, na longa jornada, caminhaste ao acaso, ao decorrer os renascimentos, unidos àquilo que odiastes, separados daquilo que amastes..?”

Independente de quem apregoou, os egípcios seguiam estas citações;

“...óh..! alma cega, arma-te com o facho dos mistérios e na noite terrestre descobrirá tua duplicata iluminada, tua alma celeste. Segue este gênio divino e que ele seja teu guia, porque tem a chave de tuas existências passadas...”

“...a luz que viste é a inteligência divina, que contém todas as coisas sob seu poder e encerra os moldes de todos os seres. As almas são filhas do céu e a viagem que fazem à terra é uma prova. Na encarnação perdem a lembrança de sua origem celestial...”

Facilmente se denota o entendimento coletivo, ou seja, um povo inteiro aceitava com naturalidade o “espírito” e a vida independente do corpo. Ah..! mas eles eram uma civilização antiga! Afirmarão os cépticos ; eles tem toda a razão, afirmo eu, porém devemos notar que a grande maioria da humanidade tem hoje, na Democracia, a melhor forma de administração coletiva e esta é uma idéia daquele tempo, os avanços tecnológicos atuais são insofismáveis, os avanços sociais, no entanto, são deploráveis. Por falar em "Democracia" , algumas idéias gregas se seguirão:

“...escuta a verdade que convém ocultar à multidão e que fazem a força dos santuários: Deus é um e sempre semelhante a si mesmo, os deuses porém, são inumeráveis e diversos...”

Nota-se aí, nitidamente o sacerdócio garantindo o poder religioso, exatamente como continuam fazendo-o hoje.

“...amai a luz e não as trevas. Durante a vossa vida tende em mira esse alvo. Quando as almas voltam ao espaço, trazem, como imundas manchas, todas as faltas de sua vida terrena, estampadas no seu corpo etéreo e para apaga-las cumpre que espiem e voltem a terra...”

“...almas divinas: entrai em corpos mortais; ide começar uma nova carreira. Eis aqui todos os destinos da vida. Escolhei livremente: a escolha porém, é irrevogável, se for má não acuseis a Deus...”

Entre os gregos, a fartura de princípios espirituais era simplesmente impressionante, há uma verdadeira turba de filósofos, citando alguns apenas: "Sócrates" é o primeiro porque quem o conhece pela história, sabe que é o maior deles; “Platão”, “Sófocles”, “Aristóteles”, “Pitágoras” e outros, para citarmos todos seria necessário uma espécie de “catálogo telefônico”. Mas, voltando às citações, já de início tropeçamos num sistema religioso de exclusão onde alguns iniciados decidem o que deve-se transmitir ao povo, eles, no entanto, têm, para si, a versão lógica de algo que foi muito estudado para se concluir, a preocupação, entretanto, é manter atuantes e nos templos, os fiéis. Os gregos antigos são famosos pela exuberância de “deuses”, havia uma mescla de teologia com mitologia onde a riqueza de personagens era magnífica, as lendas gregas são por demais exóticas com lendas simplesmente maravilhosas, lindas mesmo, eram um povo romântico, sonhador e por isso, extremamente propícios a aceitar idéias místicas e, logicamente, os “sacerdotes” não vacilaram em nomear “pitonisas” e erigir infinitos “oráculos” pela Grécia toda, fundamentalmente, porém, os verdadeiros filósofos combatiam estas idéias e este era um forte motivo para serem brutalmente perseguidos, sendo Sócrates, para nos servir de exemplo, compelido a ingerir cicuta, já ao crepúsculo de sua vida natural.

Já, na Europa antiga, iremos nos deparar com os “Druídas”, sacerdotes gauleses e bretões que adotavam uma linha filosófica também espiritualista, vejamos:

“...existindo desde toda antigüidade, no meio dos vastos oceanos, não nasci de um pai ou uma mãe, mas das formas elementares da natureza, dos ramos da betula, do fruto das florestas, das flores nas montanhas. Brinquei à noite, dormi na aurora, fui víbora no lago, água nas nuvens, lince nas relvas. Depois, eleito pelo Espírito Divino (sábio dos sábios), adquiri a imortalidade. Bastante tempo decorreu e depois fui pastor. Vaguei longamente sobre a terra, antes de ser hábil nas ciências. Enfim brilhei entre os seres superiores. Revestido do hábito sagrado, empunhei a taça do sacrifício. Vivi em cem mundos, agitei-me em cem círculos...”

Desnecessário é comparar a introspecção destas citações com os dois primeiros capítulos desta obra, o ponto de vista filosófico aqui delineado será, com certeza, uma afirmação “científica” num futuro próximo, a nossa idade espiritual já é suficientemente madura para rasgar este véu.

Poder-se-ia explicitar muitas outras citações e outros “iluminados” até chegarmos a nossa era.., a “era cristã”, deliberadamente deixada para o final; existe a necessidade palpitante de se discernir longamente sobre o “homem” que deu início, no mínimo, a dois milênios de revolução intelectual, social, filosófica e religiosa, no mundo ocidental e grande parte do oriental, “...não vim trazer a paz, sim a revolta...”, foi considerado como filósofo, profeta, médico, rei, mestre, mártir da humanidade e, enfim, "Deus"; todos os predicados afora o último foram empregados pelos seus seguidores, admiradores e até por inimigos, mas o derradeiro, o bombástico, apoteótico, foi-lhe impingido pela “religião” instituída em seu nome, justamente por não conseguir vencê-lo, pois seus argumentos e exemplos de vida eram imbatíveis, então, para não abrir mão do poder, adotaram o humilde pastor e carpinteiro e imediatamente o promoveram a “Dono” do céu, desde que é claro, eles administrassem os dotes recebidos em seu nome, afinal “Ele” pregou a vida toda que isso de nada valia aos olhos do “Pai”, logo, poderiam ter grande utilidade aqui na terra nas mãos “sagradas” dos seus procuradores oficiais! Jesus de Nazaré..! cabe aqui um posicionamento elucidativo concernente a realidade histórica da passagem do “homem” Jesus e sua situação como “Espírito” em um estágio evoluído e não “Deus”.

As informações disponíveis cientificamente (arqueológicas, históricas e até teológicas entre outras), ainda são muito imprecisas para situar no tempo os fatos narrados (a passagem “dele” pela terra, literalmente não tem registro científico ) e as colocações bíblicas são bastante conflitantes, os próprios “evangelistas” escolhidos pelo clero, Marcos, Matheus, Lucas e João iniciaram suas narrativas aproximadamente quarenta anos após a morte do profeta.

As interpretações obedecem as características individuais de cada um, lembranças impregnadas das idéias do autor dão um perfil alterado ao “personagem”, o entusiasmo, a mágoa, a credulidade, o pessimismo, o otimismo, o momento em que uma anotação é feita, sendo influenciada pelo estado de espírito do narrador, a verdade existe e lá está, porém o manto da fantasia vem como parte integrante da narrativa e não é propriamente um segredo que a força do “Cristianismo” está justamente apoiado na chamada “boa nova”; onde a paixão arrebatadora levava, sem titubear, seus “crentes” ao circo dos leões para serem literalmente estraçalhados, enquanto que, passivamente, estes emitiam cânticos exaltando o “libertador” e o “novo reino”. Não se está negando aqui que "Jesus" tenha sido um "Espírito" de extraordinária grandeza, o seu carisma pessoal impregna, ainda hoje, uma enorme parcela da humanidade, os preceitos por “ele” defendidos servem de guia moral e conduta para toda a civilização, outros espíritos defenderam causas equivalentemente nobres e pereceram em condições até mais atrozes do que “Ele”, no entanto; são nomes obscuros na História, não conseguiram preparar o “caminho” da mesma maneira e depois de passar suas vidas não dispuseram de seguidores igualmente fortes, ou não foram tão capazes de influenciar com tanta energia a humanidade, mesmo trazendo grandes “verdades”. O “Cristianismo” inegavelmente foi provido de uma excepcional estrutura, a “majestade” caminhou junto à “humildade”, o “ódio” foi transformado em “amor”, o “tu” e o “ele” passaram a ser mais importantes que o “eu”, o poder de sintetização de tão vasta sabedoria era estonteante, a humanidade não tinha jamais tomado contato com tais premissas de vida, nota-se contudo que, primitivamente, este era desprovido dos dogmas, tratava-se de um conceito puro independente de regras, que foram posteriormente introduzidas, como o nascimento através de uma “virgem”, ou a “santíssima trindade”(Concílio de Nicéia, 325 d.C) e aí, afinal, “Jesus” foi “promovido” a “Deus” (decisão da “diretoria”), condição desnecessária para sua grandeza natural, tanto que Orígenes (líder de religiosos da igreja oriental) não se condicionou aos preceitos desvirtuados do cristianismo adotado a partir daí. Então.., as escritas consideradas sagradas, convenientemente manipuladas pelo clero já estruturado na época, legam-nos, assim, completa obscuridade a respeito do “homem Jesus” até os trinta anos de idade, quando, repentinamente, surge o “Cristo” já amoldado pela “igreja” e que só não sucumbiu, porque seus ensinamentos ultrapassam as “maquiagens” adotadas, a mensagem que é deixada por exemplos de vida e narrativas de terceiros, o que em nada diminui seu brilho, denota porém, claramente que as "provas" não são necessárias do ponto de vista prático, mas que, isto sim.., passou pela Terra, não importa quando, um “Espírito” de alto grau evolutivo e nos deixou as diretrizes da verdadeira vida, é o que basta..! como “Ele” outros existiram, anteriores e posteriores, se seitas e crendices foram criadas, o foram por nós “atrasados espiritualmente” e não por “Eles”, eis o motivo de buscarmos o conhecimento e não outra “seita”.

Graças ao Concílio de Laodicéa em 364-dC, somente temos acesso a quatro evangelhos, os demais considerados apócrifos foram retirados de circulação. Hoje, talvez, fossem de grande valor histórico até mesmo para o Cristianismo se os sessenta e oito “apócrifos” se tornassem públicos e fartamente divulgados.

Em 529-dC foram condenadas as escolas gregas e suas filosofias banidas do mundo alcançado pela igreja.

A história ainda hoje diverge se foram os romanos ou os judeus que crucificaram Jesus; ora...! por que condenar um ou outro povo inteiro..? quando é sobejamente sabido que tudo não passou de uma trama religiosa (basta verificar atentamente qualquer um dos quatro evangelhos), todos tem divergências naturais aos indivíduos que os escreveram, neste ponto, porém, todos concordam plenamente, o motivo histórico pode ter sido o ataque aos vendilhões do templo (os únicos sobreviventes, ainda hoje), ou o que foi considerado “blasfêmia”, este ter “assumido” o posto de “filho de Deus”, o que “Ele” sempre afirmou, nós todos sermos filhos Deste, os sacerdotes do templo perderiam enormemente em prestígio se todos fossem considerados iguais perante Deus, também, politicamente, o período era delicado, os judeus comemorariam a data da libertação de Judá do jugo do Egito, justamente quando eram subjugados pelo império romano por pelo menos cem anos e os peregrinos infestavam a cidade proporcionando lucros auspiciosos aos sacerdotes, um terceiro fato é também registrado, se Jesus era capaz de ressuscitar um morto (Lázaro, segundo o parecer bíblico), o que não seria “Ele” igualmente capaz se não fosse impedido a tempo, justificativas eram realmente o que não faltariam a eles, necessário se tornara, apenas o “bode expiatório”, no momento oportuno, este lá estaria e de fato os judeus, principalmente em nome de “Judas”(etimologicamente de Judá, Povo Judeu, antigos Hebreus), pagou historicamente pelo sangue derramado. Personagem extremamente controvertido quanto da participação verdadeira no ato.

Alicerçado exatamente no fato de que "Jesus" era um homem e não um deus mitológico ou equivalente, é que o Cristianismo está tão vivo, fica intuitivamente gravado na psique humana a plena possibilidade de alcançá-lo, ao passo que um deus qualquer é sempre “criado” com a intenção de ser inatingível, é um ser utópico e imaginário por isso mesmo fraco, mas esse não poderia ser o único motivo, entre outros, há um acontecimento aparentemente contrastante, grande parte do cristianismo foi divulgado principalmente pelos seus antagônicos que no intuito de combatê-lo, terminavam por divulgá-lo, um caso até particular e de grande peculiaridade encontramos em “Saulo” o judeu (douto nas Leis Mosaicas), que após longo período perseguindo os “cristãos”, tornou-se, dos seus, o mais fervoroso e, através das suas “epístolas” (cartas), transformou-se num verdadeiro “repórter” do Cristianismo, destacando-o no mundo todo. Existem estudos técnicos, de especialistas traumatológicos, que informam ter este sofrido uma espécie de concussão, ao cair de sua montaria, mudando, este acidente, o rumo da História. Questão esta, à ser considerada..!

A atividade cristã primitiva esteve constantemente envolvida com os fenômenos designados de paranormais, era uma prática comum entre os seus seguidores, as manifestações de intercâmbio espiritual, sua validade técnica aqui, pouco importa, vale ser destacado o aspecto associativo entre o homem e o espírito, ou seja, neste período da história mais do que nunca, o ser humano ligou os dois tipos de vida possível de existir e, com efeito, há muitos relatos de “milagres” (designação imprópria) concernentes àquela época.

Quando da ocorrência do Concílio de Constantinopla (543-dC),o pensamento filosófico que preceituava a existência espiritual e a diversidade das várias vidas plenamente possíveis, adotado pelo cristianismo, foi anatematizado incontinentemente pelo clero e passa a ser sacrilégio esta idéia.

O Cristianismo desenvolveu-se religiosamente de muitas formas, é óbvio que devido ao grande volume de seguidores este passou a ser política e economicamente interessante, verdadeiramente ele dividiu países e até continentes, em regiões deste ou daquele “credo”, multidões imensas respondem ao simples chamado de um "líder" religioso qualquer, a realidade é que a humanidade carente de princípios e ávida por novos caminhos que a levem a um objetivo definido, busca, desesperadamente, por “ídolos” e estes parecem "brotar" em número cada vez maior, aplacando a avidez coletiva, em troca das vantagens do posto assumido, são eles os “falsos profetas” já identificados antecipadamente pelo próprio fundador do movimento cristão; “Jesus”, mais do que a cristandade, cresceu a quantidade de “vendilhões” do templo, inculcando uma impressionante quantia de rituais e objetos inúteis, tidos como milagrosos com poderes transcendentais e por aí afora, nos pobres fiéis, que pela natureza da sua ignorância, ou pelo desespero ocasionado por quaisquer fatalidades ocorridas a entes queridos ou a si próprios, as compram e praticam vários tipos destes ritos que vão do ridículo ao bárbaro, conforme a seita ou religião as pregam e, é claro, isto gira a maior roda financeira existente no planeta, chegando, muitas vezes, a cercear os subsídios de saúde, abrigo ou alimentação de inúmeras famílias, em troca de se manter estas fantásticas “fábricas” de “embusteiros”, hematófagos das civilizações em todos os tempos.

A mais poderosa do mundo ocidental, a católica, uma organização corporativista clerical de proporções descomunais, firmou, como todas as outras religiões em todas as épocas, seu “império” e poder, lastreado rigidamente sobre infinitos bens terrenos, ignorando o ensinamento fundamental do “Cristianismo verdadeiro”, “meu reino não é deste mundo”, isto quem afirmava era Jesus e não a igreja, logo, quem se dispuser a “reinar” naquele mundo, pode deixar que esta (a igreja) administra seus bens aqui na terra. O “Vaticano”, é hoje, sem sombra de dúvidas, uma das, se não a maior, “multinacional” da face do planeta, na verdade, uma “cidade estado”, com raízes e tentáculos nas orbes econômicas, políticas, industriais, financeiras, judiciais e, por incrível que pareça, também religiosas ainda que apenas para aferir lucros.

Em (325) d.C, teve início o sistema católico organizado, quando Constantino, imperador de Roma, impositivamente fez a condenação pública da Igreja do Oriente, depositária fiel dos preceitos iniciais do Cristianismo, pequeno grupo de seguidores das idéias originais do “Mestre”, houve, então, degeneração sistemática da “mensagem” cristã, sendo esta transformada em arma de extrema eficiência para o domínio político-social e econômico da época, modificando, aleatoriamente, todos os ensinamentos, transformando-os em leis clericais que deveriam ser regiamente cumpridas para se ter o direito à vida.

O decadente império romano apodrecia desde os alicerces, os donos do poder, no entanto, não pretendiam entregar o tão saboroso “bolo” a ninguém, engendraram, portanto, um esquema que garantisse as suas posições e logo uma série interminável de acordos e condições davam vida a nova “dinastia” de poder; uma autoridade eclesiástica universal surgia para “reger” a humanidade em nome do seu representado legal no planeta, “Deus”, e, assim, passaram a ser os únicos “intérpretes” Deste, exprimindo as suas “vontades” que casualmente coincidiam com as deles.

O sangue dos mártires foi definitivamente lavado das memórias do clero, a partir daí, prodigalizaram os desejos de conquistas imediatas, afinal, o “barco” recém “batizado” singrava por águas tranqüilas e já dominadas. Jesus agora “promovido” a Deus estava devidamente entronizado e envolvido em uma redoma intocável sendo esquecida sua verdadeira figura missionária e seu brilho envolvido pelo mais tenebroso manto de ignorância e atos de violência praticados em seu nome por quase dois milênios, a arte cessou, a ciência foi brutalmente bloqueada, a moral era ditada, a organização social desmoronou totalmente, o mundo mergulhou num túnel sem perspectiva e a pouco tempo ”acordou”, mas, ainda hoje, meio “sonolento” devido ao torpor pelo qual passou, enfrentou a peste sem recurso algum, pois não dispunha de bagagem científica por bloqueios impostos, a humanidade não conheceu antes seu papel no universo pelo mesmo motivo, o clero é, sem dúvida, responsável direto pelo maior contingente humano criminosamente devastado da face da Terra em aproximadamente dezoito séculos de domínio e influência, sua ascensão vai ao ponto de no século VIII assumir a igreja, definitivamente a condição de Estado, quando Pepino “o Breve”, a frente dos francos, conquista os lombardos, através dos Alpes, eis que renasce o “Império Italiano”, travestido apenas no nome e surge então o poder temporal do papado, sobrevivendo, ainda hoje, esta fabulosa “dinastia”, não na forma de Estado (desconsiderado o Vaticano) por pura conveniência, “nação” produz prejuízos agregados aos lucros, crença não conhece sequer o termo “prejuízo”.

A verdade é que “Jesus” permanece imolado à cruz ainda hoje.., infelizmente! A humanidade freqüenta e pratica todos os credos, entretanto, lá mesmo nos templos, conjecturam infinitas modalidades de torpeza ou violência, invejam ou cobiçam, de todas as “invenções” bizarras criadas pelas mais variadas religiões, uma ao menos não é hipócrita...! o temível (ou melhor, “pobre”) “diabo”, este é sempre “pintado” como de fato é, isto desconsiderando que esta “caricatura” é extremamente infantil, quando comparado com um número imenso de seres “quase” humanos. É inegável a existência de maciças “torcidas” religiosas que se organizam em defesa de suas bandeiras, mas que sequer sabem o que estão defendendo, disputam capítulos e versículos bíblicos independente do que estes contenham em significado, lutam, agridem, matam, em nome de quem ensinou somente o “amor”, o “reino de Deus” já tem infinitas flâmulas espetadas em seu “solo”, garantindo a posse legal daquele “território” por esta ou outra seita; reiterando o que já está afirmado..! o verdadeiro reino é o “Império da hipocrisia”, Jesus, sem sombra de dúvidas..! não resistiria vivo, sequer passando da infância nos dias atuais.

O domínio eclesiástico crescente constantemente, chega em 1.204-dC e lá institui o “santo” poder, a conhecida e repugnante “santa inquisição”, a própria essência da violência..! se existissem as temíveis “trevas” pregadas pelo próprio sistema, aquele seria o período em que elas passaram na Terra...! uma simples bula papal designada de “ad-extirpanda”, utilizada magistralmente quatro anos após sua “concepção”, quando já dispunha definidos seus objetivos; punir todos, sem exceção, os que fossem considerados inimigos da igreja, seu espectro era tão amplo, que inúmeros reis e até os próprios sacerdotes pregadores ou não destas “leis” foram literalmente engolidos pelo “monstro” recem-criado, o Concílio de Latrão em 1.215-dC reconhece como legítimo esse “atroz” sistema e em seguida, no Concílio de Nelun, a congregação em assembléia concede, “imaginem”, ilimitados poderes aos “inquisidores”.

Carrega “Jesus”, então, o seu mais pesado fardo, maior em muitas vezes a sua “cruz”, em seu nome foram perpetrados crimes hediondos, as páginas da História escorrerão pela eternidade do sangue e lágrimas derramados pelas vítimas do processo desencadeado, o literal genocídio causado, perseguindo novamente os judeus, mascarando a avidez pelos seus bens, de justiça pela crucificação do “cristo”, filósofos, artistas maravilhosos, cientistas magníficos, que arrastariam por séculos ou mais a humanidade para o progresso, grandes poetas e até os raríssimos “verdadeiros” religiosos, foram extirpados do mundo, não existiu, na Terra, guerreiro capaz de tal proeza, se usarmos de alguma imaginação e possível fosse, eliminarmos simplesmente da História, a existência do clero, convictamente teríamos deixado “aquela” marca na lua, no máximo no século XVII e os filmes de ficção, seriam hoje a realidade. O mundo ocidental era capaz disto..! basta desfilar nas galerias de nomes dos pesquisadores e estudiosos (quase todos assassinados ou banidos pelo clero) que regem ainda hoje o nosso conhecimento, definitivamente o homem não “inventou” nada de grande depois deles, apenas aplica com eficiência o que já está “criado”, a lei gravitacional e o cálculo (Isaac Newton), a geometria (Gaspard Monge), a mecânica física (Newton e outros), o modelo atômico (Dalton), tão atual teve início lá.., Galileu Galilei, Giordano Bruno, Copérnico, literalmente rasgaram o céu com as mãos, criando e montando instrumentos e modelos astronômicos partindo do “zero”, pensem nisso sem bloqueios, lembrem-se que "Leonardo Da Vincci" (renascentista de Florença, séc.XVI, nascido em Vinci) roubava cadáveres para desenha-los e suas medidas da proporcionalidade geométrica do ser humano é a que foi enviada ao espaço para ter contato com prováveis civilizações extraterrestres (Voiager), o avião, o submarino, o paraquedas, o carro de assalto.., foram encontrados em seus esboços (os exemplos não estão organizados cronologicamente), o “Espírito” humano é excepcionalmente forte quando livre e auto orientado, degenera-se porém, se acorrentado e hostilizado, queiram ou não; o desafio é a Liberdade..!

Terminada esta fase referente a religiosidade, caberiam aqui os costumeiros atenuantes politicamente cabíveis, “nem todas são assim...”, “na verdade as religiões mudaram muito...”, “etc...”; e, aí, eu também seria “hipócrita”, pois não é o que eu penso..! Ainda atualmente, religiosos negam sangue ao próprio filho moribundo por considerar a prática um sacrilégio, outros negam o direito ao divórcio, uma conquista social para remediar algo que há muito sucumbiu, em nome de uma infalibilidade papal, como se este fosse a “encarnação” de Deus na Terra, outros ainda pregam curas maravilhosas pelas mãos dos “espíritos”, quando eles mesmos afirmam que os males sofridos pelos homens são as expiações dos erros nas vidas anteriores, ora..! Podemos então praticar todos os desvios que queiramos..? Pois que na hora de pagarmos por eles os "espíritos" nos livram por exceção à regra destes desagradáveis inconvenientes e os que não "pedem" por qualquer motivo..? Que paguem..! Vale então o dito popular de que " o mundo é dos espertos".., ou " quem não chora não mama"..? Absurdo..! As curas são até possíveis, inegavelmente muitas são definitivamente comprovadas, em número infinitamente menor do que os costumeiramente divulgados, porém, tanto quanto o é a medicina materialista, com todas as falhas e conseqüências naturais, com explicações plausíveis e nunca miraculosas.

A religião é um aspecto cultural da ciência social, um costume, uma corrente de pensamento coletivo extrapolada das emoções subjetivas, no entanto, assumiu tais proporções que está sendo aplicada como um todo e a “ciência social” foi adotada como parte desta, pois a primeira acabou por ditar as normas à segunda.

A mentalidade “teísta” se fundamenta em um sentimento original e é intrínseca ao Ser, não ao medo cultuado pela religião.

A religião é descartável, a cultura é determinante dessa premissa. Quanto mais de uma, menos de outra.

Apenas se encontra grande cultura acrescida de religiosidade, quando o fator da segunda é econômico ou equivalente. Quase sempre, há hipocrisia envolvida.

O crime afronta a natureza e não a religião.

O roubo afronta o direito e não a religião.

A promiscuidade afronta a saúde e não a religião.

Os bons costumes produzem civilidade e não crenças.

A moral elevada é resultado da evolução individual, aplicada em favor do próximo, gera harmonia e respeito mútuos, conquistas que, coletivamente observadas, conhecemos como civilização a termos avançados ou sociedades estáveis e equilibradas, fatores totalmente independentes da religiosidade. Devemos ainda conceber que o conjunto de idéias traduzidos pela palavra “moral” tem o tamanho diretamente proporcional ao intelecto do Ser ou população que se refere, é plenamente “moral” à uma fera dizimar sua presa aos pedaços, no entanto, é inconcebível, até mesmo em pensamento, esta atitude a um ser humano.

“A religiosidade não é o que ‘um’ Ser crê, porém, o que “poucos” induzem a todos envolver.”


CAPÍTULO-6

ESPIRITUALISMO CONTEMPORÂNEO OCIDENTAL

Culturalmente, o espiritualismo ocidental se desenvolveu inicialmente na Europa . A opção de se pronunciar “espiritismo” era apenas didática, primitivamente, pois aceitar o espírito como vida além da matéria, cabe morfologicamente à palavra “espiritual” e por decorrência gramatical “espiritualismo”, quando da prática de tentativas de comunicação, o exercício em si, desta idéia, na aplicação de um sistema doutrinário, entende-se por espiritismo hoje, devido a constância do uso deste termo, ele adquiriu cunho religioso inclusive, passou à valer para rituais, cultos e outros cerimoniais ligados ao espiritualismo de conotações místicas.

Decorrente do boicote milenar imposto aos ensinamentos filosóficos espiritualistas (exceção feita aos humanistas do renascentismo, sécs. XV/XVI/XVII, aristocratas ou protegidos destes que mantiveram a chama das escolas gregas acesas, rebuscando pelos mosteiros literaturas e informações daquele período), o mundo ocidental tornou-se naturalmente refratário à esta mentalidade, não a condenava propriamente, contudo, o princípio religioso envolvido no processo embrionário de divulgação causavam um teor acentuado de ojeriza ao europeu que mal se desvencilhava das amarras cléricas nos séculos XVIII / XIX, o enredamento com outros modelos doutrinários era um risco provável, para novos grilhões religiosos, aceitavam passivamente aquele que já vinha se apaziguando por acomodação cultural no meio popular, outros, de minoria, criavam disputas localizadas em vários pontos onde a multiplicidade de crenças dissidentes, paralelas, ou contrárias à que se tornara oficial, causavam inúmeros conflitos populares, o lógico seria descartar mais uma que vinha se insinuando no seio das elites principalmente.
O século XIX foi o período onde a humanidade deu um grande salto cultural e tecnológico, conseguiu, finalmente, separar grande parte das crenças milenares das conquistas científicas e sociais. Do renascentismo, do mercantilismo, finalmente do absolutismo (período das grandes monarquias), mergulhava-se definitivamente na revolução industrial, que já começava a se mostrar fortemente instalada na Inglaterra em meados do sec. XVIII (1.760 em diante), propriamente por ser esta uma época fértil nas idéias, propiciava imensamente a busca de novos caminhos e um deles era justamente o estudo e pesquisa da espiritualidade, “estudo e pesquisa” sim..!

Porque como outras matérias de grande importância se denotava o espiritualismo como mais uma porta de ascensão aos píncaros sonhados pelos estudiosos em busca do sucesso nas academias científicas fazendo parte das galerias onde os nomes de pessoas destacadas da sociedade obtinham infinito respeito pelos méritos conquistados em suas demonstrações e comprovações de descobertas ou invenções, a química, a literatura, a física, a astronomia, as conquistas sociais, políticas, econômicas, o vapor, a eletricidade, a medicina avançavam em rítimo alucinante, figuras ilustres como Louis Pasteur, Sigmund Freud, Fourier, os Currie, Papin, Shering, Grahn Bell, Thomas Alva Edson, Marcôni, Canizzarro e um incontável número de outros nomes desse quilate estavam presentes no decorrer deste século, tanto que enorme parte da tecnologia atual está firmemente apoiada nas descobertas e invenções daquela época, telefonia, eletricidade, vapor, combustão interna, evoluíram muito, no entanto, ainda não foram substituídas por outros princípios técnicos.

O mundo social (filosófico), entretanto, pouco mudara, o modelo familiar ainda era rigidamente patriarcal, o papel feminino extremamente obliterado, o sistema cultural arrastava o pragmatismo herdado dos mais antigos e hierarquicamente era difícil alguém sem um nome ou tradição de alguma influência aristocrática, ser agraciado tendo o reconhecimento imediato de suas conquistas científicas, soma-se a isto as dificuldades naturais de comunicação daquela época e é esse o motivo de algumas descobertas terem suas origens obscuras ainda hoje.

Esse era o panorama geral de uma Europa que efervescia freneticamente, tentando atravessar novas fronteiras do conhecimento. Nas rodas sociais ocorriam certos tipos de brincadeira que, apesar de terem-se popularizados rapidamente, causavam grande estranheza, grupos de pessoas se reuniam e produziam efeitos completamente surpreendentes, faziam objetos se moverem com ritmos e direções aparentemente inteligentes, mudavam de lugar ou balançavam com objetivos pré-determinados; como isso era possível..? Apelidaram o folguedo de “mesas girantes” e em quase todas as reuniões sociais praticavam tal gracejo de aspecto infantil.

Vários estudiosos observaram o fato e até participaram um, no entanto, se envolveu com grande interesse, a tal ponto, que dedicou o resto de sua vida em prol desta aparente graça, a “vida espiritual”, e iniciou um movimento cultural que se desenvolve até nossos dias (infelizmente, com caráter religioso), como os outros precursores das linhas do pensamento filosófico, não iniciou nenhum tipo de culto ou seita, ao contrário, combateu-os de mais de uma forma (ainda que fosse vítima destes, por aspectos culturais), sobre ele e suas colocações iremos dedicar, de agora em diante, uma parte deste trabalho.

“A verdade é de todos ou.., não é verdade!”


CAPÍTULO-7

PROFESSOR RIVAIL
Devolveu ao ocidente a espiritualidade

O método é sem duvidas o maior mérito de Hippolyte Léon Denizard Rivail, como já divulgado por inúmeros autores, através de um convite formulado por um amigo, praticante da hipnose (Fortier), em maio de 1855 pôde o professor Rivail estabelecer contato com um fenômeno pouco ou nada compreendido pelas pessoas que o praticavam, na residência da Sra. Roger, uma sonâmbula, onde entre vários participantes do “jogo”, havia sempre uma mesa ou uma cadeira ou mesmo qualquer objeto similar, que pudesse balançar ou, ao menos, produzir som de pancadas "raps", de modo a ser possível estabelecer diálogo por meio de códigos sonoros, “diálogos” com quem..? Impressionado com o fato, ele procurou, inúmeras vezes, observar tal divertimento, se aprofundou às causas que provocavam estes efeitos com um senso analítico acurado próprio dos acadêmicos, pesquisou com acuidade, todas as oportunidades de demonstração dos fenômenos que participava e buscava.

Logo passou a anotar e comentar, tentando “desembaraçar” o que era bastante confuso.

Das participações à estas reuniões, evidenciaram-se as que ocorreram na moradia de “Caroline” e “Júlie” Baldin, duas jovens de 16 e 14 anos de idade respectivamente, simplesmente por indagações mentais estas respondiam, em mais de um idioma, sobre filosofia, psicologia e mesmo sobre a natureza de onde provinham ditos fenômenos “o mundo espiritual”, diziam elas.

Quando não havia mais recursos humanos para responder os acontecimentos observados, este considerou irrefutável a existência da vida fora da “matéria” e aceitando o fato, passou a trabalhar pelo esclarecimento da espiritualidade à nossa razão.

O trabalho por ele desenvolvido baseia-se em um roteiro magistralmente formulado, a montagem deste é eficientemente equilibrada sobre as questões e a curiosidade do conhecimento humano, ainda quando duvidosas ou insatisfatórias as respostas, a sua linha de argüição mantém um método extremamente objetivo e eloqüente, não possibilitando “vazamentos” que deixassem dúvidas da veracidade procurada (a espiritualidade), a seqüência é bastante lógica, considerando a quantidade de informações pretendidas, realmente é de uma peculiaridade ímpar e inusitada, especialmente por se tratar de um assunto novo e enfocado por “seres” estranhos ao nosso meio, deixando patente a grande perspicácia do interlocutor (logicamente levando em consideração as informações da época).

Nós nos referimos, nestes comentários, ao “Livro dos Espíritos”, 1ª edição, editado em 1.857; livro este considerado, pelo próprio professor Denizard, como tendo sido “ditado” pelos “espíritos”, através dos “médiuns” (pessoa que goza da faculdade de comunicar-se com espíritos, intermediador). Interrompe-se, em algumas pautas, o trecho literário deste parágrafo para um esclarecimento: a dedicação do professor Rivail não está sendo, nem deverá ser, analisada como tentativa de demonstrar-se a existência da espiritualidade, mesmo porque ele, em pessoa, descarta esta idéia, quando usando, como sempre o fez, do seu aguçado senso analítico, entendeu tratar-se o intermediário (médium) e mesmo o espírito; aceito como existente, passíveis de falhas simplesmente por serem um e outro humanos como nos “encarnados” ou não, logo, aceitá-los apenas pelo que se ouvia era insuficiente, portanto este, imediatamente após a publicação da primeira edição, passou a trabalhar incessantemente este mesmo livro para reeditá-lo, agora como um trabalho verdadeiramente seu, cujas perguntas e respostas, ainda que mantendo as características e a cronologia da edição anterior, estavam rigorosamente analisadas e confirmadas entre vários interlocutores (médiuns), sendo eliminadas todas as questões que ofereciam margens para erros ou devaneios, ou ainda que divergiam de "médium" para "médium", publica, então, em 1.860, a segunda edição do mesmo trabalho, completamente alterada na exposição de fatos e questões, não porém, nos fundamentos e estrutura básica, o “livro” ainda era dos “Espíritos” e isso ficou inquestionável.

Longe de ser um julgamento de figura tão ilustre, creio haver no entanto, uma falha decorrente, em relação às várias publicações (sete) do professor; como é de hábito até nos dias de hoje, os autores por motivos e propósitos particulares, maquiam suas identidades usando de pseudônimos que costumam identificar-se com suas obras. O professor Rivail, imbuído de boa fé e grande entusiasmo pela jornada que abraçara, não fugiu à regra, usou deste artifício, acatou, de pronto, uma sugestão em tese “espiritual” (alertado por ele próprio, como de alto risco, aceitar tais informações), insinuando que, em uma determinada encarnação anterior, o nosso referido professor fora batizado pelo nome de “Allan Kardec”, imortalizou então este nome, aceitando como possível a informação.

Não se pode, em nenhuma hipótese, qualificá-la como “falsa”, igualmente, por outro lado, não devemos de modo algum tomá-la como “verdadeira”, isto é óbvio, nós todos sabemos e é muito provável que o professor também o soubesse, pois foi ele o primeiro a afirmar que não se deve “receber” como infalíveis as comunicações “mediúnicas”, tanto pelo lado do provável espírito quanto do intermediário (médium), isto foi publicado por ele em mais de uma obra por mais de uma vez.

A questão de um simples pseudônimo, sequer deveria ser matéria de questionamento, ocorre, entretanto, que os seguidores das idéias do professor usam, até hoje, este fato como “prova” implícita de reencarnação e, obviamente, são constantemente ridicularizados por isso. Por ser o “plano espiritual” algo ainda abstrato, não se deve usufruir de nenhum pressuposto informativo provindo “provavelmente” de lá, são regras básicas (mencionadas inúmeras vezes pelo próprio professor), para qualquer teoria que se tente demonstrar e isso é satisfatório no entendimento de que o professor Denizard tinha em mente este aspecto puramente técnico e a sua única intenção foi a de todos os autores, “identificar a obra com o autor”, o objetivo foi atingido a tal ponto, que seu verdadeiro nome pouquíssimos conhecem. Parece que ele foi mal entendido, infelizmente!

“Mal entendido”, o professor vem sendo, já há mais de um século, o seu “alvo” sempre foi tentar demonstrar a espiritualidade de forma coesa, lógica, cientifica e filosófica, jamais pretendeu instituir qualquer credo religioso ou ritualístico, sua própria maneira de ser era avessa à formação deste arquétipo pessoal, ou seja, assumir o papel de algum tipo de ídolo ou líder de qualquer crença, todas as suas obras podem até apresentar deslizes de informações, por estas virem apoiadas em julgamentos puramente humanos, “é impossível análise matemática em comunicações supostamente espirituais”, no entanto, existem condenações explícitas em todos os seus trabalhos, quanto a ritualismos e cultos de qualquer espécie, a idéia sempre buscou abrangência científica pelo lado técnico e filosófica pelo aspecto moral, nada mais.

Deve ficar patente que o sentido espiritualista nunca esteve totalmente esquecido do conhecimento humano, a história foi degenerada pelo sistema clerical, entretanto, é verdadeiramente impossível banir o brilho da realidade, pode-se fracioná-la indefinidamente, o que provoca um determinado retardamento no seu florescer, mas esta germinará garantidamente e sua florada, tanto quanto o sol, iluminará a terra, o conhecimento, como já se afirmou, é impossível de ser freado, este tira partido inclusive das supostas “derrotas”. A partir dessa premissa, devemos entender que o professor esforçou-se em reunir inúmeras referências já conhecidas, porém, esquecidas e fracionadas por opressão do poder eclesiástico mas, seguramente, existentes.

O caráter espiritualista tanto quanto teísta é inerente ao ser humano, é estreme, vai mesmo ao irracionalismo, ou seja, não se usufrui da razão a nível do consciente ao “exercê-lo”.., sim! exercer é a palavra, pois nós O somos, praticamos inconscientemente a vida e “Deus” e isto é “Ser”.., eu O “Sou” Você O “É”..! Virtualmente, somos “Ele”..!

Ateísmo é palavra de dicionário apenas, de fato não se encontra verdadeiramente um ateu e isso é demonstrável, quando em perigo iminente não há exceção, todos clamam por Deus, de dentro de si. Sob hipnose profunda o que se encontra é revolta religiosa e até contra “Deus”, sua negação, porém, não, desnecessário discutir sua existência, quando a hora se aproxima, Ele lá estará, na garganta até mesmo de um mudo, se “Ele” não existe, nós, de algum modo, “O” inventamos e “O” plantamos em nossa própria essência e o “Espírito”, Ele nos “É”.., O vivemos!

Necessário é observar-se que contemporaneamente ao professor Rivail Denizard, coexistiam grandes pensadores que, metodicamente, vinham abrindo fronteiras até então inacessíveis, do mecanismo psicológico, Sigmund Freud o “pai da psicanálise”, responsável direto pelo conceito de inconsciente, Frans Anton Mesmer, defensor extremista do “magnetismo animal” (conceito de influência física direta por objetos magnetizados, completamente descabido do ponto de vista psíquico, entretanto, exaustivamente pesquisado atualmente por extensa corrente científico-doutrinária para terapia localizada), espírito fortíssimo, mesmo falecido em 1815, exercia enorme influência em gigantesca parcela da população até o final do século, após a morte de Mesmer encontraremos a figura inusitada e conhecidíssima do padre José Custódio de Faria, imortalizado como “Abade Faria” em o “O Conde de Monte Cristo” de Alexandre Dumas, homem impressionante, que produzia fenômenos de telepatia e clarividência “indiscutivelmente comprovados” (segundo o ponto de vista da época), nos deparamos, a seguir, com uma obra revolucionária publicada em 1843, pelo Dr. James Braid, cirurgião de Manchester, intitulada “Neurypnólogy, or the Rationale of nervous Sleep” onde se fundamenta a hipnologia atual, tal é a desenvoltura da obra que é ele considerado o “pai do Hipnotismo”.

A exemplo do capítulo anterior, citaríamos uma galeria imensa de “livres pensadores” da época, pois a sociedade atual tem todas as suas bases psicossociológicas e as ciências psíquicas e tecnológicas alicerçadas naquele período, que poderíamos, sem receio de errar, designar de “berço de ouro” da civilização atual, ao que parece, todos os grandes espíritos resolveram viver naqueles tempos, onde aflorava, novamente, o princípio da verdadeira liberdade do conhecimento.

Rivail um espírito de tantos “quilates” haveria de legar algo ao mundo, este tinha a lapidação para tanto..! Sem dúvidas.

Seu reconhecimento é maior hoje que na época e mais fora do que em seu próprio país, mais agora, porque se está melhor preparado e menos em seu berço natal, porque a Europa, de um modo geral, vem se tornando cada vez mais refratária ao enfoque religioso que os seguidores do Professor “ligam” ao espiritualismo.

Suas obras, “O Livro dos Espíritos” de 1857 e 1860, “O que é o Espiritismo” de 1859, “O Livro dos Médiuns” de 1861, “O Evangelho segundo o espiritismo” de 1864, “O Céu e o Inferno” de 1865, “A Gênese” de 1868 e ainda “Obras Póstumas”, uma série de pensamentos e anotações coletadas e editadas em 1890, são, hoje, versadas em vários idiomas, gozam de uma tiragem impressionante, comparadas a pouquíssimos livros, inclusive a bíblia, em muitos países.

Esse é, infelizmente, via de regra, o motivo principal de sua ligação com as idéias religiosas, o potencial fantástico de faturamento, que assim transforma uma corrente filosófica, em carisma religioso, a eterna troca do conhecimento, pela fé infundada, pois o primeiro “rende” pouco, enquanto que a segunda..!

Como já se disse.., o saber tira partido da suposta derrota, talvez a espiritualidade não seria tão difundida, se não fosse a religião, seguramente, um “mau necessário”.

“Por pior que alguém possa ser, este seria incapaz de prejudicar outrém, estaria sempre interferindo favoravelmente no processo evolutivo da suposta vítima, infeliz, é quem se presta de instrumento!”

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